O que restou de você foram apenas lembranças escrita por Gyh


Capítulo 1
Capítulo 1 - Chave para felicidade




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Um filósofo muito conhecido disse uma frase na qual há se pensar bastante para entendê-la : "Só sei que nada sei", mas será que realmente é verdade ? Isso era o que a garota Bárbara escrevia em seu diário, ela contava para seu confidente desde os doze anos de idade todos os fatos mais importantes do seu dia, ali ela podia ser verdadeira, não precisava esconder as lágrimas e o que pensava sobre muitas coisas.

Quando fechou seu diário e trancou o pequeno cadeado para que ninguém o lesse além dela, o posicionou ao lado da foto de suas amigas dentro da gaveta do criado mudo , em seguida fechou a gaveta , apagou a luz do abajur todo cor de rosa e dormiu.

De repente , ela estava numa praia deserta e trajada com um vestido de seda azul na altura do joelhos, descalça e tentando compreender o que estava acontecendo, seu olhos cor de amêndoa olhavam ao redor e não encontravam vestígios de alguém, seus cabelos negros voavam e a água do mar teimava em bater em seu calcanhar, ela ainda não havia percebido que já estava parada ali a algum tempo.

A garota então resolveu caminhar pela praia, o nascer do sol estava bem próximo, então se aconchegou perto de uma grande pedra e ficou a observar o céu, quando sem mais nem menos percebeu o que parecia ser a presença de um homem ao seu lado. Ela imediatamente assustou-se, era um desconhecido e o que esperar de uma pessoa que você nunca viu na sua vida ?

Mas, ele olhou para ela de forma tão doce que dissipou aquela agonia que ela estava sentindo.

── Quem é você ? - perguntou Bárbara após respirar fundo para acalmar-se.

── Sou alguém que irá conhecer muito bem . - respondeu o homem com cabelos castanho- claros e olhos cor de mel.

── Por que está dizendo que vou conhecê-lo profundamente? - continuou a garota a questioná-lo.

── Na hora certa terá todas as respostas que procura, meu tempo acabou, tenho um conselho a dar-lhe , jamais deixe de acreditar em si mesma garota. - respondeu homem e em seguida desapareceu.

Bárbara acordou do sonho e ao olhar no relógio, eram cinco e meia da manhã, como um sonho poderia dar á ela aquela sensação de ter sido tão real? Esta pergunta não lhe saía da mente, a garota então levantou-se e dirigiu-se até a cozinha de sua casa para tomar um copo de água, "eu já tenho vinte anos de idade, não deveria ficar assustada com sonhos assim", era o que sua consciência lhe dizia, mas realmente tudo faria sentido depois.

Amanheceu e o programa predileto para os sábados era comer pastel na lanchonete, ir ao cinema ou jogar boliche com as amigas, Bárbara sabia que tinha suas tarefas domésticas para fazer , pois eram regras impostas por sua mãe para que pudesse sair depois. Ela arrumou seu quarto, lavou a louça, limpou a casa e retirou as roupas secas do varal, após isso foi tomar seu banho e escolheu um vestido azul claro e uma sandália prata com salto médio, pois não gostava de saltos muito finos.

Deu um aceno para sua mãe e disse:

── Volto mais tarde. Ligarei para você caso eu precise. - disse Bárbara sorrindo.

── Tudo bem, você pode ter vinte ou trinta anos, mesmo assim continuará sendo a minha garotinha. - respondeu sua mãe.

As pessoas costumavam dar á Barbara dezessete anos por causa da sua aparência, às vezes isso a incomodava, outras vezes nem tanto. Ela chegou até a lanchonete ás 14h00, exatamente o horário marcado com as amigas Kimberly , Alana, Stephanie e Pamela.

── Olá meninas ! - disse Bárbara toda empolgada

── Nossa que linda ! - respondeu Alana, esta era uma das amigas prediletas de Bárbara, pois sabia bem como enxergar as pessoas com o coração.

── Se eu soubesse que você viria assim chique, eu teria escolhido outra roupa não é ? - disse Pamela , uma das qualidades dela era ser sincera, algumas vezes era tão franca que acabava magoando as pessoas sem querer.

── Estou me sentindo uma mendiga perto de você Bárbara! - disse Sthefanie, esta sempre soube usar o bom humor que tem para fazer todos rirem . Afinal , é melhor que ela ria com todos, do que rirem dela.

── Você está bonita, mas não viemos aqui para ver você desfilar , Ok? Vamos pedir nosso pastel, pois eu ainda quero assistir aquele filme incrível do Drácula- a história que nunca foi contada. - disse Kimberly , ela às vezes era um pouco chata quando estava impaciente e ansiosa, mas isso nunca a atrapalhou nas suas relações com as pessoas.

Bárbara deu-se por vencida, mas por dentro estava totalmente feliz , adorava ser elogiada. Mas, algo a tirou de seus devaneios, ela viu um rapaz tirar o capacete e estacionar sua super máquina, uma moto daquelas que você só vê em grupos de motoqueiros que viajam pelo mundo para aventurar-se. A garota não conseguia acreditar na estranha semelhança que ele tinha com o homem que viu em seus sonhos de madrugada.

── Amiga, o que foi? - perguntou Alana totalmente curiosa.

── Não foi nada gente ! Vamos comer? O pastel de estar uma delícia . - respondeu Bárbara.

Depois que comeram e bateram um papo, estava na hora de irem assistir ao filme, Kimberly como sempre era preocupada com atrasos já havia comprado os ingressos antes de ir à lanchonete. Todas sentaram nas suas respectivas poltronas de acordo com o bilhete, quando Bárbara vê que o rapaz sentou ao lado dela " Só pode ser perseguição ou é coisa da minha cabeça? Por que ele está em todo lugar? " - era o que ela pensava enquanto tentava recobrar a calma para ver o filme.

Drácula- a história que nunca foi contada às vezes era assustador, então Bárbara segurava firme na lateral direita da poltrona , porém a mão do rapaz pousou sobre a dela sem que tivesse percebido, ele olhava para ela sorrindo e ela não conseguia entender o porquê, será que ele a conhecia?

── Eu vi você de mãos dadas com aquele cara gato na sala do Cinema - disse Alana tirando sarro da amiga.

── Ai gente! Parem de me zoar! Não sei o que aconteceu, eu nem conheço ele. - respondeu Bárbara.

Alguns dias se passaram e Bárbara resolveu caminhar pela praia, ela tinha carta de motorista e carro , sem entender o motivo de seu coração gritar tanto que fosse para aquele lugar, ela simplesmente resolveu obedecer. Deixou as sandálias no carro, havia voltado da festa de aniversário da Stephanie, estava um pouco embriagada , se sentia bastante vazia e queria um pouco de alívio para si mesma. Novamente o homem estava lá , dessa vez ela não hesitou e foi até o encontro dele, exatamente como em seu sonho, ela estava com o vestido azul de seda e se sentia perdida.

── Você ainda não acredita em si mesma? - disse o homem que sem mais nem menos já estava ao lado de Bárbara.

── Você não me conhece para querer dizer-me o que fazer. - Bárbara respondeu.

── Eu estive em vários lugares observando você, então te conheço bem. - disse o homem misterioso.

── Você é agente secreto para espiar as pessoas? - perguntou ela.

── Não, sou um anjo e apenas preciso cumprir uma missão antes de partir . Eu te levarei para sua casa, você não está em condições de dirigir agora. - respondeu ele deixando-a totalmente confusa.

As chaves da residência dela estavam em sua bolsa de festas prata, assim que as pegou, ele abriu a porta e subiu com ela em seu colo até o quarto da garota, deitou-a na cama e lhe deixou um bilhete: "Acredite mais em si mesma, não se odeie, pois você é única, tente encontrar um sentido para ser feliz, se não achar, peça à Deus, ele tem todas as respostas para você . Assinado, DN ".

Bárbara leu o bilhete e chorou muito , como aquele homem podia conhecer o ínfimo de sua alma desse jeito? E quem seria ele? Mais algum tempo passou-se e ela já estava preparando-se para a sua formatura da faculdade , logo completaria vinte e um anos , mas ainda não tinha certeza se conseguiria morar sozinha .

O outono chegou e com ele a mudança na vida dela também. Bárbara estava indo ao mercado a pé, ela gostava de caminhar pela manhã , era uma forma de cuidar da sua saúde, pois foi recomendada pelos médicos que tomasse cautela, pois do contrário os simples sintomas que tinha poderiam evoluir para uma diabetes.

Daniel sabia que seu tempo era pouco para que ela como uma flor desabrochasse , então passou de moto ao lado da garota e ela ficou espantada, ele então disse :

── Suba aqui! Eu gostaria de te levar à um lugar que você vai se lembrar. - Daniel falou sorrindo.

── Eu não lembro de você direito, porque deveria aceitar? - respondeu Bárbara.

── Essa é a chance de lembrar, vamos? - perguntou ele.

Bárbara ainda confusa aceitou o convite , colocou o capacete e abraçou o rapaz, aquela sensação de plenitude, parecia que estava completa ao lado dele, era muito estranho que ele a fizesse tão bem. Quando chegaram à praia, tudo veio à mente da garota como num flash. Ele pegou algumas rosas de uma floricultura perto do local e deu à ela.

── Por que está me dando isso? - perguntou Bárbara.

── Você é como uma rosa, tem deixado os espinhos ferir as pessoas e ofuscar o que há de mais belo em você. - respondeu Daniel.

── Eu ainda não entendo qual o sentido disso tudo? Nem sei seu nome - disse Bárbara esforçando -se para não chorar.

── Não precisa fazer-se de forte em minha frente, coloque tudo que sente para fora, antes que isso a mate, meu nome é Daniel e eu tenho pouco tempo para completar a minha missão.

── Então você é um anjo? - perguntou ela.

── Sim, eu te disse antes, mas você não se lembra, porém isso não importa. Só quero que as minhas palavras te façam desabrochar.- Daniel soube como mexer com a garota. Ele havia tomado a forma de homem para mudá-la, a missão dele era fazer com que ela acreditasse mais em si mesma e estivesse pronta para enfrentar as dificuldades que viriam no futuro, ela era sua protegida e ele não queria falhar, sabia que o caso era arriscado e que talvez tivesse que fazê-la apaixonar-se por ele, mas de modo algum ele poderia escolher deixar de ser anjo por ela. Isso acarretaria problemas demais.

── Você não respondeu a minha pergunta Daniel. Qual o motivo para tudo isso? - disse Bárbara teimando para que ele dissesse a verdade.

── Há coisas que realmente precisamos entender, outras serão compreendidas quando estivermos mais maduros, no momento é essa a resposta que posso te dar. - Daniel deu-lhe uma simples resposta e num ímpeto a beijou.

── Como se atreve a me beijar? - Bárbara estava assustada pela atitude do rapaz.

── Eu vi em seus olhos que esperava por isso, mas se desejar esquecer tudo que aconteceu, tudo bem - respondeu ele.

── Você me diz palavras lindas, me dá flores e me beija , mas e depois? - perguntou Bárbara confusa.

── Posso não estar mais ao seu lado, mas sei que haverá alguém que te enxergará por dentro e vai te amar muito . Só quis te proteger e te mostrar como ser feliz. - respondeu Daniel.

── Qual a fórmula para a felicidade então ? - perguntou Bárbara.

── Seja você mesma, não tenha medo de mudar de vez em quando, se entregue ao amor, aproveite as coisas simples da vida, cuide do seu coração e do seu corpo, pois a depressão corrói a alma e pode nos destruir, por isso você precisa se amar. Não precisa ser perfeita, as pessoas não são perfeitas, mas exija menos de si mesma e viva . O passado não é possível de se mudar, mas a todo instante você pode alterar o seu futuro, a escolha é sua. - respondeu Daniel.

Bárbara o abraçou e deixou que seu coração chorasse, ela estava querendo desistir de tudo , para suas amigas aparentava estar bem, mas ela sabia que realmente não estava feliz. Viver uma vida de aparências é horrível, isso a deixava transtornada, perdeu o pai e seus irmãos mais velhos em um acidente de carro quando tinha apenas sete anos de idade, a falta deles nunca foi superada. A garota queria aproveitar cada minuto que tivesse com aquele desconhecido que de repente a conhecia por dentro, ela não sabia se ele sumiria de repente ou não, mas tudo que importava era ter aquela sensação de paz.

Depois de alguns dias Bárbara não encontrava mais o garoto que andava pelos cantos de jaqueta de couro preta, botas e sua super moto . Ela perguntava sobre ele para as pessoas, não tinham respostas ou nem o conheciam. Para ela parecia totalmente surreal que tivesse vivido momentos que seriam lembrados para sempre , mas que as pessoas nunca o tivessem visto.

Porém, a semente plantada por ele no coração dela havia dado frutos . Bárbara abriu-se mais para vida e todos que a olhavam podia sentir emanar dela coisas boas , pois por dentro ela sentia-se mais equilibrada , sabia que enfrentaria outras situações difíceis , mas que o que ela não conseguisse resolver, isso podia contar com Deus.


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