Fullmetal Alchemist: After All escrita por Paulo Yah


Capítulo 6
#05 - Fidelidade




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- Você hoje iria receber sua demissão. – Dizia o oficial de barba longa, triangular e negra, farda repleta de medalhas e um olhar tão frio quanto à terra a qual ele habitava. – Não era nem para deixarmos você vivo depois do que aconteceu, Albert. Mas devido às novas ordens, você ficará encarregado de cuidar de nossa próxima cobaia.

Hohenheim estava de cabelo curto, sem os óculos e com a barba mais alta que o comum, para proteger a face do frio infernal de Drachma. Vestido em roupas pesadas, não havia perdido o estilo de se vestir de antes.
Ouvia atentamente o que seu “superior” lhe falava, isso seria útil, e ele ficou imaginando o que seria dessa vez. Qual seria as mensagens que ele levaria para a central? Ele sabia que o tempo pelo qual ele previra ficar em Drachma se prolongara.
Isso significava que ele tinha que tomar ainda mais cuidado... Sentiu seu estomago revirar só de pensar se fosse pego, pois as formas de tortura de Drachma eram as piores que ele já tinha visto.

- Sim senhor! – Dissera o homem para o superior.

- Ótimo, será avisado quanto a cobaia chegar. – Anunciou para “Albert”. – Mas desta vez haverá restrições, e se não segui-las irá se arrepender.

- Certo, senhor! – Bradou batendo continência.

Depois de receber a mensagem dos superiores, Hohenheim se direcionou para o refeitório do quartel. O lugar era aquecido e durante aquele horário eram poucas pessoas que iam até lá. Mas Stones estava passando o café, então o homem se direcionou até ele para conversar.

- Limpar estacas de gelo não está sendo fácil. – reclamou o homem alto, porém magrelo, cabelo curto e bagunçado. Barba malfeita e o rosto pálido castigado pelo frio. – Até aqui em baixo em Midgard o frio é insuportável.

- Você reclama de mais, Stones. – Dizia Hohenheim. – Estou trabalhando como “veterinário” no setor de quimeras e experiências. Agora que Ciel se foi, acho que vou ter que limpar a sujeira dos bichinhos.

- Você acha que o pássaro chegou bem ao ninho? – Perguntou Stones.

- Eu o ensinei a voar como um falcão, então é certeza que ele está bem. – Disse Hohenheim ajeitando os óculos. – E nós precisamos mandar uma carta para a mamãe, ela já deve estar com saudades. Preciso informar que irei ficar mais um tempo aqui.

- Sorte minha! Achei que ia ficar aqui sozinho... Já que a mamãe não pretende mandar outros de nossos irmãos para cá. – Dizia enquanto coava o café. Eles estão muito atarefados com seus afazeres domésticos

Hohenheim pegou um banco para sentar, logo após debruçou-se no balcão pensativo e distante.

- Achei que ia ver meu filho o quanto antes. – Comentou. – Ele está precisando de ajuda.

- Doente? – Perguntou Stones.

- Sim... Precisa recuperar-se rápido.

Stones colocou o café em duas canecas e entregou uma para Hohenheim. Este a colocou encima do balcão enquanto Stones se sentava em frente a ele.
Os dois ficaram em silêncio por um tempo, Stones com aquele jeitão desengonçado dele coçou a nuca pensando em qualquer assunto para puxar. Não haviam muitos soldados no local, havia um faxineiro limpando o chão e resmungando uma canção na língua Drachmesa.
Hohenheim se sentia estranho, parecia ansioso e torcia para que a próxima cobaia fosse alguém racional para colocar contra aqueles que o criaram, como fez com Ciel. Se não fosse por ele, Ciel estaria invadindo fronteiras inimigas e matando todos que pudesse. Em apenas dois anos aquele ser sem personalidade nenhuma se tornou uma garota humana, e não uma simples experiência como havia sido durante quatorze anos.
Ele também ficava imaginando o que seria aquele portão; “Asgard Gate.” O que poderia ter ali dentro, e porque era tão sigiloso? Teria que armar um plano para entrar na sala onde se encontrava aquele portão.

- Stones... Acho vou precisar de sua ajuda. – Disse do nada enquanto pegava a caneca tomando alguns goles do café quente, forte e doce que o colega preparou.

- Dei-me o plano, e nós faremos. – Disse Stones decidido.

- Preciso de dois dias, e logo após se fizermos tudo com perfeito sucesso, informaremos a mamãe, ela vai ficar feliz! Caso o contrário, prepare-se para se despedir dessa vida para sempre, e abraçar a morte.

- Ah, droga... Mas fazer o que? Tudo pela mãe. – Bufou Stones com impaciência e medo.

...

- Asgard logo será aberta.

A voz saiu de um canto escuro de uma sala feita em bloco de pedras. Parecia nobre o lugar: muitas peças em ouro, quadros em tela á óleo e esculturas de mármore.

- Você ainda não nos disse o que há por trás daquela porta. – outra voz, masculina e jovem, comentou.

- É, vai dizendo. – e mais um voz um pouco mais grave se pronunciou.

- Vocês atualmente não têm o mínimo de respeito pelo seu superior, experiências insolentes. – A primeira voz respondeu protestando.

- Existem várias maneiras de se mostrar respeito aos superiores. – O dono da segunda voz apareceu encapuzado, como se tivesse se materializado do nada, se curvou diante daquele canto escuro.

Outro corpo apareceu da mesma forma que o primeiro, e assim se curvou também. Ambos pareciam ter o mesmo tamanho e o mesmo porte físico. O ser á direita havia numerado em sua capa o numero 08 e o da esquerda o número 09.

- E que tal nos contar o que há por trás daquela porta, milord...? –Sugeriu o 08

Houve silencio da parte das três entidades, enquanto apenas as velas nos castiçais e candelabros do local oscilavam lentamente.

- Existe o corpo perfeito. – O ser desconhecido voltou a pronunciar. – Por trás daquela porta, existe o verdadeiro corpo da verdade! E eu transmutarei um corpo igual.

- E a velha história do vilão que quer dominar o mundo. – Resmungou 08. – Sabe, existem coisas mais legais para se fazer com poder, coisas que até sem poder você poderia fazer.

- Como sair matando pessoas por aí. – 09 desdenhou e logo após riu sarcasticamente.

- Outro que só pensa nisso... – Resmungou 08. – Mas mesmo assim estou ansioso para o dia que o portão de Asgard for aberto. Mudando um pouco o rumo da conversa, eu vim para saber o que faremos quanto a nossa querida Valquíria que fugiu.

- Aquela vadia me roubou as pílulas de resistência ao Sol. – 09 irritou-se ao lembrar. – Ela esqueceu, ou talvez nunca soube que não tem problemas com o calor do centro de Amestris.

- Cale a boca. – Disse 08. – Isso não é importante agora.

09 empurrou o parceiro ao lado ficando ainda mais irritado, fechando o punho quase partindo para um ataque frontal. Mas sentiram uma presença amedrontadora vinda de seu superior. Olharam para o canto escuro da sala e logo se curvaram novamente.

- Perdoe-nos, milord. – Implorou 08. – Continue, por favor.

Por mais que a relação entre o ser desconhecido e os dois subordinados não fosse tão formal como costumava ser no exército, o medo dos dois para com o superior era muito grande. Eles pareciam desconhecer o verdadeiro poder daquilo e sabiam que este tinha uma presença assustadora, por isso não colocavam suas vidas em risco.

- Ciel vai pagar caro por isso. – Respondeu a voz por trás do canto escuro. – Mas esperem, deixe as coisas fluírem com mais... – procurou a palavra. – Naturalidade!

- Sim, milord. – Disseram os dois em coro.


Amestris

- Parece que o prelúdio desta guerra vai ser grande. – Disse Roy lendo algumas informações vindas de outros países. – Essas pessoas de Xing escrevem muito mal a nossa língua.

Riza estava em pé ao lado de Roy esperando que este terminasse de ler os relatórios e toda a papelada de sempre. O Marechal era rápido, lia assinava e passava, porém a quantidade era muito maior que sua velocidade e logo ele se cansaria.

- Acho que é melhor você sentar, Coronel. – Disse Roy enquanto assinava um dos tantos formulários, e lia os tantos relatórios. – Não vou terminar tão cedo. E se tiver algo que queira fazer nesse meio tempo, faça agora.

Riza se encaminhou até a poltrona que ficava de frente para Roy. Empurrou-a um pouco pra trás e ficou em silêncio esperando que o homem terminasse. Para a sua paciência aquilo era fácil suportar. O que ela não suportava era o fato de que Roy mesmo depois daqueles quatro anos nunca demonstrou o sentimento que ela sempre procurou nele.
Roy realmente continuava o mesmo para com ela... E ela também era orgulhosa de mais pra se pronunciar. Orgulhosa de mais pra ligar para o homem quando o tédio e a carência lhe batiam de frente; quando não conseguia dormir graças aos pesadelos que lhe afligiam. No dia anterior, passando pelas ruas da central viu Edward e Winry juntos; pelo visto passeando, eles pareciam felizes enquanto ela sentia um desconforto imenso.

- Ah... – Suspirou Roy. – Nunca pensei que o trabalho de um marechal fosse tão chato.

- Deveria ter se preparado antes, Marechal. – Lembrou, Riza.

- Ah sim, eu acho que me centrei demais em tirar o Bradley do trono, e me esqueci de me preparar psicologicamente pra isso. – Comentou Roy, sem parar de assinar documentos.

- Você esqueceu de muitas coisas, Marechal. – Sem querer a frase sugestiva saiu da boca de Riza.

- O que disse?

Nesse momento Riza sentiu um frio na barriga, e as mãos dormentes. Engoliu em seco e olhou para Roy que até havia parado de escrever.
Ela se sentiu pequena diante do homem que estava aparentemente sério.

- Es... Esque... Esqueceu... – Não saía. As palavras simplesmente não saiam. – De dedicar-se ao seu futuro.

Roy continuou a escrever depois da resposta, virou a pagina e logo sorriu.

- Elizabeth. – Ele a chamou pelo nome e aquilo a fez tremer, já fazia um tempo que ele não a chamava assim.

- Si... Sim? – Perguntou Riza tentando sem sucesso não gaguejar.

Ele suspirou cansado e entediado... Não queria mais preencher nada, tinha todo o tempo do mundo – ou não. – para fazer aquilo. Levantou-se da cadeira e se aproximou de Hawkeye, encostando-se na mesa e cruzando os braços.

- Não agüento mais isso. – Disse bufando. – Não quero mais ser Marechal. É cansativo de mais, e eu já não agüentava quando era coronel, acho que...

Riza automaticamente levantou provocando a atenção de Roy e interrompendo-o em seu discurso de derrotado, com um olhar frio e assassino, avançou em Roy executando uma chave de braço, imobilizando-o com o tórax encostado na mesa. Com a outra mão ela pegou a pistola do coldre e encostou o cano na nuca do homem que tremeu, de forma que até ela sentiu.

- Retire o que disse, Coronel! Por favor! – Vociferou Riza.

Riza foi fisgada, Roy comprovou sua teoria de que a moça mesmo depois de tudo continuava tão firme quanto ele. Sentiu um orgulho enorme de si mesmo e dela. Dele, pois não errou em sua escolha, e dela por ser em seu conceito, o tipo perfeito para se viver junto.

- Você realmente é uma pessoa fiel, Elizabeth... – Disse serenamente. – Até me chamou de Coronel de novo.

Ele riu enquanto ela corava e se sentia fraca por dentro, mas o orgulho furioso como um falcão atrás da caça não a deixou solta-lo. Ele parou de rir e os dois ficaram em silêncio por um tempo.
Não era sempre que ela tinha contato físico com Roy e ao lembrar disso, Riza ficou ainda mais tensa.

- Retire o que disse, Roy Mustang! – gritou.

Mas Roy continuava lá, parado e sorrindo. Ela percebia aquele sorriso, mesmo não podendo ver o homem de frente. As costelas de Roy no canto da mesa começavam a latejar, mas ele não ligava pra isso, já sofrera danos maiores.

- Até me chamou pelo nome. – Disse Roy irônico. – Sabe Elizabeth?

A cada vez que seu nome era dito pelo rapaz, ela sentia uma fraqueza imensa. Podia parecer bobo, mas para ela era um gesto de carinho, por mais que naquele momento não tivesse nada de agradável e carinhoso ao ver de Riza.

- Você tem que ser um pouco mais superficial. – Disse Roy. – Digo, menos agressiva... Estamos em guerra.

- Sim! E é por isso que...

- Que – interrompeu Roy. – Aquilo que eu disse era brincadeira.

Riza soltou o Marechal e este desmontou embaixo da mesa gemendo de dor, enquanto tentava se levantar. Ela tremia e estava ofegante, mas conseguiu guardar a arma no coldre. Logo pensou em como agira errado, mas Roy nunca brincava assim perto da garota, não que ela lembrasse. Sentiu vontade de atirar mesmo assim pela brincadeira de mau-gosto mas não se sentia em condição de pegar em sua arma novamente.
Roy se levantou finalmente, e estralou as costelas, o pescoço e os ombros.

- Ouch... Que pegada mais, bruta. – Ele comentou num sussurro inaudível.

- Me perdoe, Marechal. – Dizia Riza em arrependimento. – Eu... Eu realmente não sei como explicar essa minha reação. – As palavras saiam desesperadamente de sua boca.

Roy colocou a mão em seu ombro e olhou em seus olhos, com serenidade. Aquele sorriso de antes pode ser visto agora por Riza e ela ficou sem reação ao encará-lo.

- Obrigado, coronel. – Disse o homem. – Por sua fidelidade.

- Mas...

-Ah... – Interrompeu, observando a papelada que ainda tinha para ler e assinar. – Acho que vou voltar ao trabalho... Digo, depois que eu tomar um café.

Roy se direcionou até a porta deixando Riza ali sem reação, poderia ser aquilo um teste? Ela se perguntava e a pergunta se multiplicava em sua mente, até que o barulho da porta se abrindo cortou-lhe o pensamento.

- Você me acompanha? – Sugeriu Roy.

Ela voltou a si, e demorou um pouco pra processar a pergunta, mas logo se direcionou para junto do Marechal.
Roy se sentia feliz, por ter Riza como seu braço direito. Isso a tornava muito importante para ele e para sua vida, e até mesmo para o seu futuro. Algo lhe incomodava um pouco, parecia ser um sentimento oculto, e este nunca se revelou nem mesmo pra ele, talvez por medo? Ou até mesmo pelo mesmo orgulho? Ele não pretendia se aprofundar muito naquilo, pois tinha que pensar em algo muito mais importante que um sentimento pessoal.

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Notas finais do capítulo

Notas do autor

Heh! Olá novamente! Tenho aqui mais um capítulo de Fullmetal Alchemist e para a decepção dos amantes de Ed e Win, hoje fechei com Roy e Riza, bem ao estilo convencional da coisa. Afinal de contas unir esses dois não pode ser algo fácil, muuuuuito pelo contrário!
Na trama central da coisa, Hohenheim e Stones (que eu citei logo no começo da fic como um dos caras infiltrados na base de Midgard, autor das primeiras noticias as quais Riza passou para Roy e Ed) vão entrar em ação para descobrir o que existe por trás dos Portões de Asgard, aguardem por mais xD prometo que irei surpreende-los.
Talvez a quantidade de texto dos capítulos aumente um pouco, espero que não se importem.
E como sempre, vou pedir os reviews! Sim, eu sei que vocês mandam mesmo sem eu pedir, mas é que eu gosto de manter as tradições xDD. Ah semana que vem capitulo comum, com a mesma média de tamanho, talvez do sétimo em diante venha com muito mais
Eu vou indo e semana que vem eu volto com mais! Valquiria? Asgard Gate? 08 e 09? A voz do canto escuro? ( eu sei que isso foi tosco e-e HUHAHUAUHA) não percam! - músiquinha de prévia de episódio [?]. -

Abraço!