Sai de casa com Kaio e Lúcia. Fomos à pé para a escola. Estava iluminada e tinha um tapete vermelho na estrada. Fotógrafos assediaram Kaio e Lúcia, que bateram fotos sorrindo, enquanto eu, dei uma fugidinha de flashes. Carol estava com um vestido bem legal e um par de patins de 4 rodas cada. Ela fez um sinal de certo pra mim. Estudei o trabalho de grêmio. Estamos de parabéns realmente. O palco está bem decorado, com fitas prateadas, um globo de luz, pista de dança colorida, umas 100 mesas e um CD original do Michael Jackson, tocando a música Bad.

Sorri. Tudo estava maravilhoso, tinha até uma fonte de chocolate e um carrinho de algodão-doce, e lá estava Lúcia. Suspirei. Queria tanto estar com alguém que me entendesse, como o Leo. E falando nele, lá estava o garoto, ajeitando a gola do terno. Ao seu lado, Catarina falando com alguém no computador, que estava ligado ao telão na quadra. Quer saber? Eu não me importo com o vídeo, não ligo mais pra nada. Tirei o colar de cadarço de dentro do vestido e o apertei dentro da minha mão. Os olhos de Leo se encontraram com os meus. Ele tinha os olhos vermelhos, como se tivesse bêbado ou coisa do tipo.

A dança começou, e eu fiquei sentada numa mesa com Carol. Ela estava batendo fotos dos casais da festa, e postando no site. Não sabia o que fazer, queria falar alguma coisa. Suspirei e falei:

—Carol... Eu acho que gosto muito de um garoto. Mas não sei se... daria certo.

—Vocês nunca serão um casal perfeito, mas se ele te fazer pensar duas vezes, ou ver o que tem de bom em você, agarre-se à ele e dê o máximo de si.— disse Carol, mexendo na câmera

—Acha isso mesmo?— perguntei

Gostei do jeito dela de pensar. Encostei minha cabeça na minha mão e esperei o tempo passar. A música ficou lenta, e todos os casais foram para o centro do ginásio dançar, até Kaio e Lúcia, que na minha opinião, era o casal mais fofo da festa. Era como se Kaio fosse um bad-boy e Lúcia uma good-girl e opostos se atraem e blá blá blá... Até sentir uma cutucada no meu ombro. Me virei e era Leo. Suspirei e fiz um gesto tipo: "Que é?".

—Quer dançar?— perguntou ele

—E Catarina?— perguntei

—Ela foi na informática. Não sei exatamente o que ela foi fazer... Mas... Sem ressentimentos essa noite?

Ele estendeu a mão. Levantei uma sobrancelha e Leo suspirou. Ele se aproximou do meu ouvido e cochichou:

—Finja que nada aconteceu... Só esta noite, seja minha.

Leo era bipolar ou algo do tipo? Não importa, eu queria dançar com ele. Fomos para o centro do ginásio, Leo pousou a mão dele na minha cintura e segurou minha mão com força. Pus minha mão no seu ombro e rodopiamos na quadra. Nos olhamos por toda a música e ele disse:

—Você nunca larga esse colar não é?— ele estava fedendo à álcool. Acho que para falar comigo, Leo deve ter bebido muito

—Jamais. Meu amuleto da sorte, minha lembrança mais antiga, a... brincadeira mais séria.— falei

Leo me estudou e sorriu dizendo:

—Você está linda.

—Obrigada.— tentei sorrir— Leo... você vai mesmo ir embora?

—Eu preciso. Tem acontecido muita coisa. Você, meu verdadeiro pai, minhas lembranças... Tudo tem me atingido como uma bala.

Eu? O que eu fiz pra ele? Suas memórias? Quer dizer que ele... ameaça a se lembrar de mim? Não evitei um sorriso.

Dançamos a noite toda. Foi incrível. Leo nem se importou com Catarina, que bufava e batia o pé no canto da quadra. Tentei mais uma vez fazer Leo se lembrar de mim. Suspirei e perguntei à ele:

—Leo... Você não se lembra de uma garotinha ruiva, que você fez promessas num riacho?

—Esse assunto de novo?— Leo parou de dançar— Eu já disse que não me lembro!

—Por favor, Leo... Tente se lembrar!

—Eu não consigo! Por que insiste tanto nesse assunto?!

—Eu sou a garotinha ruiva!— rugi e todos olharam para nós

—O quê...?— Leo estava com raiva

—Isso mesmo! Essa aliança de cadarço, você quem me deu! Leo... por favor!

Leo se afastou de mim.

—Você é louca...

Aquilo me surpreendeu. Ele disse que eu sou louca...? Ouvi uma batida no microfone. Todos os estudantes se viraram e viram Catarina. Ela tinha um sorriso maldoso esticado nos lábios.

—Já que estamos todos prestando atenção em Monalisa, a vice-representante, vamos ver um vídeo dela...

O telão clareou e me mostrou no banheiro, enrolada na toalha, e me debatendo no chão molhado. As amigas de Catarina rindo de mim, minha cara de boba. A risada se espalhou no ginásio. Eu nunca senti tanta vergonha na minha vida. Olhei para Kaio e Lúcia e eles olhavam para o telão, incrédulos. Olhei em volta e não vi Leo. Ele já teria ido? Você deve está pensando: "Ele te chamou de louca! Não está com raiva dele?", não, nenhum pouco. Leo está revoltado com a vida.

Senti lágrimas escorrendo no meu rosto. Não me importei com o vídeo, só sabia que não podia deixar Leo ir embora. Corri em direção à saída e Kaio e Lúcia vieram comigo. Kaio pediu a chave do carro de um amigo. Não era um carro bom e moderno, mas é melhor que ir à pé. Lúcia entrou no carro às pressas e eu também.

—Para o aeroporto?— peguntou Kaio, ligando o carro

—Não. Temos que ir no DAP, decolagem de aviões particulares, o pai de Leo é rico.

Kaio pisou fundo e fomos nos três para o DAP. Minha reputação estava destruída. Eu só queria um abraço dele agora. Leo podia ter sido um cavalo comigo, mas eu sempre vou amá-lo. "Ai como você é besta", sou mesmo! Quando a gente ama, você fica besta, otário e bobo. Encostei a cabeça no vidro e suspirei.

—Rápido Kaio...

—Estou indo o mais rápido que posso.

Quando chegamos no aeroporto, Kaio e Lúcia ficaram no carro, esperando por mim. Corri até a mulher das passagens e perguntei:

—Qual é o próximo voo?

—Hm... É do senhor Leonardo e do senhor Hamilton. Decola daqui à 5 minutos.

Não... Leo.