ANGIE: German, você não pode fazer isso. — Pedi, esperando que ele não interrompesse o momento especial de Vilu e Leon.

GERMAN: Mas, Angie, olha só para Violetta, ela ainda é só uma garota. — Respondeu, finalmente parando de andar e olhando para mim.

ANGIE: Não, German, a Vilu não é mais uma garota, ela já está se tornando uma mulher e precisa tomar suas próprias decisões. — Falei, tentando convencê-lo.

GERMAN: Mas mesmo assim ela ainda é muito jovem. Ela não tem que tomar uma decisão dessas agora.

ANGIE: É, eu entendo que você se preocupe, mas isso cabe a apenas ela decidir. Você não pode tomar essa decisão por ela. — Expliquei, esperando que ele entendesse que Vilu precisava fazer suas próprias escolhas.

GERMAN: Eu não posso deixar que ela faça isso, Angie. — Rebateu. Meu Deus, como esse homem é cabeça-dura!

Olhei rapidamente para baixo e vi que Leon já havia terminado de fazer o pedido e Vilu, com lágrimas escorrendo pelo rosto, respondeu:

VILU: Sim, um milhão de vezes sim. — Respondeu, sorrindo. Ela correu para os braços de Leon, que já estavam abertos para abraçá-la. Eles se olharam e Leon a beijou.

Eu sabia que não conseguiria conter German, as chances de que eu conseguiria fazer ele desistir de interromper Vilu e Leon eram poucas. Mas eu decidi que eu tentaria enrolar German mais um pouco, para que os dois pudessem aproveitar o momento. Então perguntei:

ANGIE: Mas por quê? O Leon é um bom rapaz, você sabe disso. Ele nunca faria nada que magoasse a Violetta. Ele a ama German.

GERMAN: Eu sei disso, Angie. Só acho que os dois ainda não estão preparados para isso.

ANGIE: E como você sabe disso? — Perguntei, esperando que ele cedesse.

GERMAN: Eu não sei disso, Angie, eu tenho certeza. E se você me der licença, agora eu vou fazer o que eu já deveria ter feito. — Ele falou, já indo na direção da escada.

Olhei outra vez para baixo e vi que Leon tinha acabado de colocar o anel de noivado em Vilu, senti meus olhos se encherem de lágrimas, foi muito emocionante.

Sai correndo em disparada pelas escadas e desci o último degrau antes de German, de alguma forma eu tinha conseguido ser mais rápida que ele. Antes que ele pudesse dizer algo, fui na direção de Vilu e Leon e os abracei. Eu iria parabenizar Vilu e Leon e German não estragaria isso de jeito nenhum.

ANGIE: Parabéns para vocês dois! Eu estou tão feliz. Eu sabia que um dia esse dia iria chegar. Desejo toda felicidade pra vocês e que o amor de vocês cresça a cada dia mais. – Falei, com lágrimas já rolando pelo meu rosto.

LEON: Obrigada, Angie. Fico feliz de ouvir isso de você. — Agradeceu, sorrindo.

VILU: Ah mãe, obrigada. — Falou, também chorando e me abraçando mais apertado. — Você tinha razão. Estou me sentindo a pessoa mais feliz do mundo.

GERMAN: Posso saber o que está acontecendo aqui? — Ele perguntou olhando diretamente para Vilu e Leon.

VILU: Pa-pa-i — Gaguejou, parecendo nervosa. Ela sabia que ele não concordaria.

Leon ao perceber o quanto Vilu estava nervosa, respondeu:

LEON: É que eu e Vilu acabamos de ficar noivos.

VILU: E eu e o Léon vamos nos casar e o senhor não pode fazer nada para impedir. — Falou, criando coragem.

GERMAN: Você ainda é muito nova, não pode se casar.

VILU: Acho que eu posso muito bem decidir o que é melhor para mim, papai. Eu não sou mais uma criança.

GERMAN: Sim, mas também ainda não é uma adulta.

VILU: Eu não vou ceder, papai. Não mesmo. Eu amo o Leon e nós vamos nos casar queira o senhor goste ou não.

GERMAN: Você não pode fazer isso, ainda não está preparada para um compromisso desse tipo.

VILU: Só porque eu sou nova ainda? Acho que esse não é um argumento válido, papai. — Ela falou, aumentando o tom de voz.

GERMAN: Não aumente o tom de voz para mim, Violetta. Eu ainda sou seu pai.

Decidi interromper, antes que a discussão piorasse.

ANGIE: Vamos para o seu escritório conversar, German, depois você conversa com a Vilu e o Leon. Mas primeiro você vai conversar comigo e se acalmar. — Falei, fazendo minha voz soar firme.

German pareceu se acalmar um pouco e me seguiu para o seu escritório. Quando entramos, fechei a porta e fiquei de frente para ele.

ANGIE: Por que você fez isso, German? Eles não mereciam que você agisse assim. — Comecei, olhando fixamente para ele.

GERMÁN: Você já sabe o que eu penso sobre a Vilu querer se casar tão nova.

ANGIE: Pode até ser, mas não precisava ter discutido com ela.

GERMAN: E o que você acha que eu deveria ter feito? — Perguntou, sendo sarcástico.

ANGIE: Ter apenas conversado com a sua filha e tentado compreendê-la. Você não pode tratar a Vilu como se ela fosse uma criança. — Respondi, sem hesitar.

GERMAN: E eu deveria ter dito que eu concordava com a decisão dela mesmo não concordando?

ANGIE: Não, você deveria ter ficado feliz por ela estar feliz. Será que você não entende? Deixa ela crescer. — Respondi, já perdendo a paciência.

GERMAN: Ela não vai se casar e ponto. Nada do que você diga vai mudar o que eu penso.

ANGIE: Ah, é mesmo? Então eu nem sei porque eu perco meu tempo não é?

GERMAN: Sim, você está perdendo seu tempo se acha que algo que você disser vai mudar o que eu penso.

ANGIE: Qual é o seu problema, German? Há algum tempo atrás nós estávamos todos felizes e você iria me fazer uma surpresa. Hoje é o meu aniversário, o que é para ser um dia feliz, esse dia começou perfeito, tinha tudo para ser um dia especial para mim. Mas você acabou estragando tudo não é? Justo hoje você decidiu que iria agir como um idiota? Justo no dia do meu aniversário. — Falei com a visão já ficando embaçada por causa das lágrimas, era o meu aniversário e ele não tinha o direito de estragar tudo.

Eu não aguentava ficar nem mais um segundo dentro daquele escritório com ele. Me virei para sair da sala, mas senti que German segurou meu pulso com delicadeza. Me virei para ele e vi que ele parecia arrependido por ter discutido comigo. Ele enxugou as lágrimas que haviam rolado pelo meu rosto e olhou para mim com o olhar aflito.

GERMAN: Angie, eu... — Começou, mas eu o interrompi antes que ele dissesse mais alguma coisa.

ANGIE: Por favor, poupe as suas palavras. Eu não quero ouvir mais nada. Eu só quero ficar um pouco sozinha, por favor. — Pedi, a última frase saindo quase como um sussurro.

Ele soltou meu pulso e antes que ele pudesse dizer algo, sai de seu escritório e subi as escadas correndo até o banheiro na suíte do nosso quarto e tranquei a porta.

Ele poderia ter sido um idiota qualquer outro dia, mas hoje não. Tudo o que eu mais queria era aproveitar em família esse dia. Eu estava chateada e não sabia dizer se era por isso que eu estava chorando ou se era por causa da frustração que eu estava sentindo. Talvez fosse pelos dois motivos.

Liguei a torneira e deixei a banheira encher de água. Quando a banheira já estava cheia, me despi e entrei dentro dela. Fiquei um bom tempo pensando em como eu tinha pensado que esse dia seria e em como German precisava parar de agir sem pensar. Eu já estava mais calma, as lágrimas já tinham até parado de rolar, quando ouvi uma batida na porta.

GERMAN: Angie, nós precisamos conversar.

ANGIE: É, mas eu não estou afim de conversar agora. — Respondi, eu não gostava de tratá-lo desse jeito, mas dessa vez ele tinha merecido.

GERMAN: Eu sei que eu fui um completo idiota com você. Você não merecia que eu te tratasse como eu tratei. Me perdoa, Angie, eu me descontrolei e acabei descontando em você, que não tinha culpa de nada… — Interrompi antes que ele continuasse.

Sai do banho rapidamente e me enrolei no meu roupão. Depois destranquei a porta e saí para o quarto. Encontrei German quase que de frente para porta.

ANGIE: Eu não quero conversar com você agora. Eu ainda estou chateada. — Respondi, as lágrimas voltando com força total.

                  POV GERMAN

Eu só podia ser a pessoa mais imbecil da terra, nesse momento. Além de tê-la deixado chateada eu a tinha feito chorar. Angie não merecia isso. Era para ser um dia especial e feliz para ela, mas como o idiota que eu sou, estraguei tudo. Eu odiava vê-la chorando, e pior ainda, saber que ela estava assim por minha causa.

ANGIE: Era o meu aniversário. — Sussurrou, a voz embargada pelo choro.

GERMAN: Eu sei. Me perdoa. Eu fui um idiota… — Comecei, mas ela me interrompeu.

ANGIE: Pelo menos nisso nós concordamos.

GERMAN: Por favor, me escuta.

ANGIE: Eu já disse que eu não quero ouvir nada do que você tem a dizer. Eu não quero brigar outra vez.

                   POV ANGIE

GERMAN: Mas nós não vamos brigar, eu prometo. Vamos apenas conversar. — Ele suplicou. Ele parecia realmente arrependido.

German se aproximou de mim e num gesto carinhoso, colocou um cacho do meu cabelo atrás de minha orelha. Eu me sentia mal pelo o que eu estava prestes a dizer, mas ele precisava aprender que ele não podia agir sem pensar e depois ser um idiota.

ANGIE: O que você pensa, German? Eu também tenho um pouco de orgulho, sabia?

GERMAN: Sim, eu sei. E… — Interrompi.

ANGIE: Você tem que aprender que não pode agir sem pensar. Não é assim que as coisas funcionam. Você acha que você pode me magoar e um segundo depois já vir me pedindo desculpas? — Perguntei, eu já estava me sentindo de novo a beira de lágrimas.

GERMAN: Só me deixa explicar…

ANGIE: Explicar? O que você quer explicar? Eu não tô com cabeça para isso agora.

GERMAN: Mas eu apenas quero que você me escute, eu sei que você está magoada comigo, mas… — Interrompi outra vez.

ANGIE: Magoada? Eu não estou só magoada. Eu também estou irritada, brava, chateada e triste. E o que mais me magoa é que era para hoje ser um dia feliz.

German se aproximou mais de mim e fez menção de segurar minha mão, mas por mais que doesse, eu me afastei.

ANGIE: Só me deixa sozinha, por favor. Eu te amo German, muito. Mas eu só preciso ficar sozinha agora, só isso. Por favor. — Implorei e olhei para os olhos dele, eu esperava que ele acatasse ao meu pedido.

Eu não sei o que ele viu nos meus olhos, mas parece que ele tinha acatado ao meu pedido. Ele me lançou um olhar triste e logo após abriu a porta do quarto e saiu. Sem dizer nada.

Eu me sentia péssima, então quando ele saiu as lágrimas voltaram com força total e eu desatei a chorar. Outra vez.

                  POV GERMAN

Quando decidi ir pedir perdão a Angie, eu estava decidido a dizer tudo o que eu pensava. Mas foi só eu vê-la com os olhos cheios de lágrimas e me implorando para deixá-la sozinha, que eu não pude negar o seu pedido.

Na verdade, a minha vontade era voltar para aquele quarto e abraçá-la, mas eu tinha que entendê-la. Se ela isso que ela queria, eu deveria respeitar.

O pior era que eu não devia apenas desculpas para Angie, mas para Vilu também. Ela também não merecia a forma como eu a havia tratado. Eu estava arrependido de tê-las magoado.

Decidi ir falar com Vilu, ela merecia desculpas também. Fui até o quarto dela, bati na porta e entrei.

Quando entrei vi que ela estava sentada em sua cama, olhando pra uma foto onde estávamos eu, Angie e ela.

Vilu sorria olhando para imagem, mas quando me viu, seu sorriso desvaneceu.

GERMAN: Podemos conversar? — Perguntei, cauteloso.

VILU: Veio me dar mais algum sermão?

GERMAN: Não, não vou te dar mais nenhum sermão. — Confirmei.

VILU: Tem certeza que não veio brigar comigo?

GERMAN: Certeza absoluta.

VILU: Tudo bem. Senta aqui então, pai. — Falou, apontando para um lugar ao lado dela na cama.

GERMAN: Eu queira te pedir perdão por hoje mais cedo. Eu não devia ter feito o que eu fiz. Era um momento muito especial para você e eu acabei estragando. Me perdoa, Vilu. Eu prometo que não vou impedir você e o Leon de se casarem. Eu vou apoiar vocês. — Falei e peguei sua mão.

VILU: É sério, pai? — Ela perguntou, sorrindo.

GERMAN: Sim, muito sério. — Respondi e sorri.

VILU: Eu não acredito, papai. Muito obrigada. O senhor é o melhor. — Falou e me abraçou.

GERMAN: Você sabe que eu não faço por mal não é? É que é difícil para eu ver você crescer tão rápido. Até ontem você ainda era uma garotinha.

VILU: Tudo bem, papai. Eu sempre vou ser a sua garotinha, ninguém nunca vai roubar o seu lugar na minha vida, papai. Eu prometo.

GERMAN: E nem o seu na minha vida. — Respondeu e a abracei outra vez.

VILU: E não precisa se preocupar, porque eu e o Leon pretendemos nos casar daqui há algum tempo ainda. Vai demorar bastante. — Brincou. — Você e a Angie brigaram? Porque ela saiu correndo para o quarto de vocês. — Mudou de assunto.

GERMAN: Sim, nós brigamos e eu fui um idiota com ela. Justo hoje, no dia do aniversário dela. Eu tentei conversar com ela, mas ela está muito magoada. — Respondi, ainda me sentindo péssimo por ter magoado Angie.

VILU: Desculpa, papai, mas se eu fosse ela eu também estaria chateada. Se o Leon fizesse isso no dia do meu aniversário…

GERMAN: É, eu entendo. Eu tentei me desculpar com ela, mas ela não quer me ouvir.

VILU: Então você tem que achar uma forma de fazê-la te ouvir. É só o senhor pensar em algo.

GERMAN: Acho que acabei de ter uma idéia. — Falei, me animando. Contei a minha idéia para Vilu.

VILU: O senhor é um gênio, papai. Essa idéia é ótima! — Ela sorriu e se levantou, me fazendo levantar junto com ela. — Então acho melhor o senhor ir colocar sua ideia em ação.

GERMAN: Você tem razão. Estou indo fazer isso agora.

VILU: Eu vou pegar a mamadeira dos bebês e vou alimentá-los para que a Angie possa ter um tempo para ela mesma, sem precisar se preocupar. Depois me conta se funcionou.

GERMAN: Pode deixar, filha. Até daqui a pouco. — Depositei um beijo na cabeça dela.

VILU: Tchau, papai.

Saí do quarto de Vilu, fechei a porta e fui para o meu escritório para colocar minha idéia em prática.

Eu não sabia se funcionaria, mas eu esperava que ela me perdoasse.

                         (…)