Avalanche escrita por Aarvyk


Capítulo 35
Memórias


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura. The plot is coming...



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Tudo parecia bem.

As tardes em Illéa eram calmas, ensolaradas e quase silenciosas. A rainha América me fazia companhia nos jardins, chamando-me para chás da tarde com sua amiga dos estábulos, a senhorita Marlee. Ambas conversavam sobre como o país havia melhorado, como a ameaça de guerra havia se tornado uma possibilidade longínqua. E, por mais que eu me sentisse feliz com aquilo, sentia um vazio em meu peito, com exceção dos momentos que passava com Alexander ou Marian Kodak.

Tudo era novo de um certo ponto de vista. Os olhos de rei Maxon brilhavam cada vez que me cumprimentava, ainda mais quando seu filho estava ao meu lado.  E por incrível que parecesse, Mason não estava mais tão horrível, e as vezes eu o flagrava sorrindo para Marian no meio das refeições. Ele me evitava ainda, mas nem sequer detinha traços do olhar arrogante de antes, com exceção de alguns momentos.

Para além de tudo isso, August Whitaker – ou Illéa, conversava comigo quando me via. Ele e o general Leger me incluíam em algumas análises que faziam das operações ao Sul do país. Os rebeldes da Sociedade do Sul pereciam aos poucos, as tropas russas quase não haviam sofrido perdas. E Igor era um aliado que Illéa teria por décadas a frente.

Tudo parecia bem. Mas quando eu fechava as portas de meus aposentos a noite, eu sentia um vazio me tomar sem igual pela madrugada a fora. Não conseguia dormir as vezes e recorria ao maldito álcool para me entorpecer. O que seria da minha vida? Não poderia viver em Illéa para sempre daquela forma, precisava fazer algo, decidir algo. Cameron seria rei, Edwin seria médico, e eu mal sabia dizer se amava Alexander ou não.

Fechei os olhos por um momento inebriante. Minha cabeça doía. Eram quase três da madrugada, mas os pensamentos não me deixavam dormir mesmo depois de vários shots de whiskey. As memórias confusas de minha mãe me doíam por completo.

Logo as lágrimas saíram silenciosas pelas bochechas, e me vi mais uma vez em um ar nostálgico que me deixava mal. Levantei-me da cama um pouco afoita. Talvez uma volta pelos jardins pudesse me aliviar, não haviam mais ataques rebeldes a se temer e muitos soldados ingleses estavam ali para cuidar de minha proteção.

Meus passos foram inseguros até a porta. E o semblante dos dois homens que vigiavam meu quarto foi de um pouco de confusão. Um deles era Dallas, que já me olhava preocupado.

— O que foi, Alteza? – perguntou.

Esfreguei os olhos.

— Gostaria de dar uma volta nos jardins, se não for incomodá-los. Não estou conseguindo dormir.

— Talvez chamar sua criada seja uma boa ideia, Alteza. Ela pode lhe fazer um chá. – O outro soldado disse, ele era bem mais jovem que Dallas. Não reconheci seu rosto, mas suas expressões me lembravam um dos Lordes da Câmara dos Comuns.

— Não precisa. Deixe a Eli dormir, por favor. – Forcei um sorriso, ainda encarando o segundo soldado com um pouco de dúvida. – Seria indelicado lhe perguntar seu sobrenome?

Ele sorriu, talvez orgulhoso de si.

— Claro que não, Alteza. É uma honra lhe servir. Sou filho do Lorde Abraham Bowles. – respondeu, olhando por um segundo para o colar de leão em meu peito. – Os Bowles também são leais aos Schmidt, se me permite dizer.

— A honra é toda minha, soldado Bowles.

Uma vaga memória do rosto do Lorde Abraham Bowles veio a minha mente, assim como o do Lorde John Dallas, o mais velho dos conselheiros do rei e também o pai do outro soldado a minha frente, o qual me conhecia desde criança.

— O senhor conheceu bem a minha mãe, soldado Dallas? – questionei.

O homem ficou surpreso por um instante, mas escondeu bem sua expressão logo em seguida.

— Mais ou menos, Alteza. Eu a vi algumas vezes antes de ser coroada, junto ao Lorde Johnson, seu avô e o pai dela.

Dei um sorriso tristonho. Eu quase não falava sobre aquilo, por mais que pensasse muito. Além do mais, meus avós maternos também haviam sido mortos pelos rebeldes na última guerra inglesa.

— Vamos aos jardins então. Gostaria de saber mais sobre minha mãe, se puder me contar.

Os olhos de Dallas pareceram se arregalar. Repensei por um instante, achando que talvez tivesse sido indelicada, mas não vi nada de errado em minha curiosidade.

— Alteza, com todo respeito, eu não sou o mais indicado para falar sobre a rainha Miranda. – Tanto eu quanto o soldado Bowles o olhávamos confusos. – Mas... Há uma pessoa que pode lhe contar bastante sobre sua mãe, se assim desejar...

Refleti por alguns instantes. Era óbvio demais para ter dúvidas. Dallas também era fiel a Casa Schmidt.

— Ah – Suspirei, não queria admitir. – O Thomas, não é?

Meu olhar ficou um pouco entristecido. Ainda feria meu orgulho pedir ajuda a ele, mas sabia que talvez o homem não fosse recusar falar sobre minha mãe. Por mais que doesse em Thomas, eu sentia a dor em dose dupla.

— Sim, Alteza. A senhorita pode ligar para ele. – Dallas confirmou. –  Aproveite o fuso-horário e a calmaria da noite. Com certeza, ele irá atendê-la.

Suspirei mais uma vez. Meu descontentamento era um pouco visível, mas Dallas nunca havia me dado um conselho errôneo no meio tempo em que esteve ao meu lado, além de seguir minhas ordens no dia do ataque rebelde, mesmo querendo descumpri-las. Eu me lembrava também do cartão ao qual rasguei, aquele que continha o número de Thomas e me foi entregue mais uma vez por Dallas.

Talvez fosse valer a tentativa.

— Traga-me um telefone então, por favor. Quero ligar do meu quarto mesmo.

Deixei um leve sorriso transparecer para o soldado, que de prontidão assentiu com a cabeça e começou a andar corredor a fora. Enquanto isso, voltei para o aconchego de minha cama e bebi mais um pouco do whiskey que ainda tinha ali. Só assim teria coragem.

Dallas voltou em questão de minutos, montando o aparelho assim que me pediu licença para adentrar o cômodo.

— Obrigada por escutar, Alteza. – Ele disse assim que me estendeu o gancho do telefone. – Sei que pareceu uma grande intromissão de minha parte, eu peço...

— Agradeço sua lealdade! – O interrompi, com um sorriso melancólico em meus lábios, mas que não deixava de ser de gratidão.

Dallas se virou para me deixar sozinha, não antes de demonstrar a expressão de dever cumprido em seu rosto cansado.

Logo, peguei as duas partes do papel em meu bolso, montando o pequeno quebra-cabeça e me perguntando se aquilo era mesmo o certo a se fazer. Bebi mais.

Um suspiro profundo e gelado saiu de mim, então digitei os números antes que minha cabeça explodisse. Fechei os olhos assim que os bipes da ligação começaram, já sentindo algumas dúvidas se formando.

Escutei um ruído do outro lado. E meu coração palpitou.

— Igor? – A voz era sonolenta e rouca demais, porém, extremamente reconhecível. Aquele era mesmo o Thomas.

Arregalei os olhos. O que? Igor?

— Não! Sou eu! – falei em um impulso nervoso, irritada com aquilo.

A exclamação do outro lado da linha foi instantânea.

— Avery? – Thomas pareceu acordar de vez. – Desculpe. Desculpe mesmo. É que o Igor adora me ligar para encher o saco pelas manhãs. E esse número de contato eu passei apenas para ele e para você.

Fiquei sem reação. De repente, não sabia mais como proceder. Jamais esperava estar fazendo aquela ligação, muito menos ser confundida com aquele russo maluco.

— Você está bem? Alguma coisa aconteceu? – disse em seguida, exalando bastante preocupação e falta de jeito com as palavras. – Estou um pouco surpreso de você ter me ligado. Espero muito que nada ruim tenha acontecido.

— Não, não aconteceu nada. Estou bem. – Respondi, mas meu timbre saía tristonho sem que eu quisesse, além de um pouco bêbado. – Eu só... Estava pensando em algumas coisas, sabe? Algumas coisas sobre...

Não consegui pronunciar.

— Sobre sua mãe? Seu futuro? – Thomas completou. – Eu sabia que esse momento chegaria, mas queria que fosse pessoalmente.

— Está espionando meus pensamentos? – Limpei algumas lágrimas, não queria fungar e evidenciar o choro. – Sim, estava pensando nela. Queria te fazer algumas perguntas sobre a mamãe. Você a conheceu mais do que eu.

Pude sentir o mistério e o receio tomarem conta de Thomas.

— Bom... Eu posso tentar responder sim, mas talvez... – Ele suspirou, algo além da dor parecia envolver seu tom de voz. – As respostas não sejam exatamente o que você esperava.

— Não importa. Só quero saber mais dela. – falei com um pouco de desespero. – Me conte sobre a vida dela antes de ser rainha, sobre os sonhos dela, sobre a Universidade que ela entrou. Não sabia onde achar informações disso, as biografias que fazem nos jornais e livros são sempre tão falhas...

Ele riu por um instante, uma melodia nostálgica que parecia igualmente triste.

— Sua mãe era uma personalidade bem difícil mesmo. Não é culpa dos jornais.

Suspirei.

— Você a conhece desde quando?

Novamente Thomas riu, e por um curto segundo, achei que aquele som continha algo a mais do que a simples dor por perde-la. Eu devia estar bêbada demais para captar as entrelinhas.

— Bastante. – respondeu. – Eu e Miranda entramos na Universidade de Glasgow aos dezessete anos. Sua mãe queria ser botânica, mas o pai dela, o Lorde Johnson, queria que ela se casasse com algum nobre para manter a linhagem da família. Ela era filha única e não tinha muitas escolhas sobre o próprio futuro.

 Coloquei a mão a boca, sentindo as lágrimas em meus olhos. Minha mãe queria ser botânica e teve seus sonhos destruídos assim como eu.

— Ela abandonou a Universidade para se casar com aquele monstro... – falei em pensamentos altos. – Minha mãe deveria ter fugido de casa. Sei lá... Por que você não a ajudou? Teria sido melhor se eu nunca tivesse nascido. Talvez ela pudesse ter fugido mesmo depois de ter se casado....

Thomas suspirou.

— Nunca mais diga isso! O passado é passado. E você está viva assim como seus irmãos. – Ele me repreendeu, tão nervoso que pude imaginar sua expressão ao dizer aquilo. – Eu ofereci ajuda a sua mãe, disse que minha família poderia ajudá-la a fugir se quisesse. Miranda recusou porque tinha seus próprios motivos. Mas também admito que naquela época a Casa Johnson era bem mais forte do que a Casa Schmidt.

Chorei mais um pouco. Aquilo não ajudava em nada. Eu tinha a possibilidade de escolher o que faria com minha vida, diferente de mamãe, e nada me vinha a mente. Apesar disso tudo, ela sorria em minhas memórias, sempre radiante e feliz.

— Avery? Está chorando? – Thomas perguntou preocupado, eu não conseguia pensar em nada para dizer. – Não fique assim. Também me sinto muito mal pelo que houve com Miranda. Tem muitas coisas que você ainda vai descobrir sobre ela, mas saiba que estarei aqui para o que der e vier. Ela estaria orgulhosa de todos nós se estivesse aqui.

Mais lágrimas caíram com aquela última frase. Sentia-me pior, mesmo que visse o esforço claro de Thomas em me acalmar. No entanto, ele não sabia lidar comigo igual Jasper ou Alexander.

— Não sei o que fazer. – Choraminguei, um pouco humilhada por estar ali admitindo tudo aquilo, porém cansada demais para resistir às minhas dores restantes. – Nunca me imaginei em uma Universidade como Edwin, sequer tenho a inteligência do Cameron para assuntos que não envolvam estratégia militar... Eu nunca me imaginei sendo algo além de rainha, mas sinto que seria péssima se fosse, entende? Não sei como a mamãe conseguia. Me sinto tão... quebrada!

As palavras vinham em minha mente em um turbilhão. Depois de uma semana tão calma em Illéa e evitando minhas crises existenciais, o whiskey finalmente havia me feito liberar tudo.

— Não quero ser rainha. Não quero deixar de ser livre. – Continuei a dizer, fungando várias vezes. – E Cameron parece realmente amar Kaya, eu não quero detê-los de serem ótimos monarcas. Mas não é como se sobrasse um espaço para mim, entende? Não é como se eu pudesse simplesmente viver em Illéa para sempre e ser feliz com o Alexander. Sinto que não é minha casa afinal de contas, entende? Não sei o que fazer, simplesmente não sei...

Encolhi-me na cama como se fosse ajudar de alguma coisa. Eu nunca havia dito aquilo em voz alta, nunca havia dito nada para Alexander com medo de magoa-lo. Meu coração sentia algo pelo príncipe de Illéa, mas eu talvez nunca fosse fazer parte de Illéa.

Thomas suspirou por vários minutos, talvez buscando as palavras. Àquele ponto, não sabia mais se havia algo a ser dito, então apenas esperei por ele.

— Você não está sozinha, Avy. Sempre terá um lugar para você aqui. – disse, sua voz parecia mais calma que o normal, talvez contemplando a confiança que depositei nele. – Eu e sua mãe também já nos sentimos assim, as vezes pelos deveres de nossas famílias, as vezes pelas... situações do destino. – Sua voz pareceu engasgar. – Apenas seja forte, e escolha algo que te deixe feliz com sua vida. Têm muitas opções que você ainda não pensou sobre.

— Vou tentar. Juro que vou. Só que espere um momento. – Senti meu cérebro voltar a funcionar, sempre pensando nas pontas soltas ao meu redor. – Você disse que foi para a Universidade com minha mãe, mas o senhor Archibald disse que era uma tradição da família Schmidt os primogênitos irem a Academia Militar. O que você queria ser de verdade?

Thomas suspirou. Senti que eu havia tocado em um ponto pessoal demais, porém, eu já havia me aberto tanto que me sentiria melhor se ele fizesse o mesmo.

— Rompi a tradição, mas isso custou caro para Jasper. Ele quem foi para Glasgow. – Escutei sua respiração profunda e triste do outro lado, com certeza aquilo dizia muito. – Minha mãe era diplomata entre os acordos da Nova Inglaterra e Rússia. Ela nasceu em Moscou e era prima de segundo grau da antiga rainha Yelena, a mãe do Igor. – falou, fazendo-me parar de chorar por um instante apenas para tentar entender aquela informação. – Eu queria seguir o mesmo caminho e entrei em Ciências Políticas em Glasgow. Mas quando os pais de Miranda a forçaram a se casar com Desmond, eu me alistei imediatamente nas Forças Armadas como um soldado comum. Sua mãe estava com medo e não queria ficar sozinha, aquele era o mínimo que eu poderia fazer por ela.

Eram informações demais. Sentia minha cabeça latejar, como se fosse desmaiar. Respirei ofegante por alguns segundos, sem tirar o telefone do ouvido. Não queria perder nenhuma informação sobre minha mãe.

— Por isso o Igor gosta tanto de você, além de terem lutado lado a lado. – Concluí meio sem saber exatamente o que dizia, apenas tentando me manter sã. – Fico feliz que minha mãe tenha tido sua lealdade, Thomas. Se você fez tudo por ela a esse ponto, talvez tenha feito tudo por ela antes de a matarem. Talvez a culpa pela morte da mamãe seja só minha... Se eu fosse mais forte ou inteligente...

— Pare de pensar nisso, Avery! Acha que já não caí um milhão de vezes nesses mesmos pensamentos? Igor me dizia a mesma coisa sobre a mãe dele também, sempre se culpando... Ele era um bebê. Você era uma criança. Se quiser culpar alguém, culpe a mim ou ao Desmond.

Suas palavras eram verdades inegáveis. Conselhos tão bons que me doíam pela sinceridade. E eu já estava transbordando demais para não terminar de desabafar.

— Desmond era um monstro! – sussurrei entre lágrimas, bebendo mais do whiskey e temendo virar a mesma fera que ele. No entanto, não tinha forças para me importar. – Nunca mais mencione esse nome perto de mim! Eu devia tê-lo envenenado antes de Edwin...

Thomas suspirou, uma respiração tão dolorosa que eu podia sentir sua máscara cair.

— Ninguém nasce um monstro. – Ele disse, e quase não acreditei que aquilo era como uma defesa ao meu odioso pai. – As circunstâncias o fizeram. Nosso país estava em guerra, e ele não era o rei ideal para o momento. Jovem e inseguro. Logo depois, Desmond perdeu a esposa que ele tanto amava e enlouqueceu. Todos nós enlouquecemos sem ela. A diferença é que você e seus irmãos são bons e fortes, seguiram em frente... E olha para a Avery de hoje em dia... Até o Igor tem medo de você pela sua inteligência e caráter.

Minha cabeça girou em demasia. E bebi um pouco mais de whiskey. Deitei na cama ainda com o telefone em mãos, sem saber ao certo o que dizer. Sentia a leveza do desabafo me tomar, porém, reviver o passado e falar dele sempre me trazia um amargor.

— Obrigada. De verdade. – Engoli em seco, limpando os vestígios do choro em meu rosto. – Acho que não quero mais falar disso. Acho que já falamos demais por hoje...

— Então me conte sobre qualquer outra coisa. Falamos mais disso pessoalmente, tem coisas que você ainda precisa saber. – Thomas sugeriu no mesmo instante, sua voz era um pouco receosa. – Mas agora me conte sobre Illéa. Eu nunca estive aí. Ou me conte sobre a festa de aniversário. Já recebi o seu convite e fiquei bem feliz. Faltam menos de três dias.

Cocei a cabeça, tentando focar naquilo. Era um bom assunto.

— Eu chamei o Igor. – falei a primeira coisa que pensei. – A última vez que eu o vi, nós discutimos bastante, mas espero que ele aceite o convite. – Fiz uma leve pausa, tentando me lembrar de outras coisas legais. – Alexander está me ajudando com a maioria dos preparativos. A rainha e o rei também parecem bem felizes com tudo.

Thomas riu por um segundo. Não soube dizer o que continha em sua risada, mas parecia ser algo bom.

— São ótimas notícias. – disse, por fim. – E não se preocupe. O Igor discute com todo mundo desde sempre. Ele gosta muito de você e jamais levaria nada a mal.

— Fico feliz em saber que não terei que decepar seu primo distante... – falei com um pequeno riso nos lábios, que logo murchou quando pensei em outras questões dentro de minha mente. Até em me distrair eu era horrível. – Foi você quem disse para ele me ajudar, não foi? Antes de eu ir para Illéa, ele disse que alguém estava negociando pela minha vida. Antes achei que fosse Cameron, mas não faria sentido.

— Assumo o crime. Sei que você deve ter ficado muito brava, mas eu juro que só queria o seu bem e...

— Foi bom! – Fechei os olhos, respirando fundo quando admiti aquilo. Odiava estar errada, porém, eu realmente estava. – Desculpe ter duvidado de você. Igor ajudou Illéa. Se não fosse por essa aliança, talvez Alexander não estivesse vivo hoje. Obrigada por isso... Ele é importante para mim agora, sabe?

Coloquei a mão ao peito, vendo os primeiros raios de sol atravessarem a cortina do meu quarto. Estávamos ali há horas. E eu jamais poderia imaginar que estava conseguindo dizer o que havia em meu coração, ainda mais para Thomas.

Minha mãe com certeza via algo nele, eu podia sentir isso. E queria desvendar o que era.

— Ao seu dispor, princesa. – disse, e pude imaginar um pequeno sorriso estranho do outro lado da ligação.

— Não me chame assim... É um cargo meio patético...

Ele riu.

— Vai dar uma de Jasper e renegar tudo o que você é? – disse em tom zombeteiro para falar de seu irmão. No entanto, aquilo soou intrigante de certa forma.

Jasper fez uma escolha radical, mas seguindo um caminho livre e bom para si mesmo. Mal sabia eu o que ele estava fazendo da vida, a parte de mim que ainda o amava sentia-se preocupada, ao mesmo tempo que também sentia orgulho.

Pensei em Alexander por um instante. Relembrando seus sonhos de uma vida ordinária.

— Não fale assim do Jasper. – Mordi os lábios. – Ele só fez uma escolha como qualquer outra. E escolheu simplesmente viver. Isso sim é tentador.

Thomas ficou mudo, mas eu sabia que ele ainda estava ali.

— É. – admitiu depois de um tempo. – Talvez você esteja certa, Avery.


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Notas finais do capítulo

Pensa, leitor, pensa. The plot is coming...