Quatro de outubro, 2014

O primeiro dia- 6:00 A.M.

Cheguei no tal lugar ás seis da manhã. Como ainda faltava uma hora para o embarque, decidi sentar e tomar o café, enquanto lia um livro grande e de capa dura que falava sobre um detetive que tentava investigar o homem por trás de um Serial Killer britânico e seus crimes.

Não demorou muito até que avistei Cheren vindo em minha direção, ele estava acompanhado de outras duas garotas. Como elas estavam mais longe não identifiquem quem eram.

– Black! – White acelerou o passo e me abraçou com força. Minha cara deve ter ficado vermelha como um pimentão....

– Calma White! Até parece que viu um fantasma – Bianca, a energética e alegre menina loira disse dando risada.

– E vi! Fiquei tão feliz quando soube que iria participar também!

– Jura? E-eu também...

Chegaram mais algumas pessoas que não conhecia direito, mas sabia que eram líderes de ginásio. Todos que passavam por nós acenavam ou tentavam puxar conversa, não imaginava que pessoas tão importantes assim podiam ser simpáticas...

Dei uma boa olhada ao redor e notei que os únicos treinadores que podiam ser considerados “normais” eram nós quatro. É uma coisa bem estranha se você parar para pensar, mas mesmo assim não liguei muito para o assunto.

White e Bianca resolveram testar suas habilidades como treinadoras Pokémon batalhando uma contra a outra apesar de não ser uma boa ideia lutar no meio de um aeroporto... e das duas saberem muito bem disso, afinal, quando recebemos nossos inicias da Professora Juniper, elas resolveram fazer isso e quase destruíram meu quarto por inteiro.

Meu pai me deu um sermão na frente dos meus amigos e quase me fez devolver o Oshawott. Vendo aquilo, Cheren tentou assumir a culpa, mas minha mãe percebeu o truque e me fez limpar a bagunça até o chão e as paredes ficarem brilhando.

Voltando ao presente, White venceu a batalha quando só sobravam o Servine dela e a Munna da Bianca. Tenho que admitir que elas são ótimas treinadoras, muito melhores do que eu que sou capaz de tentar vencer um Charizard level 100 com um Squirtle level 5... Acredite, eu já fiz algo parecido.

Até onde me lembro, foi quando descobri que para vencer a Elite 4 precisava conseguir as oito insígnias da liga de Unova. Minha escola fez uma excursão até a cidade de Nimbasa e desafiei a líder da cidade usando somente um Lilipup level 8.

É claro que eu perdi feio, meu Pokémon desmaiou no primeiro golpe do oponente, achei que a líder ia rir de mim eternamente por ser tão burro assim, porém, ela foi legal comigo.

Devo ter melhorado um pouco como treinador desde então, mesmo que eu ainda não tenha nem tentado desafiar os Trigêmeos de Stration (por preguiça mesmo).

“Atenção passageiros do voo 447, com destino á ilha de Rokkenjima, favor comparecer ao guichê número três”

– Ah, é o nosso avião não é? – Perguntei ajeitando meu boné.

– É sim, vem logo Black! Ou vamos perder o voo – White disse me puxando e correndo loucamente até a escada rolante.

No meio daquela correria toda, acabei esbarrando em Skyla, a líder de ginásio do tipo voador da cidade de Mistralton. Pedi desculpas á ela e acabei perdendo White de vista.

– Droga! – Resmuguei – Agora só vou achar esse guichê de embarque ano que vem...

– Precisa de ajuda? – Ela disse sorrindo para mim – Vai ao torneio, nééé?

– É, vou... Pode me falar aonde pego o avião?

– Virando á direita depois da lanchonete, é a terceira porta, a azul.

– Obrigado!

– Não precisa agradecer! Eu também fiquei meio perdida.... – Ela respondeu dando risada – Meu senso de direção é péssimo.

Depois de um bom tempo, já estava no avião esperando a decolagem. White sentou do meu lado e ficou rindo de mim por eu ter me perdido sendo que estava tão perto do lugar que precisava ir.

Fiquei feliz que ela tenha me preferido para sentar junto em vez da Bianca. Cheren se sentou com ela, eu sempre vi os dois como um casal e por isso fiz um sorriso besta de orelha á orelha.

Encostei a cabeça na janela e acabei dormindo, só fui acordado algum tempo depois porque aconteceu uma pequena turbulência. Olhei para fora e vi como a terra estava distante, e como estávamos voando alto.

O avião deu mais uma chacoalhada e desse vez levei um susto enorme. Acabei gritando e todos os outros passageiros estavam olhando assustados para mim... Outro mico para a minha coleção.

– Seu bobo, o avião não vai cair! – White brincou, rindo com a mão na frente da boca.

– Eu nunca andei de avião, tá? E-e não deve ser só eu que está com medo....

– Na verdade é só você mesmo!

– Hahaha, tô brincando whitezinha! Não estou nem um pouco com medo!

– “Atenção, estamos passando por dificuldades, podemos cair a qualquer momento!”

– AI MEU DEUS. Entro em pânico agora ou.... – Percebi que era Bianca imitando a voz da aeromoça, agora tive que admitir que estava mesmo morrendo de medo.

– Relaxa Black, se morrermos, pelo menos vamos estar juntos... – Cheren disse em um tom irônico.

– Nossa, que grande amigo você é...

Tive que aguentar as brincadeiras de meus amigos até pousarmos. Acho que se eu ficasse mais quinze minutos naquele veículo, ia acabar precisando de alguns sacos para vômito....

Desci meio tonto e peguei minhas malas. Só ficaríamos uns três ou dois dias lá, mas parecia mais que todos iam mudar para aquela ilhazinha perdida no meio do nada vendo o tanto de bagagens.

Alguns empregados e demais participantes, que já estavam na ilha, vieram nos cumprimentar. Uma pessoa inesperada também apareceu: Minha prima Rosa.

– Black! Á quanto tempo! Puxa, como você cresceu!

– Sério mesmo? A maioria das pessoas fala isso mas eu não acho que cresci tanto assim.....

– Você tá muito maior que eu! Ei, quer vir conhecer aonde vamos ficar?

– Sim!

Subimos uma escada que parecia não acabar nunca e vi uma mansão. Parecia meio velha e abandonada, mas reparando bem até que ela era bem bonita e grande. Passamos também por um imenso jardim.

Esse jardim só tinha rosas e nenhum outro tipo de flor, bom, outra coisa curiosa é que todos eram da cor branca. No meio de tantas flores da mesma espécie, estava uma orquídea roxa e rosa em um canteiro perto da fonte.

Pousada nela, se encontrava uma borboleta pequena e dourada. Não sei se era loucura minha, mas podia jurar que depois de alguns segundos, ela tremulou e desapareceu.

Abriram as portas da mansão e todos entramos. Um mordomo se ofereceu para levar nossas coisas até os quartos e eu aceitei, ele também avisou que deveríamos se reunir na sala principal daqui a uma hora. Até lá estávamos livres para conhecer a ilha ou dormir.

Havia um mapa caído no chão. Deve ter caído com o forte vento que estava do lado de fora.

– Olha só – White exclamou pegando o mapa – Tem uma praia e uma floresta aqui! Vamos visitar esses dois lugares?

– Uh... – Foi tudo que consegui dizer.

– Hein Black?

– Agora não, estou meio cansado

“Idiota” pensei comigo mesmo, “Essa era a sua chance de ficar á sós com ela para poder se declarar!”.

Rosa, que conhecia bem o lugar, levou Bianca e Cheren para dar uma volta do lado de fora da construção. Eu e White, preferimos conhecer o lado de dentro primeiro.

Acompanhado de mais algumas pessoas, chegamos á uma sala de estar um pouco apertada, mas decorada com móveis chiques e com detalhes em ouro. Ali também estavam armaduras medievais, que davam um ar meio antigo ao local.

– Black? É você mesmo? – Escutei uma voz um tanto quanto familiar. Virei para trás e realmente, eu conhecia do dono daquela voz.