Jobi Nuts - The 100 One-Shot escrita por Delisa


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Tudo bem?
Então, essa não é minha primeira fic ever, mas é minha primeira fic em um BOM tempo e é minha primeira fic nessa conta. Yay. Eu estou muito enferrujada porque faz muito tempo que não escrevo e não leio, estou voltando à isso só agora. Mas Bellarke me inspirou a escrever. Quando eu assisti esse episódio eu fiquei pensando em um final alternativo para ele e, bem, aqui está.
Não está ótimo, mas eu acredito que esteja mais ou menos, apesar de não ter atendido todas as minhas expectativas.
Boa parte dessa one-shot é narrada exatamente como o episódio aconteceu, então eu fui assistindo e escrevendo. Eu tentei ser o mais fiel possível quanto à personalidade dos personagens e ao seus jeitos e também quanto a tudo que aconteceu. Espero não ter esquecido nada.
Além disso, eu assisto a série em inglês, com legendas em inglês, então eu lutei com algumas traduções, como "drop ship" e "grounders" que eu optei por traduzir como "nave" e "nativo".
Aproveitem!



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Clarke saiu da barraca onde o rádio e o monitor com uma câmera para comunicação com a arca estavam instalados. Ela havia acabado de conversar com o Chancellor Jaha e os outros membros do conselho.
O principal assunto em pauta havia sido a aproximação do inverno e as provisões escassas do acampamento. Clarke havia exposto sua preocupação de que eles provavelmente morreriam por hipotermia devido ao frio antes de morrerem de fome por falta de comida.
O Conselheiro Kane informou Clarke sobre um antigo depósito de emergência construído em algum momento do século passado, quando a humanidade ainda residia completamente na terra, antes de abandoná-la. Ele supostamente era para ser forte o suficiente para suportar uma guerra nuclear e ter mantimentos.
Clarke colocou sua mente para funcionar, pensando profundamente sobre isso. Se encontrassem alimentos eles muito certamente estariam estragados; mas quem diabos sabe o que mais eles poderiam encontrar lá? Ela secretamente torcia para encontrarem uma muda de roupa - de preferência limpa e não carcomida por traças.
O Conselheiro Jaha tentou convencer Clarke a falar com a sua mãe, mas Clarke não podia suportar essa ideia - não agora, ao menos. Wells ficara todo esse tempo suportando o ódio de Clarke, enquanto na realidade ele era mal direcionado. Ela conhecia Wells, sabia que ele não trairia ela. Mas mesmo assim, ela permitiu que a fúria a deixasse cega. Ela deveria ter seguido seus instintos.
A loira não sabia o que a deixava mais aborrecida: ter odiado Wells por um erro que sua mãe cometeu ou saber que sua mãe havia a deixado odiá-lo por isso.
- Dax? - ela chamou, olhando ao redor, procurando pelo garoto cuja vez era a próxima para falar com os pais pelo rádio. Ela avistou Jasper e Monty na mesa de contagem de rações, separando algumas nozes. Jasper jogava uma noz para o alto e a deixava cair dentro da boca, num ângulo perfeito. - Ei, vocês viram o Dax?
Monty virou para ela com um olhar cansado e gesticulou por cima do ombro para algum lugar atrás dele.
- Logo ali, no grupo da carne.
Ela andou até lá e o chamou pelo nome no meio do caminho. Quando o garoto alto de capuz com um pedaço de carne em cada mão se virou, ela lhe ofereceu um sorriso tímido.
- É a sua vez.
Ela o olhou se afastar em direção à barraca e apertou um pouco o papel com as anotações na mão. Agora ela precisava pensar em alguém para ir com ela na expedição ao depósito, mas não sabia muito bem quem.
Passou a mão na testa e suspirou. "Finn" foi o primeiro pensamento que passou em sua mente, mas logo foi bombardeada por um turbilhão de pensamentos. Além de estar severamente machucado e não poder andar, ela ainda não se sentia confortável ao redor dele. Sua confiança nele havia se estilhaçado como um vidro e ela ainda estava juntando os cacos. Ela não saberia se poderia confiar nele novamente algum dia, afinal, o que mais ele poderia estar escondendo ou esconder dela?
O pensamento resposta à Finn foi Raven, mas ela estava fora de cogitação. As duas haviam tido um estranho ligamento enquanto tentavam salvar Finn no dia da tempestade e Clarke tinha certo respeito por ela. A garota, quando percebeu que a loira havia transado com seu namorado, recebeu a informação muito melhor do que o esperado. Ela ficou com raiva e aborrecida, como qualquer um ficaria, mas ela não descontou em Clarke, afinal ela não sabia da existência da morena. Ela podia ver que Raven era racional mesmo quando tomada pelas emoções. Apesar disso, ela não tinha certeza se queria ficar sabe-se lá quanto tempo compartilhando uma tensão estranha no ar com Raven enquanto as duas procuravam o depósito. O ligamento que elas haviam tido naquele dia havia se manifestado somente por causa do estado de vida-ou-morte em que Finn estava. Ela descartou o nome "Raven", certa de que ele apareceu em sua mente somente como um flash por causa de Finn.
Ela olhou ao redor, tentando achar uma solução. Avistou Jasper e Monty separando e comendo nozes. Ela meneou a cabeça. Eles não eram uma opção muito sensata. Monty não era bom em luta caso fosse necessário algum combate e Jasper, apesar de estar bem melhor, ainda estava se recuperando de ter tido uma lança atravessada no peito. Além disso, eles eram tão positivos e otimistas que Clarke provavelmente ficaria irritada ou aborrecida. Ela em geral adorava o moral dos rapazes, mas toda a situação com a sua mãe a deixava para baixo e no momento, ela queria ficar assim.
Então como num clique, uma imagem passou na sua cabeça. Se havia alguém que não era otimista, positivo ou alegre era Bellamy Blake. E ele ainda era excelente em luta corpo a corpo.
Ela não precisou pensar onde ele estava - ela sabia muito bem. Ele estaria na nave tentando manter Octavia longe do nativo que eles estavam mantendo como refém.
Antes de se fazer consciente, ela estava andando em direção à nave. Ela atravessou a cortina improvisada feita com tendas de barracas estouradas e logo avistou Bellamy, que estava com um olhar aborrecido e abatido.
- Bellamy... - ela disse, meio incerta de como começar. Ela estava mais ou menos ciente da presença de Octavia no fundo da nave e não se surpreendeu - a garota havia criado um estranho laço com o nativo.
- A resposta é não - ele a cortou abruptamente antes que ela pudesse continuar. Ele andava na sua direção, provavelmente com intenção de sair da barraca. - Eu não vou conversar com Jaha.
Ele passou por ela, que se virou para ficar de frente para ele. Franzindo a sobrancelha, numa mistura de irritação e indignação com a rudeza do rapaz, ela continuou:
- Ei. Relaxa. Não é por isso que eu estou aqui.
Ele se inclinou um pouco na sua direção e levantou um braço, o soltando em seguida, mostrando desinteresse no assunto. Ela podia jurar que viu ele rolar os olhos, mas não sabia se havia sido só impressão ou não.
- O que é, então?
- A Arca achou registros antigos que mostram um depósito de mantimentos não muito longe daqui.
Ele franziu as sobrancelhas. - Que tipo de mantimentos?
- O tipo que pode nos dar uma chance de sobreviver ao inverno - ela franziu as sobrancelhas de volta, falando com obviedade. - Eu vou ir dar uma olhada. Reforço seria bom.
Ele inspirou e colocou as mãos nos bolsos da jaqueta. - Por que você está pedindo a minha ajuda?
- Hm, porque agora eu não estou com vontade de ficar ao redor de pessoas que eu verdadeiramente goste - ela admitiu.
Ele bufou pelo nariz, erguendo os cantos dos lábios em um quase sorriso, mas não disse nada por alguns segundos, até que por fim fez um leve meneio com a cabeça. - Vou pegar minhas coisas. Te encontro em dez minutos.
Ela assentiu e saiu da barraca, ouvindo o barulho da cortina atrás de si indicando que Bellamy estava a seguindo.
Dali, ela foi até a sua barraca e pegou sua bolsa, enfiando algumas coisas que achava que seriam necessárias. Então marchou direto para a tenda em que Finn estava hospedado - para não dizer acamado. Ela soltou um suspiro só de pensar em toda a situação antes de entrar lá. Passou pela entrada da barraca e dirigiu um sorriso amarelo a Raven, em seguida se ajoelhou ao lado do rapaz.
- Como você está se sentindo? - ela perguntou sucinta, mas exibindo um pequeno sorriso. Ela se importava com ele e não poderia negar isso.
- Fraco, entediado... - ele inspirou profundamente, como se tivesse acabado de fazer uma realização. - Grato por estar vivo - ele olhou para Clarke e em seguida para Raven, agradecendo-as com o olhar.
- Bem, se você quer permanecer assim, você deve descansar - Clarke aconselhou, evitando olhá-lo nos olhos.
- Eu o amarro se for necessário - Raven falou, a voz repleta de segundas intenções.
E lá estava a tensão que Clarke tinha tanto receio de presenciar.
- Eu vou estar fora do acampamento hoje - Clarke falou depois de uns breves segundos de silêncio desconfortável, levantando a camisa de Finn para examinar o machucado suturado. - Você pode trocar as ataduras dele em algumas horas? - ela se inclinou para trás, olhando para Raven.
- Espere, onde você vai? - Finn franziu as sobrancelhas, um olhar ansioso percorrendo seu rosto.
- Uma pequena missão para a Arca - ela falou, se inclinando sobre o machucado novamente, o limpando com cuidado com um pano úmido. - Nada preocupante.
- Não é seguro lá fora - Clarke podia ouvir a preocupação em sua voz, apesar de não olhar em seu rosto.
- Finn - Raven praticamente o cortou, em tom de reprovação e ciúme mascarado. - Clarke já é grandinha. Ela sabe se cuidar.
A loira não estava em posição de discutir com Raven e antes que Finn pudesse retrucar alguma coisa, a entrada da barraca se moveu e a cabeça de Bellamy apareceu pela abertura.
- Clarke - ele disse, a olhando. - Vamos.
Ela assentiu para o rapaz na entrada e olhou de volta para Finn e Raven.
- Garanta que ele fique na cama - ao que Raven assentiu com um sorriso.
- Parece um plano - as segundas intenções borbulhando por cada póro de seu corpo.
Ela saiu da barraca e avistou Bellamy enfiando algumas rações numa bolsa um pouco mais ao lado. Ele olhava ao redor apreensivamente, como se estivesse se certificando de que ninguém o estava vendo.
A garota se aproximou com as sobrancelhas franzidas.
- Isso é muita ração - ela falou, em dúvida do que o rapaz estava fazendo. - Você sabe que isso é uma viagem de um dia.
- Muita coisa pode acontecer em um dia - ele tentou se justificar, fechando a tampa da caixa, dando uma última olhada na nave, onde sua irmã apareceu na entrada. Ele deu um sorriso aborrecido e se virou, colocando a bolsa nas costas.
Eles se viraram e saíram do acampamento, se embrenhando na floresta. O sol brilhava, mas as folhas da copa das árvores bloqueavam a maior parte com a sua densidade. As árvores eram espaçosas e suas raízes protuberavam do solo, deixando o chão desnivelado.
Nada parecido com o que era na Arca, Clarke pensou. Ela já havia se acostumado com o terreno, mas seu inconsciente ainda não estava acostumado. Se ela não prestasse atenção a cada passo, ela poderia correr o risco de tropeçar numa raíz e cair.
O trajeto todo foi num todo silencioso, onde os dois trocaram apenas algumas poucas palavras quando necessário. Eles foram comendo algumas das rações que Bellamy tinha pegado, mas nada mais que isso. A mente de Clarke ficou a primeira parte do percurso pensando no que o Chanceller Jaha havia dito sobre conversar com sua mãe. Mas então lembrou-se de que tinha outro problema: ela precisava convencer Bellamy a falar com o Chanceller. Mas o garoto era tão teimoso e cabeça quente que ela não sabia como abordá-lo. Então o resto do caminho ela ficou pensando em milhões de possibilidades para iniciar uma conversa.
Eles entraram num espaço aberto com várias árvores secas com galhos extremamente finos espalhadas por todo o lugar.
- Sabe - ela começou, tendo finalmente pensado em algo para dizer. - A primeira nave chegará em breve - ela fez uma pausa. - Tenho quase certeza de que você não pode evitar Jaha para sempre.
- Posso tentar - ele respondeu. Clarke estava a sua frente, mas não precisava virar para imaginar que ele estava com as sobrancelhas franzidas.
Eles fizeram uma pequena subida, até alcançarem o topo de um barranco, de onde podiam ver os destroços centenários do Cataclismo. Havia uma construção grande com fachada e colunas gregas. Eles pararam ali e olharam ao redor.
- O depósito deveria ser por aqui - ela falou incerta. - Em algum lugar.
Bellamy olhou ao redor, uma mão na alça da bolsa. - Deve haver uma porta - ele se virou de volta para Clarke.
- Talvez ele seja tolerante - ela insistiu, olhando para ele.
- Eu atirei no cara, Clarke - ele inclinou a cabeça para o lado, a voz tensa. Ele aparentava estar numa mistura de irritação e desespero. - Ele não vai simplesmente esquecer e perdoar.
Ela desviou o olhar, o direcionando ao chão antes de olhar para o lado, sem saber mais o que falar. Ela podia sentir todas as engrenagens de seu cérebro trabalhando, mas nenhum resultado.
- Vamos nos separar, assim cobrimos mais terreno - ele disse por fim, passando por trás dela, brevemente colocando a mão no seu ombro. - Fique numa distância que dê para ouvir se gritarmos.
Ela suspirou e tratou de se mover, descendo o barranco em direção aos destroços. Não podia deixar de ficar tanto espantada quanto admirada com as ruínas alguns metros a sua frente.
Os dois andaram um tempo, até que Bellamy se deparou com uma elevação que não era natural, mas estava coberta por folhas secas. Fazia um semi círculo perfeito e ele começou a espalhar as folhas com as mãos, tentando ver o que era. Pegou o machado e tentou tirar o que quer que fosse que estava no caminho com ele.
- Bellamy - Clarke chamou de algum lugar logo abaixo de onde ele estava. Ele olhou ao redor. - Aqui. Encontrei uma porta.
Enquanto Bellamy fazia o caminho até ali embaixo, a garota tirava as folhas de cima da porta. Em seguida segurou a alça da porta e tentou puxá-la, mas estava presa.
O moreno se aproximou dela e ela o olhou ligeiramente. - Acho que está emperrada.
- Sim. Cuidado com o pé - ele falou enquanto manejava o machado. Ele esperava que aquilo pudesse ajudá-los. Duas machadadas certeiras acertaram a porta. - Ok. Me ajude aqui.
- Ok.
Os dois seguraram as alças da porta e a ergueram com força. Ela era de metal e por consequência muito pesada - mas também muito resistente. Ela abria espaço para uma escada de cimento, a qual Clarke logo se adiantou a descer, sendo seguida de perto por Bellamy.
O lugar era escuro e a única luz era a que entrava pela porta acima deles. Ela começou a mexer na bolsa, procurando por lanternas.
- Aqui - ela pegou uma e entregou a ele, a acendendo.
- Você acha que esse lugar está intocado desde a guerra? - ele perguntou, iluminando o local, tentando enxergar alguma coisa.
Ela pegou uma lanterna para si e a ligou, dando uma iluminada ao seu redor.
- Uma garota pode sonhar - ela suspirou - Vamos.
Eles desceram outro lance de escada, sendo guiados pela luz que as lanternas forneciam. Clarke olhou ao redor desanimada, mas parou quando avistou um esqueleto do que um dia fora uma pessoa sentado na escada. Ela ficou encarando o esqueleto enquanto se forçou a continuar a andar, descendo degrau por degrau.
- Ótimo lugar para se morrer - Bellamy comentou.
Eles chegaram no final das escadas, iluminando tudo o que podiam ao redor. Ela ficou decepcionada com a imundice do local. Mas acho que não se pode esperar que um depósito de cem anos seja muito limpo, certo?
- É impossível viver aqui embaixo, esse lugar é nojento - ela deu ênfase a palavra. - Droga!
Ela nem se preocupava em esconder sua desilusão de Bellamy. Ele era o outro líder do acampamento e eles precisavam discutir isso juntos. Eles continuaram andando, olhando cada pedaço do lugar.
- Qualquer coisa deixada aqui embaixo está arruinada - ele falou e Clarke não pôde deixar de sentir uma onda de satisfação passar pelo seu corpo. Eles concordavam, o que tornava as coisas muito mais fáceis. Ao menos os privavam de uma discussão desnecessária.
- Eles devem ter distribuído a maioria dos mantimentos antes que explodissem as últimas bombas - ela falou com o cenho franzido, tentando achar alguma explicação para o porque de tudo estar quase vazio.
Bellamy abriu uma caixa e começou a mexer nela. Ele achou alguns sinalizadores de neon e acendeu alguns para ajudar na iluminação.
Clarke abriu outra caixa e deixou o queixo cair quando a encontrou cheia de cobertores até o topo.
- Ei, encontrei cobertores.
Bellamy jogou alguns sinalizadores no chão.
- Ficou animada com alguns cobertores? - ele disse desdenhoso, estragando a alegria dela.
Ela soltou a tampa da caixa e a deixou cair bruscamente.
- Bem, já é alguma coisa - ela tentou novamente.
- Que tal um cantil, um kit médico ou uma tenda decente? - ele abriu os braços gesticulando enquanto ia andando e levantando a voz, ficando irritado. Ele se aproximou de outra caixa e deixou sua mão cair pesadamente nela, dando um tapa.
De repente Clarke começou a se sentir tonta e as coisas ao redor dela começaram a ficar embaçadas e a girar. Ela se sentiu sonolenta.
- Bellamy? - chamou com a voz embargada.
Ela escutou um barulho ao fundo, mas não conseguia saber de onde vinha - ele parecia tão distante. Ouviu seu nome ser chamado ao fundo, mas não conseguiu dedicar sua atenção a isso. A garota ergueu as mãos e viu suas unhas crescerem e se transformarem em garras.
- Uau! - ela falou com a voz arrastada. - Eu tenho garras! Grrrrr!
A risada dela encheu a sala, despertando a atenção de Bellamy. Ele franziu as sobrancelhas para ela, tentando entender o que ela estava fazendo.
- Clarke...? - ele perguntou duvidoso.
Ela ergueu o rosto de suas unhas para o rosto de Bellamy e cobriu a boca com a mão quando sua risada estridente ecoou no depósito.
- Bellamy, você está tão engraçado! - sua voz era entrecortada pelos risos, enquanto na sua visão, o rosto de Bellamy dançava com cores e pintura que lembravam um palhaço.
Bellamy perguntava repetidamente o que diabos estava acontecendo. Clarke não era o tipo de pessoa que fazia brincadeiras, principalmente quando estavam investigando algo sério - algo que poderia salvar a vida deles.
- Você está tão engraçado, Bell - ela riu.
Ele franziu o cenho, olhando descrente para a garota. Ela estava o chamando de "Bell"? De onde ela tirou isso?
- Clarke, pare de palhaçada - ele falou sério, tentando resistir à vontade de sacudir a garota para ver se ela tomava juízo.
- Ah, qual é, Bellamy, por que você é sempre tão sério? - ela fez um biquinho, esticando as mãos e as colocando no ombro dele. - Eu sei que você consegue sorrir - e então baixou a voz como se fosse contar um segredo a ele. - Eu já vi.
- Ok, já chega - ele afastou as mãos dela, erguendo as próprias no ar como se em rendimento. - Essa é sua nova estratégia para fazer eu falar com o Jaha?
Ela fez uma careta exagerada de desgosto. - Com você é sempre tudo seriedade - ela ergueu os braços ao lado do corpo e começou a girar. - Você não está feliz por estarmos aqui na Terra?
Ela se desequilibrou com os giros, mas Bellamy se manteve afastado dela, a olhando enquanto tentava achar alguma explicação para o comportamento ridículo que ela estava tendo.
- Por favor, Bellamy, vem brincar comigo - ela se aproximou dele, então fez uma cara de pensativa. - Ooooooh, nós podemos jogar esconde-esconde! Vai ser tão divertido! - ela pulou, pegando a mão de Bellamy para que ele pulasse com ela.
- Não! - ele puxou a mão de volta. - Olha, eu não sei o que está acontecendo, mas eu não vou voltar lá pra fora enquanto você não voltar ao normal. Não vou tomar o risco de sermos atacados com você desse jeito.
- Oh, 'tá preocupado comigo? - ela sorriu para ele e piscou.
- Não estou preocupado com você - ele respondeu, mesmo sabendo que seria tolice discutir com ela nesse estado. - Estou preocupado comigo sendo prejudicado por você.
- Você é muito cruel, sabia disso? Você já parou para pensar que você magoa as pessoas? - Clarke fez uma careta. - Mas eu não me importo - ela sorriu e começou a puxá-lo pelo braço. - Vamos, brinca comigo.
Ele estava prestes a se desvencilhar dela novamente quando se sentiu tonto. As paredes do lugar começaram a se encher de cor e luz e, quando ele olhou o rosto de Clarke, ela estava coberta com uma áura branca. De repente, a ideia de brincar de esconde-esconde com ela parecia uma coisa sensata.
Ele sorriu para ela. - Ok. Eu conto e você se esconde - ele riu e saiu correndo.
Ele deu um grito de animação. Tudo ao seu redor parecia amplificado e melhorado. Ele passou pelas caixas e se dirigiu a uma parede afastada, indo contar enquanto Clarke se escondia.
Ele contou em voz alta, até ficar impaciente e, no meio da contagem, pegar a lanterna e começar a procurá-la.
- Pronta ou não, lá vou eu! - ele gritou, para que ela pudesse a ouvir.
Ele pôde ouvir um risinho abafado vindo de algum lugar a sua direita e sorriu, sabendo que provavelmente era lá que ela estava.
Ele abriu algumas caixas, olhando dentro delas, procurando por uma cabeleira loura.
- Clarke, cadê você? - ele chamou com um sorriso no rosto.
Ele iluminou uma estante aberta de metal, cheia de caixas, e foi naquela direção o mais sorrateiramente que conseguiu. Ele deixou a lanterna no chão e ficou só com um dos sinalizadores de neon ligados. Ele foi se aproximando até ver as costas e os cabelos loiros ondulados de clarke. Ele se abaixou, ficando da altura que ela estava e a abraçou pela cintura o mais rápido que conseguiu.
- Ahá! Te achei! - ele riu, a puxando para cima.
- Me solta! - ela falou rindo.
- Agora você é minha prisioneira, princesa - o moreno foi andando, a levando de volta para o espaço aberto do depósito perto da lanterna.
- Aé? - ela ergueu uma sobrancelha, sorrindo, tentando se livrar das mãos de Bellamy.
- Aé.
- Não acha injusto que ninguém possa vir me resgatar? - ela fez um esforço para se virar no abraço de Bellamy, ficando de frente para ele. Ela o olhou e fez um biquinho com a boca.
- Você não precisa ser resgatada, princesa - ele sorriu, tendo de olhar para baixo para encontrar os olhos dela
- Eu odeio quando você me chama assim - ela estreitou os olhos, mas sendo incapaz de manter o semblante sério.
- Não parece - ele sorriu convencido.
- Se eu sou uma princesa, eu preciso de um príncipe - ela falou, sonhando. - Um príncipe para vir me salvar das garras desse terrível monstro que me aprisionou - ela dramatizou, colocando a mão na testa.
Bellamy a olhou por alguns segundos, ficando consciente pela primeira vez do quão próximos eles estavam. O corpo todo de Clarke estava colado ao dele e suas mãos ainda estavam passadas ao redor de suas costas. Ele espalmou as mãos uma em cada lado de sua cintura, segurando com firmeza.
- Eu serei seu príncipe - e antes que ela pudesse falar mais alguma coisa ele a beijou.
O beijo começou sereno, tímido. Seus lábios se tocaram e ficaram assim por alguns segundos, sem alteração, sem saber o que fazer. Então como se tomasse conta de todos os seus desejos, ele subiu uma mão para a nuca de Clarke e aprofundou o beijo. Ela entreabriu os lábios somente meio centímetro, seu corpo respondendo automaticamente. Mas foi o suficiente para que Bellamy passasse sua língua pelos lábios da garota e então encontrasse a dela, deslizando pela boca da garota, se familiarizando com cada centímetro dela. De seu gosto, de seu cheiro, de sua forma.
Ela ficou na ponta dos pés e ergueu as duas mãos, embrenhando uma no cabelo ondulado do moreno e passando a outra pela nuca dele, passando a ponta dos dedos gentilmente no local. Ela sentiu os pelos da região se eriçarem em resposta.
Bellamy escorregou a mão de sua cintura para a parte mais baixa da lombar dela, a trazendo para mais perto de si. Ele ansiava cada parte dela. Com as unhas, ele arranhou levemente a superfície da parte de trás do seu pescoço e engoliu o gemido que Clarke soltou em resposta. Os corações deles batiam acelerados em sincronia, pulsando sangue em cada região do corpo deles.
Bellamy começou a beijá-la com mais urgência, como se o tempo estivesse acabando. Sofregamente ele a empurrou contra a parede do depósito e desceu os beijos de sua boca para o seu pescoço. Ele chupava tão avidamente que Clarke achava que ficaria com um hematoma.
Foi só enquanto ela arfava por causa do beijo que ela percebeu o que eles estavam fazendo.
- Bellamy...? - ela chamou com a voz rouca.
Ele ergueu o rosto até a orelha da garota e lambeu o lóbulo da orelha, dando uma mordidinha em seguida. - Que foi? - ele sussurrou.
Clarke se arrepiou com os gestos do rapaz, sentindo uma lufada de calor invadir seu corpo.
- O que estamos fazendo? - ela arregalou os olhos um pouco.
Bellamy ficou tenso a sua frente e ela sentiu ele parar de se movimentar instantaneamente, como se acabasse de perceber que eles estavam dando uns amassos enquanto deveriam estar investigando o depósito.
Aliás, Bellamy estava dando uns amassos com Clarke. Como diabos isso foi acontecer?
Ele afastou o rosto do seu pescoço e a olhou.
- Eu não faço a menor ideia - ele meneou a cabeça, surpreso consigo mesmo.
Esse era um sentimento que ele vinha reprimindo desde o início, desde a primeira briga deles, desde a primeira vez em que ele a chamara de "princesa". Ele gostava de provocá-la para ver sua reação. E por mais que ele a provocasse e irritasse, ela continuava vindo até ele.
Ele olhou os olhos verdes da loira que continuava prensada entre ele e a parede.
- Mas é algo que eu quis fazer desde a primeira vez que coloquei os olhos em você, princesa.
O olhar no rosto de Clarke era de incredulidade. Eles haviam alucinado por conta de alguma coisa, mas ela não conseguia pensar mais nisso. Tudo o que ela conseguia pensar era nas palavras de Bellamy e em sua boca. Contra a dela.
- Eu também - ela respondeu, enquanto o puxava de volta para si.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Adoraria muuuuito se vocês deixassem comentários, porque até agora eu encontrei pouquíssimas fics em português de Bellarke e adoraria saber se existem mais pessoas shippando-os nesse idioma. Por favor, sejam sinceras e deixem sua opinião sobre tudo: minha escrita, minha narrativa, erros, se eu fui fiel à imagem do personagem, se eu fui muito rápido com as coisas, se eu enrolei demais. Sinceridade! Críticas construtivas são sempre boas.
Com base nisso, saberei se existem mais entusiastas do casal e quem sabe farei mais fics.
Obrigada e beijos!