Crônicas de um Starky esquecido escrita por Davink


Capítulo 3
Capítulo 2 - Renascimento


Notas iniciais do capítulo

Yey! demorei? Sim ou claro? Oito meses desde o ultimo capítulo postado, e três semanas desde que comecei a revisar a história, mas adivinhem? A demora valeu a pena o/

Acho que a história melhorou muito nesse tempo, então agora é postar para ver se você aprovam né?

Bem, sem frescurite aguda agora: Fiquem o capítulo.

Boa leitura.



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Poucas pessoas nesse mundo podem ser consideradas sortudas, e Adrian tinha certeza de que seu nome não estava incluído nesta lista tão restrita.

Pensou que estivesse delirando quando mesmo quase morto viu a pequena clareira onde se encontrava ser cercada por homens encapuzados, sentiu seu peito se contrair e desejou intensamente que virasse refeição de ogro o mais rápido possível.

Temia que fossem eles.

Queria desesperadamente fugir dali e se esconder, o pequeno sabia que se fosse descoberto por aqueles que dizimaram sua família, não demoraria até que perdesse a cabeça assim como seu pai.

Entretanto sufocou o choro assim que a armada se aproximou, pode ver mesmo através dos capuzes que eles eram algo totalmente diferente do que costumava conhecer. A pele era muito mais clara que o normal, os olhos da cor de caramelo transmitiam algo entre a sabedoria e o misticismo.

Um deles se aproximou empunhando uma espada de porte médio, a lâmina brilhava num tom doentio de amarelo e Adrian não precisou de mais nada para supor que estava envenenada. O ogro nada fez apenas se limitava a encarar ao cerco ofensivo de cabeça baixa.

Não era como se ele pudesse lutar, estava em óbvia desvantagem e sabia disso.

Nenhuma daquelas pessoas pareceu notar Adrian dependurado pelos pés acima do grande caldeirão de água fervente, estavam mais interessados na garota que jazia quase morta no canto oposto do lugar.

Um dos homens se aproximou e avaliou a menina.

Você fez isso, Maurbaeck? - A pergunta foi feita ao monstro verde que grunhiu algo que sem dúvidas fez sentido para o homem, porém para Adrian não passava de urros. - Ah... Entendo.

Por um momento todos ficaram em silêncio e então todos os olhares se voltaram para Adrian.

Um sorriso se fez presente nos lábios finos do homem.

Ora, está ai algo que não vemos em Narkesin... - Devia ser algum tipo de piada pois todos ali reprimiram risinhos de canto de boca. Talvez todo o sangue descendo para seu cérebro o impedisse de entender a piada porque não tinha achado graça. -Bem... Nos desculpe se nossa pequena Lury atrapalhou seu jantar, nós nos retiramos agora.

Toda a armada se encurvou em forma de reverência, o homem que antes tinha assumido a iniciativa tomou a menina em seus braços e virou-se para ir embora.

Então era isso? Aquelas pessoas chegaram ali e deram nem que fosse um pingo de esperança a Adrian, e depois iriam dar-lhe as costas como se não devessem nada?

Tsc... Lamentável. Adrian realmente não era um garoto de sorte.

Decidiu entregar-se ao torpor que já rondava sua consciência há tempos. Porém não antes de desejar ter morrido com seus pais, apesar de ter sido uma morte injusta fora algo digno, pois morreram lutando. Adrian não passava de um pirralho borra-botas que se atrevia a usar o sobrenome Starky.

Sentiu sua pele ser espetada e o calor da água fervente se aproximar de suas costas. Ah, que interessante não? Talvez o ogro tenha achado que a carne dele era dura demais e resolvera assa-lo.

Não! - Adrian ouvira a súplica segundos antes de se entregar ao denso e escuro vazio da morte.

***

Mesmo que parecesse sonho, o garoto cujas orbes verdes cristalinas não se abriram por completo durante duas semanas nunca poderia esquecer o sorriso dela.

A maneira terna como ela o olhava era explicitamente parecida com a preocupação de sua irmã ao fecha-lo naquele minúsculo receptáculo. Era acalentador.

Adrian amava isso.

Dias depois ele acordaria em uma cama improvisada de folhas e galhos abaixo de uma árvore. A garganta estranhamente lhe parecia mais seca que o normal, o braço direito doía de uma maneira intensa que fazia até o último nervo de seu ombro latejar.

Centenas de pares de olhos caramelados o encaravam.

Sufocou um grunhido.

Q-quem... São vocês...? -Questionou em voz alta, somente para depois se arrepender amargamente de tal ato. Parecia que tinha feito gargarejo com espinhos.

A tosse veio mais tenra que o necessário.

Ele acordou?! - Questionou uma voz que Adrian não conseguia definir de onde veio. Ela parecia mais feliz que o normal. - Vamos! Vamos... Deixem-me passar!

Uma garota com aproximadamente a mesma idade de Adrian abria caminho por entre a multidão.

Foi quase impossível não sorrir.

Era como se todo o arco-íris tivesse se juntado para produzi-la. As madeixas se misturavam em caóticos tons de rosa e laranja. Os lábios eram róseos como o pêssego mais maduro e os olhos brilhavam em matizes diferentes. Ora dourados ora verdes.

Ela possuía sua própria paleta de cores pessoal.

Ah, que bom! Exclamou se jogando em cima de Adrian, que praticamente chorou ao ter seu braço esquerdo pressionado pelo corpo dela. Uh... Desculpe-me.

Ãnh... Não, tudo bem. Começou a se desculpar, entretanto logo percebeu que isso não era o melhor a fazer.

Ele era o melhor quando o assunto envolvia perceber detalhes imperceptíveis, mas não tinha sequer notado que todo o lado esquerdo de seu corpo encontrava-se envolto por tecidos, e como se tal já não fosse assustador o suficiente uma gosma verde com cheiro de hortelã escorria por debaixo dos panos.

Mas... O que aconteceu c-comigo? - Tropeçou em meio as palavras com o desespero atravessado na garganta. - Porque não sinto meu braço?

O silêncio se fez presente, e não era como se ele pudesse ser quebrado afinal Adrian sabia que aquilo significava más noticias.

Por favor, me digam! - Exigiu tão alto que alguns dos seres ali presentes se retiraram em passos apressados.

Por favor... - Sua voz foi embargando aos poucos até desaparecer, as lágrimas vieram quentes para lhe fazer companhia, porém também eram aterradoras de maneira que fazia seu coração se comprimir cada vez mais.

Escutava lentamente os ensinamentos de seu pai agarrarem-se a seu subconsciente na vã tentativa de se manterem concretos na cabeça do garoto. Novamente era incomensuravelmente doloroso pensar que as memórias de sua família estavam se esvaziando tão rapidamente assim.

Teria ficado mais tempo ali no chão se lamentando de sua falta de sorte, mo entanto só não o fez porque percebeu que seu corpo perdeu parte do peso por alguns segundos, e sem que pudesse se defender viu a pele de seu rosto ser pressionada por uma lâmina reluzente.

Um fino grito transpassou o lugar.

Drago, não! - A garota desesperou-se ao perceber o que estava acontecendo, a espada provinha das mãos de um garoto com aparentemente a mesma idade de Adrian, talvez poucos anos mais velho. Ele cheirava a peixe fresco e algas marinhas, talvez fosse impressão do jovem Starky, mas parecia que ele também possuía presas no lugar de dentes.

A menina docemente tocou em seu braço e o fez abaixar a arma.

Está tudo bem. Sussurrou ela Ele só exaltou um pouco...

Então queria dizer que tudo aquilo fora culpa de Adrian? Pelo acesso de raiva?

Você deve ser alguém importante, não é? Indagou em voz baixa voltando para a cama improvisada. Para ter guarda-costas... Assim.

Olhou de soslaio para o garotinho, e mesmo que ele fosse poucos centímetros mais alto que Adrian, sua aura transmitia perigo. Era um aviso claro de que ele não era um simples garoto.

Como sabe que Drago é meu guarda-costas?

Adrian suprimiu um sorriso, mesmo que as bochechas ainda estivessem molhadas pelas lágrimas.

Essa foi fácil... Vangloriou-se bobamente como uma criança de sua idade faria Eu também já tive um, e só o fato dele ter me atacado para te proteger também ajudou muito.

Um olhar de pura reprova vindo de Drago recaiu sobre Adrian. Não era preciso muito para perceber que o garoto não gostara muito do outro.

Adrian ergueu as mãos em forma de rendição.

Tudo bem! Desculpe. Eu não deveria ter gritado com ela, okay? Encarou o outro que se encontrava na entrada da tenda. Este deu de ombro apenas, como se mal se importasse com a presença de Adrian, que tentou não se importar com isso. Mas me conta, porque exatamente você tem um guarda-costas? Não vai me dizer que...

Foi a vez da de mechas coloridas sorrir.

Sim! Você foi salvo por uma princesa, legal não? A boca de Adrian se abriu em um O perfeito. Era quase surreal encontrar alguém assim. Desde pequeno aprendera que dentro das muralhas não havia reis ou comandantes superiores. Todos eram iguais. Pelo menos era o que sua família acreditava. Deveria se sentir honrado!

O tom era de brincadeira, no entanto foi quase impossível não perceber a espontânea sugestão de enaltecimento na frase. Que Adrian não levou a sério, pois quando estava prestes a fazer um comentário sarcástico sobre a personalidade da garota, suas mãos se esbarraram, e mesmo que levemente fora possível sentir o calor corporal um do outro.

Um leve rubor tomou conta de ambas às faces, e as mãos foram separadas rapidamente.

Ãnh... Então... Porque salvou você me? Tropeçou nas palavras em meio ao nervosismo. O que arrancou risos da garota e um rolar irônico de olhos de Drago. Pigarreou. Quer dizer... Porque você me salvou? Achei que fossem me deixar para morrer naquele lugar.

Um breve silêncio.

Bem... Na verdade eu não salvei você... Exatamente.

Como assim?

Ah, como eu vou te explicar... Escolheu as palavras pelo que pareceu um tempo interminável Eu obriguei Danfir a te salvar, mas... Seu futuro ainda é incerto. O conselho élfico está deliberando sobre se caso agora, e nem mesmo eu tenho poder para te salvar dessa.

Espera, mas você não é a filha do rei ou algo assim? Deve haver algo que você possa fazer.

A expressão dela não era uma das melhores

Para ser sincera eu não deveria nem mesmo ter te ajudado. Nós elfos não temos permissão sequer para falar com humanos. Explicou enquanto brincava nervosamente com uma espécie de broche entre os dedos. Só fato de você estar aqui, já é uma afronta. Não quero ser pessimista, entretanto sua situação não é...

E-Ei! Você disse elfos? V...você é um elfo?

Um riso de escárnio rasgou os lábios de Drago, deixando a mostra suas presas em formato de seta.

Era um claro: Duh! Só percebeu agora?

Drago! Repreendeu-o a garota embora esta também ostentasse um tímido curvar de lábios. isso não foi nada legal!

Demorou alguns bons segundos parar que a ficha de Adrian finalmente caísse.

Você entende o que ele fala!? Acusou veemente, considerando que aqueles ruídos que o menino transmitia significasse algum tipo de linguagem. E se fosse a questão era: Que tipo de criatura era ele? Pois Adrian acreditava que já havia visto coisas estranhas o bastante para uma só vida. Como consegue entendê-lo se tudo o que ele emite são ruídos.

Sim, eu entendo. Drago é...
A frase foi interrompida pela entrada abrupta de um jovem. Que ao ver a garota não se demorou a prestar reverência.

Senhorita Lury, Danfir e o rei Lucius ordenaram que o humano fosse livrado até a arena.

Ela se limitou a suspirar derrotada.

Tudo bem, Ginjer. Já estamos indo.

O jovem apenas concordou e deixou o local em silêncio.

Adrian se maravilhou com tamanha autoridade e imponência da garota, afinal ela parecia a sua idade se não menos.

Ela por sua vez lhe lançou um olhar penoso.

Sinto muito... Mas acho que isso? Indagou já se exaltado. Ela o ajudou a se levantar e o induziu para a saída.
A claridade do local praticamente a cegou.

Toda a luz vinha de um circulo pré-formado pela copa das árvores onde o sol estava simetricamente posicionado ao centro, era encarar aquilo era tão surreal que parecia feito à mão. Mais em baixo de tal obra de arte se estendia uma imensa área descampada, ladeada por arquibancadas de mármore. Só naquele momento Adrian Starky percebera que até aquele momento ele se encontrava em uma cela.

O que vai acontecer comigo? Questionou, todavia fora ignorado miseravelmente por Lury, que parecia naquele momento estar mais interessada em seu guarda-costas.

Odiava ser deixado de lado, ainda mais se a resposta da garota decidiria entre sua vida e morte, uma vez que dependendo da resposta dela escolheria entre sair correndo dali ou ficar para morrer.
A plateia logo se fez presente, o que só serviu para deixa-lo ainda mais apreensivo. Estava com um pressentimento terrível.

Ei! Agarrou-se ao ombro da garota. Talvez com um pouco mais de força que o necessário. O que fez seu ombro latejar. O que vai acontecer comigo?

Ela torceu o nariz como se odiasse dar péssimas noticias.

Eles deixarão que você conviva conosco. Olha, eu realmente achei que depois que se curasse, eles o soltariam novamente na floresta, mas não foi o que aconteceu, me desculpe.

Mas isso não é uma coisa boa? Quer dizer eu não tenho família e...

Não! Caso eles te perguntem se você quer desistir, essa é sua ultima chance de permanecer vivo, aceite! Fuja e vá embora daqui, não importa qual é o seu passado ou se está sozinho, você só não pode aceitar o desafio.

Por quê?

Ela não respondeu, no mesmo instante, guardas armados apareceram e escoltaram Adrian até o centro da arena. Lury ficou lá, à surdina observando-o ao longe.

Não demorou a soltarem-no sobre o chão empoeirado. Tentou se levantar, mas era quase inútil.

Então um deles quer se juntar a nós? Sibilou um dos guardas e cuspiu aos pés de Adrian. Todos riram, outro continuou. Mandaram sua prole para nos contaminar, malditos sejam!

Do que vocês estão falando? desejou que aqueles a sua frente falassem algo que ele conseguisse entender, pelo menos assim poderia se defender.

Logo um homem velho apareceu, envolto em vestes e um manto totalmente branco.

Silêncio! Ninguém o mandou aqui. O velho se virou para onde Lury se encontrava e a chamou. A princesa Lury me contou que ele estava vagando pela floresta, quando foi atacado pelos ogros do lado oeste. Certamente este pequeno não pertence a aqueles a quem odiamos, então se ele passar no teste talvez possamos admiti-lo entre nós.

Vovô, eu acho melhor... Começou Lury, porém com único gesto da mão do homem ela se calou.

Silêncio, minha querida. Se alguém aqui acha alguma coisa deve ser este pequeno. E então garoto. Quer realmente fazer parte da nossa família?

Família...

Aquela palavra reverberou pelos cantos mais obscuros da mente de Adrian. Até aquele momento ele achava que não poderia confiar em ninguém, que teria que sobreviver por conta própria e se esconder para o resto da vida se não quisesse ser caçado eternamente. E então aquelas pessoas a sua frente, por mais que não fossem humanas estavam lhe oferecendo redenção. Dando-lhe uma nova chance de recomeçar e ser forte. Ele não desistiria disso, só por medo.

Não, ele lutaria, mataria e exterminaria se fosse preciso, tudo para conseguir de volta aquilo que lhe fora tirado sem motivos.

Lentamente o Starky assentiu que aceitaria o desafio.

Lury olhou-o aterrorizada, no entanto ele se obrigou a ser forte.

Acontecesse o que acontecesse, Adrian faria valer a pena o juramento dos Starky.

Lutar pela glória, e morrer com honra! Sussurrou para si mesmo.

Então, qual é esse desafio? Perguntou enquanto fazia esforço para se levantar sem ajuda do braço enfaixado.

Terá que lutar contra Drago. Informou Lury em desprazer. Neste momento todos os guardas se afastaram bruscamente como se tivessem horror ao garoto que se aproximava de Lury.

Só isso? Indagou incrédulo Você só pode estar brincando...

Por mais que Drago fosse poucos centímetros mais alto que Adrian, ele era magrelo e franzino. Não parecia representar grande perigo.

Eu não diria isso se fosse você... Admitiu Lury Não sei se percebeu, mas é você quem está em desvantagem aqui, afinal está com um dos braços praticamente inúteis por enquanto, e você nem chegou a ver a forma completa de Drago.

Forma completa...?

Sem demora o avô de Lury se retirou da arena conjuntamente com o restante dos guardas.

Ela retirou algum tipo de amuleto que se encontrava preso ao pescoço de Drago através de um cordão.

É melhor você não machucar meu bichinho.

Avisou antes de seguir o avô e desaparecer na penumbra do túnel de onde tinham vindo.

Do que ela está falando? Perguntou para Drago, quando não obteve resposta se virou para ele, na tentativa de saber o que ele estava fazendo.

A resposta fora esfregada em sua cara assim que viu o garoto minúsculo de antes, retorcer-se e distorcer-se até dobrar, não, triplicar de tamanho.

Seu rosto se alongou formando um focinho, as unhas cresceram e se tornaram garras. Drago estava tomando sua verdadeira forma diante dos olhos de Adrian.

Dentro de poucos segundos ele encarava um dragão dourado de mais de quatro metros de altura.

Morrer com honra... Soltou as palavras no ar e depois sorriu É fácil falar.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Acham que posso melhorar mais? Comentem o que vocês acharam do capítulo, se gostaram ou não. Suas dúvidas sobre o futuro do Adrian.
Responderei todos com carinho ^-^
Kissus de cacau



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