A Garota Problema escrita por Brê Milk


Capítulo 46
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Oh meu deus, oh meu deus! Eu não tenho estrutura para me despedir agora...

Apenas desejar um feliz natal para todos vocês e dizer que os amo muito ♥
Por isso nada de choro e vamos ao capítulo em comemoração ao natal

∆ Boa Leitura ∆



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Chega um momento na vida que você tem que lidar com algo sozinha. E eu tive que lidar com várias coisas - aliás - sozinha. A guerra psicológica que sempre estava presente em minha mente, a dor da perda que sempre estava lá, a dor da morte que sempre me assombrou, o gosto das lágrimas que durante um bom tempo provei repetitivas vezes, a culpa que nem era minha mas eu carreguei durante anos. A minha vida toda eu ouvi meu pai amaldiçoar o amor, então resolvi me fechar. Mas não adianta, a solidão nunca é o melhor caminho.
Mas também vai chegar um dia ao qual você vai se lembrar de tudo que passou e vai perceber que nada disso te fez mais forte ou mais fraca, te fez melhor ou pior; apenas te fez ser quem você é hoje. Que de todas as vezes que você se passou por durona e logo em seguida estava chorando um rio escondida das pessoas, valeu para te transformar nessa pessoa de hoje. Porque as pessoas que realmente são fortes não são aquelas que não choram, são aquelas capazes de superar uma dor para seguir em frente, para o bem estar de alguém. Que os problemas as vezes vem com um propósito em nossas vidas, trazer a mais bela solução que acaba virando a fonte de sua existência pela Terra, ao qual pode ser sua metade da laranja, sua tampa da panela, sua alma gêmea...
E não poderia ser diferente, isso teria que acabar com uma bela solução para o final. E quem disse que não acabou? Pois saiba que esse final foi glorioso, não foi como no fim dos romances épicos aos quais a mocinha ou o galã morrem, ou então os dois fazem uma viagem pelo mundo com juras de amor.
Não, esse livro não precisava disso, precisava da verdade. E a verdade totalmente foi que no final, seguir seus sonhos significa mais do que qualquer um pode imaginar, significa que não importa o começo ou o meio, mas sim o fim e o recomeço que você irá fazer.
E assim como um bom final sincero, foi o que aconteceu: Uma grande família feliz com direito a filhos e juras de amor eternas, que não interessam se irão se concretizar ou não, o que importa é o que sentimos no momento.
E você meu caro, pode acreditar que o amor é a fonte de energia da vida, só que por mais que ele seja tolo e possa machucar, ele é bom. E eu aprendi isso.
Mas ao fim, apenas deixo - lhes aqui com um conselho de quem já viveu para comprovar: Arrisque! Persiga seus sonhos, seja a solução para alguém. Acredite que todo problema tem uma solução, até o pau mais torto que parece que não tem conserto.
A vida é bela, basta você enxergar isso.
E claro, vai ter alguns probleminha mas nada que você já não tenha experienciado nestas folhas.

Fecho a capa do livro e descanso os braços na mesa. Suspiro enquanto penso quanto tempo já se passou, o que consegui fazer com o rumo da minha vida. E então cheguei a conclusão que eu fiz tudo o que podia, tudo que queria e me sinto bem com isso. Publicar um livro sobre sua vida – e com fatos adicionados à mais – e fazer o que você escreveu se tornar mundialmente famoso, um dos primeiros na lista dos livros mais vendidos por três anos seguidos, conseguir uma família linda com quem você ama e ainda assim ser feliz, é o melhor que poderia me acontecer.
E hoje com cinqüenta e um anos, pensando em tudo o que já passei e realizei, vejo que tive muita sorte. Sorte por ter encontrado um amor na vida, por ter as feridas cicatrizadas, por ter feito uma família linda. E somente hoje, vejo como tudo pode mudar. Basta você fazer acontecer.

– Pensando querida?

As mãos já conhecidas e macias como sempre, mudando que agora já se encontram enrugadas circulam minha cintura e sinto ele depositar um beijo em meu pescoço, me fazendo rir. Vicente nunca mudou, o mesmo de sempre. Teimoso, sonhador, companheiro, o amor da minha vida.
Viro - me para ele me afastando da mesa, observando ele encarar o livro pousado na mesa atrás de mim, a bengala azul o sustentando. Vicente não tinha mais a mesma aparência, claro que não! Já estava com cinquenta e um anos, a caminho dos cinquenta e dois, não poderia estar igual a quase trinta anos atrás. Os cabelos rasos e brancos, os cantos dos olhos marcados pelas rugas e a pele flácida demonstrava isso, mas para mim ele continuava o mesmo. O mesmo sorriso, o mesmo olhar de bobo apaixonado quando me olhava, as mesmas ações. Ele ainda era aquele garota de dezessete anos no auge da fama para mim. Sempre seria.

– Só lembrando do passado, amor. – sorrio beijando seus lábios enquanto ele me abraça.

O encaro sorrindo e ele suspira, nesses anos todos Vicente sempre sabia quando algo estava me incomodando.

– Diga o que é – suspiro derrotada, não tinha jeito mesmo para esconder as coisas dele.

– Só estava percebendo como as coisas mudaram, como tudo que eu acreditava ser mudou – respiro fundo – Me dei conta disso depois que voltei a reler o livro, sabe como memória de velho é.

Vicente balança a cabeça, rindo enquanto apóia a bengala com mais firmeza no chão, se inclinando para tocar meu nariz com o seu. Era disso que eu gostava, desse nosso amor que até hoje nunca se desgastou.

– Juli meu amor, as coisas não mudaram – ele afaga meu rosto com a mão que não está segurando a bengala – Quem mudou foi você, o jeito que você enxergava as coisas. Mas esqueça isso querida, você é uma grande mulher, e tem que acreditar nisso. Nada importa mais, apenas se você está feliz.

– E eu estou feliz – afirmo sorrindo mais enquanto levo a mão até a bochecha dele – Sou feliz por poder todos os dias agradecer a deus pelo marido que me deu, pelos fãs que me presentiou, pelos filhos e netos que–

Sou interrompida bruscamente quando duas cabeleiras ruivas mais duas loiras e três morenas entraram correndo pela porta da biblioteca, vindo em nossa direção.

– Vovó, vovô, nossas mães mandaram dizer que o almoço já está pronto. – Maria Luiza, a mais velha falou enquanto pulava serelepe a minha frente.

Gargalhei pela empolgação das sete crianças, então beijei a bochecha de cada uma delas e virei para Vicente que insistia em pegar os netos no colo. Após isso ele colocou Peter no chão e se virou para mim, arqueando as sobrancelhas em seguida.

– Você vai vim conosco querida ou prefere ficar mais um pouco?

Suspirei dramaticamente já sabendo que esse homem me conhecia melhor do que ninguém.

– Vou ficar mais um pouco – respondo o dando um selinho enquanto ouço os sons de nojo das crianças – Agora vá lá antes que seus filhos surtem. Vão com o vovô crianças, daqui a pouco estou indo.

Ouço as despedidas dos travessos e observo enquanto meu marido sai com todas as crianças pela porta da biblioteca.
Respiro fundo, almoço de família aqui em casa sempre era essa correria mesmo. Ainda mais quando meus filhos cismavam de se preocupar comigo e com o pai. Ter trigêmeos não foi nada fácil, mas foi uma bênção de deus. E agora eles já estão grandes, com famílias formadas.
Ainda me lembro quando ia levar os três, Rafael, Vítor e Juliana para a escola, sempre era uma missão impossível levantá - los da cama, mas eu sempre arrumava um jeitinho. E então veio a adolescência, onde Juliana sempre reclamava dos irmãos pegando em seu pé por causa dos namoradinhos, o que eu sempre achei graça.
Mas felizmente todos viviam em harmonia hoje em dia, sempre nos visitando toda semana. E agora tenho netos, Vítor teve um filho com a esposa, Juliana teve dois com o marido, e Rafael teve logo três com a esposa, mas não foram trigêmeos. E eu nem vou dizer que sou uma avó coruja, acho que não precisa.

Pisco e caminho até o grande espelho pendurado atrás de uma prateleira no alto da biblioteca. Paro diante dele e observo meu reflexo, o reflexo de uma mulher já de idade com um singelo sorriso no rosto, os olhos azuis como sempre. Então sinto a felicidade me invadir, me preencher por completo.

Vou resumir o que aconteceu com todos dessa história para entenderem.
Melissa e Marcelo se casaram, tendo uma linda filha; Bler e Mike ficaram de rolo, e depois de dois anos finalmente começaram a namorar e agora vivem casados com um casal de gêmeos lindos e dois cachorros;
Gustavo e Loren, aqueles que deram muita dor de cabeça para nós, passaram a maior parte do tempo discutindo, para no final se casarem em Las Vegas e terem logo quatro filhos;
Laura e Thomas, eles foram os primeiros a se casar, e são muito felizes com o filho que tiveram e a menina que adotaram; e André... Bem, depois de um tempo a namorada dele o deu um pé na bunda e ele ficou solteiro até então, com o coração partido. Mas claro, na vida você sempre pode encontrar um grande amor novamente, e foi isso que André fez, está namorando uma das ajudantes da casa de repouso que ele vive, mesmo que todos nós fiquemos insistindo para ele sair da casa de repouso. Mas o importante é que ele está feliz, e amando novamente;
E tem Pablo... Ah, aquele lá acabou encontrando a tampa do vidro da purpurina dele e hoje em dia está casado com um milionário escocês, vivendo feliz aqui no Brasil com a gente por perto.
Pois é, decidimos morar todos no Brasil, um perto do outro. E é assim em dias como hoje que eles estão lá fora no quintal me aguardando para começar o rango.

Respiro fundo contendo as lágrimas com as lembrança. E assim foi, todos ficaram felizes no final. Todos que vocês possam imaginar, até Matilde.
Mas infelizmente nem todos estão aqui para comprovar isso, Alberto morreu faz dez anos. Infelizmente o coração dele não aguentou a parada cardíaca, o levando a morte.
E eu chorei, sofri com isso. Mas tudo bem, sei que ele está lá em cima, me ajudando como sempre a não me meter em confusões.
Porque deixe - me ser sincera, até hoje eu arrumo problema, principalmente no mercado, mas não vamos se aprofundar no assunto.
O que importa é que estou feliz, fazendo os outros felizes.

Giro nos calcanhares e saio da biblioteca, caminhado até o quintal nos fundos. Abro a porta e a claridade do sol me atinge, me fazendo ouvir as risadas dos demais sentados na mesa. Observo calada enquanto vejo todos meus amigos, os filhos e netos deles, meus filhos, minhas noras e genro, meus netos e o homem da minha vida sentados à mesa posta no quintal enquanto conversam animadamente.
Então sou despertada da nostalgia quando ouço a voz infantil chegar aos meus ouvidos.

– Não tio Gustavo, está errado!

Encaro a cena e reviro os olhos, parece que tudo mudou, exceto a infantilidade de Gustavo, que não deixa Sofi, minha neta quieta.

– Deixe minha neta em paz – disse enquanto caminhava até a mesa e me sentava ao lado de Vicente, fazendo Gustavo ficar com uma carranca.

Então o dia passou assim, mais um normal junto com a família. Porque sim, mesmo alguns dessa mesa não tendo o mesmo sangue que eu fazem parte da minha família, são importantes para ela.
E assim seria, não para sempre, pois sempre é inalcançável. Mas sim até um de nós morrer, deixando tudo para trás.

– Juli?

Viro - me para o lado, encontrando os olhos de Vicente pousados nos meus, um sorriso sincero brincando em seus lábios.

– Mhum?

– Só queria deixar claro aqui que eu te amo, muito. Para sempre minha garota problema.

Abro um sorriso rasgante, o peito se enchendo de carinho e paixão como sempre. Pego a mão dele sobre a mesa e a envolvo com a minha, depositando um suave beijo em sua palma.

– Então acho que estamos no mesmo barco - respondo o fazendo rir – Seu idiota.

Vicente balança a cabeça me roubando mais um beijo. Sempre seria assim entre nós dois, não importava quantos anos tínhamos, iríamos sempre provocar um ao outro e um minuto depois estar juntos. Parece que isso é mais uma das coisas da vida.

Então assim foi o final desta história, cheio de reviravoltas.
Que me fizeram aprender algumas coisas.

Eu não queria algo por querer, por desejar. Queria aquilo que eu necessitava, aquilo que ia me fazer continuar. E foi por isso que encontrei pessoas maravilhosas.

Então não procure aquilo que você quer, por um mero capricho. Busque aquilo que você necessita, que sempre irá te fazer continuar quando você não tiver mais forças. Porque o mundo não muda, quem muda é você e o que você faz. Acostume - se, isso nunca mudará.
E ah, não posso esquecer. Evite se meter em problemas, afinal não é todo mundo que tem um Vicente Araújo na vida e cia para te ajudar.

E não, felizes para sempre não existem. Mas isso não deixa de ser perfeito, temos um ao outro e isso já basta. Então é o fim, mas só para aqueles que não acreditam em recomeço ou incrivelmente vida após a morte. Eu não acredito, mas não custa pagar pra ver.

PS: Agora feche a capa deste livro, você já sabe todas as aventuras vividas aqui. Agora vá fazer sua história, lembrando que não sou culpada se você tentar se meter em tanta confusão. Mas o que importa? Seja feliz!

Assinado, Julia Lacoste. Ou como mais conhecida, A Garota Problema.


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Notas finais do capítulo

Ahhhhhhhhh acabou :(
Eu não acredito, não acredito que consegui terminar uma história assim, com todo o apoio que five aqui.
Ah deus, eu não sei o que dizer. Apenas que não vou me despedir agora, vou deixar para o capítulo dos agradecimentos... Só quero que saibam que eu amo TODOS VOCÊS.

E que se até os que nunca comentaram antes quiserem se despedir eu ficaria muito feliz ❤❤❤❤

BEIJOS ANJOS E PASSEM PARA O PRÓXIMO...



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