My Everything escrita por Grace Kellen, Renan Soares


Capítulo 1
A Burra Aqui Sou Eu!


Notas iniciais do capítulo

[...]E, pela primeira vez
O que passou passou[...](Begin Again/Taylor Swift)



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***Uma semana atrás***

Abri meus olhos lentamente, sentia desconforto e fisgadas de dores por todo o meu corpo.

- Onde estou?-pergunto a meio fio de voz.

- Ela acordou!-ouço alguém, mas não reconheço a voz.

Pisco alguma vezes para me acostumar com a claridade da luz que atinge meus olhos. Tem um pequeno tubo em meu nariz do qual recebo oxigênio e isso me incomoda.

- Olá querida. -uma senhora de cabelos grisalhos acaricia carinhosamente meus cabelos. Sua voz é dócil, mas eu não a reconheço.

- Oi. Onde estou?-pergunto totalmente confusa.

- No hospital.

Sinto uma dor inexplicável na cabeça e levo minha mão até a mesma tentando localizar qual o local exato da dor.

- O que aconteceu comigo?-uma sensação de pânico toma conta de mim. Ela me encara seriamente com uma expressão interrogativa e sai rapidamente.

Logo ela volta acompanhada de uma enfermeira e um médico.

- Olá Dallas, que bom que finalmente acordou. Eu só vim cumprimentá-la, e daqui a alguns minutos eu volto para que possamos conversar melhor. -diz o médico, anotando alguma coisa em uma prancheta que ele tinha nas mãos. Ele trocou olhares com a mulher que estava ao meu lado quando acordei e depois saiu.

- Você está bem?-olhando atentamente, posso notar que conheço essa mulher.

Um grande espaço em branco preenchia minha mente, eu não conseguia lembrar de quase nada.Só tinha consciência do meu nome,e sabia que aquela mulher era minha tia-avó.Não consigo acessar as lembranças do meu cérebro,entrei em pânico me sentindo uma completa estranha.

- Me escute atentamente, e mantenha-se calma. -sua voz era bem pacífica. -Você sofreu um acidente de carro, e seu cérebro foi lesionado.

- Eu não sei de nada, não consigo lembrar de nada.-me sentia tão impotente,senti lágrimas acumulando em meus olhos.

- Eu sei querida, fica calma. Foi feita uma tomografia, e foi detectado o seu problema. Você está com amnésia, sabe o que é não sabe?

Balancei a cabeça confirmando.

- Não se sinta culpada ou mal por não conseguir lembrar de algumas coisas.Pode me dizer,do que você se lembra?

- Meu nome é Dallas, e você é minha tia-avó. -entrei em transe por alguns segundos, tentando acessar alguma lembrança.

Ela me abraçou forte. Seu abraço era aconchegante, e me transmitia tranqüilidade. Eu tinha muito conhecimento na cabeça, porém me faltava as lembranças da minha vida, e isso me causava um misto de terror, frustração e tristeza.

- Você vai ficar bem, tem a mim para cuidar de você.

- Eu dormi por quanto tempo?-perguntei.

- Você ficou adormecida por três dias.

O médico volta, dessa vez sozinho. Desliga a maioria dos aparelhos que estavam ligados a mim e começa a me explicar sobre essa terrível situação a qual me encontro.

***Agora***

Fecho o zíper da última mala e me jogo na minha cama. As coisas estavam menos confusas do que antes, mas mesmo assim não desisto de tentar lembrar.

Eu já tinha sido avisada do quanto seria difícil, lidar com a minha amnésia. Por isso que finalmente segui o conselho do médico que tinha me atendido, e estava decidida a seguir em frente.

Eu sou Dallas Young, tenho dezenove anos, minha mãe me abandonou quando eu tinha cinco anos; meu pai morreu no acidente que causou minha amnésia (me senti muito culpada no seu velório, pois não sabia como reagir já que para mim ele era um estranho), eu sou uma miss (ou pelo menos era, até antes do acidente); meu namorado é cantor de uma banda mais ou menos conhecida (na verdade, só o vi uma vez até agora e decidimos que por enquanto vamos nos conhecer)

Muita coisa do que eu descobri de mim foi com a ajuda da minha tia avó, e lendo algumas revistas onde apareço em algumas fotos e até mesmo em pequenas entrevistas. Na tentativa de me ajudar, muitas pessoas sempre estão me lançando várias informações, mas isso ao invés de ajudar na verdade atrapalha.

Sem falar que de repente estou sendo alvo da mídia. Alguns programas querem marcar entrevistas, e eu não consigo fazer isso agora. Shane (meu “namorado”) fica me ligando direto me atualizando de fofocas e afins, ele quer muito que eu aceite pelo menos um desses pedidos de entrevista para que juntos possamos explicar tudo.

Eu não aguento mais isso. Preciso seguir em frente, aqui eu estou vivendo sob muita pressão. Ontem recebi uma ligação da universidade de Art de Denton,aqui mesmo no Texas e eu estava disposta a aceitar a vaga que eles tinham me concedido para designer de moda.

E eu já estava com tudo pronto para me mudar para o condado de Denton. Eu tinha que seguir com a minha vida, por mais complicado que fosse.

- Está pronta minha querida?-tia Anne pergunta, sentando ao meu lado. -O Shane está esperado lá fora, já está na hora de ir.

- Eu vou sentir sua falta, mas eu realmente adorei saber que eu vou poder ganhar a vida fazendo algo que gosto. Eu vou me empenhar bastante, e vou me tornar uma das melhores designers de moda que existe. -falei confiante, além de tudo seria ótimo focar em algo que exigiria minha concentração.

- Você sempre arrasou na passarela quando desfilava nas competições, e seu pai sempre esteve do seu lado lhe apoiando, você tinha como objetivo se tornar a miss Dallas.

- Seria engraçado se anunciassem que eu, Dallas era a mais nova miss Dallas. Meu pai devia ser muito patriota, para ter escolhido esse nome. -brinquei.

- Ele foi, era uma pessoa incrível. E não falo isso só porque ele morreu. Enfim, toda vez que você lembrar de alguma coisa quero que me ligue,ou em qualquer momento que se sentir triste e sozinha,resumindo,toda vez que precisar eu estarei aqui.

- Obrigada, por tudo. -a abracei.

- Imagina querida, eu não fiz nada de mais. Foi bom ter você por aqui. E lembre-se, você só precisa se reconectar com si mesma, e tudo vai dá certo. -ela me dá um beijo carinhoso na bochecha.

Ela tinha razão, eu precisava me reconectar com o meu eu interior.O médico tinha me explicado que a minha personalidade não tinha sofrido nenhuma modificação,mas tinha momentos que eu me sentia confusa e perdida sobre mim mesma.

➳ ➳

Aqui estou eu, “travando uma luta” com a chave que de forma alguma consegue abrir a fechadura da porta. Isso mesmo, eu estava de frente para o meu novo apartamento insistindo para conseguir abrir a porta, e devo dizer que a porta estava dando de dez a zero em mim.

Mudar de casa é, de certa forma, uma mudança de vida que mexe com a rotina e modifica alguns velhos hábitos. Eu podia ver como uma grande oportunidade de renovação. Então, eu estava bem empolgada em começar uma nova etapa na minha vida. Mas, isso estava sendo mais exaustivo do que eu pensava, ainda mais depois de ter passado quase uma hora na estrada para chegar até aqui e uma simples porta me tirar do sério.

Senti gotículas de suor se formando em minha testa, e eu já estava prestes a desistir. Eu teria mesmo que pedir ajuda, porém eu não queria precisar pedir ajuda para abrir uma simples porta.

“Ótimo, sou inútil para recuperar minhas próprias memórias e até mesmo para abrir uma porta.”-pensei raivosamente.

Meus pensamentos voltaram para a palavra inútil, era a palavra que ultimamente sempre me assombrava. Finalmente me rendi, tirei a chave da fechadura e iria pedir ajuda. Até ser surpreendida por braços fortes que circundaram minha cintura e lábios carnudos que foram diretamente em minha nuca com beijos selvagens.

Quem é esse louco?Estou sendo atacada!Pensei desesperadamente, a adrenalina tomou conta do meu ser e eu tentei me libertar a todo custo.

- Eu sabia que viria atrás de mim, todas vem. -o estranho disse. Eu ainda não tinha conseguido ver seu rosto, mas pelo o seu hálito dava para perceber que ele estava bêbado.

Eu não conseguia me liberta dos seus braços, e ele parecia estar se divertindo com a minha tentativa de liberdade.

- Calma, eu não mordo. A menos que você queira, ai posso fazer tudo o que você quiser.

Ah não!Era um pervertido, isso era pior. Maldito Shane, disse que me acompanharia na minha mudança, mas nem mesmo foi me buscar em casa. Pelo menos, tinha um motivo decente, seu trabalho=tinha alguns compromissos com a banda dele=eu ter que vir sozinha e ser atacada em frente do meu apartamento.

Eu não conseguia emitir som algum, muito menos um grito. Situações perigosas requerem medidas urgentes, então fiz a única coisa que o faria me soltar. Consegui alcançar seu órgão genital masculino e dei um puxão torcendo com toda a agressividade que eu consegui, para que aquele maluco fosse capaz de entender corretamente o meu ato.

E funcionou, ele me largou bruscamente. Senti minhas costas se chocando na porta.

- Qual o seu problema?-ele se contorceu de dor. E eu o encarei para visualizar bem as feições desse maníaco.

Ele usava um calça preta e estava sem camisa,usava só uma jaqueta com o zíper aberto exibindo o seu peitoral escultural,sem falar no seu abdômen malhado.Ele tinha o rosto em um formato meio quadrado,com olhos negros bem marcantes,e seu cabelo era comprido o suficiente para alcançar o seu pescoço,mas tinha um corte que destacava bem o seu rosto.

Ele era intimidante para uma pessoa magra como eu. E eu já estava começando a me arrepender de ter feito o que fiz, pois ele podia facilmente me estrangular ali mesmo.

- Pode esquecer, não vai rolar nada. Pode ir embora, agora mesmo. -esbravejou o estanho.

- Não vou embora coisa nenhuma, aqui é o meu apartamento, quem tem que se retirar é você. -finalmente usei minha voz, e graças a deus que ela não entregou o meu nervosismo.

Ele me encarou incrédulo, e esquecendo a dor que estava sentindo começou a gargalhar debochando de mim.

- Você é mais louca do que o Jeremy me falou. Que tipo de brincadeira é essa?

- Jeremy?Quem é esse?Do que você está falando?-o enchi de perguntas.

- O seu irmão, ele me avisou que você estaria esperando por mim aqui.

- Não sei do que está falando, e eu não tenho nenhum irmão.

- Tanto faz, eu só quero ficar sozinho. Será que dá para ir embora agora?-ele levou a mão até a cabeça, obviamente o álcool que ele ingeriu já estava fazendo efeito, e a famosa ressaca estava se fazendo presente.

- Eu não vou embora. Eu já disse, esse é o meu a.p.a.r.t.a.m.e.n.t.o. -falei pausadamente, quase soletrando.

- Não pode ser, eu moro no 113.-ele disse apontando para a porta.E só depois ele percebeu as minhas malas,e sem pedir ele tomou a chave das minhas mãos.

- Ei, me devolve. -reclamei, tentando recuperar a chave, mas foi em vão.

- Por acaso tem algum problema?Aqui na sua chave está escrito 114, é tão difícil assim reconhecer os números?-ele me devolveu a chave, me encarou todo raivoso e passou por mim entrando no seu apartamento e fechando a porta fazendo um ruído estrondoso.

Maravilha, pensei. Não acredito que perdi tempo com esse imbecil e que me matei tentando abrir a porta errada, eu nunca que iria conseguir abri-la. Agora sim está explicado, a burra aqui sou, quem mandou ser tão tapada.

Suspirei derrotada, me sentindo uma completa tola e verifiquei os números que realmente era 114. Peguei minhas malas e me aproximei do 114 onde vitoriosamente consegui abri a porta e entrei para dentro morrendo de vergonha.Parabéns Dallas,acaba de comprovar o que temia,você estava se tornando uma inútil.


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Notas finais do capítulo

Começo interessante não?!
Enfim,espero que gostem :3



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