As vezes, Oliver se pegava pensando em todas as mulheres que já haviam passado por sua vida. É claro que eram muitas, demais para serem contabilizadas – e isso sem contar com as prostitutas que ele e Tommy costumavam contratar para suas festas particulares.

A maioria delas era um saco vazio de conteúdo. Ele próprio o era quando mais jovem, apenas um rapaz inconsequente que queria saber de gastar o dinheiro de seus pais até que não pudesse mais fazê-lo.

Seu relacionamento mais sério naquela época foi com Laurel Lance.

Ela era uma pessoa séria, correta e coerente. Fazia faculdade, tinha um futuro todo pela frente. E talvez por isso, como todas as coisas que Oliver fazia em sua vida, fez dar errado com ela. Naquela época, Oliver havia se convencido de que a perfeição não era para ele. Assumir um relacionamento tão sério, ao ponto de morar junto de uma pessoa era demais para ele, um bilionário que só queria saber de se divertir.

E afinal de contas, Oliver Queen acreditava piamente que não deveria ser feliz.

Afinal, que tipo de homem trai sua namorada com a própria irmã, levando-a para um cruzeiro suicida ao lado de seu próprio pai?

Bem, ele não conhecia muitas pessoas assim no mundo.

E sempre que as coisas começavam a dar certo em sua vida, Oliver tinha o dom de fazerem elas darem errado.

Laurel havia sido apenas a primeira.

Com Sara, também foi assim. Ela não era a garota perfeita, muito pelo contrário. Era torta como Oliver, odiava a faculdade e gostava das mesmas festas que ele. Era a companhia perfeita, mas jamais seria a companheira ideal para ele.

Eles haviam provado isso ao tentarem um novo relacionamento, mesmo que os dois estivessem completamente mudados.

Mesmo que nada mais fosse como antes.

Como Arqueiro, ele não tinha mais tanto tempo disponível como antes, mas isso não significava que não continuasse arrasando corações por onde quer que passasse.

Ele só não achou que teria seu coração fisgado tão completamente por alguém.

Ela não era uma pessoa centrada. Não era forte, não sabia cozinhar, e ainda por cima falava as coisas erradas na hora errada. Ela não fazia mais do que dez abdominais em uma semana e sempre soltava uma piada sem graça quando eles estavam no meio de um confronto ou quando voltavam à base.

Resumindo, ela era um desastre como pessoa.

Mas quando sorria para ele, quando lhe tocava, sempre que lhe puxava de volta de sua escuridão para a realidade, Oliver compreendia o real motivo de querê-la ao seu lado. Não apenas simplesmente por Felicity ser a melhor hacker do mundo ou excepcional em tirá-lo de situações embaraçosas na empresa, mas por ser quem era. Por ser tão natural ao ponto de fazê-lo esquecer que já havia sido um assassino frívolo apenas para cumprir seus verdadeiros ideais.

Ela era o motivo pelo qual continuava lutando mesmo quando queria desistir tão arduamente. Ela era sua força, sua paz, sua luz, o seu pilar de sustentação.

- O quê? Estou com pasta de dente no canto da boca de novo? – Felicity perguntou ao ver que Oliver lhe olhava tão fixamente e apressou-se em limpar-se.

- Não, não é isso. – Oliver riu aproximando-se de Felicity e lhe bagunçou os cabelos com uma das mãos. – Obrigado, Felicity.

Ela arqueou as sobrancelhas olhando para ele.

- Pelo quê?

- Por ser você.

A loira o encarou sem entender quando o herói subiu as escadas em direção ao Verdant.

- E Felicity?

- Hum?

- A pasta está do outro lado.

Oliver riu ao vê-la se sobressaltar para limpar os resquícios de sujeira enquanto retornava para a sua realidade.

Ela era assim. A Felicidade na sua forma mais pura e límpida. E se dependesse de Oliver, sempre continuaria ao seu lado.

Sempre.