Double face escrita por Nymeria Martell


Capítulo 21
Cap. 21: Reencontro


Notas iniciais do capítulo

" Ninguém responde. Sinto-me desolada. Talvez se eu vir a Amanda pule no pescoço dela. Eu sei que no fundo ela não tem culpa alguma… Mas alguém deve ser culpado."



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Helen

Rick pega na minha mão e juntos entramos pela lateral. Havíamos distraído eles, corremos por entre as arvores e avistamos uma saída de emergência. Por uma incrível sorte a porta estava estragada e abriu facilmente por fora.

Rick sobe o degrau e se esguia para dentro. Sigo-o cautelosamente. Seguimos por um corredor branco e largo.

Rick para. Percebo uma porta de metal ao nosso lado. Mais a frente o corredor segue e faz uma curva.

− Será que entramos? – ele me pergunta – vê o sinal? – Apontando para uma placa, com uma caveira, escrito “danger” ele me encara.

Ele realmente espera uma decisão minha. Fico surpresa por isso… mas ao mesmo tempo me sinto importante. A maioria dos homens se acha mais inteligente e esperto que uma mulher… Pode ser que até sejam… mas devem mostrar que não. Não só para nos agradar, mas sim porque todas as mulheres merecem ser tratadas de um jeito grandioso.

− Sim. Acho que… se é perigoso, sinal que não é qualquer um que pode entrar… portanto, tem algo aí…

− Que não querem que todo mundo tenha contato! Será que… um laboratório?

− Amanda…

Adoro quando nossas engrenagens funcionam juntas. Parece que um completa o outro. Ele abre a porta, da uma espiada e me puxa.

Com certeza é um laboratório. Como estava vazio… não hesitemos em espionar.

Rick sai explorando as portas do cômodo. Sento-me na frente de um computador. Parece-me ser o principal.

Dou espaço tirando do descanso de tela. Vejo um programa desconhecido… algo completamente diferente de um PC normal… o navegador é estranho a mim.

− Rick! – Chamo-o.

Ele não me responde.

− Ricardo! – grito mais alto.

Nada.

Olho ao redor. Vejo uma porta aberta. Me levanto e vou até lá.

Dentro há uma salinha com varias TVs, todas mostram imagens do prédio. Me admiro que não tenha ninguém monitorando as câmeras. Rick esta sentado encarando uma tela especifica. Vou até ele.

− Qual o problema?

Observo a tal tela. Vejo uma cozinha. Raquel está lá. Ela tem uma faca e uma frigideira na mão, e está atacando todo mundo.

− Caramba… minha irmã é louca. Ela já fez a tal explosão, certo?

− Sim… − a voz de Rick está rouca… como se estiveste prestes a chorar. – Mas ela vai fazer uma maior.

− E qual o problema? Está próximo daqui?

− Não… infelizmente.

Viro sua cadeira e o seguro pelos ombros.

− Qual o problema? – Pergunto o chaqualhando. Se ela morrer, sei que você não se importaria!

− O problema é que… − Ele seca uma lagrima que escore. – ela vai causar a explosão na prisão… falta alguns minutos… não sei como ela conseguiu fazer ou achar uma bomba… o pessoal do prédio correu todo pra lá… − ele fala tão rápido e desesperado que quase não consigo acompanhar – Eu acho que ela está fazendo de propósito.− − Quem está lá? – Pergunto procurando a imagem nas câmeras.

− Lipe… e minha irmã.

− Luli? Ela está aqui? Mas como?

− E… Eu não sei. Se ela morrer…

Abraço-o forte.

− Ninguém vai morrer. Vai ficar tudo bem. OK?

Ele faz que sim coma cabeça querendo acreditar. Como se fosse uma criança pequena.

Procuro algum lugar de comunicação. Acho um alto falante que me conecta com todo o prédio.

Olho para Rick.

− E a Amanda… achou?

− Mandy está com ela. – Percebendo o que eu ia fazer ele conclui as respostas das perguntas que eu não fiz. – elas já estão saindo do prédio. Thais está esperando por elas na saída dos fundos… Vou arrumar nossa fuga… faça o que for necessário.

Ele sai triste, porém ciente.

Aperto o botão do alto falante… observo a câmera que aparece minha irmã.

− Raquel… eu não sei de que lado você está. Mas se ainda tem amor à vida… não exploda a prisão. E fique viva.

Vejo nas câmeras varias pessoas se dirigindo para cá. Não espero para ver o que Helen vai fazer. Saio correndo.

Rick estava me esperando na porta do laboratório. Corremos em direção à saída de emergência. Chegando lá nos damos de cara um pequeno imprevisto. Uma bomba acoplada à porta marcava trinta segundos para explodir.

Voltemos correndo. Passemos pela porta de metal e viremos à esquerda para dar de cara com quatro guardas vindo em nossa direção. Rick me puxa pelo caminho novamente, faltando muito pouco para os guardas nos pegarem… ele me empurra para dentro do laboratório, fecha a porta e ouvimos duas explosões. Uma atrás da outra. O prédio tremer, como se estivesse num terremoto.

Fiquemos quietos esperando o tremor passar. Mas pelo visto não vai ser assim tão fácil. O teto sobre nós começa a rachar.

− Temos que sair daqui agora! – Grito e mostro a Rick.

Ele acena com a cabeça e me puxa para outra sala. Entremos numa espécie de cabine de testes, sei lá. A salinha tinha uma cadeira parecida com a de dentistas, e uma coisa enorme por cima. Suponho que é para por a cabeça.

Ele empurra uma cadeira para perto da parede, onde há um duto de ar. Eu arranco a grade e entro.

− É seguro Rick? digo… por causa dessas explosões e tudo mais… − Minha voz sai num eco.

− Sim. Eu achei um mapa… Esse duto leve direto para o domo. Acredito que lá a coisa não esteja tão feia. – A voz dele parece distante. Viro para trás para ver.

− Rick! Você não vem?

− Depois… vai na frente. – Ele ponha a grade e sai do meu campo de visão.

Acreditando que ele tem um plano em mente. Sigo suas ordens.

Não demora muito… acabo saindo numa outra sala, tirando os buracos de bala na parede, está intacta.

Empurro a grade. Deparo-me com o seguinte problema: como vou sair daqui? Se eu me atirar, certamente irei bater a cabeça. E como o tuto é estreito… não tem como eu sair primeiro com as pernas. Volto de ré uns três metros e me viro na encruzilhada. Indo de ré novamente, chego até a saída. Segurando-me firme, ponho as pernas pelo lado de fora… mas acontece que no duto não tem nada para me agarrar. Acabo escorregando e caio, raspando a barriga na borda.

Minhas pernas se chocam contra o chão, perco o equilíbrio e ainda machuco minha bunda caindo de mau jeito num vaso de flor. Com as pernas doendo, a bunda amortecida e a barriga ardendo… saio da sala chegando ao domo. Bom… quase o domo. Como a cúpula em cima foi completamente destruída… não tem domo nenhum para contar a história. Exceto o esqueleto de ferro.

Cuido com os cacos de vidros pontudos. Saio pela porta da frente sem ser incomodada. Mas onde está todo mundo?

Saio correndo para a grama. Dou uma boa olhada no prédio em ruinas. Os lados foram completamente destruídos. Ouço vozes, berros na verdade, E fujo para a mata.

Continuo correndo, ofegando. Minha barriga, que já estava machucada, começa a doer. Dor por cima de dor. Não acho que aguentarei muito tempo.

Lembrando dos macacos loucos, hesito. E se eu der de cara com eles? Não conseguirei escapar viva. Lembro que Rick disse que Mandy ia sair pelos fundos. Talvez com elas terei mais chances.

Dou a volta e corro para a direção que acho ser a certa. Não demora muito e chego a um lago. Onde estou?

Ouço uns ruídos. Devem ser os macacos. Com certeza estou longe das meninas. Corro depressa seguindo o rio. Seja lá o que for… está vindo atrás de mim. Atravesso o rio e entro no meio da mata. Logo dou de cara com os macacos. Estavam todos em galhos baixos. Eles me encaram. Sem pensar direito… num surto de pânico, corro de volta pra de onde eu vim. Obviamente os macacos me seguem… Burra! Burra! Olha o que eu fui fazer!

Após terminar a passagem do rio, lembro que atravessei primeiramente para fugir de algo. Estou num beco sem saída. Corro junto com a correnteza. Fazendo plaf, plaf… na agua. Dou uma espiada para trás e vejo macacos saindo dos dois lados da mata. O que uma garota pode fazer numa hora dessas? Como alguns estão me seguindo pelo rio, eles não devem ter medi de agua… E macacos sobem em arvores também. Duas opções descartadas. Hora do plano C.

− SOCORRO! – Começo a gritar. Qualquer coisa é melhor que ser torturada por esses macacos. Ainda me lembro de como Lipe ficou… Sem falar que ele tem algum tipo de cura própria, se não… não teria sobrevivido.

Dou mais uma espiada para trás. Nesse tempo acabo batendo fortemente em alguma coisa e caio na pedra dura e gelada do rio.

Olho para ver no que bati. Inicialmente, não vejo nada. Até perceber que acabei derrubando a tal coisa também. Sento-me. Ainda meio grogue por causa da pancada. Vejo Luli na minha frente. Numa posição muito engraçada. Ela acabou caindo com a bunda numa parte profunda. Parecia meio atolada.

Uma pantera sai da mata a minha direita e ataca os macacos. Thais.

Ajudo Luli a se levantar. Pelo menos ela está viva. Atrás dela vejo Lipe sair correndo com minha irmã no colo. Ele a coloca sobre a margem, vendo que Thais está para proteger-nos, ele se sente mais calmo.

Aproximo-me de minha irmã.

− O que ouve? – Pergunto desesperada. Mesmo já esperando que algo aconteceria com ela… ver é bem diferente.

− Achei… ela… assim… − Ele recuperava o folego. – Saímos… a tempo… da… explosão. Cadê… o Rick?

− Eu… não sei. Separemo-nos faz um tempo.

Luli olha aflita pra mim. Obviamente deve estar em estado de choque.

Sentemos na beira do rio, onde fazia sol. Não demora muito para que os macacos fugissem. Thais volta à forma humana. Ninguém liga para sua nudez no momento.

− Cadê elas? – Pergunto.

Ela pede por algo para se cobrir. Olhemos em volta. Não há nada. Lipe está só cum uma calça, muito, mas muito rasgada. Que não sei aonde ele achou. Eu e Luli… se tirarmos alguma peça de roupa iriamos ficar expostas.

− Provavelmente Rick deve estar morto. Me passe sua blusa.

Faço cara feia pra ela. Luli começa a chorar baixinho. Meu rancor vai emborra e lagrimas começam a escorrer no meu rosto por imaginar uma vida sem ele. Lipe começa a falar palavrões para Thais. Ela arranca minha blusa. Sem reação… não a impeço.

− Vamos encontrar as Amandas ou não? É esse o nome delas certo?

Ninguém responde. Sinto-me desolada. Talvez se eu vir a Amanda pule no pescoço dela. Eu sei que no fundo ela não tem culpa alguma… Mas alguém deve ser culpado.

Nem mesmo Lipe faz algum gesto. Ele fica sentado olhando para o rio. Luli começa a soluçar. Agora o clima pesa de vez.

Thais sai e nos deixa ali. Abraço minha cunhada. Juntas, choremos pelo Rick. Acabo percebendo que estou mais preocupada com ele do que com minha própria irmã. Nem me dei o trabalho de ver se ela estava viva.

Ouvimos passos.

− Macacos? – Pergunto assustada.

− Acho que não. – Lipe se ergue num pulo e se vira no mesmo instante em que Rick, Mandy, Thais e Amanda saem da mata.

Todos nós nos levantamos. Estava prestes a acontecer àquela cena fofa de reencontro. Todo mundo se abraçando, chorando aliviado… e contando seus temores. Mas pelo visto. Essa história está longe de ter um final feliz.

Antes que qualquer um de nós pudéssemos se mexer. Ouvimos um som de alguém se afogando. Todos viremo-nos espantados para o lado. Como ninguém prestou atenção. Acabemos deixando as despercebidas. Helen se curvava vomitando sangue. Minha blusa no corpo dela estava toda ensopada. Ao seu lado… Raquel segurava uma faca ensanguentada na mão. Thais cai no rio. Morta. Raquel olha para nós. Como se estivesse prestes a escolher o próximo. Mas ninguém poderia imaginar o que iria acontecer.

Amanda, a original, pula sobre Lipe derrubando-o no rio. Tira uma arma do decote e mira na cabeça dele.

− Bye, bye… Baby. – E atira.


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Notas finais do capítulo

Próximo cap.:"− Faça o que quiser… eu não me importo. – Dizendo isso ele sai. Sem derramar nenhuma lagrima. Vou atrás dele, não pra para-lo. Mas para caminharmos juntos. Não ligo pro que irá acontecer. Na verdade até ligo… Mas no final, vai dar na mesma."



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