Dln Darkness, Lies And Nobody Else escrita por Jibrille_chan


Capítulo 7
Capítulo 7




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Havia amanhecido havia pouco tempo. Mais uma vez eu acordava nos braços quentes de Reita, e pensei que poderia me acostumar com aquilo. Aquele abraço era tudo o que eu precisava pra sentir um pouco de segurança, um pouco de... vida. Sim, vida. O presente que Reita me dera. E eu não poderia deixar, de forma alguma, que algo acontecesse à ele. Eu jamais me perdoaria se, de algum modo, Reita se ferisse por minha causa.


Senti um sorriso bobo se formando no meu rosto enquanto observava o mais alto dormir tranqüilamente, a respiração ritmada e a expressão calma. Fiquei analisando seu rosto, tentando memorizar cada traço, cada linha de expressão daquele estranho inconseqüente que me encontrara na rua  me trouxera para morar em sua casa.


Soltei-me lentamente dos seus braços, com todo cuidado para não acordá-lo. Caminhei silenciosamente até o meu quarto improvisado, sem olhar para trás, ou me arrependeria e não teria coragem de fazer o que estava prestes a fazer.


Desde o momento em que eu havia visto aquele demônio na rua, eu já havia percebido o que seria necessário. Não queria que aquele maldito encostasse um dedo sujo em Reita ou em qualquer um dos moradores daquele andar. Não fazia nem idéia de como aquele desgraçado havia chegado perto. Talvez tivesse seguido Aoi; era a única explicação plausível.


Fechei as malas com o máximo de cuidado e o mínimo de ruído possível. Quando cheguei à porta, não pude conter um suspiro. Ir embora assim, sem aviso prévio ou qualquer coisa do tipo, era um ato extremamente covarde. Mas não poderia sequer imaginar algum deles prejudicados por minha causa. Então me veio à mente a lembrança nítida do estado de Aoi no dia em que o moreno viera trazer as minhas coisas. E aquela imagem deu-me forças para finalmente sair, trancando a porta com cuidado.


- Ia embora sem se despedir?


Congelei onde estava, sem saber como reagir. Virei-me lentamente na direção do dono da voz, sendo com recebido com um sorriso sincero. Ele não parecia bravo, mas eu via um brilho de desapontamento em seus olhos. Abaixei a cabeça, sem saber o que dizer.


- Bem, eu não tenho o direito de perguntar e muito menos de te impedir, mas... por que não conversa comigo um pouco?


Suspirei, cansado, e acabei por ceder. Nao ajudou-me com as malas, e entrei em seu apartamento, que não era muito diferente do de Reita na questão de distribuição e tamanho dos cômodos. Quando a porta se fechou, Kai apareceu na sala com um avental branco e uma colher de pau na mão.


- Já voltou, koi?


Nao simplesmente sorri e os dois se fitaram por alguns segundos. Logo depois Kai sorriu pra mim e voltou para a cozinha, sem dizer uma palavra. Era realmente admirável um relacionamento como aquele, em que os envolvidos se entendiam com apenas um olhar. Sem contar que era muito fofo. Nao me colocou no sofá e sentou-se de frente pra mim.


- Então... qual o motivo da fuga? Reita-kun te fez alguma coisa, discutiu com você?


Sorri com a linha de raciocínio do moreno. Eu definitivamente deveria ser o único que conhecia o lado doce e carinhoso de Reita. E isso me despertou um orgulho estranho. Mas não era esse o assunto.


- Não, Nao-kun... Reita-kun não me fez nada do tipo.


Encarei um ponto do carpete enquanto reunia coragem para prosseguir.


- É que... ontem, quando eu saí com Reita, eu vi... vi, narua... alguém... que já me fez muito mal. E se... se... se essa pessoa... descobrir que eu estou aqui...


- Você tem medo que ela venha atrás de você e que Reita se machuque por sua causa. É isso?


Assenti, encarando minhas mãos jogadas no meu colo. Não queria arriscar a segurança deles por minha causa. Já era mais que suficiente que Reita soubesse de tudo. O envolvimento de todos eles nessa história não deveria passar disso. Por mais que me doesse ficar longe de Reita. Senti os dedos de Nao erguendo o meu queixo, me obrigando a olhá-lo.


- Ruki, eu entendo a sua preocupação. Se algo acontecesse com Kai, eu certamente não me responsabilizaria pelos meus atos. Mas... eu acho que Reita já é bem grandinho pra se defender. Além do mais, quem quer que venha atrás de você, vai ter que passar por nós cinco antes de sequer encostar em você. E tenho certeza que o primeiro a te defender seria Reita. Então... por que você não pega as suas coisas e volta para aquele apartamento? Reita-kun ficará desesperado quando vir que você sumiu, ne?


O abracei, sem ter outra maneira de lhe demonstrar minha gratidão. Era óbvio que ele estava certo. Reita podia sim se cuidar, e eu teria que enfrentar meus medos mais cedo ou mais tarde. Por mim mesmo e por Reita. Soltei Nao, sorrindo, e peguei as minhas malas.


- Vai voltar pro Reita?


Sorri com aquela pergunta, e assenti.


- Vou sim. Muito obrigado por tudo, Nao-kun.


Dei-lhe um último sorriso antes de sair, voltando para o hall. Por um tempo, fiquei apenas encarando a porta de madeira do apartamento de Reita. Há quanto tempo eu estava ali? Creio que mais de um mês. Tempo suficiente para que eu me tornasse uma pessoa diferente. E me apaixonasse por Reita. Com um sorriso bobo no rosto, levei a mão na maçaneta, porém a porta se abriu primeiro, e eu congelei novamente. Reita estava parado, a mão na porta, descabelado, pálido, com a preocupação estampada em letras de neon vermelhas em sua testa. Meu sorriso se alargou com a visão.


- Bom-dia, Rei-chan.


Um segundo se passou até Reita entender o que via, e me abraçar de um jeito tão... desesperado, como nunca haviam feito comigo. Minhas coisas caíram no chão, mas eu nem liguei. Após um tempo, ele se afastou o suficiente para olhar pra mim.


- Tem noção de como eu fiquei preocupado? Eu entrei em desespero...


- Reita...


- ... quase morri quando não vi suas coisas no quarto. Quer me matar de susto?


- Reita...


- Prometa, por tudo, que você não vai mais sumir assim, que você não vai mais sair com as suas coisas...


- Reita!


- ... tá, fala.


- Aishiteru.


Ele me encarou, a surpresa genuína estampada nos olhos. Eu havia sido sim inconseqüente com aquela palavra. Muito inconseqüente. Mas... o que eu poderia fazer? A única expectativa de futuro que eu tinha concentrava-se no loiro à minha frente. Fora isso, eu não tinha mais nada. Podia até dividir a minha vida antes dele e depois. Eu disse dividir? Na verdade, eu só passara a ter vida depois dele.


Após alguns segundos em que eu fiquei na minha expectativa muda, Reita sorriu, parecendo finalmente mais calmo, e aproximou seu rosto do meu, encostando nossas testas.


- Tá escrito na minha testa em néon vermelho, com letras garrafais, mas... Aishiterumo. E, eu acho que é melhor você colocar suas coisas dentro desse apartamento já. Afinal, você... mora aqui... né?


Eu sorri com o tom de insegurança na sua voz, devido às suas últimas palavras.


- Até onde eu saiba, sim, Rei-chan.


Ele abriu um sorriso lindo, e se inclinou para me beijar, de forma suave e lenta. Aquele era o melhor momento da minha vida, e eu desejei que ele nunca mais acabasse. Quando nos separamos, ele me ajudou a colocar as malas pra dentro e eu soube que finalmente havia achado um lugar pra chamar de lar.




Continua...

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