Procura-se Namorado Para Granger escrita por they call me hell


Capítulo 8
Varinhas em Punhos


Notas iniciais do capítulo

Já fazem três anos que deixei de atualizar minhas diversas histórias por conta de mudanças, trabalho, estudos e outros afazeres pessoais. Porém, essa semana me motivei a retomar todos os projetos e dar-lhes vida de novo. Espero que gostem. ♥



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— 8 —

VARINHAS EM PUNHOS

 

Assim que o expresso parou próximo aos portões de Hogwarts, o clima alegre dos vagões dissipou-se de imediato. Enquanto todos recolhiam os seus pertences e rumavam para os corredores do trem, podia-se ouvir a voz de Hagrid dizendo olá aos seus velhos conhecidos. Já era noite, todos constataram ao avistar o céu do lado de fora, e o passeio nos barcos pelo Lago Negro era lembrança nítida na mente de muitos. Era impossível estar ali e não reviver recordações. Ao mesmo tempo em que o guardador das chaves adiantava-se em um tom alto, era possível avistar McGonagall com uma expressão rígida como sempre a aguardar os visitantes. Quando o grupo de adultos se aglomerou, ela forçou um sorriso.

— Boa noite — Sua voz não passou de um sussurro. — Sigam-me por aqui.

E então, todos o fizeram até chegarem em uma clareira a poucos metros dali. Nenhuma palavra precisou ser dita. Um a um, os bruxos começaram a aparatar para o hall do castelo, sendo aquele um ponto único que permitia tal feito. Uma vez que todos encontravam-se juntos outra vez, sentiram falta de ouvir os sons abafados do Salão Principal. Eram férias e os alunos estavam em suas casas, com suas famílias, longe de tudo aquilo. Seria caótico se todos os anos os novos alunos aguardassem por aquele momento, afinal. Hermione, como os seus dois melhores amigos, não sentia-se nada confortável com isso; mas preferia lidar com a admiração das crianças do que com a bajulação dos adultos quando a reconheciam em algum lugar. Os apertos de mão eram sempre exagerados, bem como as frases ouvidas. E, afinal, ela não podia culpá-los por isso.

Logo McGonagall avançou alguns passos e as largas portas do Salão se abriram. O grupo finalmente avistou o céu estrelado refletido no teto outra vez. Uma chuva de aplausos poderia ser ouvida ali, se outro momento fosse.

— Hoje, como muitos de vocês já sabem, é o dia em que celebramos a derrota de Voldemort e honramos aqueles que partiram durante ela — McGonagall disse, por mais que tivesse certeza de que todos sabiam a razão de estarem ali. Tornara-se típico dela gostar de um bom discurso após tornar-se diretora de Hogwarts. — Peço que permaneçam em silêncio durante o próximo minuto.

De repente, todas as velas que sobrevoavam as cabeças se apagaram de uma só vez. A única iluminação que permanecia intacta era a do teto onde uma grande lua cheia destacava-se, permitindo que fosse possível distinguir algumas figuras na escuridão. Enquanto todos mantinham-se em silêncio, o minuto se passou lentamente e ao final dele, sem que nenhuma ordem precisasse ser dada, as velas se acenderam outra vez e o grupo partiu para o pátio externo onde ergueram suas varinhas e soltaram faíscas vermelhas, azuis e de todas as outras cores possíveis. Aquele era um ato simples, muito simples, mas sua intenção era cheia de significado.

Horas depois, de volta aos vagões do expresso, o clima continuava pesado. Hermione estava sentada em uma das cabines com Harry e Gina, a olhar a paisagem que passava pela janela. A lua avançava lá fora e dentro de algum tempo, pela manhã, estariam em Londres outra vez para retomarem as suas atividades cotidianas. Foi incomodada pelo silêncio que Gina resolveu quebrá-lo:

— Onde está Ron? — Perguntou com real curiosidade, fazendo Hermione desviar o foco pela primeira vez desde que haviam embarcado. — Não o vi desde que deixamos King's Cross.

Harry engoliu seco, mas ninguém percebeu isso. Não até que um suspiro escapasse dos seus lábios.

— Nós discutimos. Ao contrário do que eu havia imagino, Ron não concorda com a nossa ideia do casamento e foi relutante sobre isso.

"Relutante" era uma palavra modesta, Hermione tinha certeza disso. Conhecia muito bem o ruivo desde a sua infância, como amigo e interesse romântico, para saber que se ele não gostara da ideia, com certeza fora arrogante e, provavelmente, até agressivo sobre. Isso chateeou Gina mais do que ela gostaria de admitir. Quando conversara com o noivo sobre os planos de se casarem em alguns meses, em sua cabeça o irmão estaria ao seu lado tanto na organização dos preparativos quanto no grande dia. Não ter mais a certeza disso era como um grande golpe para o qual ela não estava preparada. Enquanto ela externava isso em palavras, Hermione reparou que alguém estava atrás da porta fechada da cabine. Não precisou de muito para saber quem era. Ronald já estava ali a criar coragem para entrar há algum tempo. Quando o silêncio se fez presente e as demais cabeças acompanharam a direção da de Hermione, ele abriu as portas sem jeito.

— Desculpe. — Sussurrou. Levaram-se vários instantes para que prosseguisse, talvez por estar procurando as melhores palavras para fazê-lo. — Eu me precipitei, desculpe.

Gina curvou os lábios em um pequeno sorriso ao ouvi-lo, assim como Harry.

— Por um momento fui egoísta e tolo. Apenas consegui imaginar que logo vocês deixariam a Toca e então ficariam cada vez mais distantes, assim como o Gui.

Isso era compreensível, é claro. Ninguém nunca o diria diretamente à ele, mas todos já haviam percebido como a nova vida de casado mudara Gui totalmente. Antes um figura presente na vida de seus pais e irmãos mais novos, desde que tivera a primeira filha apenas limitava-se a enviar corujas ocasionalmente e era exatamente isso que Ron temia. Pensando nisso, Harry sentiu-se igualmente egoísta e tolo por não tê-lo percebido. Tudo teria sido muito mais simples se ele tivesse afastado esse medo do amigo, deixando claro que tanto ele quanto Gina permaneceriam ali para sempre.

— Nós nunca faríamos isso. — Foi Gina quem finalizou, levantando-se para dar um abraço apertado no irmão. — Você será nosso padrinho, Ron, e nós seremos presentes na sua vida até o fim.

Ouvir isso o fez perceber que fora mesmo uma reação inadequada e o fez sentir vergonha. Quando Gina o soltou, foi a vez de Harry abraçá-lo e uma longa conversa iniciou-se a respeito, colocando-o a par de tudo o que já fora resolvido e o que faltava resolver-se. Quando o sono chegou com o início da madrugada, os assentos foram ampliados com acenos de varinha e logo tanto Gina, quanto Harry e Ron acomodavam-se, levando Hermione a retirar-se para fora da cabine. Sentia-se tão cansada quanto, mas aquele tipo de momento não a permitia sentir sono, tampouco dormir. As homenagens em Hogwarts, as lembranças que o castelo traziam... todas eram profundas demais para ela.

Caminhando silenciosamente pelo extenso corredor do trem, não demorou a avistar o carrinho de doces parado na porta de uma das cabines. Retirando algumas moedas do bolso do casaco, a morena comprou alguns sapos de chocolate. Eram a melhor coisa para afastar a sensação ruim de tristeza que a invadia. Na cabine paralela, ao olhar de relance, sentiu-se ainda mais confortada.

— Então Hermione não está dormindo.

— E faz um lanchinho noturno pelos corredores.

— Menos dez pontos para a Grifinória.

Eram os gêmeos Weasley e ela riu ao ouvi-los, entrando na cabine em que eles estavam e admirando - ainda que sem admitir - a genialidade transcrita nos papéis que eles liam. "Não ouse dizer nada sobre isso a ninguém", falara George. "Isso é assunto ultra secreto", completara Fred. Eles eram mesmo bruxos impressionantes, como podia-se ver ali nos projetos mais recentes de seus logros. Quando chegassem a Londres, haveria muito trabalho a ser feito, sem dúvidas.


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Notas finais do capítulo

Capítulo mais sério, sim, mas necessário. Os próximos virão com suas pitadas de humor ocasionais. Você é um leitor antigo? Um leitor novo? Deixe-me saber! ♥



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