O sol estava fritando o chão. Já era dezessete de dezembro, Anna precisava encontrar sua mãe no dia solstício de inverno, no dia vinte e um. Elas andaram até o meio dia onde encontraram uma cidade pequena mais próxima. Elas entraram em uma loja, havia uma garota olhando algumas coisas e uma mulher no balcão. Anna achou que conhecia a garota de algum lugar, seus cabelos eram totalmente negros como a noite, a mulher no balcão estava usando um chapéu e um óculos escuros.

– O que posso fazer por vocês jovens? - a mulher disse sorrindo. Anna estava começando a ter certeza de que a conhecia.

– Estamos só dando uma olhada em algumas coisas. - ela disse e olhou de relance para Skyler que olhava alguns chapéus na parte esquerda da loja. A garota a olhou e ela trocou um olhar de quem dizia “algo está errado."

– Ah! - a mulher saiu de trás do balcão e entrelaçou os dedos. - temos muitas coisas aqui. Fiquem à vontade.

A mulher riu e deu um passo em frente. Anna recuou e quando olhou para a porta, a garota estava lá impedindo que elas saíssem. Anna ficou ao lado de Skyler enquanto a mulher sorria. Ela já conhecia quem era aquela mulher, da última vez ela havia matado sua amiga que era como irmã.

– Medusa! - Anna disse com nojo.

– Olá Annabelle. - Medusa sorriu. - surpresa em me ver?

– Como está sua amiga Jo? - Maliana disse da porta. - diga àquela vadia que quando eu a encontrar irei matá-la bem dolorosamente.

Anna olhou sua amiga que estava com punhal em mãos. Falou sem som para a amiga "corra". Skyler correu em direção a Maliana, Medusa avançou e Anna a impediu com sua espada que atacou em sua cintura. Viu Medusa se levantar sem os óculos e o chapéu e gritou para a amiga.

– Skyler não abra os olhos! - ela disse e os fechou. Não ouviu som de pedra então sua amiga havia entendido o aviso

– Você vai pagar pelo que me fizeram. - Medusa disse rosnando. - não pode ficar com os olhos fechados para sempre.

Milhares de coisas passaram pela cabeça de Anna. Se ela fosse morrer, sempre desejou que morresse com uma morte digna. Morrer pela Medusa? Algo um tanto não muito digno. Ela foi tirada dos seus pensamentos quando um barulho soou atrás da loja, sentiu as cobras de Medusa passar em seu rosto e contraiu o corpo.

– Vai ver o que. - Medusa disse provavelmente para Maliana que saiu bufando. Anna sentiu cordas amarrarem seus braços e pernas. - fiquem quietas.

Depois que alguns minutos o som de algo batendo no chão quebrou o silêncio.

– Maliana? - Medusa perguntou. Anna pôde perceber uma hesitação em sua voz e medo. Ela colocou Anna e Skyler sentava em uma cadeira. Anna tentou cortar as cordas com um punhal que estava no bolso de sua calça. Ouviu os passos de Medusa ficando cada vez mais distante e pegou o punhal.

Ela começou a cerrar a corda que depois de alguns minutos havia sido cortada. Cortou as dos pés e de Skyler e pegou as suas mochilas no chão

– O que está acontecendo? - Skyler disse se levantando.

– Eu é que sei? - Anna disse e entregou a mochila à garota. - vamos, não temos tempo.

A porta travou e passos soaram atrás delas. O corpo de Anna gelou.

– Aonde pensam que as queridas vão? - Medusa disse e correu para cima delas.

– Skyler corre. - Anna gritou e empurrou a amiga para trás. Anna fechou os olhos e empurrou caindo em cima de Medusa.

Elas se enrolaram no chão. De repente, um som agudo de algo afiado espetando zuniu, ela sentiu o peso de Medusa sumir e ficar coberta de areia.

– Pode abrir os olhos. - Skyler falou. Ela abriu e viu a garota parada com o punhal em mãos. - a vaca já foi embora.

Ela estendeu as mãos e Anna a pegou. Depois de se levantar, juntas, saíram da loja correndo enquanto a poeira que era Medusa começava a se formar novamente.

– Porque você disse que não tínhamos tempo? - Skyler disse com a respiração ofegante depois de correrem alguns quarteirões.

– Os monstros - Anna parou em um beco, cansada. - eles retornam depois de algumas horas.

– Eles não deviam ficar no tártaro? - a filha de Afrodite disse. - Medina nos ensinou isso nas aulas sobre monstros.

– Sim. - Anna tomou um gole de sua garrafa d'água. - mas há um porém, as portas da morte foram abertas e agora eles não morrem e ficam anos se recuperando. O processo que antes durava anos e séculos agora dura no máximo talvez dias ou semanas.

Skyler balançou a cabeça afirmativamente. Elas voltaram a andar e a marca da coruja vermelha crepitando aparecer novamente. Até antes de chegarem ali, Anna havia visto elas. As corujas haviam levado as duas até aquela cidadezinha.
Siga minha marca, Annabelle. A voz de sua mãe, Atena, sussurrou em sua cabeça. Siga e encontre-me.

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Tris estava novamente no escritório de Ármesis. O único computador do acampamento estava ligado a sua frente, ela estava mexendo nos arquivos dos semideuses, onde Ármesis guardava tudo.

– Ainda procurando isso, Tris? - Logan apareceu na porta de braços cruzados.

– Sim. - ela disse e olhou para o computador. - há alguma coisa sobre aqueles números e letras, Logan. Eu sei disso.

– Tris! - Logan disse. - Anna e Skyler sumiram no início da manhã e você está preocupada com os números e letras de Hope?

Logan estava parado com os braços apoiados na mesa. De algum tempo para cá, ele havia se tornado um grande amigo a ela. Assim como Medina e Jo, que havia se tornado suas melhores amigas. Tris sabia que o filho de Hermes estava apenas com medo de que a amiga se machucasse ou ficasse louca.

– Eu descobri algo, mas... - ela disse. - não sei se é verdade.

– Diga-me então. - Logan falou.

– O meu palpite é que os números são as datas de aniversários dos cincos. - a filha de Hades se levantou e ficou em frente ao amigo. - e as letras podem ser as iniciais. Olha, Logan, sei que posso estar errada, mas e se isso for verdade? E se eu estiver certa?

– Nós iremos descobrir, Tris. - ele colocou as mãos no ombro da garota. - saberemos quando chegar a hora. Mas até lá - ele estendeu a mão para ela. - temos outros problemas, vamos. Não se preocupe. Eu acredito que você conseguirá descobrir o que tudo isso significa.

Tris pegou a mão do menino e juntos eles saíram do escritório da casa. O computador ligado e congelado em seis fichas dos semideuses:

Beatrice Ellitot - 17 de janeiro.

Jake Abell - 12 de junho.

Annabelle Salut - 14 de agosto.

Victor James - 10 de maio.

Laissa Supertime - 10 de janeiro.

Medina Gold Choice - 24 de novembro.

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Victor estava tentando acalmar os ânimos de alguns campistas ao lado de Luisa, uma filha de Afrodite. Todos estavam fazendo inúmeras perguntas. Junto aos dois Ármesis estava tentando fazer todos se calarem.

Eles estavam no pavilhão do refeitório onde todos estavam em suas mesas gritando e reclamando sobre o que estava acontecendo.

– Gente! - Luisa gritou e todos se calaram. - pelo amor de Afrodite, calem a boca. Assim como vocês não sabemos o que está acontecendo. Todos nós estamos confusos, Skyler e Anna saíram do acampamento, mas ainda iremos saber o porquê.

Um murmúrio começou entre eles.

– Só queremos saber por que elas saíram se lá fora está um caos. - Faith Andrew, irmã de America e Mason disse entre os campistas de Vênus.

– Também queremos saber, Faith. - Victor disse. - queremos saber sobre tudo isso. Mas eu conheço Anna. Ela é inteligente e sabe o que está fazendo.

– Tudo bem. - Faith levantou e cruzou os braços. - você a conhece, mas nós não. Ela é inteligente,mas e se acabar morrendo? Já sabemos que todos perderam muitos. E os filhos de Vênus não irão sair atrás dela. Ela que se vire.

O chalé de Vênus começou a gritar. Victor e Luisa tentaram conter a gritaria.

– Silêncio. - Ármesis gritou e todos se calaram imediatamente. - me admira você dizer que não sairá atrás de Anna e Skyler. Somos uma família, Faith Andrew. Seus irmãos fazem um belo trabalho para nós e você fica com seu egoísmo.

– Ármesis, se precisar de ajuda eu estarei aqui. - uma menina com aparência bem jovem levantou-se da mesa de Hebe. Danica Martine estava fuzilando Faith Andrew. A casa de Hebe tinha uma leve rixa com a de Vênus.

– Danica nós estamos agradecidos por sua ajuda. - Victor disse. - assim que precisarmos iremos chamá-la.

Danica assentiu e sentou-se novamente. Victor estava com uma enxaqueca terrível. Depois de terminar o namoro com Jo. A filha de Apolo ficou furiosa e mostrou que pode ser uma filha de Nêmesis. Ela destruiu seu colchão todo e desde então dorme em um emprestado da casa de Hipnos que é muito duro.

Ele não era culpado. Victor só não via mais um futuro com a filha de Apolo. Luisa pareceu muito interessante e era totalmente diferente das demais filhas de Afrodite.

Todos os campistas saíram do refeitório. Victor viu seu irmão, Jake passar pela grama bem rápido. Ele parecia furioso. Sem pensar duas vezes, o menino correu em direção ao irmão.

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Laissa havia chegado.

Havia chegado onde um dia fora sua casa. Ela estava sentada em sua antiga varanda. Estava olhando o horizonte que trazia boas lembranças e também horríveis lembranças. Se lembrava dos filhos de Apolo, Arya e Matthew que conhecera há um ano. Sentia saudades de seus amigos, sentia até de Evelyn Di Geane. Uma filha de Afrodite que ela nunca lidou muito bem. Todos os três foram sua única família só por duas semanas quando as coisas ficaram terríveis. Desde aquele tempo, as forças de Cronos já estavam atrás dela. E por causa dela que os três haviam morrido.

Todos os três amigos de Laissa. Todas as pessoas que um dia ela amara haviam morrido, e tudo aquilo era culpa dela. Ric e Kat. Os dois haviam morrido em uma missão para salvá-la. Sempre se lembrava dos gritos de Kat ao ver Ric cair morto. Sempre se lembrava das lágrimas de Anna.

Todas as pessoas que Laissa amou e se importou haviam morrido. Tudo aquilo era culpa dela. A guerra que estava por vir. Eros a fez sair do acampamento por que era ela que tinha a arma para derrotar Cronos.

Há três meses, Juno havia visitado ela em sua casa. A deusa havia tentado matá-la desde pequena, mas quando ela apareceu veio com um importante aviso.

– Sei que tivemos nossas diferenças, filha de Júpiter. - a deusa disse. - mas você é a única capaz de guardar isto.

Ela havia dado a foice de Cronos a ela para que a garota a guardasse. Laissa por um momento fez o que a deusa queria para ajudar a todos. Ela a guardou em uma caixa depois que a deusa a encolheu ao tamanho de uma caneta.

– Guarde bem. - Juno havia dito. - quando chegar a hora e os cincos serem descobertos, você terá que mostrar isto.

Depois do aviso a deusa havia desaparecido. Laissa havia guardado a foice como ela havia pedido, havia ficado com medo de não cumprir a promessa e bastou o deus do amor para tirá-la do jogo.

O horizonte se fechou em grandes nuvens carregadas. Ela inspirou o ar puro e depois o soltou. As lembranças ainda viviam nela.

Sua mãe sendo morta em sua frente. Evelyn Di Geane, Matthew, Arya, Ric e Kat. Todos eles se foram por causa dela. Ela sabia que o acampamento não era seu lugar. Lá era lugar de heróis.

Jake era um herói. Anna, Tris, Jo, Victor e os outros. Todos eles são heróis e heroínas. Mas ela não era. Ela não era uma heroína, pois sabia que:

Heróis salvam pessoas da morte.

E ela havia causado as mortes das pessoas que um dia amou.

Ela se levantou da varanda e abriu a porta com vento. A porta rangeu e se abriu devagar em sua frente. Laissa olhou a casa a sua frente deu um passo e hesitou.

Ela havia voltado ali uma vez, mas não tinha força suficiente para entrar novamente ali. Não voltaria para o acampamento, pois lá não era seu lugar. Ela respirou fundo.

Será que ela tinha força suficiente para entrar? Ou será que ela sempre teve, mas nunca tivera coragem suficiente?

Ela deu um passo à frente. Será que consigo enfrentar meus medos? Ela pensou.

Eu posso. Eu consigo.

Eu acredito.

De olhos fechados e com a respiração ofegante, Laissa adentrou em sua antiga casa. E com medo de seus medos voltarem, ela não abriu os olhos.