Seth acordou com uma sensação deliciosa. Ele estava perto de algo quentinho e que cheirava jasmim.

Estranhando a nova e incrível sensação, Seth abriu os olhos só para se deparar com Charlotte dormindo como um bebê enquanto ele abraçava ela como se sua vida dependesse daquilo.

Ele não fazia ideia de como ambos tinham conseguido se encontrar com aquela barricada de travesseiros que a Charlie tinha feito, ele só sabia que ela deixava uma sensação bastante gostosa para si.

Seth tomou um tempo para pensar no dia anterior. Ele nunca tinha visto Charlotte perder tanto a calma a ponto de falar palavras que ela nem imaginaria pronunciar e ele nunca pensou que, pela primeira vez em sua vida, uma mulher – que não era sua mãe – estava certa.

A maioria das mulheres julgava Seth por sua aparência profissional. Pensavam que ele era ou um galinha ou então alguém apenas jovem e muito sério que, apesar de toda essa seriedade, queria aproveitar a vida. Claro, ambas as afirmações estavam corretas, mas havia muito sobre Seth Argyros por trás daquilo.

Por mais que a empresa fosse a de seu pai, foi ele que a fez crescer, se não tivesse nas mãos de Seth, era muito provável que Raul estaria na mesma condição que Michael.

Seth tentou sorrateiramente sair do abraço que ele tinha nela e ela tinha nele porque ele tinha quase certeza que, se Charlie acordasse, ela teria um ataque.

Ele observou Charlotte dormindo e não pôde deixar de perceber o quão bela ela era. Logo depois ele se afastou, pois também percebeu o quanto estranho e stalker o fato dele ficar observando ela dormindo era.

Seth decidiu tomar um banho e esquecer tudo que aconteceu recentemente. Ele estava enxaguando o seu cabelo quando ele ouviu a porta abrir num estrondo.

Charlotte entrou no banheiro e, por um milagre, não percebeu que Seth estava tomando banho. Ela parecia uma sonâmbula que precisava fazer apenas uma coisa que era escovar os dentes.

Só quando ela estava colocando a escova na boca que ela olhou para o espelho e percebeu Seth no banho.

Se não fosse uma situação tão estranha, Seth teria rido. Os olhos da jovem esbugalharam tanto que ele pensou que iam saltar das órbitas. Ela parecia uma estátua congelada.

— Bom dia — ele tentou controlar a situação com sarcasmo. — Eu não sabia que você estava tão desesperada para me ver nu, se eu soubesse...

Charlotte fechou a porta com um estrondo sem dizer nada e rapidamente. Seth congelou no lugar até ele se tocar que ele precisava terminar o seu banho.

***

Dizer que Charlie estava envergonhada era um entendimento. Claro que ela já tinha visto ele sem camisa, mas ver Seth com todas aquelas gotas do chuveiro, com aquele meio sorriso e bem... nu...

Ela não tinha dúvidas que iria para o inferno por causa disso.

Pelo menos ela conseguiu resistir à tentação de olhar um pouco mais abaixo, ela tentou se parabenizar por isso...

É, ela definitivamente iria para o inferno por causa disso.

Seth saiu de seu banho poucos minutos depois e ninguém falou nada sobre o incidente.

Charlotte estava arrumando suas coisas quando ele apareceu. Ela decidiu ignorá-lo para não ter que conversar sobre o momento embaraçoso. Qualquer tentativa de conversa que Seth fazia, Charlotte o ignorava.

O jovem começou a ficar muito irritado com isso, mas decidiu deixar para lá.

Ambos desceram para tomar café. O lugar estava – como o recepcionista tinha dito – cheio. Casais estavam mostrando amor e carinho um pelo outro o que fez uma onda de chateação passar por Charlie. Seth parecia não ligar para isso, a sua fome era maior do que qualquer outra coisa para ele se preocupar com isso.

Ambos sentaram à mesa e começaram a fazer seus pedidos.

Charlie percebeu que estava engordando – ela costumava engordar quando ela ficava muito nervosa, pois tinha mania de comer muito por causa disso – e ela decidiu que logo mais iria fazer refeições mais saudáveis. Como despedida, pediu um croissant e um café. Seth pediu panquecas, um pão de queijo e uma vitamina de morango.

Ambos comeram em silêncio por motivos diferentes. Seth porque estava com muita fome e Charlotte porque estava envergonhada.

Depois de satisfeitos, eles voltaram para o quarto não antes de ter que passar por outro momento embaraçoso no elevador.

Um casal tinha decidido se pegar no elevador.

Quando Seth e Charlie entraram, o casal parou de se pegar, mas não pareciam nenhum pouco sem graças com isso. Charlie quase revirou os olhos com a falta de pudor que eles tinham.

Quando eles chegaram ao andar, Seth tentou conversar com Charlie.

— Está quente hoje, né?

Silêncio.

— Você quer passar em algum outro lugar antes de irmos para casa?

Ela apenas balançou a cabeça sem olhar nos olhos dele.

Seth explodiu de raiva.

— Será que dá pra falar comigo? Não é minha culpa que você entrou no banheiro enquanto eu estava tomando banho.

Charlotte ficou vermelha e fuzilou ele com seu olhar.

— Me desculpa, mas eu não me lembro de ter dito que era sua culpa, eu apenas não quero falar com você.

— Ótimo!

— ÓTIMO!

Ambos se fuzilaram com seus olhares.

— Quer saber? Não quer falar comigo, tudo bem! Eu não estou tão desesperado para falar com alguém que não quer falar comigo.

— Não é que eu não quero falar com você... — ela disse exasperada.

O silêncio ficou no ar. Então, Seth entendeu tudo como se uma lâmpada tivesse sido acesa em cima da sua cabeça.

— Você está com vergonha porque gostou de ver meu corpo nu — ele disse com um sorriso malicioso e andando como um predador até Charlotte.

— Não estou não! — Charlie tentou mentir. — Eu apenas não quero ver a sua cara feia. Como eu d-disse — ela começou a gaguejar quando Seth estava próximo demais dela e começou a ir para trás para afastá-lo. — v-você é u-um rinoceronte. Uma visão muito... mais muito feia.

Ela sentiu a parede atrás de si no corredor do prédio e viu que estava encurralada como uma presa.

— Eu duvido muito disso, Waller — seu sorriso se alargou. — Eu acho que você me considera muito atraente e tem medo de cair aos meus pés.

Charlie bateu o pé.

— Isso é mentira. Você é feio, horrível, rude, bruto e...

Charlotte não conseguiu terminar a frase, pois Seth tinha ocupado seus lábios com os dele selando a frase num beijo desesperado para arrastar a verdade para fora dela.