Inf3cted escrita por young


Capítulo 6
Capítulo 5: "Sick" - Onisciente


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora! Eu já estava com o capítulo pronto há muito tempo, mas não estava conseguindo postar. Agora, com as férias, vou postar com mais frequência.



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AUCKLAND, NOVA ZELÂNDIA - PENITENCIÁRIA PHOENIX, TAKAPUNA. 19 DE DEZEMBRO DE 3726, 5:15 AM

O chão dentro da cela é frio e desconfortável, assim como os sons dos gemidos dolorosos vindos dos prisioneiros. Além desses, não há mais nenhum barulho. Os guardas com seus teasers estão rígidos, tensos, quietos como estátuas sombrias.

Draco está sozinho, encostado na parede de sua cela, dolorido depois dos exames aos quais foi submetido e cansado após uma longa noite sem conseguir dormir. Ainda há as dores de cabeça constantes que vieram assim que chegou em Gold Coast. Suas olheiras são profundas e suas pálpebras estão pesadas, mas ele não quer voltar para os pesadelos horrendos que o impedem de dormir apropriadamente e que vieram pouco tempo depois das dores na cabeça. Ele encara a entrada de sua cela, delimitada por um campo eletro-magnético de um azul semi-transparente e uma voltagem tão alta que mataria qualquer filho da puta que ousasse sair da prisão.

O ruivo respira fundo e ajeita-se no chão, deitando-se com as costas quase completamente apoiadas no chão. Ele ocupa-se tanto em encarar o teto que não ouve os passos que entram no corredor, nem vê o guarda que abre sua cela. Draco só o percebe quando o homem o levanta pelo braço, algemando-o o mais rápido possível. O garoto não diz uma palavra, nem faz nenhum movimento brusco; ele sabe que qualquer tipo de resistência não vale a pena.

Enquanto passa pelo corredor, ele vê os outros prisioneiros. Poucos parecem estar ali há meses. A maioria está ali há apenas poucos dias ou horas e logo sairão, já que, provavelmente, suas infrações foram pequenas, como rabiscar um muro ou roubar uma moeda de alguma fonte. O ruivo os perde de vista assim que o guarda o conduz, pela porta do corredor, para outras áreas da penitenciária.

Quase ninguém presta atenção nos dois; muitos estão concentrados demais resolvendo outras coisas, como um ou outro semáforo quebrado, hackers, atualizando firewalls e etc.

Draco é guiado até a porta de uma sala, cujas janelas são escuras para quem está dentro dela. Nela, dois homens estão sentados em uma mesa, de perfil para a janela. O menino os reconhece imediatamente. Eles são da Base. O guarda abre a primeira porta e, antes de abrir a segunda, ele diz:

— Você será visto e ouvido. Não estrague mais sua situação, garoto.

×××

— Draco, você sabe que ninguém vai tentar te tirar daqui, não é? — diz Theodore, assim que o guarda sai da sala e fecha a primeira porta atrás de si.

O jovem assente. Não sabe qual é o risco que pode ser tê-lo de volta à Base, mas sabe muito bem que não vale a pena arriscar. Sabe, também, que suas dores de cabeça e pesadelos podem comprometer seu desempenho, principalmente sua concentração. E este é um quesito extremamente estimado para a causa: foco.

— Eu vou morrer aqui, eu sei. — diz o ruivo.

— Só queremos que você saiba da sua importância, mesmo que tenha ficado pouco tempo conosco. Você pode ter sido tudo, menos insignificante. Você nos ajudou muito e, mesmo agora, continua nos ajudando. Nos diz onde erramos.Tê-lo como nosso colega foi uma experiência fantástica. De início, admito que o achava inferior, mas, posteriormente, o aceitei. Todavia, infelizmente, você me desapontou. — diz Timothy, o jovem albino e sardento ao lado de Theodore.

Draco, mesmo cansado, entende o que ele quer dizer. Ele não se lembra exatamente como chegou à Base, mas lembra-se que esse dois chegaram quase um ano depois dele. Lembra-se das horas que passaram juntos na Academia, no Treinamento e no horário das refeições. Lembra-se do ódio e dos sentimentos ruins que passaram a fluir por seus pensamentos desde que chegou à Base. Os Superiores os acompanhavam de perto e os três os respeitavam cegamente, admiravam o conhecimento amplo, se deliciavam com a Biblioteca vasta.

Lembra-se, também, das aulas, principalmente das de História e Filosofia. Lembra-se das imagens, dos filmes antigos, da glória que havia neles e que se tornou uma meta em sua vida.

Agora, sabe por qual motivo Theodore e Timothy estão desapontados: Draco não poderá retornar à Base. O ruivo se sente um traidor, mas ele está confuso. Confuso com memórias que vieram junto com seus pesadelos, memórias que ele não recordava de ter. Memórias boas, de crianças brincando e sorrindo, lembranças boas, de sentimentos bons. Mas, com eles, também recorda-se da culpa, culpa essa que começa a preencher sua mente.

— Eu sei o que vai acontecer comigo agora. Estou pronto para sofrer as consequências.

Porém, se pudesse escolher a lembrança mais confusa, seria a lembrança de conhecer Sam.

INTERIOR DA NORUEGA - TEA TIME CAFE. 18 DE DEZEMBRO DE 3726. 5:15 PM.

A neve cai levemente do céu, a temperatura está um pouco acima dos 0 ºC.

— A Guerra da Índia teve seu fim esta semana. — Isaac VanDoom diz em tom casual, enquanto Joseph Noremberg senta-se na cadeira em sua frente.

— Sim, eu vi no jornal. Finalmente a validade da 1ª Fase chegou. Agora é só ver quais serão as consequências.

— Uma pena que já perdemos uma cobaia da 2ª Fase. — Isaac ajeita-se em sua cadeira. — Continuaremos com o plano de não lançar os outros dessa fase ao mundo, certo? Não podemos arriscar tão poucas cobaias.

— Claro. Planejamos mesmo essa segunda fase para ser mais laboratorial. O primeiro vírus era mais sutil que esse segundo, então podíamos arriscar. Agora, temos que ter extremo cuidado com esse menino Draco. — Joseph suspira.

— Sim, Theodore e Timmothy me ligaram tem pouco menos de meia hora. Eles foram checar esse ruivinho. Eles têm ordens para voltar para a Base assim que saírem da penitenciária.

— Draco não está com a melhor das aparências nos jornais, devem ter feito algum exame nele. O pessoal para alterar os resultados foi junto com o Draco, certo?

Isaac assente e observa as pessoas ao seu redor. Ele deseja que elas pudessem ter acesso ao que ele teve. Aquele livro... O cientista suspira e pega um pequeno floco de neve que cai lentamente ao lado de sua cadeira. Aquele livro não é o mais bem escrito dentre todos os que já leu, mas ele tem um ponto de vista que faz sentido em sua mente. Noremberg o apresentou a um mundo diferente daquela mesmice de coisas com as quais nem um dos dois concordava. Um mundo de poder, ordem e pureza.

— Temos que começar a escolher os nomes para a próxima fase. — Diz Joseph.

— E temos que fazê-lo cuidadosamente. Esta deve ser a fase final.

MUMBAI, ÍNDIA - BANDRA WEST, ST MARTIN RD. 19 DE DEZEMBRO DE 3726, 8:45 PM.

A Esquina é escura, o barulho de trânsito está longe e Charu Edwin está se contorcendo em um das paredes do prédio.

A febre toma conta de seu corpo e sua mente é possuída por terríveis dores, pontadas intermináveis e horríveis. Suas mãos tremem como folhas de árvores numa tempestade, ele sente um frio não compatível com a temperatura ambiente.

Charu senta-se no chão, encostando-se na parede, ofegante. Esses sintomas, que vieram no meio da Guerra, pioraram há cerca de um mês, bem na época que os outros líderes da causa hindu estavam cuidando dos detalhes finais do acordo com a ONU. Ele, por ter participado do conflito, foi às reuniões e teimou em cuidar de sua saúde. Agora, ele se arrepende. Deveria ter usado o tempo das reuniões para se cuidar.

O indiano, concentrado em tantas dores, mal sente seu coração parar.


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Notas finais do capítulo

Os encontros são simultâneos. A Noruega está 12 horas "atrás" da Nova Zelândia.
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