Diana's The Adventures escrita por LivWoods


Capítulo 19
Capítulo 18 - Aparecidos.




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A COMANDANTE VALQUÍRIA ESTAVA SENTADA EM SUA HABITUAL CADEIRA, assistindo mais um de seus combates. Uma de suas mãos estava apoiada no rosto, parecia entediada. A luta que ocorria no seu salão era de um antigo general capturado por seu exército contra outro general inimigo também capturado. Eles faziam movimento lerdos e lentos, o combate não parecia satisfazer a comandante que começava a bocejar. Gerad perguntou se ela não estava se divertindo. Ela negou revelando que lutas com guerreiros fracos são entediantes, os movimentos eram fracos e sem expectativas. Pessoas como esses lutadores mereciam morrer, foi o que ela disse. Gerad informou que a luta já estava terminando e o primeiro general conseguiu vencer. Ela soltou um suspiro entediante, quando um de seus soldados jogaram uma garota loira a seus pés. Era mais uma prisioneira como todos os outros sem nenhuma surpresa, pensou. A loira possuía lindos olhos azuis, estava com o rosto corado de tanta raiva. Ela se levantou rapidamente roubando a faca do homem corpulento a sua frente, cravando-a no braço do homem. Valquíria se surpreendeu. Normalmente os prisioneiros não tinham esse tipo de comportamento, chegavam tão devastados e quebrados que pouco tinham vontade de lutar, clamavam pela morte. Mas essa parecia querer viver a todo custo e pra quê? Ela encarou a jovem com olhares atentos, possuía roupas da realeza, deveria ser outra princesa. Corria bastante rápido, mas era sempre encurralada pelos soldados que riam do desespero dela. O homem esfaqueado retirou a lamina de seu braço e jogou no chão, ele seguiu em direção a ela e ergueu o braço para depositar um violento tapa. Valquíria segurou sua mão impedindo-o. Ela caminhou até a menina de aparência jovial de dezesseis luas que apresentava um semblante furioso. 

 

O homem que ela impediu começou a falar: Encontramos ela pelas redondezas, dizia procurar sua irmã. Claro que iríamos capturar, porém, ela tentou lutar para se soltar. Pode parecer não saber fazer nada, mas ela corre rápido feito um cavalo. Ela possui uma agilidade boa, disse o soldado. Achamos que seria de seu agrado.

 

— Entendo - disse Valquíria enquanto fitava a garota. - Parece ser... divertida - Valquíria se abaixou inquirindo o nome para a garota que nada respondeu, virando o rosto para o outro lado. - Teimosa não é? Parece que vou ter que treina-la para deixar bastante obediente aos meus comandos. Leva-na para meus aposentos, estou precisando tirar meu tédio.

 

Valquíria resolveu ir para as fontes termais onde poderia tomar um bom banho quente para relaxar as tensões de seu corpo. A pele alva ficava levemente corada com aquela água quente. Não demorou muito a voltar para seus aposentos e encontrar a menina amarrada tentando se soltar. Eu não faria isso se fosse você, disse Valquíria. Aqui na base, se os soldados encontram algum prisioneiro perambulando por aí, eles exercem sua própria forma de tortura e por você ser uma garota, será violentada por todos eles. Então deveria continuar sentada aí, a comandante ia em direção a nova capturada. Valquíria usava roupas leves e frescas, havia tirado seu traje de comandante. Cortou as cordas facilmente e a garota se afastou dela tentando fugir, porém, lembrou das palavras da mulher atrás dela. 

 

— Parece não ser tão ingênua quanto pensei que fosse - sorriu de lado, sentando na cama.

 

— E o que devo fazer para sair daqui? - indagou a menina.

 

— Ora, ora... você fala - debochou Valquíria. - Primeiro, qual o seu nome?

 

— Íris! Agora responda como saio daqui.

 

— Esse é seu nome? É um belo nome - deu um meio sorriso. -  Respondendo sua pergunta, é muito simples, você não saí! E se sair é porque morreu - Valquíria deu uma piscadela. - Seria um desperdício matar você agora. Justo quando só posso ter você como brinquedo já que tenho que manter uma das minhas prisioneiras vivas - suspirou. - Deve está se sentindo imunda com esse tipo de roupa e completamente suja. Lave-se. 

 

Íris estava desconfiada. Parecia ser uma maldição sobre a família, pois alguém sempre era raptada. Primeiro Sapphire e agora ela. Como poderia ajudar a irmã quando ela mesma estava presa nesse local? Sapphire já fora sequestrada por um guerreiro chamado Darius... porém, fora salva por Diana, não fizeram nada com ela. E seu pai possuía uma suspeita de quem seria seu raptor. E quanto a ela? Ninguém imaginava onde ela estava. Foi um erro achar que poderia encontrar Sapphire e traze-la para casa. 

 

— Vamos, ande! - disse Valquíria despertando a jovem de seus devaneios. Apontou para o local onde ela poderia se lavar. Íris assim fez, pois estava imunda, seu rosto estava coberto por sujeira, seu vestido estava rasgado em alguns lugares. Precisava mesmo de um banho.

O banho não demorou muito, a princesa havia retornado e trajava um vestido de lã branca deixando os braços nus. O aroma estava impecável, um doce aroma de flores do campo. Valquíria observou melhor o rosto da ''convidada'' e lembrou imediatamente daquele olhar. 

 

''Sim, só pode ser a irmã da princesa. Eu queria manipular um coelho e acabo com dois nas mãos" seu sorriso felino, sua marca registrava brilhava. Poderia usar Íris para seus planos, ao menos era o que pensava.

 

— Obrigado, você está sendo muito gentil. 

 

"Não imagina que por trás dessa falsa gentileza, existe um plano de tortura a sua espera" pensou.

 

 Então, não gostaria de beber alguma coisa? Vinho? - Valquíria levantou-se enchendo um copo e a outra recusou dizendo que estava tudo bem. - Você parece está preocupada Íris.

 

— Ah, estou. Minha irmã foi levada por alguém e eu preciso resgata-la, porém, acabei em uma situação parecida.

 

— Entendo - disse ao beber o vinho. - Parece ser bastante corajosa por viajar sozinha nessas terras, quando há forte perigo. Quando queremos algo e tenhamos forças para encontrar o que desejamos sem ser um pobre fraco, iremos encontrar, certo?

 

— Você está certa - disse Íris se convencendo que talvez aquela mulher a sua frente possa ser boa, diferente dos raptores que Sapphire lhes contava. - Eu gostaria de lhe pedir algo.

 

Valquíria sentou-se em uma cadeira de frente para a garota que sentava-se na sua cama. Estava com as maçãs do rosto levemente corada. A comandante inclinou-se para frente.

 

— Hmm... então diga-me o que é? Você terá toda a minha atenção - falou encarando a jovem que corou mais ainda. Valquíria era uma mulher muito bela e conseguia manipular todos ao seu redor quando queria. Um de seus antigos métodos, porém, eficazes, era conseguir a confiança da presa, fazer ela adorar você e depois despedaça-la como um inseto. Até hoje vinha se mostrado muito eficaz. E tinha um grande bônus receber o olhar de decepção da vítima e poder tortura-la depois.

 

"Ela mordeu a isca." pensou. 

 

— Eu preciso que me liberte, para procurar a minha irmã! Ela pode estar correndo perigo.

 

— E daí? - disse sem compreender.

 

— E daí que preciso sair daqui, ela é a minha única irmã, minha melhor amiga e cuidou de mim quando eu era pequena... você parece ser uma pessoa boa, achei que poderia me ajudar a encontra-la e nos livrar desses soldados idiotas. Você entende o que quero dizer?

 

— Não, eu não entendo. Você faz ideia do que acaba de me pedir? Esses homens são meus aliados. Se sua irmã foi capturada sem reagir é porque era para ser capturada. Você tentou salvar sua vida para salvar a dela. Estamos em épocas que você deve escolher de que lado pretende estar, se você é um caçador ou a presa. Não conhece a lei da sobrevivência princesa? Acho que no reino não se faz nada além de procurar um bom marido - Valquíria retomou a beber seu vinho e Íris falou:

 

— Como pode dizer tais palavras frívolas, sem importância alguma? Jamais teve alguém que se importasse? Que desejasse sua segurança acima de tudo?

 

Valquíria retornou a fita-la. 

 

— Não entendo seus sentimentos fúteis, Íris, são vagos para mim. Se não são capazes de sobreviver, porque eu devo desejar a segurança deles? Você chegou até aqui sendo uma princesa como é, arriscou sua vida para salvar sua irmã, há uma chama, pequena, porém existente em você que conseguiu fazê-la sobreviver. E aí você conseguiu, me fez impedir meu soldado de violentar você. Só está aqui segura por ter força de vontade.

 

— Então prefiro ir para a cela onde deveria ser o meu lugar a continuar aqui dividindo esse cômodo com uma pessoa que não possuí entendimento dos sentimentos básicos dos humanos - Íris levantou olhando-a com fúria. 

 

"Eu estava certa, ela é realmente divertida."

 

 Não confunda as coisas Íris! Aqui você fará as minhas vontades. E quando menos esperar... - disse ao sussurrar no ouvido da moça. - Estará fazendo o que quero.

 

— Eu nunca farei nada além das minhas vontades!

 

— Como esperado, uma teimosa - disse Valquíria. - Bom, podemos conversar mais sobre isso amanhã. Estou cansada. Devemos dormir agora.

 

A garota suspirou - Só por curiosidade... onde eu irei dormir?

 

— Aqui... comigo - Valquíria disse puxando a garota para sentar-se novamente na cama. - Onde achou que dormiria? 

 

"Hum... está prometida em casamento. Uma virgem." pensou ao observar o anel no dedo da garota.

 

Achei que dormiria em uma cela, não é assim que fazem nos raptos?

 

Esse é um rapto diferente.

 

Naquela hora Valquíria queria torturar a jovem usando seus novos métodos. Entretanto, por um momento, um curto momento refletiu sobre a frase da jovem a sua frente. Não chegava a ter o dobro da sua idade, porém deveria ser cerca de catorze anos mais velha do que a fedelha que estava deitada em sua cama. Os cabelos loiros brilhavam como o sol e a pele era macia e branca. Sapphire e Íris tinham belezas diferentes demais. A voz suave da loira ecoava em seus ouvidos: "Jamais teve alguém com quem se importasse?"

Não, nunca teve alguém para se importar, pois era muito nova quando todos da sua aldeia foram massacrados pelos Orcs. Nunca teve alguém para se importar e nunca teve alguém que se importasse com ela. Aprendeu que tais sentimentos eram fraquezas e decidiu bani-los de sua vida. Nunca teve relacionamentos, não Valquíria, homens ou mulheres que deitavam em sua cama -raramente, pois não entendia o funcionamento daquilo- eram somente bichinhos de estimação. Esses sentimentos eram bestiais, instintos animalescos. 

 

Deixou a jovem dormir em sua cama e resolveu caminhar um pouco. Íris não fazia ideia que sua irmã estava tão perto quanto podia imaginar. Sapphire estava acorrentada em sua cela, seu velho companheiro de prisão havia sido morto a alguns dias. Estava solitária naquele lugar. Valquíria não conseguia tirar aqueles pensamentos da cabeça, precisava de algo para relaxar e esquecer a frase da outra. Dirigiu-se até sua sala dos horrores. Quando abriu a porta, o vão era enorme, pessoas gritavam e imploravam para que morressem logo. Ela abriu um sorriso e passou pelos seus instrumentos mortais. Ao lado direito encontrava-se um homem em uma espécie de banheira de madeira, onde só podia ser visto o seu rosto que estava pintado com leite e mel. As moscas e larvas começavam a cobri-lhe o rosto, já havia sido alimentado naquele dia, cerca de seis vezes e em breve estaria morto sendo devorado pelas larvas e vermes por todo seu corpo. Era uma técnica desesperadora para o condenado, dezessete dias de puro sofrimento. Ela continuou andando e mais adiante estava outro homem com um instrumento de tortura que consistia num aparelho de metal com duas extremidades opostas, como a ponta de um garfo nos dois lados. Aquele garfo era colocado entre o pescoço da vítima, envolvida por uma cinta de couro. Onde impedia que a mesma dormisse ou comesse. Se por acaso ela caísse no sono, seria perfurado na garganta e no esterno - osso humano -. Era uma tortura que mais tarde seria utilizada pelos Hereges. A sua esquerda encontrava-se outro instrumento, chamado de "Donzela de ferro" onde Valquíria colocava suas vítimas para serem esmagadas pelos espinhos. Mais adiante na mesma direção, encontrava-se, o esticador, que era projetado para deslocar todas as juntas do corpo do condenado. Uma mulher encontrava-se nua, amarrada por duas cordas fixas no corpo, os soldados puxavam lentamente e seus gritos eram como músicas. Eles continuavam a girar a roda até que os membros da mulher fossem arrancados do corpo. Um de seus favoritos era a tortura da serra. A vítima era colocada suspensa de cabeça para baixo, e cerrada de cima para baixo (dos pés à cabeça). Até a altura do abdômen, onde a maioria das vítimas continuava consciente, devido o sangue correr para a cabeça. Somente os gritos angustiantes daquelas pessoas afastavam os pensamentos de sua mente. Uma presença despertou-lhe a atenção. Conhecia muito bem aqueles passos. 

 

— Achei que não apareceria nunca - disse Valquíria para a pessoa atrás dela. - Demorou para chegar aqui. 

 

— Eu sei. Antes tarde do que nunca - disse a pessoa.

 

— Não se preocupe, você não chegou tarde demais para a festinha. 

 

— Ainda bem. Ainda continua torturando, você não mudou nada. 

 

— O que posso fazer? Corpos humanos são... divertidos.

 

— Aposto que são. Eu só quero uma coisa... ver a minha irmã mais uma vez, como você me garantiu.

 

Valquíria virou-se para aquela pessoa. Deimos estava ali, em sua frente. Os cabelos brancos de antigamente estavam um pouco sujos e curtos. Possuía o mesmo olhar frio de Diana. Tinham o mesmo humor, personalidades parecidas, porém, quando era mais novo, era mais amistoso do que Diana. Agora, era nada além do que um homem frio e vingativo. Seus olhos eram azuis, assim como o da irmã. Era forte e repleto de cicatrizes pelo corpo, lutava extremamente bem, chegando a superar as técnicas do braço direito de Valquíria. Deimos era muito forte, ágil e perspicaz. 

 

— Logo, logo, você encontrará sua irmã Deimos, logo, logo.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoal, gostaram do surgimento dessa pessoa? E Valquíria, ficou muito pensativa hein...



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