A outra face escrita por Karine


Capítulo 9
Capítulo 08 – A marca de um crime.




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Katniss passeava pelos corredores da casa quando ouviu a campainha, correu até lá e com seu melhor sorriso abriu a porta mesmo sem saber por que fazia aquilo e por que estava tão contente, talvez lhe alegrasse o fato de ter outras pessoas na casa.

Na porta estava uma mulher muito bonita de pele escura, longos cabelos cacheados e olhos castanhas e um homem de pele clara, corpo atlético e olhos verdes que ela nunca tinha visto, repensou na lista com fotos de pessoas que Jennifer tinha lhe dado, ainda assim não lembrava daqueles rostos, Katniss começou a sentir vertigem quando Clove apareceu ali com ela e abriu um enorme sorriso.

—_ Tia Rue! Tio Finnick! Que saudades!

A garotinha pulou nos braços dos dois e mesmo assim Katniss não os reconheceu, estava tão perdida em seu próprio mundo que não percebeu que estava sendo uma péssima anfitriã.

—_ Não vai falar conosco Katniss? Bom dia pra você também.

—_ Ah, desculpem-me, podem entrar.

Falou dando caminho e não percebeu que o casal a olhou como se tivessem visto um fantasma, é que Jennifer tinha o prazer de simplesmente fingir que eles não existiam.

—_ Gale está? Chegamos hoje de viagem e decidimos vir visitar a família.

—_ Eu... Não sei ao certo se ele está, posso verificar, mas podem ficar pro almoço se ele não estiver agora, afinal ele sempre vem almoçar em casa.

Rue a olhou assombrada por um instante e então começou a rir muito alto.

—_ Você está doente Katniss? Não vai nos ignorar como sempre faz?

—_ Tia... Não fale assim com a Katniss. – Clove, percebendo a hostilidade de Rue foi em socorro de Katniss que estava chocada e comovida com a reação da garota, sorriu para ela. – A Katniss jamais ignoraria vocês... Não agora, né Kat?

A garota falou olhando para Katniss e todos estavam muito chocados com a situação, nunca imaginariam Clove indo em socorro de Katniss.

—_ Claro meu amor... Não se preocupe, fique aqui com seus tios. Eu vou na cozinha pegar algo pra vocês e vou avisar que vamos ter visitas para o almoço.

Ela então saiu, Finnick puxou a garota para perto dela e a olhou tão contente, ele e Gale eram amigos de longa data e Rue era sua esposa, eles não tinham filhos por isso sempre foram muito próximos de Peeta e de Rue, eram loucos por eles quando criança, Peeta era como um sobrinho amado e Clove como uma filha.

—_ Hei, trouxemos presentes da viagem, muitos deles pra você minha querida... E quando você e Katniss se tornaram tão próximas?

—_ Ela é legal tio... Ela não era, mas hoje é, eu não sei o que aconteceu mas eu gosto muito dela atualmente.

A garota que não falava muito comentou com os tios com olhinhos brilhando, ela era bem fechada mas conseguia ser apenas uma garota perto dos tios, igual a todas as outras, sonhadora e falante.

—_ Fico feliz por você meu amor. – Rue falou quando eles viram entrar na sala uma jovem e bonita garota com uma criança no colo.

—_ Ah, tem visitas, desculpem.

—_ Espera Annie! Deixa eu mostrar como meu irmão cresceu pros meus tios, olha tia e tio esse é meu irmão, a Katniss apelidou ele de Tom, ela disse que ele é um gato, aliás, esse é o apelido da semana, toda vez que ele faz algo ela chama ele por outro nome, mas eu realmente gosto desse. – A menina falou pegando o bebe de Annie e o aninhando em seu colo. – Eu amo meu irmão.

Ela deu um beijo nele. O casal olhava a garota enquanto Annie se sentia cada vez mais desconfortável, não queria estar ali, com aquelas visitas.

—_ Annie, por que está aqui na sala? Ah, vocês já viram o meu bebe, ele não é a criança mais linda do mundo? – Katniss falou sentando ao lado de Clove e fazendo carinho na criança. – Senta Annie, não acho que ainda vá crescer.

Katniss falou rindo e a cada palavra o casal ficava cada vez mais chocado. Não conversavam com a garota apenas observavam, notaram, quando Gale chegou que o relacionamento deles não ia bem, então deduziram que aquilo explicava Katniss sendo uma boa pessoa, pois tinha medo de Gale a deixar e ela ficar sem nada.

Mas quando os Odair ficaram sozinhos com Gale este acabou desabafando com eles que era Katniss que estava mantendo distancia e ele nem sabia por que, os Odair ficaram realmente intrigados e por fim decidiram que talvez Katniss tivesse repensado sua vida e talvez, só talvez, estivesse tentando ser uma pessoa melhor.

Quando o casal voltou para a sala Katniss estava lá brincando com o bebe e Clove, juntamente com a divertida garota loira, foi o momento mais agradável deles com a senhora Mellark desde de que ela tinha se casado com Gale, ainda não confiavam nela, mas sem duvida agora tinham um pouco de simpatia.

—_ Como este dia terminou rápido.

—_ Vocês já vão tia?

—_ Já sim, está tarde e ainda vamos para a casa dos meus pais, Finnick e eu devemos uma visita a eles há muito tempo.

Dizendo isso o casal se despediu de todos os membros da família Mellark e foram embora. Katniss colocou o bebê para dormir e se despediu de Clove e de Annie, foi cansada para o quarto, quando entrou não percebeu alguém atrás da porta, congelou ao sentir esse alguém lhe abraçar por trás, automaticamente a mulher deu um pulo para a frente, assustada e se desvencilhando daqueles braços.

—_ Katniss, eu te assustei? – Gale falou num tom descontraído, não parecia perceber o estado de pânico em que Katniss se encontrava com ele ali. – Desculpe querida, eu não quero mais brigar, eu fico tão feliz em te ver se dando bem com meus amigos, eu sempre quis que isso acontecesse, e também Clove parece mais animada esses dias, estou tão feliz, pra completar isso só falta a gente se entender, não quero brigar querida.

Gale falou realmente tranquilo e feliz, tentou se aproximar dela e quando a garota andou para longe dele parecendo assustada aquilo o enfureceu muito.

—_ O que foi Katniss?! Eu sou seu marido, não posso chegar perto de você?!

—_ Eu... Eu... Não consigo Gale.

—_ O que? O que diabos você não consegue?! Deixar o teu marido te tocar?! Pelos céus, somos casados! Temos um filho juntos, o que está acontecendo? Você tem outro? É isso?!

—_ Claro que não, eu jamais trairia você... – Ela falou e era verdade, ela nunca o trairia pois ela nunca teria nada com ele, sua esposa era Jennifer, a mãe de seu filho, Katniss nunca estaria na cama dele. – Eu... Sinto muito.

Gale andou até ela realmente furioso e a puxou pelos braços, os dois se olharam por um instante antes de ele avançar sobre ela e lhe arrancar um beijo, Katniss sentiu medo, muito medo, começou a se debater até que ele a soltou.

—_ Pense bem toda vez que me rejeita Katniss, você está acabando com esse casamento, eu não quero uma esposa de aparências, se você não me quer não vejo logica nos mantermos juntos. – Ele falou em tom ameaçador sem sequer se virar para a mulher. – Eu não vou sair deste quarto, se você não me quer, você que saia.

Falando aquilo ele andou calmamente até o banheiro, por dentro fervia, tinha muita raiva, ele não era um homem ruim, ele apenas era um homem que amava sua mulher, que queria Katniss em seus braços e se sentia incapaz toda vez que ela o deixava, quando o afastava ele morria um pouco, pois a amava, mesmo achando assustadoras as ultimas mudanças dela.

Quando Gale entrou no banheiro e trancou a porta Katniss caiu no chão e chorou, tremia muito, por um instante achou que ele a faria sua mesmo contra a vontade dela, quando ouviu o barulho da porta do banheiro se abrindo levantou nervosamente e saiu correndo dali. Desceu as escadas com pressa e saiu pela porta da frente da casa, quando deu por si estava no jardim, no mesmo lugar onde Clove tinha estado há um tempo, o lugar secreto da menina agora era seu lugar secreto também.

Ali, assim como Clove havia feito um dia, ela sentou na grama e chorou, pensou em sua vida e no quanto a irmã deveria estar passando, imaginando como estaria, não percebeu quando braços fortes a envolveram, a sensação era diferente de como tinha sido no quarto, era quente e caloroso, ela não precisou olhar para saber quem era, chorou sentindo as mãos dele passeando por seus cabelos, a confortando.

Não tinha visto Peeta chegar, ele tinha ido ali depois de dias sem aparecer, tinha ido ver os amigos do pai, mas quando chegou esses já tinham partido, andou um pouco pela casa, não quis assumir mas precisava ver Katniss, já tinha desistido e decidido ir embora quando viu a garota passar correndo para o jardim, chorando muito.

Peeta percebeu que Katniss ficou no mesmo lugar onde Clove ia quando se sentia triste, ele quis ampara-la, quis que ela fosse dele, então andou até ela e a abraçou sem pensar em mais nada, durante aqueles minutos juntos parecia que o mundo tinha parado e só existiam eles dois.

Katniss não sabia explicar como se sentia, mas Peeta parecia especial de alguma forma, se virou para olhá-lo e ele também a encarou, miraram-se durante alguns minutos quando a garota, sem perceber o que estava fazendo se aproximou dele, tocou seu rosto olhando cada detalhe, massageou sua bochecha e então o beijou.

Peeta e Katniss se entregaram ao beijo, ele a deitou na grama e colocou uma mão possessiva em sua cintura enquanto as mãos dela passeavam pelos cabelos do Mellark, a outra mão dele ficou no pescoço dela, continuaram se beijando durante uns minutos, sentindo o frio na barriga e o calor que sentiam quando se tocavam, Peeta foi o primeiro a perceber a situação, com muita força de vontade se afastou de Katniss, ela apenas o olhou, estava indefesa e não sabia explicar o que estava acontecendo.

Peeta só a encarava, abriu um pequeno sorriso, ele sempre quis Katniss para ele e agora, com ela ali, tão perto, tomando a iniciativa sorriu tristemente.

—_ Eu sempre soube que você não valia nada.

Dizendo isso ele se levantou e a deixou ali, com suas lagrimas silenciosas olhando para o céu. Peeta tremia quando chegou ao carro, bateu no volante com força e deixou escapar uma lagrima, ela poderia ter sido dele, por que escolheu o pai? Agora não podia mais, não mais, era do pai, nunca teria a chance de ser dele novamente.

Entretanto nos lábios de ambos estava à marca, estavam com lábios vermelhos dos beijos apaixonados, a marca do crime, a prova de seus pecados, e em seus corações estava a sentença, era amor e de amor não se foge, se paga, e eles teriam um preço alto demais para ficarem juntos, não era certeza se tentariam ou mesmo se conseguiriam.

 


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