Avalanche escrita por Aarvyk


Capítulo 39
Verdade


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo e o próximo é o Epílogo. Meu deus. ESTAMOS NO FUCKING FINAL!



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Diversos pensamentos transpassavam minha cabeça. Era como se todos os pontos soltos se ligassem, como se eu juntasse todas as evidências da descoberta que havia feito e constatasse que tudo estava bem debaixo do meu nariz. Não sabia ainda como reagir. Não sabia ainda o que sentir. Quando eu mexia no pingente de leão em meu peito, meus dedos simplesmente congelavam. Desmond nunca havia sido um pai, mesmo para o seu único filho biológico, o meu nobre irmãozinho.

 

Era surreal demais ver tudo escapar de meus dedos feito água.

Eu via nos olhos de Edwin e Igor o desejo por um pai. Um pai corajoso e protetor como Thomas. Contudo, apenas eu e Cam éramos filhos dele, mas também podíamos estar prestes a não ser mais.

Meu coração doía cada vez mais conforme as horas passavam e nenhuma notícia de Thomas era dita. Eu ameaçava chorar de tempos em tempos, mesmo não tendo mais lágrimas para aquilo. A única coisa útil que poderia fazer era esperar em silêncio do lado de fora da sala de cirurgias.

A ansiedade me corroía. E minha mente estava prestes a se render a insanidade.

Mordi os beiços para tentar me aliviar, sentindo um leve gosto de sangue. Em um dado momento, vi uma enfermeira passar pelo corredor ao qual eu estava, os olhos focando-se unicamente em mim. Nem prestei atenção em sua presença, queria apenas notícias dos médicos que estavam na cirurgia.

   — Alteza, o senhor Archibald Schmidt acaba de chegar em Illéa. Ele solicita a sua presença.

  Não consegui raciocinar direito, sentia pontadas em minhas têmporas. Além disso, meu corpo estava escorado nas paredes brancas da ala hospitalar, e eu não tinha a mínima vontade nem para tomar um banho quente e trocar aquele maldito vestido de festa do meu corpo.

— Alteza?

— Pare de me chamar assim! – falei alto e irritada. Não queria ter que lidar com Archibald. Não queria ter que ver o meu avô. Seria a comprovação de que tudo era real. E se Thomas fosse mesmo meu pai, então eu estava prestes a perde-lo.

Senti algumas lágrimas virem à tona com aquele pensamento. A enfermeira parecia confusa, mas notei que sua postura logo mudou assim que o som de passos ecoou pelo corredor.

Alguém colocou as mãos em meu rosto, erguendo meu queixo para cima. Dei de cara com os olhos caramelos de Alexander, me olhando com ternura; seu toque era gentil e quente, como uma fogueira que me aquecia na noite fria. O príncipe parecia ainda muito preocupado comigo.

Atrás dele, vi Igor arquear uma sobrancelha quando nossos olhares se cruzaram. O russo parecia bem menos tenso desde a última vez que o vira, antes de Yekaterina me sedar para que pudessem me tirar do local e cuidarem de Thomas.

— Parece que alguém está dando trabalho por aqui... – Igor cruzou os braços.

— É incrível como você nunca perde o bom-humor. – Retrucou o príncipe, me defendendo à sua maneira. – Venha, Avery. Vamos comer alguma coisa juntos.

Respirei fundo com seu toque em meus braços, erguendo-me para eu me levantar do chão frio. Queria criar forças para sair daquele corredor, mas esperava que algum médico fosse sair a qualquer instante e dizer que Thomas estava bem, que um milagre havia acontecido e eu já podia ir falar com ele.

— Como está a rainha? – perguntei com nervosismo, minha voz saía falha.

Alexander suspirou, passando as mãos pelo meu cabelo para tentar ajeitá-lo. Meu penteado já devia estar todo desfeito, assim como a maquiagem.

— Está sob observação, mas não corre risco de vida ou nada do tipo. Ela apenas está abalada.

Tentei recapitular os eventos de poucas horas atrás, os quais tinham acontecido tão rapidamente que até pareciam mentira. Tayse Blanc, a Selecionada que havia me encarado de forma medonha, era uma infiltrada da Sociedade do Sul dentro do castelo e havia levado os atiradores para a festa de meu aniversário, alegando serem de sua família. A Selecionada havia sido pega tentando escapar, assim como os dois homens. Eles admitiram que queriam matar Mason e também eu ou meu irmão, o que seria catastrófico para os dois países e uma vitória sobre as monarquias.

No entanto, quando Thomas pulou para salvar Mason, assustou um deles e o tiro saiu em uma direção diferente, pegando no braço da rainha América. Logo em seguida, os guardas de Illéa capturaram os criminosos, enquanto os ingleses protegiam os convidados e os russos davam auxílio médico. Tudo funcionou em sintonia, mas Thomas e a rainha ainda haviam saído machucados.

Suspirei, agarrando meu colar de leão.

A memória do sangue nas mãos de Cam vinha à tona. A imagem de Thomas me pedindo desculpas...

Não. Não podia ser real. Era trágico demais para isso. Como alguém podia ter uma vida tão catastrófica quanto a minha?

— Pare com isso, Avery! Está me deixando nervoso! – Igor começou a roer as unhas. – Você nunca o viu em campo de guerra. Aquele lá não morre por nada. Então pare de pensar nisso!

Alexander me abraçou conforme o russo tentava se acalmar, dando um pequeno beijo em minha testa. Por mais que a situação fosse difícil, ele parecia quase uma fortaleza, da mesma forma que eu achei que pudesse ser.

Talvez eu tivesse perdido minha força quando perdi quem eu era.

— Desculpe por tudo. Meu pai está arrasado com o que houve. – sussurrou em meu ouvido, passando as mãos pelas minhas costas. Seu toque quente irradiando calmaria pelo meu corpo, mas também um pouco de tristeza e frustração. – Era para tudo ser perfeito... Sinto que falhei tanto com você...

Respirei fundo. Eu imaginava o quanto ele se sentia mal, o quanto rei Maxon se sentia culpado. Uma das Selecionadas era uma rebelde e estava bem debaixo do nosso nariz há meses, nem sequer tínhamos notado ou desconfiado de sua presença.

Illéa, por mais que estivesse longe de uma guerra civil depois da ajuda de Igor, havia quase sofrido um golpe fatal que afetaria também o meu amado país.

— Não é culpa sua. – falei, sentindo meu sangue ferver. – Eu juro que os rebeldes vão pagar por isso. Agora eles mexeram com a Nova Inglaterra também. E nem a Rússia ousaria me ter como inimiga...

Lancei um olhar aterrorizante para Igor, que apenas observava eu e o príncipe. Ele sorriu em concordância, mas seu rosto continuava um pouco nervoso. Em contrapartida, Alexander me agradecia com os olhos e parecia um pouco sem palavras, como se fosse uma linguagem que só nós entendíamos.

— Não tem como sermos inimigos. Aliás, já que você descobriu suas origens... – Igor remexeu os bolsos de seu grande casaco, estendendo para mim e Alexander um pequeno papel.

Meus olhos se arregalaram por um instante. Era uma foto antiga de uma mulher e uma jovem garota lado a lado. A mulher tinha traços extremamente parecidos com os meus, com exceção dos olhos escuros e o queixo que herdei de minha mãe. No entanto, vi que ela fechava um pouco suas pálpebras, da mesma forma como eu fazia quando um flash me pegava desprevenida. Ao lado dela, a jovem garota possuía uma beleza distinta, com feições perfeitas e delicadas, além de um cabelo preto bem longo. Seu olhar me lembrava muito o de Igor.

Eu e Alexander parecíamos inebriados pela foto. Só então me toquei que havia algo escrito ali embaixo.

Lady Natasha Schmidt e Rainha Yelena da Rússia”.

— A mãe de Thomas e a sua mãe. – falei para Igor, ainda um pouco boquiaberta. O russo concordou, parecia orgulhoso pela constatação. Então encarei o príncipe ao meu lado, que parecia tentar ligar os pontos. – Elas eram primas, Alexander. Isso faz de mim e Igor primos distantes também.

Ele olhou de mim para o russo por um momento, como se buscasse alguma semelhança em nossos rostos. A sensação de irrealidade ainda transpassava pelo meu coração, mas não era como se fossem fatos horríveis de se aceitar.

— Thomas me disse que as coisas ficaram complicadas depois que você cresceu. Estava se assemelhando muito a antiga Lady Schmidt, e muitos Lordes já desconfiavam do nascimento prematuro que você e Cam tiveram. – Igor explicou, suspirando um pouco triste.

Já havia escutado aquela história várias vezes. Havíamos nascido de oito meses, porém, mais saudáveis do que nunca. Minha mãe devia ter se casado com Desmond para ocultar a gravidez de sua família e agradar seu pai. Uma escolha difícil e dolorosa.

— Avery é muito parecida com ela. – Alexander deu um pequeno sorriso para mim, e então encarou Igor. – Mas ainda bem que esse seu humor não é de família.

Contraí os lábios. Encarei a imagem mais uma vez e pude sentir uma profunda admiração pelas duas mulheres ali.

— Pode ficar com a foto. – Igor disse, parecia se morder pelo comentário do príncipe. – Também sou um homem gentil, está vendo?

Segurei um curto sorrisinho. Ambos pareciam estar se dando bem. Quando eu e Cam paralisamos diante do corpo de Thomas, Alexander correu para chamar ajuda e sinalizou o local para Igor e seus soldados médicos virem nos ajudar. Enquanto eu fiquei parada, os dois fizeram algo para salvar a vida de meu pai.

Por mais que aquilo fosse estranho, não era uma realidade ruim.

— Vamos comer algo, por favor. Você já está aqui há horas. – Alexander me tirou dos pensamentos.

— Sim, e você ainda tem que dar as caras para o seu mais novo vovô. Ele está te esperando junto dos seus irmãos. Deviam conversar um pouco, vai fazer bem. – Igor falou, com um pouco de sarcasmo ao se referir a Archibald.

Suspirei. Um pouco insegura.

— Quem além de nós sabe sobre... isso tudo? – Não conseguir exprimir aquilo em palavras, apenas gesticulando.

Vi os olhos escuros de Igor olharem para Alexander de uma forma meio estranha. Ambos pareciam estar escondendo algo.

— Acho melhor você comer algo e falar com seu... avô e irmãos. – O príncipe de Illéa disse, engolindo em seco.

Criei coragem para seguir em frente, e então segurei no braço dele.

— Não ousem sair do meu lado. – Foi tudo o que pude dizer.

Meu coração se apertava a cada passo que meus pés davam, sentindo a distância entre a sala de cirurgias e eu aumentar. No entanto, apertei forte a mão do príncipe e seguimos juntos a Igor para fora da ala hospitalar.

Eli nos interceptou quando estávamos quase indo para o andar dos quartos reais. Ela e outra criada arrumaram um pouco meu cabelo e também me tornaram um pouco mais apresentável para seguir em frente.

Igor e Alexander pareciam um pouco tensos quando subimos as escadas, como se estivessem com medo de como eu fosse reagir a algo. Sentia-me excluída dos fatos, mas feliz pelo apoio dos dois. No entanto, quando fui guiada até uma das salas de reuniões do palácio, pude escutar muito mais vozes dos que as de Archibald e meus irmãos.

Algo estava realmente acontecendo ali. Suspirei por um momento, encarando os dois homens ao meu lado. Igor gesticulou, apontando a maçaneta da porta.

As íris escuras do russo brilharam, e o maldito sorriso estranho e torto surgiu em seus lábios.

— Vá em frente. Você é um leão agora.

Leão. Eu era mesmo digna de ser uma Schmidt?

Respirei fundo, não o suficiente para recobrar minha força, mas o bastante para abrir aquela porta de uma vez só. Meus olhos doeram com a claridade, agarrei-me ao braço de Alexander até que consegui distinguir as silhuetas e móveis a minha frente.

Fiquei um pouco espantada com a cena que vi. Rei Maxon e Archibald Schmidt me olhavam com benevolência, ambos estavam sentados vestindo trajes muito formais, enquanto comiam alguns aperitivos e pareciam conversar. O monarca parecia cansado, mas Archibald estava o mesmo de sempre: calmo e controlado, até mesmo um pouco feliz, apesar da situação que vivíamos. O general Leger e August Whitaker também estavam ali, encarando-me com empatia, mas sem saírem do lado do rei.

Minha cabeça doeu com todas aquelas informações. Como se não bastasse, vi meus dois irmãos sentados em poltronas do outro lado da sala, Kaya abraçava Cameron, que havia focado seus tristes olhos em minha direção. O pequeno Edwin, logo ao lado, estava desconfortável com tudo aquilo, se resignava apenas a me encarar de soslaio e tentar focar em um livro que lia.

Perdi o fôlego. Se todos estavam ali, então todos sabiam que eu era uma plebeia?

­­­— Estávamos a sua espera, minha querida. – A voz rouca de Archibald soou por meus ouvidos, e pude ver o orgulho em seus olhos transbordar.

Cameron seria rei. Edwin já havia sido influenciado pela Lady Schmidt e Jasper a estudar medicina como ele mesmo queria. O trono seria da Casa Schmidt, mesmo que por um golpe de estado que havia custado a infelicidade de minha mãe e Thomas, assim como mentiras e mais mentiras para todos, inclusive para mim.

— Não sei se fico feliz com isso, senhor. – respondi, sentindo meu sangue esquentar.

Como Archibald conseguia estar tão calmo? Thomas poderia morrer a qualquer momento, minha vida era uma mentira e nada mais fazia sentido. Nada nunca nem havia feito sentido.

— Vamos nos sentar, Avery. – Alexander tocou em meu pulso, guiando-me para uma poltrona confortável, talvez tentando acalmar os meus sentimentos caóticos.

Observei bem quando Igor sentou-se ao meu lado, mandando-me um olhar confiante. Alexander também ficou ali para me dar apoio, sentando-se ao meu outro lado. Ele parecia inexpressivo, quase como se tivesse algumas palavras engasgadas na garganta.

Não soube dizer o que era. E também não tive tempo, rei Maxon olhava para nós com atenção.

— Sinto muito pelo que aconteceu em seu aniversário, princesa. Posso garantir que essas horas todas eu passei tomando medidas para que nada disso se repita. – O monarca disse, o timbre forte e cansado. – Sei que deve estar confusa com tantos acontecimentos. No entanto, gostaria de dizer que tive uma ótima conversa com o senhor Schmidt e tudo me foi explicado em detalhes sobre as questões inglesas que estão em jogo nesse momento... De fato, foram muitas informações e gostaríamos de compartilhar nossas decisões com a senhorita.

Suspirei. Rei Maxon pareceu cauteloso demais para não saber sobre minha paternidade. Logo, parecia que novamente Archibald tentava ajeitar os fios do meu destino com ótimas intenções, mas sem nem me consultar ao menos.

Meus olhos buscaram os de Alexander, como se implorassem seu apoio. E as íris caramelo do príncipe me ofereceram toda a calmaria e forças que conseguiram.

— Fizemos algumas decisões sobre o futuro de nossos países, bem como das relações de Illéa e da Nova Inglaterra daqui para frente. – Archibald continuou, o que fez Igor ao meu lado se remexer. Notei que o velho homem o encarava com uma certa raiva. – Além disso, a Rússia impôs que apenas apoiará nossos planos caso a senhorita concorde com eles. Espero que seja sábia o suficiente para confiar em minhas análises. Pois como sabe, agora temos um laço de sangue.

Ele tocou em seu colar de leão, o qual estava escondido por trás de seu traje militar azul marinho. Aquele era o maior símbolo para um Schmidt. No entanto, para mim não tinha o mesmo sentido de orgulho ou autoridade.

Eu lembrava do amor que Jasper tinha por mim, do dia em que ele havia me dado aquele colar. Eu lembrava de Thomas ensanguentado ao chão, logo depois de salvar a vida de seus filhos e de Mason. Além disso, eu imaginava o quanto minha mãe devia amar aquele símbolo, principalmente pelo fato de ter vivido um romance impossível com Thomas.

Apertei a mão de Alexander, entrelaçando nossos dedos. Meu sangue se aquecia à medida que uma ousadia estranha tomava conta de mim.

— Diga-me suas decisões e talvez eu as ache razoáveis,... vovô. – Dei um leve sorrisinho, quase tão sarcástico quanto os de Igor.

O rei e Archibald pareceram se assustar com minha fala. Mas ao fundo, vi que August e o general Leger apenas tentavam cobrir um sorriso.

— Eu vou dizer! – Escutei a voz de Cameron irromper pela sala, como uma sinfonia de caos estranha. – Se eu serei rei e também tomei decisões, então deixe que pelo menos eu diga tudo para a minha irmã. Aliás, há algo que ainda não anunciei a todos.

Olhei para meu gêmeo no mesmo instante. Não sem antes notar o olhar de Igor para ele, era como se um certo orgulho brotasse nos olhos do russo. Cameron havia passado por muita coisa, o trauma estava exposto em seu rosto, assim como a determinação de seguir em frente e aguentar o peso da coroa por mim e Edwin.

Ele era mesmo um leão. Digno de ser um Schmidt. E eu havia duvidado dele esse tempo todo.

Cam sorriu para mim por um instante, os olhos tristes e esperançosos. Vi que ele trazia uma pasta grossa cheia de papéis em minha direção. Archibald e o rei de Illéa pareceram surpresos com a atitude, mas continuaram mantendo suas posturas.

Meu irmão me estendeu a pasta com o olhar resiliente para cima de mim. Eu a peguei um pouco incerta, lendo palavras e mais palavras que não faziam muito sentido na minha mente. Cameron parecia esperar para que eu entendesse do que se tratava. Alexander se apoiava em meu ombro e tentava ler aquilo tudo assim como eu.

Havia informações sobre as dinastias reais, sobre os ancestrais que não eram mais nossos, apenas de Edwin. Não fazia sentido...

— O que isso significa? – Questionei, vendo que o rosto de Archibald parecia ganhar emoções, as quais eram de pura surpresa.

— É uma proposta de Parlamento. – Cameron falou alto e em bom som.

O choque de todos ao nosso redor foi incomensurável. Apenas Igor se mantinha bem, aquele maldito russo simplesmente sabia de tudo.

— Não está falando sério, meu neto... – Archibald cobriu a boca, talvez sem conseguir encarar aquela notícia tanto quanto eu.

— Como possível futuro rei... Sim, eu estou! – Meu irmão olhou de relance para mim, enquanto tentava parecer firme diante de rei Maxon e seus conselheiros. – Vou abdicar dos poderes do meu cargo de rei caso suba ao trono. A Nova Inglaterra vai voltar a ter um primeiro-ministro em meu reinado, talvez até mesmo escolhido por eleição pública. A Câmara e os Lordes não serão dissolvidos. Tudo está nos papéis...

Sentia-me perplexa demais para acreditar naquilo. Cam me olhava com um brilho nos olhos que simplesmente dizia tudo. Ele estava me dando uma possibilidade inigualável de conquistar um cargo que parecia o ideal para mim, não por meio de sangue ou nascimento, mas por puro esforço e intelecto.

— Você não pode fazer uma coisa dessas, Cameron! E como você acha que os outros Lordes e as outras famílias irão aceitar isso? – Archibald tentava controlar o nervosismo perto de rei Maxon, que olhava para Alexander e para mim como se entendesse toda a situação com seus olhos atentos e coração gentil.

— Thomas quem deu a ideia. Eu apenas fiz o projeto. Não acho que nenhum Lorde vá discordar dele, muito menos do filho dele... – As palavras de meu irmão foram afiadas, mas eu sabia que talvez fossem mais do que necessárias. Archibald era uma boa pessoa, apenas manipulador demais e um pouco antiquado.

Igor ao meu lado se remexeu, sorria com deboche para o velho homem.

— Acho que alguém se tornou muito influente. Eu vejo símbolos de leões prateados com mais frequência do que gostaria. – O russo olhou de escanteio para August Illéa, logo atrás do rei, dando um sorrisinho sutil. Na mão do conselheiro, vi o anel que Maia uma vez havia me dito que seu pai tinha. Um anel com um leão prateado.

Eu mordi os lábios. E o toque de Alexander me acalmou por um instante, acariciando meu pulso com gentileza enquanto Archibald continuava a falar com Cameron. Meu irmão parecia firme e resoluto, de um jeito que eu nunca o havia visto. Rei Maxon apenas observava, mais concentrado em minhas ações do que talvez na daqueles dois.

— Vai ficar tudo bem, Avery. – Alexander sussurrou, a voz era como uma sinfonia de paz que se distanciava.

No entanto, Cam tirou os papeis de meu colo com brusquidão, jogando-os na direção de Archibald, que ainda argumentava sobre algo de errado em um suposto Parlamento inglês. Eu não conseguia acompanhar a discussão, apenas raciocinava comigo mesma se aquilo era de fato o que se encaixava comigo.

Thomas havia dado a ideia. E talvez ele estivesse pensando em mim quando arquitetou tudo aquilo. Na verdade, eu mal conseguia mais ver qualquer ação tomada por ele sem atrelá-la a mim, Cameron, Edwin e a minha mãe. Ele realmente nos amava.

Senti uma lágrima escorrer de meu rosto sem que eu quisesse. Pensar em tudo de novo era como um gatilho sem precedentes. No entanto, antes que eu pudesse me entregar ao choro, vi alguém se aproximar suavemente de mim e me encarar. Os olhos eram tão bondosos quanto os de Alexander, e isso me fez engolir toda a tristeza de uma vez só.

— A senhorita passou por muita coisa, não? – disse rei Maxon, olhando-nos com ternura. – Acho que entendo sua dor por um lado, querida. Não tive uma boa figura paterna também. Mas é ainda mais raro quando ganhamos um verdadeiro pai para nos amar e nos proteger, como foi o seu caso.

Outra lágrima saiu sem que eu quisesse. Dessa vez, era pela emoção das palavras do monarca, as quais eram tão verdadeiras que adentravam meu coração.

— Sinto muito por todo o transtorno, Majestade. – Limpei os olhos, agarrando a mão de Alexander ainda mais firme depois disso.

— Eu quem peço desculpas por todo o transtorno que Illéa vem te causando, querida. – Ele sorriu, e olhava de vez em quando para o filho, como se para ter certeza que estava sendo delicado o suficiente comigo. – Além do mais, me sinto extremamente lisonjeado por tê-la conhecido. É uma das jovens mais inteligentes que já vi. E é claro que me pergunto até hoje o que foi que a senhorita viu em meu filho...

O loiro ao meu lado revirou os olhos, e aquilo me fez sorrir entre lágrimas impetuosas.

— Muito obrigada, Majestade. – falei, tentando manter o mínimo de postura. – Eu ainda espero estar ao lado de Alexander. Acho que ele seria ótimo para Illéa se pudesse frequentar uma Universidade na Nova Inglaterra por alguns anos.

O príncipe pareceu engasgar-se com minha fala por um segundo. Meu coração palpitou, com medo de ter feito algo errado. Fiquei aflita o encarando, mas o rei soltou apenas um pequeno sorrisinho.

— Na verdade, Alexander não está devendo nada para Illéa, porque ele não é mais um membro da família real. – disse, com a maior naturalidade do mundo, e me fazendo abrir os lábios em pura surpresa enquanto sentimentos intensos demais me tomavam. – Meu filho abandonou seu cargo de príncipe. Eu tentei impedi-lo, mas acho que não há nem argumentos que defendam isso. Espero que vocês dois possam ser felizes juntos, seja na relação que escolherem ter!

Olhei para Alexander quase que ignorando totalmente a presença do monarca. Aquilo era bom demais para ser verdade...

— Desculpe não ter dito antes, Avery. Sei que vai ficar brava, mas eu não tive uma oportunidade e...

Eu o abracei no meio de sua fala, quebrando as regras de etiqueta que havia aprendido em toda a minha vida. Não éramos mais da realeza de qualquer forma. Não devíamos nada a ninguém.

— Não estou brava! Estou apenas... surpresa. É o melhor presente de aniversário que eu poderia receber. – falei, agarrando-me em seu ombro, sentindo o cheiro suave de suas roupas limpas e de seu cabelo loiro. Mal podia acreditar que eu teria o verão de Alexander no frio inglês. Mal conseguia digerir aquilo tudo.

O rei deu um pequeno risinho, mesmo que seus olhos mostrassem a preocupação paternal e o cansaço por ter o cargo que tinha. Maxon parecia feliz por nós. E eu tinha certeza de que Thomas também ficaria assim que eu contasse a ele.

Soltei o corpo de Alexander aos poucos, segura de que o teria por um tempo ao meu lado, ansiosa para que pudéssemos viver apenas de forma ordinária. E com o máximo da calma que ainda restava em meu corpo, suspirei enquanto me levantava de minha poltrona.

Archibald e Cameron discutiam ardentemente, mesmo com uma pequena plateia vendo o espetáculo de horrores. Ninguém ousava se intrometer entre o neto e o avô, os quais tentavam se entender sem nenhum avanço e apenas mais joguinhos de poder.

No entanto, meus olhos captaram bem quando as portas de madeira da sala se abriram. A figura ruiva e onipotente de Yekaterina estava logo ali, os cabelos presos e a expressão um tanto alterada. Ela parecia tentar se manter calma, mas algo não a permitia.

Igor se levantou como um solavanco, encarando sua esposa com o máximo de ansiedade. Gelei por um instante, pensando que poderia ser...

— Ele acordou! Pediu para ver os filhos. – A mulher disse, logo direcionando seu olhar marcante para mim.

Eu e Cameron nos entreolhamos rapidamente, boquiabertos com o que havíamos acabado de ouvir. Afinal de contas, tínhamos um pai. E ele estava vivo.

Respirei fundo demais, o ar quase me hiperventilando.

Toquei a maçaneta fria e uma torrente de eletricidade fluiu pelo meu corpo. Sentia que, mesmo tão perto, não conseguiria fazer aquilo...

— Vá em frente. Você precisa mais disso do que eu, irmã. – Cameron sussurrou em meu ouvido, com tanta certeza e dor ao mesmo tempo que me senti culpada por deixa-lo ansioso.

Por fim, empurrei a porta devagar. Meus olhos doendo com a luz clara do quarto todo branco a minha frente. Minhas íris corriam rápidas por aquele espaço pequeno, em que havia apenas um sofá, uma mesinha e uma cama hospitalar. Senti a visão borrar quando enxerguei o rosto de Thomas.

Meu coração palpitou quando vi seu olhar esverdeado em minha direção. Acho que tudo em mim já admitia a verdade.

— Pai... – A palavra saiu estranha, porém alta o suficiente para que o rosto de Thomas Schmidt se exaltasse ao escutá-la. – V-você está bem?

Aproximei-me da cama sem pensar muito bem em meus movimentos. Cameron estava logo atrás de mim, mas eu só conseguia prestar atenção no rosto cansado do homem a minha frente.

Ele parecia um pouco mal, sem contar no grande curativo em seu peito esquerdo.

— Me responda, p-pai... V-você está bem? – Continuei a gaguejar, incerta da adrenalina que me percorria e das palavras que proferia.

 Thomas me olhava como se eu fosse um fantasma, ainda suspirando e quase sem acreditar naquilo. Por outro lado, minha vontade era de chacoalhá-lo e exigir uma resposta para minha pergunta.

— Sim. – falou por fim, a voz um pouco mais baixa que o normal e também mais calorosa. – Estou vivo para te escutar me chamar assim, Avy... Estou mais do que bem agora... Estou completo ao vê-los são e salvos.

Senti meus olhos lacrimejarem. O peso de tudo o que eu havia feito, de todas as desconfianças que eu havia tido em relação a ele pareciam me afetar com tudo. Logo, não consegui reprimir o choro.

— M-me desculpa por tudo. E-eu não queria ter sido tão rude no passado... – confessei entre lágrimas, com a mão de Cameron em meu ombro para me apoiar. – Acho que só agora entendo o quanto a morte da mamãe afetou todos nós. E não só a mim. Me desculpe por ter sido tão horrível e egoísta com você, Thomas... Acho que fiquei cega pela minha tristeza...

Passei as mãos nos olhos, como se fosse a mesma garotinha indefesa de tantos anos atrás. De repente, eu me sentia segura em ser tão vulnerável. Era como se meu coração soubesse que meus sentimentos seriam acolhidos. Afinal de contas, jamais tínhamos deixado de ser família. Nenhum de nós. Nem mesmo Edwin sendo um meio-irmão. Nem mesmo Thomas, o meu próprio pai.

— Eu também sinto muito por tudo o que fiz... – Foi a vez de Cam de se abrir, apertando ainda mais meu ombro e encarando o homem. – Fui teimoso. E um péssimo irmão. Eu juro que vou me esforçar para podermos ser uma boa família...

Suspiramos ao mesmo tempo. Ambos cabisbaixos como duas crianças birrentas, sem conseguir olhar no rosto de nosso pai por vergonha e receio.

No entanto, a coisa que menos esperávamos era escutar a risada de Thomas ecoar por nossos ouvidos. Por um segundo, ficamos confusos, mas quando olhamos para o homem a nossa frente, vimos que seus olhos continham algumas lágrimas ao mesmo tempo que ele ria sem parar.

— Vocês continuam os mesmos gêmeos de sempre. Com um coração gigante assim como o de sua mãe. Não há nada nesse mundo que eu não perdoaria vindo de vocês. Absolutamente nada. Nem se me dessem um tiro. – disse ele, dando um largo sorriso para nós, e logo em seguida fazendo uma careta de dor ao remexer seu peito machucado. – Lembro como se fosse ontem do dia em que apostei com a mãe de vocês o nome que daríamos... Ela sempre me disse que a garota nasceria primeiro, mas eu nunca acreditei. Sempre achei que fossem dois garotos mau humorados como eu, porque vocês não paravam de se mexer.

Seus olhos brilharam, falando de uma lembrança tão antiga e curiosa que não pude deixar de prestar atenção naquelas palavras. Quantos anos ele não havia vivido suprimindo seu lado paternal em nome de nossa segurança?

Limpei minhas lágrimas. Esticando-me devagar para dar um cuidadoso abraço em meu pai, que suprimiu um grunhido de dor quando sem querer me encostei de mau jeito em seu peito.

— É por isso que meu nome é tão masculino? Eu nunca entendi o porquê de Avery, mas parece ser nome de pessoa mau humorada. – falei enquanto fungava o nariz, me afastando de Thomas e dando espaço para Cameron abraça-lo. Ambos riram por um instante de minha fala.

— Não, querida. – Meu pai continuou a dizer, segurando minha mão com carinho e olhando para nós dois, suas íris brilhando mais do que nunca. – Na verdade, foi eu quem escolhi seu nome. E sua mãe o de Cam, já que ela sempre sonhou em ter um filho chamado assim. Um filho adorável e gentil, do qual Miranda estaria muito orgulhosa se pudesse vê-lo hoje.

Segurei a mão de meu irmão, que deixou algumas lágrimas escaparem ao escutar aquilo. Thomas também se esforçou para tocar em nossos dedos, formando um aperto triplo.

— Obrigado por isso. – Cam disse. – Prometo me manter fiel ao que sou. Pela mamãe e por você, pai.

Thomas sorriu. Porém, quando o encarei para pedir que continuasse com o assunto, notei uma expressão estranha em seu rosto.

— Bom... Agora o de Avery... – falou, um pouco receoso de minha reação. – Confesso que nunca confiei que você fosse menina mesmo. E fui teimoso até o fim dizendo que o primeiro garoto a nascer se chamaria Avery, porque é um nome forte e com um significado mais forte ainda. Então... Bem... Quando vocês nasceram “prematuros”, eu pude estar presente já que Desmond havia feito uma viagem diplomática...

— Você estava lá? – indaguei sem me segurar, extremamente feliz por saber que, no fim, minha mãe teve seu guarda-costas e amado como companhia naquele momento. – Podia ter mudado meu nome na hora, não acha?

Thomas pareceu perder o olhar. Entretanto, sorriu meio sem jeito ao me encarar depois de alguns instantes.

— Eu não consegui. – Sorriu, deixando uma única lágrima rolar em sua bochecha. – Você tem olhos verdes como eu, mas com o brilho da persistência de sua mãe. Sempre soube que você seria forte. E por muito tempo achei que você fosse ser mesmo um rei. Hoje vejo que.... Minhas expectativas foram simplesmente quebradas, Avery. Você é muito mais do que sonhei que fosse, muito mais do que o seu nome pode carregar. É uma honra ser o seu pai.

Os dois apertaram minha mão com um pouco mais de força. Tentei absorver todos aqueles sentimentos puros e entender todas aquelas palavras. Mesmo assim, ainda sentia a adrenalina da dúvida percorrer meus interiores.

— Mas o que meu nome significa, pai? – perguntei, encarando-o sedenta por uma resposta.

O homem soltou mais um sorriso alegre, tomado por uma felicidade surreal para conseguir sorrir mesmo com metade de seu peito enfaixado.

— Significa rei. Todo esse tempo você era uma princesa com o nome de rei, Avery.

Senti um impacto gigante em meu coração. E quase não consegui respirar no segundo seguinte. Esse tempo todo era como se eu carregasse algo poderoso em mim, mas sem me dar conta do quão valiosa eu era.

Thomas havia visto isso em mim quando nasci. Minha mãe também. E até meus irmãos sempre me diziam aquilo, assim como Alexander. No entanto, eu nunca havia acreditado em mim tanto assim... E ali estava eu... Viva depois de passar por uma dúzia de acontecimentos!

— E não se deixe enganar, irmã. – Cameron piscou para mim, parecia leve e feliz mais uma vez. – Quando você conseguir o cargo de primeira-ministra, será mais rei do que eu com uma coroa. Fico ansioso para esse dia chegar logo, quero finalmente ter tempo livre para me dedicar mais à Kaya e conversar mais com o Edwin.

Os olhos dele brilharam. E por um instante, meu coração se apertou um pouco ao pensar em Alexander. Nossa relação não tinha um nome em específico, mas eu sabia que meus sentimentos eram todos dele. Mesmo assim, nada deixava de ser confuso. Eu era horrível com minha inteligência emocional.

— O que foi, Avy? – Thomas pareceu um pouco preocupado comigo e tocou em meu rosto levemente. – Está pensando no garoto?

Respirei fundo.  Havia ainda uma última coisa que eu deveria dizer a eles.

— Sim, mas acho que terei bastante tempo para me resolver com Alexander. – Soltei um sorriso, encarando meu pai para ver sua reação. – Afinal de contas, eu e ele vamos abandonar nossos cargos reais para entrar na Universidade de Glasgow. Talvez alguém possa me contar mais sobre o curso de Ciências Políticas... Parece perfeito para uma futura primeira-ministra!

Os olhos de Thomas se arregalaram em puro êxtase. Ele respirou tão fundo que quase senti a dor de seu peito quando esticou o braço para me puxar em sua direção, reprimindo um grunhido de dor, mas me abraçando com força.

— Vou te contar tudo o que aprendi em meus poucos semestres lá. – sussurrou em meu ouvido, ofegante em um misto de felicidade e dor pelo seu curativo. – Você vai amar, Avy. Vai se sentir em um outro mundo. Só espero que faça isso por si mesma. É um sonho que não consegui realizar em minha vida, e não quero que tenha a obrigação de conquista-lo por mim. Seja feliz por si só. E aproveita a companhia de seu... namorado!

Soltei um riso com aquela última parte. Parece que meu pai havia dado um nome ótimo a uma relação de duas pessoas comuns, sem mais obrigações com suas famílias reais.

— Obrigada, pai. – falei, olhando em seus olhos e puxando Cam para mais perto de nós.

— Não vejo a hora do nosso vô ficar em choque quando você falar que não vai para a Academia Militar, Avy. – Meu gêmeo confessou, fazendo nosso pai soltar uma risada alta.

— Eu quero estar presente nesse momento! – disse ele, dando um tapinha paternal em meu ombro, o mesmo tapinha que eu via rei Maxon dar em Alexander várias vezes. Nunca achei que aquilo fosse acontecer comigo.

Suspirei, vendo que Thomas parecia pensativo com algo logo depois que seu riso cessou.

— Será que vocês podem pedir ao Edwin e ao Igor que entrem para me ver? – Continuou. – Também amo muito meus filhos adotivos.

Eu sorri. Feliz demais para acreditar que aquele momento acontecia, por mais surreal que ainda me parecesse.

— Estou indo agora mesmo. – falei, dando uma piscadinha para os dois. – E lembre-se de não ficar tão atarefado sendo Lorde da Casa Schmidt e conselheiro do Cameron. Você também precisa ir me ver na Universidade! E quem saber ser o tutor do Mason por alguns meses, já que você fez um milagre com Igor...

Senti minhas bochechas corarem, assim como as de Thomas, que não parava de sorrir, mesmo com seu rosto cansado. Meu irmão ria de nós. E antes que eu voltasse a chorar de alegria e alívio por viver aquele momento, me direcionei para a porta. Sabia que Igor devia estar roendo até os dedos de ansiedade.

Girei a maçaneta e saí daquele quarto com um sentimento inconcebível na garganta, denso demais para as palavras e profundo o suficiente para me atravessar por inteiro. Logo, a primeira coisa que meus olhos viram foi o rosto de Alexander preocupado. E depois o de Igor, que nem esperou uma fala minha e já foi em direção ao encontro de Thomas.

Respirei fundo quando me vi sozinha com Alexander. Incerta do que diria, mas com a completa certeza de quem eu era. Não podia mais evitar aquilo. Não podia mais evitar o leão que rugia dentro de mim com toda a força de meu sangue e coração.

Minha vida e tudo nela finalmente pareciam bons.

— Eu amo você, Alexander. – falei sem pensar muito, já correndo para seus braços abertos e indo de encontro aos seus lábios. – Não acredito que isso tudo é real...

Ele beijou minha testa com a certeza de que ficaríamos bem. E eu só pude pensar mais uma vez que meu destino era uma inconstante de acontecimentos, tão desordenados e densos quanto a neve de uma avalanche. Ficaríamos bem, mas novos obstáculos surgiriam.

— Eu te amo mais, Avery Schmidt. Sua inglesa atrasada que só sabe beber chá...

Ao escutar aquele sobrenome, soltei um sorriso singelo. Eu não poderia pedir uma honra maior.

Se ser um Schmidt fosse sobre amar incondicionalmente, então eu amaria. E se alguém tornasse aquilo sobre poder, então eu faria uma guerra para defender aqueles que amo.


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Notas finais do capítulo

No Epílogo, farei meus agradecimentos propriamente ditos! Mas já agradeço desde já por terem chegado até aqui comigo.
É um sonho estar finalizando essa história. UFAAAA