Questão - O herói mais inteligente. escrita por cherrybomb


Capítulo 1
Capítulo Único.




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Finalmente, depois de ter tramado o mais difícil plano de sua vida mais cedo naquele dia e de colocá-lo em pratica salvando criancinhas de um incêndio na rodoviária de sua cidade, Charles Szasz se deitou em sua cama com o corpo todo dolorido e escasso. Um alívio profundo tomou seu corpo assim que ele adormeceu... Eram preciosas as noites em que conseguia voltar para casa depois de ajudar seu País.

O dia seguinte estava um pouco ensolarado e quente. Charles podia sentir a luz do sol tocar seu rosto de olhos fechados. Qual será a primeira coisa que um super-herói faz assim que acorda? Isso mesmo, ele liga o noticiário.

Que cookies ótimos Cassandra! Você arrasou hoje na cozinha” a mulher do tempo come um pedaço de biscoito e em seguida cortaram para o cara que usa blazer e camisa em cima e cueca debaixo da mesa, o redator. “Hoje o dia está ótimo telespectadores, cookies quentinhos aqui no estúdio e nenhuma noticia ruim. Obrigado, até o jornal da tarde”

Charles mal podia acreditar. Ligou o rádio de sua casa flutuante e ouviu as noticias: “Sem nenhum acidente, sem nenhum assalto pelo país hoje, isso mesmo...” E antes de terminar desligou com as mãos no cabelo e um sorriso no rosto.

—Será que Deus me deu um dia de folga? — E se vestiu tranquilamente.

Andou feliz por seu bairro, cumprimentando todos os seus vizinhos, fazendo carinho nos filhotes que encontrava bebendo água na rua. Até tomou um sorvete de chocolate. — Um de setembro do ano de 2263, meu primeiro dia de folga.

— Charles? Onde está a ficha que eu te pedi para você assinar pra que eu pudesse te demitir? VOCÊ FALTOU TRÊS MESES DE SEU TRABALHO, está sempre cansado demais... Você sabia que durante esses três meses que você simplesmente submergiu o filho da Oprah nasceu? Tiveram vários casos problemáticos que ainda não se resolveram, um tigre fugiu do zoológico... —Blábláblá. Foi isso que ele ouviu seu chefe dizer.

— Calma eu posso explicar tudo. Só não posso garantir que você não vai me achar maluco. — Ele deu um sorriso torto.

— A, é, então porque você não tenta? — Seu chefe, Senhor Valmont, puxou a cadeira da sorveteria e o olhou sarcástico esperando por uma desculpa esfarrapada.

— Bom Sr. Valmont, tudo parecia comum há exatos três meses atrás, quando luzes apareceram, não luzes ofuscantes e, sim estranhos feixes de uma luz amarela que não parava de se mexer. Ouvi pessoas gritando e correndo na rua na direção contraria de tudo aquilo, até uma mulher que dizia “ETs LEVARAM A MINHA FILHA!” e corria pela rua tropeçando em si mesma. Logo percebendo que aquele dia estava perfeito demais e que nunca tomaria um sorvete outra vez, não com toda aquela responsabilidade. Coloquei meu sobretudo marrom de sempre e corri em direção as ruas, mas avistei uma nave gigante bem na frente de casa, preta e redonda como as outras. Muito bonita e brilhava como se tivesse sido preparada para o grande dia. Um feixe de luz seguia uma mulher na rua e ela corria rápido, então eu rapidamente calculei os metros em que a moça estava e a velocidade do raio de luz então consegui puxá-la com toda a força que pude para meu peito e a tirei do caminho. “ELES ESTÃO. PEGANDO AS PESSOAS! SOCORRO! SOCORRO! “Ela gritava desesperada, e uma nave chegou do céu como um meteoro caindo no horizonte, mas perto o suficiente para que nós ouvíssemos o barulho e o estrago da colisão. Muitas pessoas mortas!

“O disco voador que estava na frente da minha casa parecia... Hum, adormecido, e logo outro com magnífica cor assim como a adormecida estacionou esmagando qualquer coisa que estivesse sob sua cauda e destruiu pelo menos cinqüenta casas incluindo um supermercado. “ Este é o nosso fim” Eu realmente pensei. Corri em direção aquele disco voador o mais rápido que consegui e me joguei no meio de caixas de veludo daquela escuridão vasta e abafada... Três. Dois. Um. A nave decolou e eu me vi espremido no canto da parede, com muito, muito medo. Alguns alienígenas passaram e, eles eram de um verde-aguado e escorregadios, suas patinhas com dedinhos nojentos... E BOOM! Todo o planeta que eu conhecia foi visto explodir por meus olhos azuis e pobres...

“Horas depois com muita fome, eu saí daquele lugar e com muito cuidado vasculhei o local com os olhos, e depois dei uma volta por uma sala muito parecida á uma cozinha, onde só tinham plantas. Muitas plantas. Comi todo aquele mato em um ato de desespero e depois quase vomitei. Nem tinha um salzinho para viajem. Um pouco de azeite pelo menos...? Escondi-me debaixo de uma mesa e durante um mês, todos os dias eu saia alguns minutos e comia um dos insetos que traziam e jogavam ali. Mosquitos, formigas, mas nada me deu mais gastura do que comer aranhas todos os dias!

Szasz fez cara de nojo e sacudiu um pouco o rosto como quem queria esquecer o gosto daquilo. — Depois de muita curiosidade e muito tempo observando aqueles seres da escuridão, calculei precisamente o tamanho daquela espaçonave, que deveria ter cem quilômetros de extensão, e cheguei à conclusão de que deveria sair quando eles estivessem distraídos, o que acontecia bastante... Explorei os compartimentos inferiores e andei por toda a nave. Engraçado como eles não eram tão inteligentes e ficavam apenas vagando pelas paredes durante bastante tempo... Passei por uma escada gelada e escura como uma sombra e cheguei à sala de comando, com grandes painéis e pequenos botões brilhantes de cores douradas e vermelhas. Um grande quadrado prateado, como uma maquina de lavar.

—Wow. — Valmont disse para ele de olhos arregalados.

— Exato! Foi o que eu disse quando assobiei olhando as estrelas e aquela imensidão escura azul e roxa bem na minha frente! O Universo e Tudo Mais... Foi quando detectei a presença de alguém e ouvi uma voz dizer “Humano?!” Com um salto olhei para trás e ao meu redor. E adivinha? Um daqueles alienígenas estava na parede, andando rapidamente e mostrando a língua, tinha olhos cor de cobre e um corpo marrom e amarelo. “Sério? ETs são lagartixas gigantes?” Não me contive de soltar uma gargalhada. “Achei que tivesse aniquilado todos os humanos junto com o seu planetinha inofensivo e infeliz.” Aquele bicho disse, e eu perguntei “Quem é você?” e o bichano: “Eu sou Leonard Denegry, o criador de todos os planetas. E se criei um planeta eu posso destruí-lo também.”

—O Grande Criador do universo é uma lagartixa? Olha, essa é a revelação mais bacana que eu já vi, sem duvidas, como a azeitona da minha empada. — E então o Sr Valmont deu risada.

— “Pode rir terráqueo nojento, você será apagado. Assim com esse seu ego pobre, tenho que dizer. “ Foi o que o lagarto me disse. “É o meu uniforme. Sou um super herói.” — Charles se vangloriou.

— Super herói? Você está falando do Questão, que protege nosso país... —Perguntou seu chefe desconfiado.

—É! — Charles sorriu tranquilamente. — Então a lagartixa nojenta me perguntou “Qual seu super poder? Ser totalmente insignificante?” E correu muito rápida na expectativa de me engolir inteiro como se eu fosse uma barata. “Eu sou superinteligente, seu lagarto flácido.” E corri até aquela maquina enorme no meio da sala. Ouvi batidas no metal quase me esmagando, e vi uma tela igual... Mais ou menos como a de um microondas, onde coloquei o meu numero da sorte, 2003, e desmaiei. Horas depois, eu acordei deitado em uma estrada de terra, sem saber que diabos tinha ocorrido comigo. “Onde estava Leonard? Onde estavam as estrelas?” Pensei me levantando e avistei um homem andando. Perguntei onde eu estava muito assustado por ver outro humano. Achei que eu era o ultimo que tinha sobrevivido.

“Você está no Texas, dia um de setembro de 2003.” Ele respondeu e se foi... Obviamente, feliz demais por ter estado perdido no tempo por tantos dias e, acredite, o tempo é um ótimo lugar para se perder, saltitei alegremente para um restaurante lá próximo, observei uma mulher, que achei maravilhosa, — Charles pigarreou —comer um bife com batatas. A comida também era maravilhosa! Por isso sem perceber fiquei encarando o prato dela, até que ela me chamasse para comer junto, com pena. “Oi eu sou Margaret, e você?” Ela perguntou sorrindo e passando suas batatas para mim. A senhorita tinha cabelo castanho claríssimo e longo até a cintura, olhos azuis e uma boca fina. Não daria mais que vinte e três anos á ela. Apaixonei-me no mesmo momento em que dividimos nossa primeira batata.

“Então assim eu fiquei me sentindo a semana inteira, permeando as teias da minha inexistência e da dor que senti quando pensei que tivesse perdido minha casa para sempre, boiando em minhas marés, girando com meu peso diretamente para o inferno. A fratura sempre retornava; uma desajustada dor, distante e melancólica. Mas passava toda vez que eu a via.

— Que via Margaret? —Senhor Valmont parecia comovido.

— Que via aquelas batatas fritas! Ora, o que supera batatas fritas? Mas Mag era incrível também, eu tinha viajado sobre o tempo, as suas marés eram dias retrocedendo. Mas tudo passava quando eu a via dando rápidos passos finos, finos como um único fio de cabelo ao longo de uma paisagem. Margaret adorava ouvir sobre Leonard, o maior benfeitor do Universo, Ele era brilhante? Claro que sim. Mas ele era só uma lagartixa gigante? Certamente. Ele era o maior engenheiro de sua geração e de todas as outras? Sem duvida. Mas ele possuía por conta disso um pavio muito curto...

“Enfim, belo dia, em que eu conversava comigo mesmo, uma de minhas mazelas, eu resolvi depois de semanas usar o meu super poder para criar algo parecido com o que eu vi na Ferrari-nave de Leonard e criei uma maquina do tempo usando apenas uma batata, um lápis, um radio e um violão.

— Espere! Um violão? — Valmont estava cheio de comoção por Charles ter voado clandestinamente naquele óvni.

—Patrão, não subestime o poder de uma boa musica. — Deu de ombros e continuou. — Por coincidência voltei exatamente para o dia trinta e um de agosto de 2263, o dia anterior em que a Terra foi destruída. Foi uma missão muito difícil se quer saber! Mas eu fui GENIAL! Antes de ter saído da BMW-nave de Leonard, meu caro Valmont, eu tinha espalhado um vírus mortal em todos os lugares, então, exatamente hoje, que foi novamente o dia um de setembro de 2263, nada aconteceu. Eu exterminei todos os alienígenas dentro de sua nave. Foi brilhante e cômico ao mesmo tempo, esperar aqui tomando um sorvete enquanto converso com você sobre o nascimento do filho da Oprah, saber que neste exato momento, se eu não tivesse interferido, você já estaria morto, assim como a humanidade. Logo eu, um ser humano, que foi tão superestimado por aquela lagartixa mole. E a propósito, não tem de que.

— Bravo, bravo! — Sr. Valmont bateu palmas e depois se levantou da mesa. — Você devia receber um prêmio... DA MELHOR DESCULPA DO MUNDO PARA NÃO IR TRABALHAR SEU LOROTEIRO DE MEIA TIJELA! VOLTE JÁ PARA O SEU ESCRITORIO, AQUELES CRIMES NÃO VÃO SE RESOLVER SOZINHOS, DETETIVE SZASZ.

E saiu irritado com seu funcionário, batendo o pé. Charles Szasz deu uma risada orgulhosa e levantou indo em direção ao seu escritório.


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