S.O.S. Coração escrita por Anatomia do Conto


Capítulo 5
Sentimentos incontroláveis.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/565254/chapter/5

Henry se assustou com a cena. O que poderia ter acontecido para a garota estar daquele jeito em uma festa?
– O que está acontecendo com você? - Perguntou. - Porque está chorando?
– Por favor me tira daqui, Henry! - Verônica suplicou, as lágrimas caindo.
– Vamos! Antes que alguém note. Mas você irá me contar o motivo desse choro.
E levou-a para longe daquela festa.

– Eu vou matar a Annie! - Verônica soluçava. - Como ela pôde fazer isso comigo? A minha própria irmã.
Eles estavam em uma pracinha próxima à casa de Verônica. Estava deserta, e pouco iluminada. Henry tirou um lenço de seu bolso e entregou-o a garota. Verônica agradeceu.
– Você não me disse ainda o que aconteceu. - Disse Henry olhando ternamente para a garota. - Eu entenderei se não quiser dizer. Mas vou ficar aqui com você.
– E a festa? Seus amigos? - Perguntou a garota, olhando com os olhos vermelhos para Henry. - Se quiser pode voltar.
O garoto apenas deu de os ombros. Verônica achou simpática a atitude de Henry.
– Não vou deixar você sozinha, chorando. - Disse Henry.
– Obrigada! - Disse Verônica enxugando uma lágrima. - Está bem. Vou te dizer por que aconteceu isso.
A garota suspirou.
– Annie me empurrou pra o primeiro otário que ela viu na festa...
– Mas as pessoas costumam ficar nas festas. - Interrompeu Henry.
Verônica olhou para Henry.
– Mas eu não sou dessas que ficam com qualquer um. - Explicou. - Odeio isso! Pra mim, beijar alguém tem de ter sentimento, não só atração física. A gente tem de conhecer a pessoa primeiro, saber que ela é a pessoa certa.
A garota lembrou-se de Nick, e novamente começou a chorar.
– E o cara... O que ele falou com você? - Perguntou Henry. - Ele deve ter sido no mínimo grosseiro.
– Ele me puxou até um quarto da casa e disse que não precisávamos conversar. - Contou Verônica novamente limpando as lágrimas. - E quis me beijar. Eu disse que não, mas ele tentou me agarrar à força.
– E o que você fez?
– Ora, dei uma joelhada nas suas partes e saí. - Disse Verônica, limpando mais uma lágrima. - Antes de eu sair do quarto, voltei e dei-lhe um soco na cara.
Henry boquiabriu-se. Verônica olhava para o chão. Henry se endireitou.
– Eu também acho que só devemos ficar com alguém por sentimento. Não há nada melhor que beijar alguém que a gente goste.
E olhou para a garota, sentindo uma louca vontade de lhe beijar.
– E você tem namorada, Henry? - Perguntou Verônica, ainda chateada.
– N-Não! - Respondeu Henry, gaguejando. - E-Eu-Eu já namorei umas duas vezes, mas faz um tempo. E v-você?
– Eu...
– O que estão fazendo aí? - Um guarda estava fazendo uma ronda e os viu. Os garotos olharam. - Não é hora de crianças estarem na rua! Vão embora!
– Estamos indo! - Disse Henry se levantando, e em seguida tomou coragem. - Vamos, Verônica! Amanhã você me conta a sua estória.
Verônica o olhou.
– Te pego as seis.
E saíram dalí sem Verônica ter respondido se ia ou não. Henry não acreditou que disse aquilo. Tomou o silêncio da garota como um "sim". Então ele levou Verônica para casa e em seguida foi embora, dançando esquisitamente, como se tivesse levado um choque elétrico.

Verônica acordou no dia seguinte às 9 da manhã. E no primeiro instante pensou que o que aconteceu na noite anterior tinha sido um pesadelo, mas logo que desceu e viu a cara preocupada e repleta de culpa de Annie teve certeza que foi sim um pesadelo, mas tudo, de fato, havia acontecido.
Todos estavam à mesa conversando, e quando a garota sentou-se, logo Kathy comentou com Lion e James.
– Garotos, vocês estavam fazendo disputa para ver quem ficava com mais garotas?
– Sem contar que Lion ficou com Alícia Nixlon umas três vezes. - Comentou James.
– É que tirando as garotas que estão nesse recinto, eu peguei todas as que estavam na festa ontem! - Informou Lion.
James pôs a língua pra fora e a mão no pescoço, como se estivesse passando mal.
– O que aconteceu, James? - Ryan levantou-se da sua cadeira e foi ao irmão quando o viu daquele jeito. - Você está tendo alguma coisa?
– Não! - Respondeu James, ofegante. - É que eu acho que Alícia passou para a minha boca um chiclete que estava ela estava mascando na hora do beijo... E o chiclete era do Lion. O idiota é o único que compra aquele chiclete de gengibre e ervas. EEEEECA!

– Urghh! – Exclamou Kathy, fazendo uma careta. – Passar chiclete no momento do beijo é o ápice da falta de higiene e da falta de noção.

Os garotos, inclusive Lion, riram do pensamento de Kathy.
– Eu passei pra ela mesmo! - Riu Lion. - Você gostou do sabor do chiclete com saliva de Lionel Watson?
Kathy e Ryan riram juntos com Lion. Kathy então olhou para Annie que estava um pouco sem graça, e depois para Verônica.
– E o porquê dessa cara, Verônica? - Perguntou. - Soube que você trocou saliva com o Mark Sullivan. Não gostou?
– Não gostei! - Respondeu Verônica, muito séria, encarando Annie. - Odeio que os outros me pressionem ou resolvam as coisas por mim.
Todos se calaram. Pelo visto Kathy já tinha contado para os outros que Annie tinha empurrado Verônica para o tal Mark. Passaram-se uns minutos, no mínimo constrangedores. Verônica tomou seu café da manhã e se retirou, sem falar com os outros. Todos a observaram, e depois se voltaram para Annie.
– Ah, Annie. Você não devia ter feito isso! - Disse Kathy, um pouco preocupada. - Agora ela está chateada com você.
– Eu sei. Maldito impulso! Um dia vou fazer alguma besteira. - Disse Annie.
Kathy se levantou e foi até o quarto. Verônica estava escrevendo em seu diário quando a garota entrou. Verônica permaneceu calada.
– Verônica, está tudo bem? - Perguntou Kathy. Não houve resposta. Então ela continuou. - Olha, eu sei que você gosta de ficar mais sozinha, você não é de conversar muito. Mas tenta entender sua irmã. Acho que ela fez isso porque não quer ver você tão solitária. Eu e os meninos também não. E eu também tenho muita vontade de falar contigo. Você me parece ser uma garota muito legal. Mas você tem de se abrir com alguém. Eu quero ser sua amiga. A gente conversou tão pouco.
Verônica olhou para Kathy.
– Obrigada por tudo, Kathy! Você também me parece ser legal, mas é que há um motivo de eu ser muito retraída, mas posso falar sobre isso depois? Estou muito chateada com Annie.
Kathy sorriu amigavelmente para Verônica.
– Está bem! - E foi até a garota e a surpreendeu ao dar-lhe um abraço. - Quando quiser conversar com alguém estou aqui.
E saiu. Verônica sentiu-se melhor.

O dia se passou, e Verônica ainda estava sem falar com Annie. Portanto na hora do almoço ou quando as duas se viam, não trocavam uma única palavra.

Às 6 da tarde, Verônica desceu até a sala e anunciou.
– Meninos, Henry me convidou para sair.
– Henry? - Perguntou Annie, surpresa demais pra se preocupar se a irmã estava ou não sem falar com ela. - Aquele amigo gato do Ryan.
– Sim. Por quê? - Respondeu Verônica ainda mostrando estar chateada com a garota.
– Nada. - Annie olhou para Ryan e em seguida piscou o olho.
– Nem vêm, vocês! - Verônica disse rapidamente. - Somos apenas amigos. E além do mais foi ele que me ajudou quando...
A campainha tocou, interrompendo a garota.
Verônica foi abrir a porta. Henry estava parado, murmurando algo. Cumprimentou brevemente os outros e saiu com Verônica.
Eles foram a uma lanchonete não tão distante dali. No caminho Henry pareceu estar nervoso.
– O que é que você tem? - Verônica perguntou.
– Nada. - Mentiu. - É que eu sou assim mesmo.
Verônica olhou tristemente para a rua, e para o céu. Não tinha assunto com Henry.
Ao chegarem, comeram alguma coisa em silêncio. Henry derrubou mostarda na roupa, e limpou ligeiramente. Verônica pareceu não se importar com a cena.
– Me conta então, sobre aquilo que estávamos conversando ontem.
– O quê? - Verônica estava alheia à conversa.
– Sobre você e seu namorado.
Verônica lembrou-se de Nick e de tudo o que aconteceu. Olhou bem nos olhos do garoto e só soube falar para Henry uma coisa.
– Alguma vez algo te doeu tanto que a tristeza não cabia em seu corpo? E que cada veia, cada artéria esteve a ponto de explodir por conta dessa dor? Você já sentiu como se tivessem passado dias, meses, anos, e a dor continua ali?
Henry olhou admirado para a garota. Verônica percebeu que estava fazendo o garoto se assustar com suas palavras.
– Te assustei? - Perguntou.

– Não. Quer dizer... Um pouco! - O garoto respondeu.

– Está bem. Vou te contar tudo.

E contou tudo.
A altura que a garota terminou de contar sua estória, já estava escuro, e eles estavam caminhando numa praça. Estavam escutando a música "Maybe Tomorrow" da banda Stereophonics, que estava tocando em algum lugar por perto. Henry escutava a garota com bastante atenção. Verônica sentiu que foi até melhor mesmo falar tudo, porque pôs pra fora toda a história, e tudo o que estava sentindo.
– E você ainda tem a convicção de que o tal Nick vai voltar, não é? – Perguntou Henry para a garota.
– Não convicção. Mas um desejo profundo. Algo que o mais fundo do meu coração quer que aconteça.
Henry olhou para Verônica. Ela parecia mais linda agora, se mostrando uma romântica, assim como ele. O garoto molhou os lábios, sentiu uma vontade louca de agarrá-la e mostrar que era possível ela amar alguém novamente assim como ela amava Nick. Respirou e perguntou.
– Mas e você... Nunca quis outro alguém? Nunca se deu a oportunidade de amar de novo?
– Não consigo. Não é algo com os outros. É comigo! - Verônica argumentou. Estava andando a frente de Henry. - E mesmo assim... Quem poderia me fazer amar de novo, Henry?
Verônica foi se virando, para olhar o garoto. Henry não pode se controlar, e sentiu que ela estava jogando pesado com ele. O desejo foi mais forte. A emoção falou mais alto que a razão.
Henry roubou um beijo de Verônica assim que a garota se virou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "S.O.S. Coração" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.