Avalanche escrita por Aarvyk


Capítulo 17
Encontros


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! Obrigada pelos comentários :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/568723/chapter/17

— O que as torres fazem mesmo, Alteza? – Marian perguntou, colocando um de seus dedos nos lábios.

— Elas andam em linha reta, em qualquer direção.

Contive um pequeno riso. Era engraçado ensinar xadrez para alguém que nunca havia jogado. A Selecionada e eu estávamos há meia hora discutindo apenas os movimentos das peças, enquanto isso, o Salão das Mulheres inteiro parecia direcionar os olhos para nós duas. Hannah Taylor entre elas.

  Anya e Louise haviam sido enxotadas por Mason nos últimos dias. Marian estava tão sozinha que havia me convidado a me sentar com ela no momento em que pisei ali dentro. Como eu precisava apenas sentar e raciocinar, sugeri que jogássemos xadrez.

— Isso parece um tanto difícil, Alteza. Mas acho que agora já entendi bem como funciona. Podemos começar uma partida oficial, se quiser.

— Muito bem.

Arrumamos as peças rapidamente. Em poucas jogadas, notei que Marian havia começado muito bem com seus peões, e depois fez uma ótima estratégia com o cavalo. Era como se aquele tempo todo ela estivesse pensando nas jogadas que faria, não somente apenas gravando as regras do jogo.

Eu sorri ao vê-la movimentar uma das torres, colocando-a em uma posição quase perfeita, menos por um ponto de sua defesa aberto.

— Você é boa nisso. Tem certeza que começou agora? – brinquei.

A garota mordeu os lábios. Parecia animada, porém nervosa.

— Sim. Já queria aprender há um bom tempo, na verdade. Meu pai e minha mãe costumavam jogar. – Sua voz parecia conter uma certa nostalgia, assim como seus olhos.

— Me conte um pouco sobre sua família, Marian. Já os admiro só de gostarem de xadrez. – falei, tentando ser amigável.

Ela brincou com as mechas enroladas de seu cabelo quase branco, parecia pensar nas palavras certas.

— Bom, não é algo muito bem visto pelas Selecionadas, é um dos motivos de eu não ter muitas afinidades.... – Marian controlava com maestria suas emoções, seu tom de voz quase não se alterava. – Meus pais e eu somos do Sul, mas de uma região que não é tão violenta assim. Como antigamente eles eram Dois, conseguimos comprar uma casa em um lugar bem seguro. Meu pai era empresário e perdeu muito com a retirada do sistema de castas, porém minha mãe era apenas uma Seis fazendeira antes do casamento. Eles se apaixonaram em uma viagem de férias dele na região. Dá pra acreditar?

Marian falava quase que sem parar, uma frase emendada na outra em um ritmo perfeito. Por outro lado, eu estava me segurando para não expressar toda a minha surpresa ao descobrir onde ela costumava viver, além do fato de vir de uma família de Dois.

— É, parece que em Illéa esse sistema de castas mexeu muito com os cidadãos. – desviei meus olhos para o tabuleiro, tentando soar imparcial e neutra em cada consoante. – Sua família é uma reviravolta e tanto. Fico feliz pelo amor de seus pais!

Ela sorriu satisfeita, voltando sua atenção para o jogo. Devia haver um oceano de dificuldades em morar no Sul pelo que eu tinha lido, talvez o pai de Marian fosse apenas um entre milhares que haviam perdido o status e agora se encontravam em situações perigosas, como a influência da Sociedade do Sul ou o ódio das castas mais baixas.

— Sim, Alteza. – A garota semicerrou os olhos, parecia pensar em algum assunto. – Aliás, como a senhorita e o príncipe estão?

Um estouro ecoou em meus interiores, lembrando-me do último momento em que eu e Alexander estávamos juntos. Já fazia três dias que quase não nos víamos direito, nem mesmo na outra reunião com os conselheiros do rei ele se deu ao trabalho de estar ao meu lado. No entanto, minha pele ainda lembrava do toque dele, por mais que meu cérebro quisesse ser racional o suficiente para esquecer. Um beijo cálido em minha testa, inocente como flores e marcante como seus perfumes.

— Não sei dizer. – sussurrei, movendo um peão qualquer. – Alexander é um pouco confuso quando quer...

— Oh! Deve ser de família – Marian exclamou, ela parecia tão inteligente e animada que chegava a contagiar. – Príncipe Mason foi um mistério completo nos dois encontros que tivemos, mas acho que até que nos demos bem. Talvez o segredo seja não ter vergonha de dizer o que pensa...

— Como assim? – indaguei, sentindo-me perdida ao imaginar o herdeiro de Illéa ao lado de Marian.

— Digamos que o príncipe Mason gosta quando as pessoas são sinceras, quando se abrem com ele sobre os sentimentos de uma forma verdadeira. Quem sabe príncipe Alexander também não aprecie isso? – ela deu de ombros, parecia orgulhosa do quão bem argumentava. – A senhorita poderia ver algo para fazerem juntos caso tenham se desentendido, Alteza. Um encontro!

Suspirei. Não havíamos brigado, e mais cedo ou mais tarde ele iria atrás de mim para ajudá-lo com o que quer que fosse. Já tínhamos combinado ser sinceros um com o outro, e nenhum de nós estava sendo. Algo havia acontecido.

Além do mais, eu tinha um bom plano em mente, porém ainda não sabia bem como dizê-lo em voz alta para Alexander. Será que um encontro poderia me ajudar com isso?

— Diga uma ideia do que poderíamos fazer. – Lancei um sorrisinho a Marian, que pareceu agitada no mesmo instante.

— Deixa eu pensar bem... – ela encarou um ponto fixo no tabuleiro, quase pude ver fumaças saindo de seus ouvidos. – A senhorita poderia convidá-lo para comer... Torta de morango! Eu soube que os dois príncipes e a rainha amam essa sobremesa! – Marian pensou por mais alguns segundos, seu plano ainda não estava completo. – Hoje temos que gravar o Jornal Oficial de Illéa, vocês dois terão um bom tempo a sós sem nenhuma Selecionada por perto. Vai ser perfeito!

Pensei comigo mesma, notando o brilho mais do que magnificente nos olhos da garota. Eu já havia ouvido falar sobre o Jornal Oficial, um programa de TV que acompanhava a vida da monarquia, mas que Alexander fizera questão de não participar a alguns anos, talvez para manter sua privacidade em busca de uma vida “medíocre”. E como sua noiva, eu não tinha obrigações de aparecer na mídia, então de fato teríamos um tempo de pelo menos uma hora com o palácio “só para nós”. Seria perfeito. Agora eu entendia o que o príncipe havia comentado sobre a Seleção ser uma distração.

— Torta de morango, né? – semicerrei os olhos na direção de Marian. Rimos juntas.

— Sim, Alteza. O Jornal é em duas horas, acho que dá tempo de fazerem uma torta. – Ela mexeu outra peça no tabuleiro, me relembrando que ainda tínhamos uma partida pela frente.

— É melhor eu ir rápido então. – falei, soando um pouco convencida.

Sem pensar demais, movi meu cavalo para uma jogada final de xeque-mate, deixando a garota a minha frente um tanto embasbacada.

— Nossa! Você é mesmo muito boa nisso, Alteza. Mas agora é essencial que providencie a torta. Vá logo! – Ela sorriu como uma criança, parecia radiante por ter pensando em um encontro para mim e Alexander.

O nervosismo batia forte em minha barriga, revirando tudo o que eu havia comido no almoço. Ainda não estava certa se seria uma boa ideia, entretanto, precisava expor o plano mirabolante que tinha pensado. E com certeza o príncipe não iria gostar nem um pouco de primeira.

Arrumei alguns papéis na escrivaninha de meu quarto, eu já podia sentir a tensão me inundar só de tocar naquelas folhas. Estava trabalhando duro no que podia desvendar para ajudar Illéa, lendo o máximo do que podia para aprender os mais diversos conhecimentos sobre o país, até achar algo que valesse tanto quanto o ouro. A verdade é que ainda havia muito a ser desenvolvido, mas todos os pontos positivos de Illéa eram extremamente ricos e valiosos. As possibilidades eram diversas, aquele era o começo de um país que poderia se tornar grandioso no futuro.

E eu sabia que aquele era o momento de usar minha última carta na manga elegível. Visto que Thomas nunca tinha sido uma opção, mesmo com Jasper intercedendo por ele, só me restava uma pessoa no mundo que poderia me ajudar e que talvez me conhecesse bem. Sabia que Alexander poderia não entender, sabia que poderia deixá-lo irritado comigo. No entanto, Illéa não tinha muitas boas opções, e eu estava dando meu máximo pelo que poderia oferecer. Cameron tinha quase uma coroa em sua cabeça, mas eu possuía um aliado poderoso comigo.

Fechei os olhos por alguns instantes, pensando que poderia das mais certo do que errado.

— Alteza, já está tudo pronto. Ele a aguarda nos jardins, como pedido. – Eli anunciou.

Eu podia notar sua respiração ofegante, ela devia ter corrido contra o tempo para conseguir tudo o que eu havia pedido de última hora. Sorri em meio a minha inquietude.

— Obrigada, Eli. Você é incrível!

Virei-me na direção do espelho, analisando uma última vez minha figura. A calça de couro que eu usava com frequência sempre me dava um ar mais sério, assim como a camiseta vinho e o espartilho preto. Mesmo que Angeles fosse quase verão o ano todo, jamais poderia me dar ao luxo de usar roupas propriamente de calor graças ao meu pai, a maioria dos vestidos estava fora dessa lista.

— A senhorita está maravilhosa, Alteza. – disse a criada, fazendo algumas rugas de seu rosto aparecerem. – Sua mãe estaria orgulhosa.

Abaixei o olhar. Estava com vergonha de escutar aquelas palavras, pois sabia que Eli era boa em adivinhar exatamente como eu me sentia. Ela me conhecia há anos, havia até mesmo servido minha mãe por um tempo, o que tornava o elogio ainda mais precioso.

O sorriso nervoso que direcionei à criada foi a única forma de expressar minha gratidão. Depois disso, guardei os papéis que precisaria em uma pasta, implorando que aquilo fossem provas o suficiente para convencer Alexander.

Andei pelos corredores vazios com uma confiança duvidosa. A maioria dos empregados estavam ligados no Jornal Oficial, apenas os guardas permaneciam em seus pontos como de usual. A noite em Angeles era bela e agradável, o ar ficava fresco a ponto de me lembrar minha casa e não havia sol para judiar dos meus olhos.

Respirei fundo assim que cheguei na entrada dos jardins. Alexander estava sentado na mesa improvisada que eu havia requisitado, seu olhar impaciente cruzava todos os cantos possíveis até me encontrar. O príncipe parecia surpreso, seus lábios estavam entreabertos. Pude vê-lo levar alguns segundos até se levantar para caminhar em minha direção, vagaroso em cada passo e ainda me analisando.

— Avery. – disse, dando um pequeno sorriso antes de me oferecer sua mão. – O que é tudo isso?

Tentei parecer calma sem sucesso nenhum, ao invés disso segurei mais forte a pasta que eu trazia e aceitei a companhia de Alexander para irmos até a mesa, onde uma bandeja com tampa nos aguardava.

Mordi meus lábios, receosa até demais.

— Acho que cheguei a um plano para ajudar Illéa. – falei cada som como se fosse uma profecia.

Ele soltou um riso curto, como se mal pudesse acreditar no que eu estava falando. Aproveitei aquilo para retirar a tampa do prato à nossa frente, deixando a vista a torta de morango. Alexander mudou sua expressão radicalmente assim que viu a sobremesa, me encarando com seus olhos um tanto indagativos e ainda mais surpresos.

— O seu plano é torta de morango?

— Não! – rebati.

O príncipe riu outra vez e logo se apressou em servir duas fatias para nós dois.

— Desculpe. – pediu, levando uma garfada generosa a boca. – Aliás, como sabia que eu gosto tanto dessa torta?

Minhas bochechas queimaram, como sempre acontecia quando uma pergunta mais do que inconveniente surgia. Não estava contando com aquilo.

— Ah... Bom... – senti minha língua se enrolar. – Disseram que você gostava. Eu simplesmente confiei na minha fonte.

Comi um pouco de torta para não ter que me delongar na resposta. Quando o sabor cítrico irrompeu pelas minhas papilas e a doçura preencheu minha boca, eu entendi o porquê de ele gostar tanto daquela torta. Era a oitava maravilha do mundo gastronômico.

— Eu sei, é delicioso. – O príncipe disse, um tanto provocativo. – Você tem uma ótima fonte em mãos. Devia pegar mais ideias assim.

Sorri ao pensar em Marian. Ela era tão agradável e modesta, tão única. Se Mason pudesse enxergar bem, com certeza veria uma rainha grandiosa para Illéa naquela garota.

— Sim. – Confirmei. – Mas vamos voltar ao nosso objetivo maior.

Ambos olhamos com bastante seriedade um para o outro, o olhar angelical de Alexander se esvaía aos poucos. Por outro lado, as leves olheiras e o cansaço o tomavam por completo, ainda mais ao observar a pasta que trazia comigo. Ele estava fazendo o impossível pela própria família, ao menos eu esperava aliviar a pressão de seus ombros, e se conseguisse o mínimo já seria uma vitória perfeita.

Meu olhar era sincero, assim como havíamos prometido, assim como Marian havia me dito para ser.

— Eu pensei por vários dias após ler os documentos que você me permitiu analisar. – Parei por um instante, tentando me lembrar de como ensaiara aquilo antes no espelho. – É fato que Illéa precisa de melhores número militares e também táticas mais efetivas para as Forças Armadas, é a única solução viável para virar totalmente o jogo a favor da monarquia. Para um país que sofre de rebeliões internas só pode existir uma opção para conquistar isso...

— Ter aliados? Eu já sei. – Ele me interrompeu com um suspiro, curvando seu corpo em uma posição que evidenciava todo o peso e irritação que carregava. – Os italianos amam minha mãe, e a rainha Nicoletta já deu todos os armamentos que podia. Por outro lado, a rainha Daphne da França nos ofereceu várias remessas de alimentos para o povo do sul. A Confederação Alemã também já deu sua cota de ajuda, aliviando as taxas de importação entre nossos países. E bom, a Nova Inglaterra você já sabe... Não temos mais aliados!

O príncipe revirou os olhos, parecia enraivecido e sem mais interesse na sobremesa. Me perguntei se havia tomado a atitude certa, mas não via outro momento possível. Se eu fosse embora na coroação de Cam, então tinha pouquíssimo tempo para reverter ao máximo uma situação de décadas.

Precisava ajudar. Precisava lutar por Illéa para que Alexander não perdesse alguém como eu perdi a minha mãe. E também acabar com aquele casamento.

Respirei fundo, dessa vez reunindo toda a coragem que a primogênita de um rei inglês poderia ter.

— Faremos um acordo com Igor Pyetov para reunir um batalhão russo! – Anunciei, cada vogal era uma pancada ao vento, batendo no rosto de Alexander e acordando-o para a realidade. – General Leger disse que precisava de mil homens bons em mira e que não morressem fácil. Eu estou conseguindo esses homens para o seu país! – estiquei a pasta na direção do príncipe. – Seria um acordo econômico de longo prazo. Caso duvide, pode ver esses termos que eu escrevi. Ainda não está perfeito, é claro, preciso de mais informações.

Assim que terminei de falar, peguei mais um pedaço de torta, mastigando com tanta raiva que era como se eu tivesse confessado um pecado capital. Alexander estava imóvel a minha frente, seu olhar era puramente apreensivo e letárgico, parecia quase não ter prestado atenção em uma palavra do que eu havia dito. Os segundos passavam, mas o príncipe não havia sequer mexido um músculo, os olhos cor de mel ainda me fitando. Até que ele suspirou em alto e bom som.

— Avery, vamos ir com calma... – engoliu em seco, voltando a ser cauteloso e paciente. – Rei Sergey não se deu bem com meu pai há uns anos quando tentaram fazer uma aliança. E Igor Pyetov parece odiar Illéa assim como seu predecessor.

Neguei com a cabeça.

— Igor não odeia sua nação. Ele nem conhece Illéa. – Semicerrei os olhos, tentava lembrar de qualquer memória da Nova Inglaterra, quando as três realezas estavam reunidas.

Nada comprometedor me vinha a mente nos raros momentos em que contemplei as famílias reais. Igor havia menosprezado Illéa em um determinado ponto de nossa conversa, porém jamais teria me oferecido ajuda caso odiasse de fato o país. Ele era inteligente demais para isso. Jogar xadrez evidenciava a forma como pensávamos, eu sabia como Igor planejava estratégias, assim como ele me conhecia muito bem.

— Você não estava lá, Avery. – Alexander sussurrou, tentando se acalmar e comendo mais da sobremesa. – Eu, Mason e seu irmão estávamos conversando com Igor na despedida dos russos. Acontece que ele deixou bem claro que só um milagre o faria ajudar na situação de Illéa.

Não precisei pensar muito. Eu realmente conhecia Igor, mesmo com nosso pouco contato. Então era esse o plano daquele soviete maldito o tempo todo? Se fazer de difícil para que eu levasse a boa fama quando a Rússia virasse o mais novo aliado de Illéa? Eu teria a confiança de rei Maxon caso algo do tipo desse certo, desfazer meu casamento seria um prêmio fácil como gratidão.

— Você pode me considerar um milagre então, Alexander! – cruzei os braços, havia um sorrisinho em meus lábios.

O príncipe bufou, desconfortável com a situação.

— Como garante que Igor Pyetov aceitaria esses termos? – ele apontou para a pasta de folhas sobre a mesa, tentando controlar seu tom de voz para ninguém nos ouvir. – Além do mais, quem garante que meu pai aceitaria uma aliança com os russos?

— Eu garanto que Igor vai aceitar. E você garante que o rei ouvirá a proposta.  – Mordi os lábios para me policiar, não podia dizer que tinha o contato pessoal do príncipe dos sovietes. Ainda não era o momento certo para dar essa informação, além de não querer parecer ser tão íntima de Igor.

Alexander respirou fundo, parecia começar a entender o que eu tinha em mente. Ele devorava mais torta, como se o ajudasse a ser mais racional.

— Deixe-me ler as suas anotações, por favor. – pediu.

— Claro.

Estiquei a pasta em sua direção, e ele ordenou um pouco de café a um mordomo que eu mal tinha notado estar ali. Podia apostar que seria outra noite sem dormir para o príncipe, analisando possíveis melhorias para o seu país. Será que Mason fazia o mesmo? Eu mal tinha tido contato com o príncipe-herdeiro desde o começo da Seleção, e preferia não me esmiuçar muito em seu comportamento. O que importava era ajudar Alexander, por ele valia a pena correr tantos riscos.

Depois de vários minutos de leitura e duas xícaras de café, o príncipe parecia finalmente disposto a continuar nossa conversa. Polido e calmo.

— É um tratado econômico bem superficial por enquanto, falta descobrir mais sobre o que os russos precisariam em seu país. – Argumentou, soando bastante gentil por ver o esforço que eu tinha colocado naqueles papéis. – Continue trabalhando nisso, vou lhe enviar algumas informações de Illéa em breve. Irei dar um jeito de introduzir essa ideia ao general Leger e a August Whitaker. No entanto, se um dos dois me disser que é loucura, não posso seguir adiante e levar ao meu pai, entendeu?

Assenti. Um pequeno sorriso surgia, jamais poderia prever que Alexander confiaria em minha palavra daquela forma.

— Obrigada por considerar. – Foi tudo o que pude dizer, comendo a garfada final da torta de morango em meu prato.

Alguns minutos depois, vimos criadas passarem atrás de nós apressadas e o barulho das Selecionadas começava a ecoar nos corredores mais uma vez, cansadas de outra edição do Jornal Oficial. Nosso tempo “a sós” infelizmente havia acabado, com uma ótima possível decisão sendo feita.

— Eu quem devo agradecer, princesa. – Alexander sorriu de canto e seus olhos cintilavam sob a luz do luar. – Se eu pudesse, tocaria suas músicas preferidas no piano o tempo todo.

Ambos nos entre olhamos, recordando uma memória tão genuína que eu jamais poderia esquecer, nem se voltasse para a Nova Inglaterra. E um sorriso bobo se formou em meus lábios, autêntico e sem sentido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, amigos, espero que estejam preparados. Não é bem um spoiler, mas... A Avalanche de eventos está vindo rsssss