Meus Dois Tesouros escrita por Marimachan


Capítulo 1
Capítulo Único - Aventura na Ilha Deserta!


Notas iniciais do capítulo

Revisei mt rápido, desculpem-me qualquer erro!
Enjoy! ^^



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― LUFFY!!! ― Um grito estridente e raivoso pôde ser ouvido pelo garoto, o que imediatamente o fizera parar de correr e o sorriso aberto em seus lábios desaparecer.

O moreninho esperara mais alguns segundos até se virar e constatar o que temia.

Algumas árvores atrás do local onde ele estava, vinha pisando fundo uma ruiva da qual a pele já havia superado o tom de seu cabelo há muito. Ele estava ofegante por estar correndo segundos atrás e a expressão furiosa e ameaçadora de sua navegadora não ajudava em nada a diminuir o seu ritmo cardíaco.

Luffy prendeu a respiração. Cotando os segundos, não, os milésimos para a hora de sua morte que parecia estar muito próxima.

― N-n-n-n-Nami... ― Ele gaguejava muito mais do que todas as outras vezes em que vira a ruiva brava consigo.

Esta, por sua vez, continuava caminhando a passos fundos e pesados, também parecia ofegante ― provavelmente estava, assim como o capitão, correndo instantes antes ― e aquilo com certeza era mais um motivo para ela querer trucidar, massacrar e esquartejar o moreno mais à frente. Tinha seus longos cabelos amarrados em um rabo de cavalo e uma pequena mochila em seus ombros nus.

― Como... Você... Se atreve... A... Fazer isso?! ― Ela perguntou pausadamente, embora as últimas palavras tenham saído tão gritadas quanto o nome dele agora há pouco.

― F-f-f-fazer o quê? Eu não fiz nada! ― A cada passo que Nami se aproximava de seu capitão, este recuava três até que foi encurralado por uma grande barreira de pedras às suas costas. “Quando isso apareceu aqui?!”

― E sair correndo de perto de todos, me fazendo subir dezenas de metros correndo é não fazer nada?! ― A garota continuava a explodir.

Como poderia ser navegadora de um capitão tão idiota? E irritante? E idiota?! Como?!!!

― Mas eu tinha visto um pássaro gigante e colorido! Eu queria vê-lo mais de perto e ele veio pra cá. ― O garoto falara tudo de uma vez, tentando se explicar. A aproximação entre os dois estava diminuindo perigosamente.

― E aí resolve sair correndo deixando todo mundo pra trás?! Eu tive que vir correndo esse caminho todo te procurando, idiota! E agora nem sei onde os outros estão! Por sua culpa! ― Ela acusava furiosamente e rapidamente chegou até sua vítima acuada pelas rochas.

Vendo que não poderia recuar mais, Luffy, fascinantemente, pensou rápido e usou sua agilidade ― costumeiramente utilizada apenas em suas batalhas, o que aquilo não deixava de ser ― para escapar dos socos que sua navegadora pretendia dar correndo para seu lado direito. Corria o mais rápido que podia subindo a trilha que acompanhava o paredão rochoso até o topo de uma das montanhas da ilha deserta. Nami logo saiu atrás, ainda mais irritada.

Ele definitivamente iria pagar por aquilo.

―X―X―X―X―

Luffy parou de correr e se apoiou em seus joelhos ao inclinar-se para frente, ofegante. Voltou-se para o caminho que fizera agora há pouco.

― Será que consegui fugir dela? Kyaahhh. A Nami é perigosa quando está brava.

Ele permanecia recuperando o fôlego enquanto ainda não parava de olhar para a trilha sinuosa que acabara de percorrer. Não tinha sinais de nenhuma ruiva enraivecida gritando seu nome. Suspirou aliviado ao perceber que por enquanto tinha escapado.

― Hem? ― Endireitou seu corpo ao ouvir um som de água. Muita água. ― Onde é que eu tô? ― Voltou a seguir em frente, subindo a montanha, mas agora caminhando devagar. Nami havia dado uma canseira e tanto no garoto.

Andou alguns metros até que a trilha findou em alguns arbustos e árvores grandes. O som de água corrente aumentava em muitos decibéis e então, se enfiando em meio aos galhos e troncos, encontrou algo que encheu seus olhos negros de admiração.

― Sogoooooooooooi! Enooooooooormeeeeee! ― Gritou ao jogar sua mochila em um canto qualquer e se aproximar mais da beirada do penhasco gigante.

Havia pelo menos umas cinco cascatas gigantescas naquele imenso buraco sem fundo. Todas formavam um círculo quase perfeito em volta do abismo, com uma grande abertura por onde, metros abaixo, as águas trazidas das cinco corriam velozes. Lá embaixo, onde todas elas se encontravam, quase não se podia observar muita coisa com todo a “fumaça” que se formava pelas quedas gigantes, mas era possível ver que árvores cresciam em volta do grande poço corrente e um rio descia pela única abertura existente no paredão rochoso.

Ainda impressionado com a beleza a e grandiosidade daquele lugar, Luffy passou a caminhar à beirada do penhasco, tentando colher com seus olhos o máximo de detalhes possíveis. Pôde enxergar vários dos pássaros gigantes que vira mais cedo batendo as asas alegremente em alguns ninhos feitos nas protuberâncias das rochas ― o que o deixara ainda mais animado; algumas outras espécies sobrevoando o cânion, experimentando o frescor que as águas das quedas proporcionavam ao ambiente; mais árvores agarradas com suas raízes às rochas; e, observando melhor o local, viu que dois estreitos e sinuosos caminhos feitos de pedras, rochas e algum solo qualquer, desciam por dois lados do paredão até o final do grande buraco e, muitas vezes até, sumindo por de trás das quedas livres.

Foi nesse exato momento que o sorriso do garoto se enlargueceu. Então havia como descer até lá embaixo. Não esperara mais um minuto! Tratou de procurar onde uma das perigosas trilhas se iniciava e assim que achou começou a descer. Era um caminho perigoso, mas ele não parecia se importar nenhum pouco com aquilo. Nami com certeza iria matá-lo caso estivesse ali e visse o que ele estava fazendo.

― Eim? Por que eu pensei isso? ― O moreninho parou por um momento, confuso.

“Hum... Será que ela gostaria desse lugar? É tão bonito aqui... Não, acho que ainda estaria tentando me bater por hoje cedo.”

De repente o sentimento de medo surgiu ao lembrar-se da expressão assassina que Nami carregava mais cedo. Mas o que diabos estava pensando? Balançou a cabeça de um lado para o outro, ainda sem entender o motivo de estar pensando naquelas coisas numa hora daquela! Aquilo vinha acontecendo com muita frequência ultimamente. Era confuso. E amedrontador. E...

― Hurgh! Acho que fiquei com tanto medo da Nami me bater hoje cedo que não paro de pensar nela.― Resmungou consigo mesmo ao ver que já estava pensando em coisas do tipo de novo. Resolveu voltar a observar todo o caminho que teria que percorrer, conseguindo se distrair.

Depois de alguns minutos descendo a trilha, já havia passado por de trás de uma das quedas e era uma sensação muito maluca. Incrível. Mas muito maluca.

Ter aquela água toda caindo na sua frente era assustador, principalmente para um usuário de Akuma no Mi, e ao mesmo tempo único. Seria legal se todos os seus outros nakamas estivessem ali com ele. Com certeza todos iriam adorar aquele lugar.

Sorriu com a esperança de talvez encontrá-los lá embaixo. Talvez eles tivessem andado e andado e acabado encontrando aquele lugar. Só que visto lá de cima, de onde ele vira, com certeza era muito mais fantástico.

Seus pensamentos foram interrompidos por um grito agudo. Ele conhecia aquela voz.

Correu para sair logo da caverna em que agora passava atrás da cascata e ao encontrar a luz do dia novamente, atiçou sua visão para focar melhor no local de onde o grito havia vindo. Então seu coração quase veio à boca com a cena que acabara de ver.

― NAMI?! ― Ele gritou o nome da ruiva instantaneamente, assim que viu sua navegadora pendurada por uma única mão em um galho fino de uma árvore do outro lado do caminho que percorria, próximo a outra cascata.

― Luffy! Socorro! Eu vou cair! ― Ela gritou o mais alto que podia. Com lágrimas nos olhos. Eram lágrimas de desespero e ao mesmo tempo alívio. Graças aos céus ele estava ali.

― Não vai não! Espera aí! ― O garoto gritou olhando para todos os lados, buscando uma solução. Precisava ajudá-la.

Não iria perder sua navegadora para um buraco idiota.

― Rápido! Por favor! Não me deixa cair. ― Ela suplicava enquanto dividia seu olhar entre o moreno tão longe e o abismo tão perto.

Depois de analisar toda a situação atentamente, Luffy finalmente descobriu como ajudá-la. Agilmente esticou seu braço o máximo que podia e alcançou uma árvore no meio dos dois pontos em que ambos se localizavam, em seguida, esticou novamente seus braços e agarrou uma árvore próxima da outra a que Nami estava pendura. A árvore estava praticamente no eixo horizontal em relação ao paredão. Sentia que as raízes dela poderiam se desprender a qualquer momento e carregá-lo junto para o fundo daquele cânion. Contudo, não tinha tempo pra se preocupar com isso. Podia ver que Nami não iria aguentar muito mais se segurar naquele galho, ou até mesmo, aquele fino pedaço de madeira viva poderia quebrar e derrubar a ruiva.

Só de pensar naquilo um arrepio percorreu toda a sua espinha. Não estava preparado para perder um de seus preciosos nakamas, quem dirá aquela preciosa nakama.

Rapidamente, apoiou seus pés nas rochas que haviam por ali e enroscou seu braço direito ao tronco da árvore em que estava, certificando-se de que estava bem seguro. Naquele momento um vento impetuoso atingiu ambos, carregando o chapéu de Luffy e balançando Nami pendurada.

― Luffy! Eu não aguento segurar mais! Eu vou... ― Suas palavras foram cortadas por um grito desesperado ao perceber que sua mão escorregara do galho e agora ela estava em queda livre.

Fechou os olhos achando que aquele era seu último suspiro, esperando apenas a água batendo contra seu corpo e ela escorrer junto com a mesma pelo rio, já sem vida. Porém, não fora isso que sentira. Ela estava parada no ar. Não estava mais caindo e só então abriu os olhos e viu o braço esquerdo de seu capitão enrolado em sua cintura firmemente. Suspirou aliviada e com os olhos lacrimejando num misto de alegria e gratidão enxergou um grande sorriso ― aparentemente também externando um imenso sentimento de alívio ― nos lábios do moreninho.

Luffy puxou o braço que carregava a ruiva para mais perto de si. Garantindo que ela estivesse o mais perto possível, para assim impedir que quase caísse novamente. Nami se quer deu atenção ao fato dos corpos de ambos estarem praticamente colados, ela simplesmente abraçou o capitão o mais forte que podia, afundando seu rosto na nuca do mesmo, ainda chorando e agradecendo várias e várias vezes seguidas por tê-la salvo a vida.

― Eu fiquei com tanto medo! Eu achei que ia morrer! ― Pela primeira vez na vida, Luffy via sua navegadora em tal fragilidade.

Aquilo não fazia seu feitio. Nami era forte e dificilmente chorava na frente de alguém. Muito raramente deixava transparecer seus sentimentos bons, sejam eles quais forem. Enxergá-la daquela forma o surpreendera e o deixara com um aperto no coração, novamente imaginando o que aconteceria se ele não tivesse a segurado a tempo.

― Eu não ia deixar você cair! Não vou perder você! ― O moreno deixou bem claro em um tom decidido e sério.

― Hum. ― Ela balançou a cabeça em afirmação, ainda com sua face afogada no pescoço do garoto.

Nami fungou, parando de chorar aos poucos e então se afastou, podendo observar mais uma vez um sorriso aberto do moreninho. Ela sorriu também, ainda agradecida pelo resgate e só então percebeu o quanto estavam próximos. Corou abaixando sua cabeça, o que Luffy não entendera muito bem o motivo, mas resolveu não perguntar assim que ela pediu amedrontada.

― Luffy, nos tire daqui. Por favor. ― Ele viu que ela encarava o abismo gigante abaixo deles e logo tratou de atender ao pedido.

― Me abraça. ― Ele pediu, fazendo Nami o encarar confusa com o sentido da frase. ― Preciso do braço livre. ― Ele explicou.

Nami abriu a boca em um pequeno “o”, agora compreendendo o sentido daquilo e fez o que o garoto pediu. Abraçou suas pernas na cintura do moreninho, passando seus braços em volta do pescoço do mesmo, o segurando com toda firmeza que era possível. Embora aquilo fosse constrangedor para ela e estar trazendo pensamentos que não deveriam existir no momento à mente da ruiva, a garota se manteve firme. Sua vida era mais importante do que o tom de vermelho que tomara sua face novamente.

― Segure firme. ― O Chapéu de Palha avisou após esticar novamente seu braço direito até uma grande rocha pontiaguda que se insinuava para fora do paredão no caminho alguns metros acima deles.

Rapidamente os dois se encontravam na trilha estreita da qual Nami caíra alguns minutos antes. Luffy caído no chão com Nami por cima dele. Ela ficou satisfeita que seu baque contra o chão fora amortecido pelo corpo do amigo. Esse por sua vez resmungava abaixo dela, parecia dizer algo, mas a garota não podia compreender.

― Fale direito, idiota! ― Ela ordenou sem paciência.

Agora sim era a Nami que ele conhecia.

O garoto tirou os cabelos alaranjados que se enfiavam em sua cara e que lhe atrapalhavam a fala e pediu com sua voz infantil.

― Você está esmagando meu dedinho mindinho, Namiii. ― Ele fez bico, virando o rosto em direção ao joelho direito de Nami que literalmente esmagava o dedo dele.

― Oh! Desculpe. ― Ela pediu já tirando seu joelho dali e voltando a encarar o garoto. Observando melhor os cabelos colados à testa do moreninho, o rosto de Luffy parecia muito mais perto do que imaginara que estavam.

Ele a encarou meio sem jeito.

― É... Nami... Será que você poderia sair de cima de mim? ― Ele pediu com medo da reação da garota.

Ele esperou que ela o socasse agora que estava à salvo, provavelmente o culpando por ter acabado naquela situação. No entanto, não foi o que acontecera. A ruiva se levantou rapidamente, sem graça, novamente corada. Luffy se colocou de pé agradecendo.

― O que foi? ― Ele perguntou preocupado com a cor da navegadora que apenas deu-se ao trabalho de balançar a cabeça em negação dizendo que não era nada.

― Acho melhor descermos de uma vez. Quanto mais rápido chegarmos ao chão seguro, melhor. ― Ela pôs-se a caminhar.

Luffy a seguiu logo atrás, atento para o caso dela escorregar ou qualquer coisa parecida. Já ela, por mais que tivesse passado por aquilo tudo, não se sentia com tanto medo quanto pensara que se sentiria depois da quase morte. Muito pelo contrário. Sentia-se completamente segura agora que tinha seu companheiro ali com ela. Era incrível a segurança e confiança que Luffy passava a todos os seus nakamas, inclusive e principalmente a ela.

Quando chegou ao topo da montanha, cansada e incrivelmente irritada com Luffy, e encontrara aquele lugar ficou imensamente surpresa. Daqui a algumas horas já iria escurecer e precisava se encontrar com os outros Mugiwaras. Luffy que se danasse sozinho naquela floresta. Desejava do fundo do coração que tivesse se perdido no meio daquela imensidão verde e só o encontrasse no dia seguinte picado por insetos, faminto e com os cabelos desgrenhados para que assim ela pudesse jogar na cara dele o quanto era idiota e irresponsável e diria um grande e sonoro “Bem feito” por tudo o que ele passara durante a noite.

Sim. Ela estava verdadeiramente com raiva do garoto.

Por perceber que não daria tempo de voltar à base da montanha antes que anoitecesse resolveu que seria mais rápido descer por aquele caminho estreito e torto, para assim chegar ao rio e se ao menos não encontrasse seus companheiros ― o que a deixaria ainda mais furiosa ― poderia achar um lugar para passar a noite em segurança.

E foi o que fez. Começou a descer pela trilha perigosa ainda dando passos fundos e pesados, xingando Luffy, revezando entre o mentalmente e a voz alta, de todos os nomes feios possíveis e em um desses passos acabou pisando muito à beira da trilha, fazendo um pedaço dali se desprender e se desequilibrou. Gritou ao cair e por sorte conseguiu agarrar um galho de uma árvore que estava presa ali. Pensou que iria morrer ali sozinha e sem poder se despedir de seus nakamas. Mentalmente chamou pelo nome de Luffy, agora de forma muito mais assustada e desesperada, quando então ouviu a voz de ninguém mais ninguém menos que o próprio capitão do Sunny! Seus olhos encheram-se de lágrimas e um grito agudo de sua garganta, chamando pelo nome do moreninho ecoou pelo cânion.

Agora estava ali, são e salva, novamente graças a seu capitão que já a salvara tantas e tantas outras vezes.

O moreno permanecia caminhando em silêncio, parecia cabisbaixo. Ficou receosa em perguntar, mas precisava saber o que era. Aquele não era o normal de seu capitão hiperativo e alegre.

― O que houve, Luffy? Você está tão calado... ― Questionou enquanto permanecia caminhando, prestando atenção por onde andava.

― Eu... Eu perdi meu chapéu... ― Ele sussurrou de uma forma tão triste que Nami automaticamente parou de andar e virou-se para o rapaz.

Realmente, seus negros cabelos esvoaçavam ao vento sem o precioso tesouro que sempre os prendia sob a aba. Ele perdera durante seu resgate, disso ela tinha certeza. Lembrava muito bem de ao ter avistado o amigo do outro lado do penhasco, o mesmo ainda estar usando seu costumeiro chapéu de palha. Ela baixou sua cabeça, pesarosa.

― Sinto muito... Desculpe-me. ― Sentiu-se culpada por aquilo. Sabia o quanto aquele objeto era importante para o garoto. Seu maior tesouro.

Luffy sorriu fraco.

― Não se desculpe. Você não teve culpa e também... ― Ele se aproximou, agora com um sorriso mais sincero e aberto. ― Sua vida era mais importante.

Levantou delicadamente a cabeça da garota, que permanecia abaixada, pelo queixo e a encarou nos olhos, mostrando que o que dizia era verdadeiro.

Nami permitiu-se perder-se naqueles olhos negros por alguns instantes, sentindo seu coração e sua alma se aquecerem com a afirmação que acabara de ouvir. Ficaram naquela troca de olhares por alguns segundos, até que Luffy desviou os olhos para o caminho atrás da ruiva.

― Vamos? Você deve estar querendo sair daqui o mais rápido possível. ― Ele voltou a caminhar, agora tomando a frente da trilha. Ela o seguiu e por uns bons minutos a água caindo pelas cascatas e correndo pelo rio lá embaixo fora o único som ouvido por ambos os Mugiwaras.

―X―X―X―X―

― Luffy... Eu realmente sinto muito pelo chapéu... Eu sei o quanto ele era importante pra você.

Nami pediu novamente enquanto se sentava ao lado do garoto sobre o pano que acabara de espalhar no chão da caverna por de trás de umas das cascatas do cânion. Achou melhor que eles ficassem por ali, porque viu que estava prestes a cair uma tempestade e porque já estava perto da boca da noite. Não achou ser muito seguro continuarem naquelas circunstâncias. E como sempre: dito e feito. Um forte temporal caia lá fora e só era possível saber disso porque dos trovões que estrondavam a caverna, já que a grande cascata tampava toda a visão do lado externo para quem ali estivesse.

Luffy permanecia encarando a água caindo forte na saída da cavidade rochosa onde estavam, em silêncio desde aquele momento na trilha. Até mesmo quando a ruiva perguntara se ele concordava com sua sugestão de ficarem ali, apenas afirmou positivamente com um “Hum Hum” muito baixo.

O moreninho suspirou.

― Acho que ficar lamentando isso não vai adiantar nada, não é? ― Ele sorriu, tentando demonstrar que ficaria tudo bem. Nami apenas o observava silenciosamente, desejando fazer alguma coisa pra arrancar aquela tristeza do olhar sempre tão alegre de seu capitão. ― E o Shanks irá entender o motivo pelo qual eu o deixei cair.

Nami sorriu, vendo que o garoto começava a melhora sua feição.

― Hai. ― Ela passou a encarar a cascata também. Suas pernas dobradas rente à seu tronco e seus braços as abraçando.

Começava a esfriar e estar apenas com um mini-short e a parte de cima do biquíni não a ajudavam em nada com relação a isso.

― Nami... ― Luffy sussurrou, encarando o chão.

― Sim...

― Eu senti muito medo lá... De te perder... ― Ele a olhou, enxergando a expressão surpresa da ruiva. ― Eu acho que não estou preparado pra perder nenhum de vocês. Principalmente... Você. ― Voltou a encarar o chão, um pouco receoso com o que tinha acabado de falar.

Por que dissera aquilo mesmo?

― Luffy... Eu não... Não sei o que dizer. ― Ela cortava as frases, ainda surpresa com a declaração do moreninho. ― O que... O quê quer dizer com isso? ― Questionou esperançosa e se discriminando por isso.

― Eu... Eu não sei. ― Ele olhou, confuso, a garota.

― Ora... Seu idiota... ― Ela desviou o olhar e sorriu de canto. Talvez realmente fosse correspondida. O problema é que seu capitão era tapado o suficiente para não compreender aquilo.

― Desculpa. Não quis te deixar brava. ― Fez um biquinho arrependido. ― Tenho que ver o Chopper na enfermaria quando nos encontrarmos com eles. Acho que estou doente. ― Ele constatou. Estava estranho demais pro gosto dele. Só podia ser alguma doença.

Nami riu abertamente, o que deixou o moreninho ainda mais confuso.

Ela se aproximou sorrindo do rosto de Luffy, fazendo-o prender a respiração sem saber o que esperar ou fazer.

― Acho que você não precisa de médico pra descobrir qual sua doença. ― A ruiva sussurrou provocativa agora com seu rosto muito próximo do de seu capitão.

Luffy engoliu em seco sem se quer se dar conta disso. Não sabia por que, mas seus olhos não queriam sair dos lábios de Nami.

― Não? ― Sua voz saiu mais roca do que esperava. Logo entendeu que, por alguma razão desconhecida, aquela proximidade toda era perigosa. Embora ele não estivesse com um pingo de vontade de se afastar.

― Não. Eu posso diagnosticar e tratar essa doença com um ato bem simples. ― Ela sorriu maliciosa.

Ainda sem entender, em toda a sua santa inocência, Luffy permaneceu com seu rosto colado ao de sua navegadora, agora com sua respiração mais pesada que o normal. Aquele cheiro cítrico que emanava dos cabelos da ruiva estava o deixando como um verdadeiro embriagado. Será que era assim que Zoro ficava quando raramente extrapolava seus limites para com o álcool?

Não... Aquilo ali parecia muito mais agradável.

― E... Qual é? ― Ele questionou sentindo as pontas dos narizes de ambos se tocarem agora definitivamente perdendo sua razão, a qual já não costumava ser muita.

― Esse. ― Finalmente Nami cortou a mínima distância que existia entre os lábios dela dos de Luffy.

Logo de início, ficara completamente sem reação. Aquilo era definitivamente um beijo. Ele podia não saber o que era muitas coisas, mas aquilo sabia o que era e o que significava. Quando era pequeno, vira um casal de namorados se beijando num banquinho qualquer da Vila Fuschia e perguntara a Makino o que era que eles estavam fazendo. A moça tentou explicar da forma mais compreensível possível para o garotinho e parecia que o mesmo havia entendido. Embora ele continuasse achando aquilo nojento, mesmo depois da explicação doce e romântica de sua amiga.

No entanto... Aquilo agora lhe parecia muito mais agradável do que imaginara. Por puro instinto fechou os olhos, entreabriu a boca e deixou-se levar pela condução de Nami, gostando de saborear cada cantinho que sua língua alcançava naquele espaço nunca antes explorado por ele.

O beijo durara alguns segundos e depois, infelizmente por falta de ar, tiveram que se separar.

Luffy encarou a ruiva com sua testa encostada na da mesma.

― Nami... O quê... ― Tentou falar, mas foi silenciado pelos dedos finos da ruiva em seus lábios. Ela sorria.

― Shiu. Não estraga o momento. Idiota. ― Oh, aquele idiota tinha saído muito mais terno e suave do que todos os outros que ele já ouvira proferidos por ela.

Já que não tinha muito que dizer, automaticamente juntou seus lábios com os dela novamente. Queria experimentar mais daquele sabor. Daquela sensação. Voltou a explorar a boca da ruiva com impetuosidade, agora de forma mais intensa.

Com certeza ele aprendia muito rápido.

Eles não faziam ideia do que aquilo mudaria dali pra frente. Mas dane-se. Eles descobririam depois.

―X―X―X―X―X―

Logo que o dia clareara, Nami e Luffy partiram da caverna. Precisavam descer tudo aquilo e ainda procurar por seus nakamas.

Nami estava satisfeita, finalmente tinha conseguido o que estava almejando por alguns bons meses. Luffy tinha um sorriso bobo na cara enquanto desciam o cânion. Com certeza aquela era a melhor doença que ele poderia ter desejado pegar.

Contudo, no momento, os dois caminhavam à beira do rio corrente, já na parte mais baixa, seguindo para a densa floresta. Queriam encontrar seus companheiros de uma vez e irem para o Sunny Go. Precisavam de um banho e de comida. Muita comida. O estômago de Luffy não parava de roncar e ele de resmungar por isso. Aquilo já estava tirando Nami do sério.

Por mais que agora tivessem dado um belo passo no relacionamento deles, ainda eram Luffy e Nami. Consequentemente... Agiam como Luffy e Nami.

― Se você não fizer nada para parar esse estômago eu juro que eu mesma paro! ― Ralhou ela irritada.

― Mas como vou fazer isso? Ele está pedindo por comida porque eu estou com fome... ― Ele reclamava tentando se justificar. Seu costumeiro bico choroso formava-se enquanto mais uma vez o amigo sem fundo dele roncava e ele colocava sua mão sobre o mesmo.

― Hurgh! ― A ruiva grunhiu impaciente, pedindo paciência a Deus porque se Ele lhe desse força matava o pobre coitado do garoto esfomeado e assim pararia aquele barulho irritante. ― Isso é culpa sua por ter feito a gente se perder ontem! Então não reclame!

Estava demorando pra ela jogar na cara... Então um sorriso travesso surgira nos lábios do capitão.

― Mas se a gente não tivesse se perdido não teria acontecido tudo o que aconteceu ontem de noite... ― Ele provocou.

Nami fez biquinho, tentando não dar o braço a torcer.

De repente, o idiota do Chapéu de Palha havia ficado mais esperto?

― Não tente sair ganhando dessa discussão. Idiota. ― Aquele xingamento havia saído mais “fofo” do que ela queria que saísse.

Ele riu da cara emburrada que ela fez logo em seguida, quando então ouviram vozes conhecidas.

― Oeeeee! Oeeeee! ― Chopper acenava com todos os outros Mugiwaras ao seu lado, correndo na direção dos dois amigos desaparecidos.

― Até que enfim encontramos vocês! Vocês desapareceram! ― Usopp dizia animadamente quando chegaram perto o suficiente do moreno e da ruiva.

― Ficamos preocupados! ― Sanji brigou diretamente com o capitão. ― O que diabos pensou que estava fazendo saindo correndo daquele jeito?! E ainda por cima fez a Nami-san ficar perdida com você! Seu borrachudo de merda! ― Deu-lhe um chute embainhado em haki do armamento. Queria que o garoto aprendesse a ser mais responsável à força.

― Achamos que vocês haviam caído no rio e se afogado. Ou batido a cabeça numa pedra e morrido. ― Robin disse em seu tom pessimista.

― Credo! Deus me livre das suas suposições, Robin! ― Nami pediu guarda ao Senhor depois de ouvir as palavras da amiga. Luffy apenas riu, mas ainda sentindo a dor do chute de Sanji.

― Yohohohohoho! Quase nem dormimos de tão preocupados. ― Brook afirmou, fazendo Franky concordar.

― Encontramos isso. Na margem do rio. Por isso ficamos preocupados. ― Zoro finalmente se pronunciara pegando o chapéu de palha já conhecido por todos da mochila às suas costas e entregando a Luffy.

― Meu chapéu! Eles encontraram meu chapéu, Nami! ― O moreninho saltava de alegria mostrando seu tesouro à navegadora que sorria contente pelo achado. ― Mina! Muito obrigado! Pensei que tinha perdido ele pra sempre. ― Colocara o chapéu sobre sua cabeça e agradecia sorrindo com os olhos marejados, realmente feliz.

― De nada. Mas o que aconteceu para você perdê-lo, Luffy? ― Usopp questionou extremamente curioso. Nunca que o capitão iria deixar seu chapéu cair de sua cabeça assim, do nada.

Enquanto caminhavam de volta ao Sunny, Luffy e Nami contaram tudo o que acontecera na tarde e noite anterior. Ocultando alguns detalhes, é claro. Todos ficaram extremamente apavorados com a ideia de perder Nami e como consequência Luffy teve que ouvir Sanji o xingando por todo o resto do percurso.

Ignorando os xingamentos do loiro, alguns minutos depois, Luffy pegou seu preciso chapéu em mãos com um enorme sorriso no rosto.

― O importante... ― Parou de caminhar, segurou a mão de Nami, o que fez todos também pararem, e colocou seu chapéu sobre a cabeça da ruiva, surpreendendo a todos, inclusive ela mesma. ― É que meus dois tesouros estão à salvo!

O sorriso dele aumentou e então novamente surpreendeu a navegadora abandonando um rápido selinho nos lábios da mesma.

Aquele ato provocou reações bem adversas.

Um cozinheiro xingando e correndo atrás do capitão; cinco pares de olhos totalmente esbugalhados de surpresa; um sorrisinho sapeca de certa morena; e uma navegadora mais vermelha que um pimentão maduro.

É... Seriam dias interessantes os próximos.


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Notas finais do capítulo

E então? Foi um bom presente ou foi um presente tosco, Bats? kkkkkkkk'
Fiquei a trd td escrevendo só pra vc! *u*
Espero que tenha gostado. :3
Críticas construtivas são sempre bem-vindas! Inclusive as suas, Bat-chan!