#Algumas horas depois

Angie, Vilu e Ludmila estavam no quarto conversando animadamente.

VILU: Angie, nós queríamos te mostrar uma coisa.

ANGIE: Tudo bem, podem me mostrar.

LUDMILA: Na verdade, é uma gravação.

ANGIE: Uma gravação? — Perguntou interessada.

VILU: É que enquanto você esteve inconsciente, teve uma vez em que o papai começou a falar coisas tão bonitas para você e eu gravei. — Explicou, deixando a tia surpresa.

ANGIE: E seu pai sabe? 

LUDMILA: Na verdade não. A Vilu gravou escondida.

VILU: É que naquele dia eu tinha acabado de entrar na sala, mas o meu pai nem percebeu, então eu gravei.

Ludmila então colocou a gravação e as três começaram a escutar.

"Angie, eu não sei se você esta me ouvindo, mas mesmo assim quero te pedir desculpas, eu sei que deveria ter ficado com você. Prometi que nunca mais iríamos nos separar.
        Você não imagina a dor que estou sentindo só de saber que existe uma chanche de te perder. Mas eu sei que você vai se recuperar, você sempre foi forte. Eu te amo muito e sem você eu não posso viver. 
         Você não sabe o quão difícil é olhar para você e não ver seus olhos verdes brilhando, não poder ouvir seus risos e nem sua bela voz. Chegar em casa e ver que falta algo lá, falta você. Eu te amo, sei que já disse isso várias vezes mas vou continuar dizendo. Você sempre esteve do meu lado me apoiando e me auxiliando da melhor maneira possível. Eu não consigo ver meu futuro sem você e nunca vou conseguir. Eu estou tentando ser forte, mas por mais que eu tente eu não consigo. Essa é uma das piores coisas que já aconteceram na minha vida. Você já se tornou uma parte de mim, a melhor parte de mim a qual eu já não posso viver sem. Ainda estou tentando me convencer de que tudo isso é apenas um pesadelo, do qual quando eu acordar tudo vai ficar bem. Eu não posso te perder. O quê seria de mim sem você? Você é a minha vida, a mulher que eu amo e mais amei em toda a minha vida. Eu preciso de você. Ainda prefiro acreditar que isso tudo não esta acontecendo de verdade. Que quando eu chegar em casa você vai estar me esperando e vai dar um daqueles seus sorrisos que fazem a minha vida ter sentido. Queria tanto poder fazer algo para te fazer acordar. Mas eu não posso e isso simplesmente está me matando. Eu daria tudo para estar no seu lugar para que você pudesse ficar bem. Eu estou com medo de te perder, nunca senti tanto medo na minha vida.
    Lembra daquela vez que ficamos presos dentro da salinha de instrumentos? Você disse que todo mundo tem medo de algo e com certeza eu também deveria ter. Você estava certa, a resposta para sua pergunta é que eu tenho medo de te perder. Isso é o que mais me da medo. Era o que eu devia ter te respondido. Eu deveria ter te dito, o meu maior medo foi e sempre será o de te perder. Me dói te ver assim, não poder olhar nos seus olhos e ver o brilho deles. Eu quero que você fique bem, nunca desejei tanto algo. Chega ser até estranho te ver parada, você nunca fica parada no lugar. Sempre acha algo para fazer. Eu te amo."

Após ouvir tudo aquilo, Angie começou a chorar emocionada. Nunca ninguém a dissera coisas tão lindas para ela como German havia dito. Ela nunca tinha se sentido tão especial e amada por alguém. 

Vilu e Ludmila que também estavam muito emocionadas, se aproximaram de Angie e a abraçaram, uma de cada lado.

Elas ficaram por um bom tempo assim até que Angie se acalmou.

ANGIE: Agora eu fiquei sem palavras. Tudo o que ele disse foi tão... Lindo. Nunca ninguém me disse coisas tão lindas assim. — Disse com a voz ainda um pouco embargada.

VILU: E isso ainda não é tudo, o papai passou mais tempo aqui ao seu lado do que na mansão. — Contou.

LUDMILA: Isso é verdade. O German mal ficou na mansão.

ANGIE: Eu nem sei o que dizer. Só que eu o amo cada vez mais. — Falou emocionada.

VILU: Nós também ficamos com tanto medo de te perder, Angie. — Confessou com a cabeça abaixada. 

LUDMILA: É, Angie sentimos muito a sua falta. Esses dias foram tão difíceis sem você. — Afirmou com a voz embargada pelo choro.
 
       ANGIE: Ah meninas, não fiquem assim. — Disse abraçando-as mais forte. — Eu ainda vou ser por muito tempo a professora de canto de vocês. E falando nisso, vocês não tinham que ir para o Studio hoje não? — Disse em um tom humorado.

VILU: Ah Angie, você acha mesmo que a gente ia deixar você aqui sozinha? 

ANGIE: Mas como eu já disse eu estou bem, podem ir para o Studio. — Falou, não queria que as garotas perdessem mais aulas do que provavelmente já tinham perdido por causa do acidente.

LUDMILA: Nada disso, nós vamos ficar aqui com você até o German voltar. — Afirmou, decidida.

ANGIE: Então tudo bem. Nem adianta tentar convencer vocês porque isso não vai dar certo. Acho que com vocês duas aqui cuidando de mim, eu nem preciso das enfermeiras. — Disse sorrindo e fazendo com que as meninas também sorrissem.

Nesse momento, German adentrou o quarto. 

GERMAN: Oi, meu amor. Oi, meninas. — Cumprimentou e deu um selinho em Angie e um beijo na testa de Vilu e Ludmila.

ANGIE: Oi, meu amor. — Falou sorrindo.

VILU: Oi, papai. Agora eu acho que eu e a Ludmila já vamos indo. Não é Ludmi? 

LUDMILA: É, nós até queríamos ficar aqui com vocês. Mas a gente não quer ter que segurar vela, então vamos indo.

Todos riram.

ANGIE: Tudo bem, meninas. Tchau. 

MENINAS: Tchau Angie, tchau, papai.
 
          Após isso, elas se retiraram do quarto, deixando os adultos a sós.

GERMAN: E então como você está? — Perguntou se sentando ao lado dela. 

ANGIE: Melhor impossível. — Disse sorrindo.

GERMAN: Já comeu alguma coisa? 

ANGIE: Já sim, a Vilu e a Ludmila fizeram eu engolir toda a sopa. — Contou sorrindo. Vilu e Ludmila eram muito insistentes quando queriam.

GERMAN: Hey, seus olhos estão meio vermelhos. Por que você estava chorando? — Preocupou-se.

ANGIE: É que as meninas me mostraram uma gravação em que você dizia coisas tão lindas para mim enquanto eu estava em coma e eu acabei ficando muito emocionada. — Explicou deixando uma lágrima cair enquanto ele se sentou ao lado dela na cama e enxugou a lágrima que ela havia derramado.

GERMAN: Por favor, não chore, meu amor. Não acha que já foram muitas lágrimas para um dia só? — Disse abraçando ela.

ANGIE: Você tem razão, mas é que o que você disse foi tão lindo. Tudo o que você disse só me fez chegar a conclusão de que eu te amo cada vez mais.

GERMAN: Eu também te amo, meu anjo. Mas não chora mais se não eu vou ter que fazer cosquinhas em você. — Brincou sirrindo.

ANGIE: Tudo bem, não vou chorar mais porque eu não quero ter um ataque de risos aqui no hospital. — Respondeu sorridente.

GERMAN: Eu tenho uma boa notícia para te dar. O médico me disse que como o resultado dos seus exames foram ótimos, em alguns dias você já vai poder voltar para mansão.

ANGIE: Que bom! — Exclamou sentindo um misto de alegria e alivio. — Porque eu não vejo a hora de poder voltar para casa, comer a comida da Olga, voltar a dar aulas no Studio... — Ela ia continuar, mas ele a interrompeu. 

GERMAN: Mas antes de tudo isso, o médico disse que a senhorita vai ter que ficar por pelo menos alguns dias de repouso.

ANGIE: Ah não, German. Agora você vai fazer eu querer chorar de novo dizendo que eu vou ter que ficar de repouso. — Disse rindo. 

GERMAN: Nem adianta reclamar, porque eu vou garantir que durante esses dias, você vai ficar descansando.

ANGIE: Já que eu não tenho escolhas. — Deu de ombros.

GERMAN: Eu já estava esquecendo de uma coisa.

ANGIE: Do quê? — Perguntou curiosa.

GERMAN: Acho que eu vou ter que dividir você com muita gente hoje.

ANGIE: Mas por quê? 

GERMAN: Porque tem muita gente na sala de espera querendo ver como você está.

ANGIE: Sério? 

GERMAN: Claro, parece que todos os seus alunos do Studio estão aqui, sua mãe, familiares e amigos seus também. 

ANGIE: Nossa! Então a sala de espera deve estar realmente um caos. — Comentou rindo.

GERMAN: Então, quem você quer que eu chame primeiro? 

ANGIE: Minha mãe.

GERMAN: Tudo bem, estou indo chamar ela. — Disse, depositou um beijo carinhoso nos lábios dela e foi indo em direção a porta.

ANGIE: German. — Chamou.

GERMAN: Sim, meu amor?

ANGIE: Você vai ficar aqui comigo depois?

GERMAN: Claro, eu nunca te deixaria sozinha. 

ANGIE: Obrigada, meu amor. — Agradeceu sorrindo. 

GERMAN: De nada, Angie. — Disse retribuindo o sorriso.

                          (...) 

Algum tempo depois, German entra no quarto.

GERMAN: E então está cansada de tanto receber visitas? 

ANGIE: Você nem imagina o quanto. — Brincou. — Mas mudando de assunto, acho que você deveria ir para mansão descansar. — Falou fazendo uma cara de preocupada.

GERMAN: Tá tudo bem. Eu já descansei bastante enquanto você recebia visitas.

ANGIE: Mas isso não foi o suficiente. 

GERMAN: Mas eu quero ficar aqui com você. 

ANGIE: Tudo bem, mas você... — Ele a interrompeu.

GERMAN: Sem mas. Quem precisa descansar agora é você. 

ANGIE: Ah, mas eu queria aproveitar meu tempo com você.

GERMAN: Mas você precisa dormir um pouco agora. — Disse sentando-se ao lado dela na cama.

ANGIE: Tudo bem. Mas você pode me fazer um favor então? — Pediu.

GERMAN: Claro, pode pedir o que você quiser.
 
     ANGIE: Você poderia cantar alguma música para mim conseguir dormir. É que eu não estou com sono.

GERMAN: Claro, qual música você quer que eu cante?

ANGIE: Tanto faz. A que você quiser. — Disse repousando a cabeça no peito dele, enquanto ele a abraçou.

Então ele começa a cantar Abrazame y Verás e Angie reconhecendo a música disse: 

ANGIE: Espera aí, eu me lembro dessa música. Eu estava escrevendo ela.

GERMAN: Isso mesmo, eu terminei de escrevê-la. Espero que você não se importe.

ANGIE: Claro que eu não vou me importar. A música ficou linda por sua causa. Eu adorei, German. — Disse e beijou o noivo.

Após o beijo German disse: 

GERMAN: Fico feliz que tenha gostado, mas agora a senhorita tem que dormir.

ANGIE: Tudo bem, mas você poderia continuar cantando para mim? — Pediu sorrindo.

GERMAN: Claro, meu amor. — Aceitou e voltou a cantar para ela. 

Quando German terminou de cantar, percebeu que Angie já estava dormindo, então a ajeitou melhor nos seus braços e minutos depois acabou adormecendo também.

                          (...)