Deuses: Anabella Pizzato escrita por Hari Zang Elf


Capítulo 6
Capítulo 6 - Cidade dos Deuses: As coisas que eu descubro em um sonho quase morte.


Notas iniciais do capítulo

Bom, o que posso dizer... Eu sumi? Sinto muito por isso, mas aqui estou eu postando novamente. Muitas coisas aconteceram e quando percebi foi-se meio ano... O que mais me arrependo é pela minha beta reader... Eu agradeço muito, muito mesmo pela paciência e atenção e peço desculpas pela minha teimosia que te prendeu por tanto tempo. Está livre para me odiar a vontade... E obrigado a todos que estão acompanhando mesmo que sejam apenas fantasmas!



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— Isso, como aquele... - Ele fala meio chocado, me colocando no chão. Os olhos dele continuam circulando a área, me deixando inquieta. - E como todos aqueles outros nos cercando.

— Outros? - Minha voz sai esganiçada e começo a vasculhar, encontrando vários olhos espalhados pela rua. - Ótimo! Vou virar comida de um bando de monstros!

— Espero que não. Tente ficar viva. - Ele fala, fazendo um talho no pulso. O sangue escorre e logo assume a forma de uma espada de vidro vermelha. Parecia a mesma coisa que o Nicola havia feito no hospital.

Ele dá um salto, cortando dois monstros que pularam em sua direção em apenas um segundo. Aquele foi o estopim, chamando a atenção dos outros, que partem para o ataque. Com um giro Balthazar libera uma rajada de energia, atingindo todos os monstros próximos, deixando-os confusos. Aproveitando a brecha ele rapidamente começa a cortá-los, fazendo com que se desfaçam em pó. Aquilo era incrível! Era como assistir um jogo de video game ao vivo!

De repente sinto algo estranho no meu pé. Quando me viro uma criatura de duas pernas e uma bocarra que mais parecia um rasgo em seu corpo grande e gordo estava mordendo ele. O monstro percebeu que eu notei e começa a correr. Ainda mordendo meu pé.

— Balt! Monstro! Meu pé! Socorro! - Grito conforme o mostro aumenta a velocidade e começa a me bater nas coisas.

Eu me concentro e parece que nada acontece. Exceto que não sinto dor e todo lugar que ele me bate quebra. 'Instinto. Deixe fluir. Deixe fluir!' Mas quando começo a pensar a próxima parede que ele me bate eu sinto minha cabeça estalar e girar. Meu ombro dói. Aquilo não era nada bom!

— Parece que está com problemas. - Uma voz feminina soa na minha cabeça enquanto dá uma risadinha.

— Não parece! Estou! - Grito, irritada.

— Quer uma ajudinha? - A voz pergunta, parecendo se divertir com a cena.

— O que você acha? - Grito em resposta.

Nesse instante aquela sensação toma conta de novo. O tempo novamente parecia ter parado e eu podia notar as coisas ao redor, com mais nitidez do que deveria. O monstro havia saltado e girava no ar para me bater no chão com toda a força que tinha. O ar seco parecia estalar. Podia ver Balt do outro lado da rua. Um monstro que parecia um cadáver de lobo gigante havia jogado ele na parede e mordia seu braço. Podia ver sua careta de dor, preste a dar um berro. O som gutural dos monstros, assim como sussurros e o som de um telefone próximos. Provavelmente de alguma das casas, pedindo ajuda para eles. Se tinha alguém assistindo para pedir ajuda, podiam ao invés disso ajudar, pensava irritada. Então algo pulsou dentro de mim e tudo que vi não era eu que controlava mais.

Eu sorri. Podia sentir que estava sorrindo. Movi minhas mãos para a boca do monstro e a arregacei, tirando o meu pé de lá e aproveitando o movimento para subir em cima dele e usá-lo como amortecedor na queda. Enquanto o monstro desaparecia eu me levantava de maneira desajeitada, batendo nas paredes e nos monstros, causando belos danos enquanto me desviava. Os monstros pararam o ataque parecendo tão confusos quanto eu. Virei-me lembrando de que Balt estava sendo atacado antes e vendo-o cortar a cabeça do lobo com o outro braço. Meu sorriso ficou ainda maior, me fazendo cair no chão quando outro lobo tenta me bater, fazendo ele se entalar em um dos buracos que fiz anteriormente.

— Minha nossa, que estou fazendo? - Disse, minha voz saindo meio rouca.

Três outros monstros pularam em minha direção. Eu saltei e comecei a socá-los no ar, abrindo crateras em seus corpos. Depois de acabar com os três comecei a cair, percebendo agora que devia ter pulado uns 40 metros, no mínimo. Embaixo uma enorme cabeça de cobra se aproximava, me engolindo. Eu ergui os braços, fazendo várias lanças de madeira aparecerem e girarem, cortando a cabeça dela, o corpo caindo ao longo da avenida até eu sair rolando quase em frente ao hospital.

— Ana, você está viva ainda? - Ouço a voz de Balt se aproximando, ele logo se ajoelha na minha frente e começa a me examinar, como se fosse um médico profissional, tirando o pulso, abrindo os meus olhos com uma luzinha chata, que fez com que me encolhesse. - Você está bem?

— Instinto maldito! Me fez ser engolida por uma cobra! - Eu começo a chorar, recuperando a consciência. Aquilo era tão nojento e assustador! - Eu quero um banho!

— Você está bem. - Ele suspira, parecendo sem saber o que fazer comigo, mas visivelmente mais aliviado.

Ele estava preocupado comigo. Aquilo me fez ficar com vergonha. Estava agindo como uma criancinha.Tento limpar minhas lágrimas, mas meu corpo todo estava melado, portanto eu desisto e tento me levantar. Sem sucesso também. Estava começando a ficar frustrada de novo.

— Eu te ajudaria, mas... - Ele começa, apontando para o braço que havia sido mordido.

Tutto bene! Yo porto!— Nesse momento Ícaro, exausto, guiando o meu irmão se aproxima de uma rua lateral. Pelo visto nós não fomos os únicos jogados lá de cima.

— Ícaro, troca a fita! - Balt fala entre dentes, meio irritado.

— Em troca guia o idiota! - Ícaro continua, meio sem fôlego e voltando a falar em português. - Você tem talento Ana! Gostei do que você fez lá em cima!

— O que ela fez? - Gian pergunta curioso, virando a cabeça na direção dele. O grandão não diz nada sentando na sarjeta e pegando um refrigerante do bolso. Ele se aproxima de mim e pergunta. - O que você fez?

— Matei um monstro. Fiquei melada. Quero um banho! - Respondo de maneira simples, não deixando ele me tocar, enquanto Balt vai perturbar Ícaro com os exames dele.

— Sério? - Gian começa a rir, provavelmente imaginando o meu estado. Fico irritada e dou um soco na barriga dele. Ele se encolhe um pouco mas continua rindo. Faço um muxoxo e viro a cara, chateada.

Attento!— Ouço Ícaro gritar atrás de mim, mas antes que me vire apenas sinto algo me atingir de lado e tudo fica escuro.

*

— Ah! Não acredito nisso! - Ouço aquela mesma voz feminina da última vez e abro os olhos. - Depois de todo aquele trabalho você vem parar aqui de novo!

— O quê? - É a única coisa que consigo dizer. Aquele lugar era completamente diferente de onde estava antes.

Era um salão grande e antigo. As paredes eram feitas de pedra e através das enormes janelas que roçavam o teto era possível ver um campo verdejante e um lindo sol de verão. O que era impossível, pois estávamos no inverno. Uma longa mesa de mogno escuro, com cerca de dez cadeiras estava posicionada no centro do salão e eu estava sentada em uma delas. Do meu lado uma mulher loira alta, de cabelos fartos e longos e usando um vestido vermelho sensual me olhava irritada. O vestido denotava suas curvas, e também o corpo forte como de uma ginasta olímpica. Ou de uma guerreira. Uma combinação exótica, mas que provavelmente ela conseguia derrubar muitos homens com aquilo. Em ambos os sentidos.

— Eu até te ajudei, liberando ainda mais os seus poderes para que você sobrevivesse e, no final, você é atacada pelas costas! - Ela recomeça, atraindo minha atenção de volta para ela. - A Átila tem razão. Os jovens não estão sendo bem treinados hoje em dia.

— Você está me criticando bastante, mas sabe, eu nem te conheço! - Digo, querendo parar com as críticas. Ela para e olha para mim, pensativa.

— Verdade. Mas eu conheço você. E sei de muito mais coisa do que você. - Ela fala com um sorriso, se sentando do meu lado. - Bom, o que passou, passou. Vamos começar de onde deveríamos. Meu nome é Taranee, prazer em conhecê-la Ana.

— Prazer... Eu acho. - Estico minha mão, agora notando que usava um vestido rosa, cheio de babados típico da idade média.

— Eu sou a sua guia. Ou uma deles. - Ela começa depois de soltar a minha mão em um cumprimento com a cabeça, provavelmente parte da etiqueta dela.

— Vejamos... Tenho muita coisa para te contar e pouco tempo. Que tal falar um pouco de mim?

— Bem que notei que você tinha cara de narcisista... - Eu digo com um suspiro, ainda confusa.

— Não posso negar que me amo. Mas se não me amasse quem me amaria? - Ela fala de maneira meio teatral e sorri, piscando para mim. Acabo dando risada.

— Onde estou? - Pergunto, olhando novamente o ambiente. - Parece com a sala das portas da última vez.

— Algo próximo. Aqui é o seu subconsciente. É onde o seu símbolo bebê mora.

— Hein?

— Você já sabe dos símbolos. O seu é... especial. A maioria deles são antigos e sábios. Então mesmo que eles rejuvenesçam de certa forma ao passarem para os descendentes, eles ainda guardam boa parte do conhecimento e amadurecem rápido. Mas o seu é um bebê. Literalmente um bebê. Por isso precisa de uma babá para ele. E para você.

— Certo... E não era para você ser uma guia, ou algo do tipo? - Eu pergunto, ainda não entendendo onde ela queria chegar.

— Também. Além de babá. - Ela responde ainda sorrindo. De alguma forma ela lembrava o gato de Cheshire das histórias da Alice. Sempre sorrindo. Mas um olhar triste e distante. Não, talvez não o gato. Lembrava o meu vizinho. Depois que perdeu a esposa ele ainda continuava sorrindo. Mas seus olhos eram tão tristes e pareciam sempre vagar para um lugar distante. Volto a falar para distraí-la.

— E porque ele é tão especial? - Mas a pergunta parece tirar seu sorriso por um instante, lhe dando uma expressão preocupada.

— Preferia que você perguntasse isso a um daqueles dois, mas... - Ela volta a sorrir, me acalmando. - Preste atenção. Vou lhe mostrar uma memória. Uma memória dos meus irmãos.

*

O hospital. Já tinha visto aquela cena antes. Mamãe ferida, falando com papai, perguntando de nós. O doutor se aproximando. Mas logo em seguida algo diferente acontece. O fada-padrinho! Ele aparece atravessando a parede do corredor. O mesmo lugar em que ela estava da última vez que havia visto aquela cena. Será que...

— Taranee, eu já vi isto antes. - Digo, me virando para a minha esquerda, onde ela estava. - Mas da última vez eu estava exatamente onde o fada-padrinho está agora!

— Fada padrinho? - Ela olha diretamente para ele e cai na gargalhada, me deixando confusa. - Espere só até eu contar para os meus outros irmãos!

— Qual o motivo da risada! Ele disse que eu poderia considerá-lo como meu fada-padrinho!

— Certo! Certo! Hiro, a pedra de gelo ambulante, que destroçou um exército inteiro na grande guerra, um fada-padrinho! - Ela para de rir e olha para mim, de repente ficando séria. - É de verdade?

— É claro! - Nesse momento o doutor e a mulher baixinha entram na sala de cirurgia e de repente tudo começa a esfriar. O vestido não era fresco, mas podia se sentir congelando. As pessoas em volta começam a se mover mais devagar até pararem.

— Agora começa a parte importante, vamos lá! - Taranee sorri e me segura no braço, a cena muda para o interior da sala de cirurgia.

— Oh! - Eu gemo ao ver os cadáveres. Pelo menos desta vez não estava vomitando, mas continuava desagradável. Taranee me cutuca e aponta para o irmão dela, pedindo minha atenção.

— E agora? O que eu faço? - Ele fala, pensativo. Logo voltando para o corredor e se sentando.

— Isso vai demorar? Está muito frio! Como isso é possível? - Eu digo, ficando irritada.

— Não, tenha paciência. E quanto ao frio isso faz parte das habilidades dele, Hiro é um mestre do gelo, além de poder ficar invisível e atravessar objetos.

— Legal! Ele tem mais de uma habilidade! - Eu falo animada, quando vejo ele se levantar e voltar para a sala.

Ele morde o dedo e com o sangue faz o desenho de dois símbolos no ar, que flutuam suavemente.

— Meu nome é Hiro, detentor do título de deus do gelo. Pelo meu nome e meu sangue eu chamo vocês, meus irmãos, os únicos que podem se mover dentro do tempo congelado. - Ele recita e os dois símbolos brilham e desaparecem.

— Deuses? Afinal essa coisa é válida ou não? Posso não ser praticante mas ainda sou católica e esse negócio só dá nó na cabeça!

— "Deus" é apenas um título. Como raça, os nossos membros mais poderosos assumem os grandes títulos e são responsáveis por manter a existência de tudo. Se não houver um membro para assumir um título, os mundos serão afetados pela falta dele. - Eu faço uma cara confusa devido à explicação dela, fazendo-a suspirar.

— Imagine se não há alguém para assumir o título de deus da morte. Depois de um tempo as pessoas parariam de morrer. Dependendo do mundo você teria o tal do apocalipse zumbi que a cultura de vocês tanto fala. - Quando ela comenta isso me lembro do jogo do meu irmão e o cérebro estala. Pensar que aquilo poderia ser de verdade não era algo agradável. - Esse é o principal argumento de alguns membros da nossa sociedade para dizer que deveríamos nos chamar de deuses.

Penso em continuar perguntando, mas nesse instante duas pessoas aparecem do nada. Um deles é um homem alto, de quase dois metros e extremamente magro e pálido.Seus cabelos eram de um loiro platinado quase branco e seus olhos azuis e opacos. Usava um sobretudo preto, camiseta, calça e botas igualmente pretos e carregava uma grande foice com cabo de madeira escuro e lâmina prateada. O outro é um garoto, parecia ter a mesma idade que eu, os cabelos cacheados e loiros como trigo, os olhos de um azul vívido como o céu. Estava com as roupas sujas de graxa, uma camiseta branca e um short azul escuro, além de um tênis bem desgastado.

— Faz tempo que você não nos chama maninho! - O menor começa a falar assim que chega, o sotaque inglês bem acentuado.

— Maninho? Mas ele é um nanico! - Eu digo, apontando para ele.

— Eu sei, mas não diga isso na frente dele ou ele vai te atacar sem pensar duas vezes. Ele é o segundo mais velho, chamamos ele de Kill, é o deus das dimensões e do transporte. O maior do lado dele é o mais velho, Gozuro. Ele é o deus da morte. Se bem que mais velho e segundo mais velho apenas entre aqueles que tem títulos.

— Pensei que estivesse com problemas... - O maior começa com uma voz rouca, se aproximando dele, o sotaque igual ao do irmão, embora menos acentuado, enquanto conversava com Taranee.

— Verdade! Mas olha só, seu poder de gelo está cada vez melhor, hein? Sério! Você devia pegar uma promoção para deus do tempo! - Kill dizia enquanto cutucava os aparelhos médicos e inclusive abria um deles.

— Não tenho interesse nisso. - Hiro responde de maneira simples.

— Todos os que passaram pelo posto nos últimos 8000 anos não duravam mais que um século. Seus poderes não eram o suficiente. Evitaria mais sacrifícios. - Gozuro emendou, enquanto vagava pela sala, Kill parou de curiar, parecendo irritado e preocupado ao mesmo tempo, olhando para os dois irmãos.

— Vou pensar com cuidado. - Hiro responde depois de um minuto de silêncio pesado. Mas o clima parecia ter ficado ainda pior.

Well, well, well... O que houve para que você nos chamasse, maninho? - Kill fecha o aparelho e se levanta, tirando a poeira e o que parecia ser neve da roupa e se aproxima dele.

— Foi isso, não é? - O mais velho recolhe um objeto que estava no canto da sala. Parecia uma pequena pedra, lisa e cristalina, que emanava uma luz suave e acolhedora. Eu me aproximo, curiosa. - Esta semente tem a sua essência. E a minha também.

— Isso não é bom! O imbecil do Cristian nos confiou esse negócio, não me diga que você deixou que pegassem ele?

— Eles sabiam da pesquisa. Sabiam que ela havia sido finalizada e queriam obter uma a qualquer custo. Foi um ataque surpresa. Sinto muito.

— Que ótimo! Então vamos levá-la! - O rapaz se aproxima de Gozuro, me atravessando e toma a semente da mão dele, devolvendo-a para o Hiro. - Arranje um lugar melhor para ela desta vez!

— Ele poderia já ter feito isso. - Gozuro fala pensativo, se aproximando de mim e do meu irmão; No caso dos nossos corpos de criança quase mortos. - Por que você nos chamou?

Ele repete a pergunta de Kill, em um tom mais frio e sombrio que antes. Hiro olha para a pedra e depois para nós.

— Se eu levá-la eles irão morrer. Isso não foi feito para dar uma segunda chance a eles? A aqueles que ainda mal começaram?

— Você é um idiota que não mudou nada! Só atua de maneira fria porque tem medo de se ferir e das consequências, como sempre! - Kill começa a gritar com ele, andando de um lado para o outro. Gozuro se vira para ele com um olhar recriminante. - E não comece a apoiá-lo! Se deixarmos que eles usem a semente os moleques podem até continuarem vivos, mas são dois! Para uma! Tá na cara que eles vão cortá-la ao meio!

— Mas...

— Sem mas! - Kill interrompe o Hiro, continuando o discurso. - Você leu as instruções!

— Um manual de 77246 páginas... Eu duvido. - Taranee fala nesse momento, quebrando um pouco o clima. - Só o maluco do Kill para ler tudo.

— Bem... - Hiro começa, pensativo. - Li o resumo.

— Idiota! - Kill explode de raiva e dá um chute nele, fazendo-o atravessar o hospital inteiro, até o outro lado. - Aqui vai outro resumo! Se você cortar a semente em pedaços e dar um pedaço para cada pessoa, elas começarão a morrer e só uma ou duas delas continuará viva! A semente se regenera e cresce, mas não rápido o suficiente para que todos sobrevivam! Por isso ela vai atrair os outros pedaços, destruindo a vida que foi dada!

— Ele sabe disso. Mas tem duas exceções aqui. - Gozuro se aproxima deles, conforme faz isso os objetos a sua volta se regeneram, voltando ao normal. - Isso foi feito para criar deuses. Mas eles já possuem o sangue. E o segundo fator é que eles são novos demais.

— Hum... - Kill para e começa a pensar enquanto Hiro se levanta e move os lábios dizendo obrigado. - Não agradeça ainda. É muito arriscado. Se me chamou pela minha opinião meu voto continua sendo não.

— Mas isso é possível? - O fada-padrinho pergunta, deixando o irmão ainda mais irritado. - Pelo jeito é. Gozuro, a semente também é sua. O que me diz?

— Não me importo. Mas não darei minha benção. Só assumirei a responsabilidade. - Ele responde, terminando de reconstruir tudo. - E quanto a Taranee?

— Bom, acho que ela não vai se importar...

*

A lembrança terminou e nós estávamos de volta ao salão. Taranee se senta numa cadeira próxima, parecendo meio zonza.

— Nossa! Entrar na memória dos outros dá trabalho! O Gozuro faz isso com tanta facilidade! - Ela resmunga, batendo na mesa, logo em seguida aparecendo um jantar completo para o meu pasmo. - Que estória é essa de não vou me importar? Poderiam ter pedido a minha opinião! É isso que dá ser uma das mais novas!

— Acho... Que ainda estou um pouco confusa... Explica de novo? - Eu peço, meio sem jeito.

— Mas você... - Ela se endireita e começa a refeição, pensativa, me servindo um prato também. Nossa! E estava morrendo de fome de novo!

— A nossa população está diminuindo. Um dos motivos foi a grande guerra que acabou a cerca de 4000 anos. O outro é porque os mundos não estão reunindo poder e energia suficiente para criar novos deuses. Portanto não há novos "despertar". Se o sangue não renova, ou ele se eleva ou se degrada. O mais comum é se degradar, infelizmente. - Taranee começa a explicação, pensativa.

— E o que isso importa neste caso?

— Você não sabe nada, portanto apenas siga a linha de raciocínio! - Eu fico sem jeito com o comentário e continuo a comer, prestando atenção. Ela parecia uma daquelas velhas italianas da vizinhança nessas horas. - Por causa disso o meu pai, Cristian, resolveu pesquisar uma forma de renovar os deuses. Foi assim que ele criou a semente dos deuses. Não se preocupe que a pesquisa é legal. Ele não fez nada de errado, pelo menos não com isso, já que ele não gosta de cientistas, normalmente.

— Certo... - Eu digo sem muita confiança, afinal que tipo de pessoa ele deveria ser para a própria filha falar assim dele?

— Resumo do resumo. A semente dos deuses é feita usando a energia de três deuses originais ou anciões e dada a uma criatura jovem a beira da morte, permitindo que ela sobreviva. A energia desses três deuses, misturada a energia da criatura cria um novo símbolo. Esse novo símbolo é passado aos descendentes enquanto amadurece e as chances do indivíduo de despertar são cerca de 70%. Conforme as próximas duas gerações chegam, o sangue fica ainda mais forte. A partir da quarta ela segue o fluxo normal. Conseguiu entender tudo?

— Prestei atenção e absorvi, mas a maior parte parece lorota! - Eu respondo animada, as informações excessivas dançando na cabeça.

— Sua pirralha! E ainda tentei explicar da forma mais simples possível! - Taranee fala entre dentes parecendo bem irritada, o garfo em sua mão derretendo.

— Mas isso quer dizer que se eu ficar mais forte eu não vou morrer? - Eu digo tentando acalmá-la, pensando em como aquilo estava começando a parecer uma estória de verdade.

— Sim, é bem provável. E se você desenvolvê-los o suficiente também poderá mover seu corpo de novo, sem precisar usar a sua própria energia para isso. - Ela responde, parecendo um pouco mais calma e estalando os dedos, a comida desaparecendo. - Só tem um problema. Você consegue fazer isso em uma semana?

— Por que uma semana?

— É o limite do tempo que a sua mãe conseguiu.


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Notas finais do capítulo

Tutto bene! Yo porto! - Tudo bem! Eu levo!
Attento! - Cuidado!
Well, well, well... - Essa expressão é inglês! Algo como bem, bem, bem... (Talvez seja um pouco óbvio, mas em qualquer caso...)
Obrigada pela leitura!



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