P.O.V. Julia

1864 Londres

Entrei no banheiro do meu quarto e fechei a porta, sentei no chão ainda com lagrimas no rosto e peguei a pequena faca que tinha na minha mão que eu pegara da cozinha da casa de minha avó. Sem pensar nas consequências que aquilo iria me causar, apenas me cortei, as pessoas podiam me julgar mas eu e as outras pessoas que se automutilam sabem a dor que eu estava sentindo, mas elas não, elas não sabiam o que era sofrer desde pequena, as minhas dores eram tão fortes que eu não consegui resistir e me cortei tentando transferir aquela dor insuportável que tinha no meu coração em uma dor física que podia ser curada, cicatrizada.

Cortei meus braços inteiros e minha coxa, so que mesmo sentindo que era errado eu não parava porque aquele vicio que eu sentia em me cortar simplesmente já era parte da minha vida, eu sei que fui fraca por tornar os cortes um vicio e admito e sofro por isso porque eu não queria. A dor dos cortes que acabara de fazer por mais que estivessem doendo e ardendo me deram um alivio imenso dentro de mim que não são todos que conseguem entender, mas aquilo me deu um alivio TAO grande que você nem poderia imaginar.

Quando o sangue já tinha sujado todo o meu vestido que já era vermelho, me despi e entrei na banheira para tomar um banho mordendo o lábio com força por causa da ardência insuportável dos cortes em meus braços e pernas mesmo que não me importasse tanto com eles, esfreguei meus braços e pernas com a bucha pra tirar qualquer mancha de sangue seco do meu corpo e em minutos meu banho já tinha acabado.

Sai do banho e me enxuguei, coloquei meu vestido azul claro com alguns babados e mangas bufantes com algumas flores pintadas em um tom de cinza, arrumei meu cabelo em um coque bagunçado, coloquei minhas joias de sempre. O colar da minha mãe falecida, a pulseira que meu pai sempre usara antes de morrer ao lado de minha mãe em um assassinato brutal que ninguém soube explicar e um par de brincos dados por minha avó a senhora Pearl, coloquei um pouco de pó de arroz no meu rosto e minhas luvas, quando estava para sair de meu quarto Sebastian aparece na porta.

–meu amor o que ouve?

–nada

Comecei a chorar e ele pegou meu rosto com suas mãos e massageou meu rosto com as pontas de seu dedão.

–me conte o que ouve

–minha avó apareceu aqui e mandou eu tirar meu filho porque não me casei antes

Ele ficou pálido como um fantasma e deu um passo pra trás com a cabeça baixa ele olhou pra mim de novo e um sorriso se formou em seus lábios.

–eu não entendo o que eu disse de errado?

–teremos um filho?

Era isso, eu tinha me esquecido de contar que engravidara dele, eu so não entendo o porque do sorriso, ele deveria estar bravo comigo.

Ele veio ate mim outra vez e me deu um beijo casto na boca, me abraçou e se afastou um pouco pra ver a confusão nos meus olhos, ele sorriu outra vez e me beijou.

–eu sempre quis ter um filho, ainda mais com você

Eu sorri e o beijei ele se afastou e tirou uma caixinha de um de seus bolsos, se ajoelhou na minha frente e me disse

–minha loira, mãe do meu futuro filho ou filha, casa comigo?

Eu comecei a chorar de novo e lhe disse sim, ele sorriu mais e colocou o anel no meu dedo, nos beijamos mais uma vez e saímos do quarto.

8 meses e algumas semanas depois...

Agora eu estou na minha cama, com minha filha Amberly nos meus braços e Sebastian meu marido ao nosso lado sorrinod0 como bobo exatamente como eu, nos casamos uma semana dele ter me pedido em casamento por causa da barriga. Ele sempre fora um amor comigo e agora mais ainda. Antes do noivado ele era meu melhor amigo, sempre esteve comigo em meus piores e melhores momentos e agora mais uma vez, ele sempre me defendeu de tudo e de todos e sempre me fazia sorrir com suas palavras saídas de sua cabeça cabeça maluca. Eu descobri que o amava de verdade depois que soube que estava gravida de Amberly, eu já sabia que supria um sentimento muito grande por ele mas depois da gravidez eu tive certeza absoluta que o amava. Sebastian era alto, forte, com seus cabelos cor de mel com algumas mechas loiras, ele tinha lindos e vibrantes olhos verdes e era respeitado por todos em Londres que é onde moramos. Eu já sou um pouco diferente dele, eu sou loira, alta e tenho grandes olhos azuis acinzentados, já nosso filha é uma mistura nossa. Ele é branquinha como nos dois, tem um sorriso bonito como o do pai, o temperamento forte como o meu, já posso ver desde agora quando ainda é um bebe, tem grandes olhos acinzentados como o meu e tem os cabelos cor de mel com loiro do Sebastian.

–Elena?

–sim Sebastian.

–eu te amo meu amor, muito e a nossa filha Amberly também.

–eu também te amo Sebastian e a nossa linda filha Amberly.

Nos beijamos e voltamos a paparicar Amberly que estava dormindo como um anjo nos meus braços.