Pov Harry:

Na minha sala havia um garota de cabelo castanho extremamente cacheado. Sempre estava com um livro nas mãos. Todas as tarefas passadas ela entregava com perfeição.

Qualquer pergunta que fosse feita seu braço já se encontrava estendido para respondê-la e nunca errava. Seu caderno se encontrava quase que totalmente dourado pelas estrelinhas que ganhava a cada resposta correta.

Um dia, durante a aula, o professor fez uma pergunta e qualquer um podia ver que ela desejava responder, remexia-se inquieta na cadeira.... mas não o fez.

Eu sabia o porque, no dia anterior a encontrei chorando atrás da quadra. Meu primo, Duda, esta chamando-a de sabe-tudo, ela saíra correndo e se escondeu embaixo da arquibancada onde começou a derramar as infinitas lágrimas, eu queria ajudá-la, até ser seu amigo, ela sempre me parecera como uma pessoa.... mas o medo não deixava. Duda também me perseguia, me batia e me aterrorizava pensar que isto pioraria apenas por me tornar próximo dela, por Deus, tinha apenas 9 anos de idade.

Todo dia ela se sentava na primeira fileira e eu na ultima, ela nunca virava a cabeça e eu nunca me aproximava, a observava de longe, vendo-a sem amigos e sempre quieta em um lugar isolado, isso me corroía e cada dia queria estar mais perto dela, parecia-me que éramos imãs, apenas tinha vontade de ficar ao seu lado.

Meses se passaram e a situação continuava a mesma, até que a vi novamente na arquibancada, escondida lendo um livro. Não sei de onde encontrei tanta coragem, reuni todas as minhas forças e me aproximei, lentamente, desejando não assustá-la. Ao me ver se encolheu, abraçou seu livro fortemente, se para proteger o livro ou ela mesma nunca cheguei a saber.

– Oi.... meu nome é Harry, Harry Potter - Falei tentando soar o mais amigável possível.

– Oi. Sou Hermione Granger - Ela disse ainda apreensiva - O que você quer?

– Ser seu amigo... - Respondi sinceramente, enquanto ela olhava para mim assustada - Só porque Duda e seu grupo decidiram não gostar de alguém não significa que eu tenha de fazer o mesmo.

Toda minha coragem ia se esvaindo sobre o olhar inquisidor que ela me lançava, parecia que podia ver minha alma e, assim, senti minhas bochechas se avermelharem.

– Você não se importa? - Hermione disse após alguns minutos me analisando.

– Não! Sabe.... Duda também me odeia...

– Me desculpe. Apenas assumi que.... Bem.... Eu poderia usar um amigo - Falou com um sorriso tímido.

– Então... amigos? - Disse enquanto estendia a mão.

– Amigos! - Respondeu com um lindo sorriso no roste e apertando minha mão.

Não havia se passado segundos desde que havíamos nos tornado amigos e tínhamos ouvido meu primo e seus capangas adentrando a quadra a procura da próxima vitima de seus insultos. Imediatamente Hermione apertou mais forte minha mão e saiu correndo me arrastando junto, Duda nos virá e começara a nos perseguir, por sermos menores e mais rápidos vencemos esta pequena corrida.

Quando paramos de correr, estávamos em um parque arborizado, não reconhecia o lugar então, com um desespero subindo a garganta achei que tínhamos nos perdido.

– Onde estamos? - perguntei tentando recuperar o folego.

– No meu bairro - Hermione também esta sem ar - Minha casa não é longe daqui! Vamos! - Disse já voltando a me puxar em direção a uma das ruas que circundavam a praça.

– Seus pais não vão se importar? - Falei exitante e puxando-a para trás.

Sua nova amiga abriu um sorriso novamente - Está brincando? Eles não param de me atormentar para que eu traga alguém em casa! Acham que eu sou tímida - Seu sorriso foi murchando - Nunca falei sobre o Duda com eles.

Acabei cedendo e ao chegar em sua casa vi que novamente ela estava certa. Seu pai parecia animadíssimo ao me cumprimentar.

– Gostaria de algo Harry? Tenho biscoitos sem açúcar - Disse o Sr. Granger enquanto me dava tapinhas nas costas.

– Meus pais são dentistas - Hermione explicou sussurrando - Mamãe esta no escritório hoje.

– Tudo bem - Eu falei um tanto quanto assustado, adultos normalmente não eram gentis comigo.

Após esse dia tudo mudou. Eu passava todo tempo possível com Hermione, juntos escapávamos facilmente de Duda, o que havia se transformado em um ótimo jogo. Adorava passar tempo com ela, e de acordo com a Sra. Granger. " Não via a Hermione se divertindo assim a anos. Gostei de Harry" eles ouviram-na falar quando estavam espiando pela fechadura.

Ia a casa de Hermione quase todo dia após a aula, os Dursley não se importavam muito aonde eu ia. Riamos e brincávamos como nunca havia feito em toda minha vida e pela primeira vez eu me senti verdadeiramente feliz.