Homem-Aranha: O bom filho à casa torna escrita por Max Lake


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

É um imenso prazer que tenho em escrever uma fic sobre o Homem-Aranha.



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Três meses. Este é o tempo sem o Homem-Aranha em Nova York. Até mesmo a polícia local desejava seu retorno. Atividades super-humanas aconteciam diariamente e ninguém na cidade tinha bons equipamentos para auxiliar a polícia.

Em uma humilde casa do Queens, um bairro de classe média de Nova York, uma idosa de cabelos grisalhos assistia ao telejornal enquanto esperava seu sobrinho chegar de viagem. Ela o esperava há três meses, quando os Laboratórios Horizonte o redirecionou para a Costa Oeste. "Três meses está virando um número horrível para todos", pensava ela.

A campainha tocou e a senhora foi atender. Era seu sobrinho, um rapaz com aproximadamente 23 anos de idade, cabelo e olhos castanhos, sempre alegre com a vida mesmo com sua perda recente. Seu nome é Peter e ele é tido como o menino-prodígio da ciência.

—Peter! - disse a senhora, animada e abraçando seu sobrinho - Como está?

—Estou bem, tia May - disse tão animado quanto sua tia - É bom estar de volta em casa. 

—Entre, Peter - pediu May - Deve estar cansado depois dessa viagem. Vá tomar banho e arrume suas malas depois. Arrume-se para o jantar - disse por fim.

...

Peter subiu as escadas de madeira e recordava de sua infância. Apesar das dificuldades, seus tios sempre o apoiaram com os estudos. Quando tinha 10 anos, seu tio Ben parou de ajudá-lo com os deveres de casa. Mas todos sabiam que Peter não precisava de ajuda com a lição. Desde os 8 anos, ele se demonstrava interessado nos estudos.

Apesar das boas lembranças, Peter também se lembrava das más. Por exemplo, aos 15 anos, Peter brigou com seus tios e fugiu de casa. Horas depois, testemunhou a morte de seu tio e jamais se perdoou. Ele tentou esquecer o sofrimento sendo o Homem-Aranha, mas foi outro fracasso em sua vida.

...

Muito longe dali, no Brooklyn, um jovem loiro e musculoso se exercitava em seu pequeno apartamento. Ele era mais uma das 'vítimas dos 3 meses'. Perdeu seu emprego e nunca pagou o aluguel desde então. Ao contrário, todos pensam que o atlético Eddie Brock estava morto.

Eddie, no entanto, não se considerava uma vítima, mas sim o responsável. "Eu fiz meu pior amigo desaparecer. E agora a cidade está um caos", pensava ele. Eddie estava decidido que traria o Homem-Aranha de volta, por bem ou por mal. "Espero que seja por mal".

...

—Como está o jantar, querido? - perguntou May enquanto enrolava seu macarrão com almôndegas.

—Excelente! - respondeu ele - Esse jantar me lembra do tio Ben.

—Sim - respondeu May com um pouco de tristeza - Seu tio adorava macarrão com almôndegas.

Fez um silêncio quebrado apenas pelo barulho do garfo nos pratos.

—Como está os Laboratórios Horizonte? Desenvolvendo muito, imagino?

—Sim, sim - respondeu ele mais alegre - Desenvolvemos uma potencial cura para a síndrome de down. Estou super animado com essa ideia.

—Interessante - respondeu sua tia, apesar de ter entendido até 'potencial cura'.

Outros longos e arrastados cinco minutos de silêncio estiveram presente na cozinha, quebrado novamente pela May. 

—Conversei com Anna hoje a tarde. Sabia que faz 3 meses desde que...

—Tia May - interrompeu Peter -, sem querer ser grosso, mas não quero falar sobre isso. Eu a amava. - explicou Peter, quase chorando - Nunca o perdoarei por ter feito aquilo.

—Entendi. - May se ergueu e foi até ele. - Peter, desde que seu tio morreu, eu aprendi uma coisa: Não podemos afastar a dor de nossas perdas, pois elas sempre voltarão. Devemos apenas esperar uma substituição. Eu continuei minha vida e você também. Mas pode não ser assim para sempre. Vou assistir minha novela. Sei que está cansado, vá dormir um pouco.

May saiu da cozinha e foi para a sala. Peter refletiu sobre aquela conversa por algum tempo após subir ao seu antigo quarto. Desfez a mala e viu uma coisa interessante. Ou quase. Uma roupa vermelha e azul, com detalhes preto, parecido com teias. No centro, uma aranha. Era sua fantasia de Homem-Aranha.

"Não, não estou pronto para isso", pensou. "Homem-Aranha nunca mais". Ele se lembrava do que aconteceu há três meses para ter essa decisão em mente.

...

Era noite. Estava chovendo e a rua estava lotada, como sempre ficava na Times Square. Seu antigo companheiro de pesquisas e de jornal, Eddie Brock, estava possuído por uma gosma alienígena, se autodeclarando Venom. Homem-Aranha estava sem forças e lutava no seu limite. O uniforme completamente rasgado e a máscara destruída não ajudavam em sua concentração.

—Parrrkerrr! - gritava Venom - Vamossss desssstrrruirrr você!!!

—Eddie, pare! Não quero machucá-lo. - pedia o aracnídeo.

Venom riu. O Homem-Aranha sabia que não seria fácil vencer uma criatura extraterrestre que sabia todos os seus sentimentos.

A poucos metros dali, uma mulher ruiva chegava ao telhado. Ela estava chateada e desesperada. Seu namorado não havia ligado e suas últimas palavras foram: "Proteja-se! Eu ficarei bem". Ela não acreditou e o encontrou no telhado enfrentando um monstro coberto de gosma preta.

—Peter? - perguntou a jovem, assustada.

—Mary Jane? Não!

—Namoradinha? - perguntou Venom em um tom divertido e, ao mesmo tempo, psicopata - Adoramos suas namoradinhas. - Venom segurou o Homem-Aranha e o jogou para longe. Depois, correu em direção à Mary Jane.

—Mary Jane, corre! - gritou Homem-Aranha, jogado no chão e tentando se recuperar.

Obediente, ela desceu novamente os lances de escada, fugindo de seu agressor. Ele, porém, era rápido demais e chegou antes dela ao primeiro degrau.

—Banquete! - disse ele.

—Socorro!- gritou ela.

Com algumas forças, o Homem-Aranha dispara teias em sua amada e a puxou para o lado. Ela bateu violentamente o joelho na terra do telhado. Venom, ainda com desejo, caiu bruscamente nas escadas

O Homem-Aranha foi até Mary Jane, retirou sua máscara e a abraçou.

—Fica longe daqui, entendeu? Sai de perto e não volte! Eu ficarei bem. - deu um beijo de despedida e a guiou até as escadas para que ela descesse em segurança.

Entretanto, esqueceu que Venom ainda estava ali. Por ser imune ao sentido-aranha, ele agarrou a perna de Mary Jane e saltou novamente para o telhado.

—Não! - gritou o Aranha - Deixe-a ir! Isso é entre nós dois.

Venom riu. Mary Jane gritava desesperada por ajuda.

—Peter, suas últimas palavras para ela? - disse o simbionte, à beira do telhado.

—Não faça isso, Eddie. Sei que ainda existe uma pessoa decente em você.

—Não gostamos da mensagem. - Venom solta Mary Jane do telhado.

Homem-Aranha tenta correr o mais rápido possível e salta do prédio. No entanto, uma das teias de Venom segurou seu pé e o puxou de volta. Naquele instante, apenas a agonia. Mary Jane estava morta.

Peter novamente se encontrava em seu quarto, dessa vez no presente. Ele tentava enterrar aquelas memórias, mas era impossível. Eddie Brock acabou com sua vida. E ele acabou com a vida de Eddie Brock.

...

Na manhã seguinte, Peter se levantou e foi ao supermercado. Ele encontrou alguns velhos amigos no bairro e outro momento nostalgia tomou conta de sua cabeça. Ele passou em frente ao seu antigo colégio, o Midtown. Está completamente abandonado, destruído, vazio. Ele se controlou e não entrou no prédio. "Bons e ruins momentos", ele se lembrou.

...

Ali mesmo, Peter nem imaginava que estava sendo observado pelo seu pior inimigo, Eddie. Eddie deixou de ser o Venom há meses, o simbionte foi destruído naquela noite. Ele o queria de volta, e já planejou tudo. "Com o retorno do Homem-Aranha, o simbionte retornará a mim", pensou.

Do telhado, Eddie pegou um tranquilizante e o atirou, mirando o pescoço de Peter. Sentindo sonolência, o jovem garoto desmaiou em um beco. Seu sentido-aranha não disparou sobre aquele dardo e só podia significar uma coisa.

...

Horas mais tarde, em um local escuro, Peter se encontrava sentado, sem camisa e com os pés e mãos acorrentados. Ele tentava se mexer, uma luz ofuscava sua visão mal adaptada àquela escuridão.

—Olá, Peter - disse a reconhecível voz do Eddie. Peter se assusta. - Quanto tempo? Nem me liga mais.

—Deixe-me em paz! Eu deveria ter te matado naquele dia. Eu deveria... - Peter estava dominado pela raiva.

—Mas não fez - interrompeu Eddie. - E eu fiz o que fiz. Resultado: A cidade perdeu o Homem-Aranha, eu perdi o simbionte. Sua tia perdeu você e você não perdeu nada.

—Não fale assim da Mary Jane! - gritou. - Ela não era um nada!

—Peter, para um prodígio da ciência, você demora para perceber as coisas. - Eddie tinha uma voz estranhamente calma. - Ela não morreu.

Aquela revelação derrubou o mundo que Peter reconstruiu. Foi como levar um soco no queixo e ir à nocaute. Eddie circulou a cadeira e pôs a mão no ombro de Peter. Com a outra, mostrou um celular e uma imagem. Era ela.

—Isto é uma imagem ao vivo. Descobri semanas atrás e quis contar na mesma hora pra você, mas deixei rolar seu retorno. A ação de graças parecia adequada.

Eddie aproximou-se do ouvido de Peter e sussurrou

—Quer vê-la novamente? Tenho 3 bombas escondidas aqui. E ela está em algum lugar do prédio. Tem 5 minutos para encontrá-la ou... bum! - disse Eddie, entregando o celular a Peter. - Também lhe trouxe seu uniforme. Talvez seja o estímulo necessário para o Homem-Aranha voltar. Boa sorte, amigo. - Eddie saiu de vista.

Peter estava encurralado. Tinha menos de 5 minutos para sair dali, pegar seu velho uniforme e achar Mary Jane. Entretanto, aquelas bombas poderiam explodir o quarteirão.

Ele, com toda sua força, se soltou daquelas correntes. Agora de pé, mas ainda tonto por causa do tranquilizante, se dirigiu até a maleta. Ali estava. Sua máscara coberta de teias e uma lente enorme. Seu uniforme vermelho e azul, com finas teias o cobrindo. E seus lançadores de teia. Ele vestiu o uniforme e sentiu algo diferente, uma sensação de desespero!

Cambaleando e confiando no sentido-aranha, Peter chutou a porta e olhou para aquele celular. Se for realmente Mary Jane, ela corria perigo. "Te perdi uma vez, não perderei outra", pensou.

O Homem-Aranha rastejava pela parede. Seu tempo se encurtava a cada momento que perdia pensando. Chutava toda porta possível. Todas as salas estavam vazias. Até que uma tinha algo diferente. Outra porta. O mesmo barulho de porta sendo chutada repetiu no celular. Ele olhou para o aparelho. A mulher, antes sentada, havia se levantando. "Ela está aqui", pensou.

—Ei! - gritou o Homem-Aranha. O mesmo som se repetiu no celular. Ele correu e chutou a porta em sua frente. Quando viu, a mulher não era Mary Jane. Era ruiva e magra, com corpo acabado, mas não era ela. Ele se desesperou. - Precisamos sair daqui. Agora! - A mulher foi até o Homem-Aranha.

...

"4 minutos e 55 segundos", era o que dizia o cronômetro no celular do Homem-Aranha. A poucos metros da liberdade, o primeiro estouro soou no andar de cima. Homem-Aranha chutou a primeira porta em sua frente e era a última. Era a saída. Segurando-a no colo, disparou teia e conseguiu escapar daquele prédio. Naquele exato momento, o prédio explodiu.

Ele ficou parado, observando o celular. Ambulâncias haviam chegado. E a população se exaltou. Viram o Homem-Aranha e o aplaudiram. Admirado com a recepção, ele retribuiu com um gesto de saudação e saltou para longe da multidão.

Aqueles minutos passavam novamente em sua cabeça, como um flashback. "Mary Jane está morta", pensou ele, "Mas a cidade precisa de mim. Não foi culpa minha, foi de Eddie." Peter retirou a máscara e leu a frase gravada em sua máscara. "Grandes poderes trazem grandes responsabilidades".

—Vou voltar por vocês, tio Ben e Mary Jane. - falou sozinho e decidido.


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Notas finais do capítulo

Palavras quase no limite, mas eu consegui. Espero ter ficado bom. Queria por mais coisas, mas não podia passar de 2000 palavras.