Olhe o que você fez

Fica aí parado, se distanciando de mim

Quando demora demais

O fogo acaba, o que você quer ser?

Ouvir aquelas palavras saírem da boca de Oliver havia doído, seu coração estava sentindo como se ele próprio houvesse o esmagado, mesmo tentando disfarçar diante a presença de Diggle seu olhar lhe denunciava que ela estava sofrendo com aquilo. Os olhos estavam marejados e sentir a sensação de seu amigo lhe olhando com aqueles olhos cuidadosos quase lhe fez deixar uma lágrima escapar, mas não seria tão fácil assim, voltou a focar no que estava acontecendo, tinha que ajudar Oliver a capturar a cupido e depois sairia dali.

Quando seu rastreador saiu fora da linha de rastreamento ela sobressaltou em sua cadeira e seu coração voltou a se contrair, um aperto de angústia enquanto tentava desesperadamente colocá-lo de volta em seu ponto de vista. Aquilo reviveu o sofrimento, o que antes ele havia dito, que lhe amava, agora parecia que estava tentando fugir. Ela não podia dizer o quanto agüentaria até querer sumir na esperança de tudo aquilo, toda aquela tempestade acabar, apenas queria viver ao seu lado.

Estou suportando

Só eu mesma nunca foi o bastante para mim

Devo ser muito forte

Há um poder naquilo que você faz

Agora dia a dia estarei de olho em você

Quando ele voltou a se comunicar ela pôde permitir que seu pulmão voltasse a fazer seu trabalho, soltando um leve suspiro, mas o que ele havia dito há pouco tempo ainda ecoava em sua cabeça e aquela dor atingia ainda mais seus sentimentos, em seus pensamentos ela se perguntava o motivo de ter se apaixonado por Oliver, tudo que queria agora era poder enfim esquecer, esquecer o dia que enfim se apaixonou por ele na esperança de que aquela tempestade fosse embora.

Ela sentiu a mão firme de Diggle sobre seu ombro, o toque singelo de um amigo, de seu amigo e também de Oliver, entendia o esforço que ele fazia, mas se nem mesmo ele conseguia fazer Oliver enxergar as faltas de atitudes quem mais conseguiria? Diggle estampou em seu rosto um singelo sorriso, onde Felicity desviou seu olhar, não choraria ali, não queria deixar o choro sair, pois se começasse não teria tempo de terminar e Oliver já deveria estar voltando.

- Ele não faz por mal.

- Mesmo eu sabendo ainda dói Dig.

- Felicity tente conversar com ele.

- Eu não posso. – Ela caminhou até seus pertences e voltou a se retirar do covil, mais um minuto que ficasse naquele lugar ela não agüentaria mais segurar seu choro, mais seis minutos naquele lugar ela não conseguiria fugir de Oliver.

Te mostrarei como é

Agora que estou do lado de fora

Nós fizemos tudo certo, mas agora estou do lado de fora

Te mostrarei como é

Agora que estou do lado de fora

Nós fizemos tudo certo, mas agora estou do lado de fora

Diggle conversou com Oliver, não podia agüentar ver o conflito que existia entre os amigos sem fazer alguma coisa, mas sua inquietude e inconformidade não lhe deixavam passar essas fugas e brigas de ambos em branco, sempre tinha que opinar, dar conselhos, quase se sentia o pai de dois adolescentes.

Oliver acreditava que naquele momento Felicity queria mesmo seguir com sua vida sem ele, tantas vezes tentou se aproximar e ela apenas desviava. Quando enfim decidiu abrir uma brecha para que ela então pudesse seguir seu caminho ficou chateado consigo mesmo, tinha ferido os sentimentos da mulher que ele tanto ama. Os conselhos de Diggle lhe fizeram pensar, querer ficar sozinho e sem dar nenhum pingo de esperanças de que tomaria alguma atitude ao amigo ele deu de ombros.

- Então, vou para casa, Lyla está fazendo jantar, quer vir?

- Não, obrigado Diggle. – Ambos sorriram e o diálogo se finalizou.

Quando seu amigo saiu ele pensou, caminhou pelo covil, deu a volta pela mesa onde ela trabalhava, três vezes, encostou a mão com delicadeza na cadeira onde ela passava a maior parte do tempo quando estava ali, mesmo longe ele ainda conseguia sentir seu cheiro, lembrar da delicadeza de como a Felicity sempre foi e lembrar principalmente do motivo que o fez se apaixonar por ela.

Sorriu ali sozinho, lembrando de como ela ficava confusa quando desconcertada, aquele seu jeito era o que lhe fez se apaixonar por aquela mulher e seu amigo tinha razão, se ela não queria ficar sozinha e queria ficar com ele, alguma atitude teria que tomar. Pegou sua jaqueta e caminhou-se para a antiga Consolidação Queen.

Mesmo que você não me dê motivos

Para ficar perto de você

Me diga, o que os amantes fazem?

Como ainda conseguimos respirar?

A escolha nunca é nossa

Eu serei a sua força

Tudo que ela conseguia pensar diante aquele computador eram as palavras de Oliver e mesmo que ela lesse e relesse aquele projeto que estava por fazer e com os planos na tela de seu computador ela não conseguia, de modo algum, focar nele. Seus relacionamentos não vinham se saindo muito bem ultimamente e apenas queria um pouco de paz naquele resto de dia, talvez até mesmo passar a madrugada naquele escritório não fosse uma má idéia.

Mas quando uma pessoa anseia demais por um pouco de paz talvez o universo compreenda o inverso de seu pedido. E a paz daquela jovem loira virou um furacão, com nome e sobrenome, entrando em sua sala, Ray Palmer.

Aqueles olhos negros no mesmo tom do cabelo poderia ser uma tentação até mesmo para quem não o desejava. Ela imediatamente se desculpou pela saída abrupta do jantar, estava mesmo sentindo desconfortável diante da quebra de promessa e por um segundo imaginou se tivesse continuado com seu jantar ao invés de ajudar Oliver em sua missão, talvez seu sofrimento não teria começado.

Quando se aproximou para que Ray lhe ajudasse a retirar aquele colar ela não podia imaginar que uma situação platônica ali aconteceria. A mão de Palmer lhe tocando a pele sutilmente lhe fez sentir um leve arrepio subir por todo seu corpo, não podia acreditar ou não queria acreditar que algo estava acontecendo ali, dizer que havia sido surpreendida pelo beijo não seria a total verdade diante dos poucos minutos antes disso acontecer ela já esperava pelo ato. Mas não esperava sua reação.

Mas enquanto tudo aquilo acontecia um Oliver saia de lá abalado, seu sorriso confiante se tornou uma tristeza arquivada em seu coração, Felicity estava seguindo com sua vida, ele achou que ainda tinha tempo, que conseguiria pedir desculpas e se declarar, acreditava que se enfim largasse aquele receio de lado e se abrisse para ela que enfim poderiam ficar juntos, mas foi surpreendido, outra pessoa que apenas desejava algo e o universo entendeu algo completamente diferente.

Ele voltou para o covil observou aquela samambaia que ela havia trazido para ele dizendo que era para iluminar seu novo lar, agora ela parecia insignificante em seu momento de fúria, olhou novamente para a mesa que ela costuma trabalhar e a dor era tão forte que ela teve que sair, soltou um urro e jogou coisas no chão, precisava enfim sentir a dor. Teria feito algo mais, se perdido em seus sentimentos se Roy não aparecesse assustado querendo saber o que estava acontecendo.

Ele se controlou e convidou o amigo para que juntos fossem a casa de Diggle. Quando a porta foi aberta o sorriso de Diggle fez a escuridão em seu coração se amenizar, mas ainda era recente e mesmo que houvesse passado por muito nessa vida e aprendido a se controlar ninguém havia lhe explicado que essas técnicas, não funcionam tão bem quando se ama muito alguém. Durante o jantar se permaneceu imparcial, conversava, sorria e até mesmo brincava, foi ver a pequena Sara, não sabia se contava ao amigo ou se simplesmente deixava de lado, ele nem mesmo desconfiava que ele houvesse ido atrás dela. Quem sabe um dia ele contasse, naquele momento ambos os corpos de sexos opostos desejavam apenas a mesma coisa, um pouco de paz em seu coração.

Estou suportando

Só eu mesma nunca foi o bastante para mim

Devo ser muito forte

Há um poder naquilo que você faz

Agora dia a dia estarei de olho em você