Magnet escrita por Rize


Capítulo 3
Chained Sky


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos comentários o outro capítulo, me deixaram muito feliz!



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Fechou a porta atrás de si, soprando a franja para cima e jogando os sapatos para longe. O gato preto estava em seu lugar de costume no sofá, e miou ao vê-lo.

– Calado. – Kaito respondeu como se estivesse sendo alvo de deboche. Colocou as chaves sobre a pequena cômoda na entrada e escorou o casaco numa poltrona.

Não tinha muita coisa em mente sobre o que fazer a seguir. Colocou a ração para o gato e renovou sua água. Seu celular vibrou sobre a mesa de café, e ele correu para pegá-lo. O aparelho parou de tocar um pouco antes que o alcançasse, e então ele tomou um susto. Dezessete chamadas perdidas.

Dez eram de sua namorada, Meiko. Duas eram de seu amigo, Gakupo e cinco de sua irmã, Kaiko.

Sim, estava encrencado. E como. Sabia como Meiko era, quando ele deixava a ligação cair na caixa uma vez ela fazia uma escândalo, imagina dez caixas postais! Agora só precisava esperar para que o furação viesse bater em sua porta.

Quase no tempo em que havia terminado de checar as chamadas perdidas, a campainha em sua porta tocou. Sentiu seu corpo inteiro gelar e um grande medo tomar conta de si.

Andou devagar até a porta e a abriu, mas não antes de respirar fundo e preparar os ouvidos para um berro.

– Onde estava, cara? – Gakupo passou por ele sem cerimônia, tirando os sapatos e jogando um chiclete mascado no lixo.

Kaito suspirou, sem conter o alívio. Fechou a porta e se dirigiu com o amigo para a varanda dos fundos. Era o melhor lugar para conversar, principalmente durante a noite.

– Hospital. – ele falou, sentando-se com desleixo sobre o primeiro degrau, olhando para cima. Gakupo sentou-se a seu lado, com a expressão em dúvida.

– Kaiko?

Kaito riu.

– Ah, antes fosse. – encarou o amigo com um sorriso no rosto, quase como se rindo de uma piada interna. – Uma garota bateu um carro aqui ontem.

– Oh, então por isso o poste está no chão daquele jeito? – uma expressão de realização preencheu o rosto de Gakupo, que riu logo depois. – Que azar, cara.

– Não é azar. – o sorriso de Kaito sumiu aos poucos, enquanto seu olhar se tornava cada vez mais distante.

Gakupo o encarou por alguns instantes e então começou a rir.

– Cara, você é uma viajem! – ele se levantou, tirando o celular do bolso para olhar as horas. – Enfim, só vim aqui ver se tava tudo numa boa. Vou agora, tenho um jantar com os pais da Luka. Vamos sair amanhã. Que tal?

– Tudo bem. – se cumprimentaram com um aperto ensaiado de mãos, e então Gakupo foi embora.

Kaito continuou na varanda por mais um tempo. Ouvia, dentro da casa, seu celular tocando a cada instante, mas realmente não se importava. A noite estava clara e a lua minguava como um sorriso felino. A brisa que vinha do oceano, ao outro lado da cidade, chegava em suas narinas, o sal queimando seus pulmões e o deixando com vontade de ver o mar.

Claro que não faria aquilo.

Quando já via que tinha ultrapassado a meta de tempo sozinho naquela varanda, resolveu entrar.

O celular, ainda vibrando, foi ignorado mais uma vez quando o homem tomou um longo banho, aprontando-se para dormir. Trancou a casa, subindo para seu quarto. Foi seguido acirrado por seu gato, como uma sombra.

Deitou em sua cama, suspirando logo a seguir. Alguma coisa estava errada, e estava dentro dele.

Oras, só porque é errado quer dizer que seja ruim?

***

As batidas fortes em sua porta seguidas pela campainha tocada repetitivamente o acordaram de seu sono. Estava zonzo, ainda sem saber se estava sonhando ou se aquelas batidas eram reais.

Levantou sonambulando, abrindo a porta do quarto e descendo as escadas com os olhos quase fechados. Deu sorte em não cair.

Os olhos deslizavam entre a imagens borradas de seus móveis, paredes e portas, quando ele soltou um bocejo longo e gostoso.

Segurou a maçaneta da porta e a abriu, sendo quase jogado para o lado quando alguém passou pisando forte para dentro.

– Porque você não atendeu o telefone?! – a voz de Meiko foi um grande alarme para que ele devesse acordar e raciocinar, mas setenta por cento de seu cérebro ainda acreditava que estava dormindo.

– Hã... – ele coçou os olhos para tentar se despertar melhor, mas tudo que conseguia pensar no momento era voltar para sua cama e terminar seu sono.

A mulher suspirou, cruzando os braços e revirando os olhos.

– Leve isso à sério, Kaito! – ela exclamou, batendo com o pé no chão.

– Que horas são? – ele perguntou avulso, procurando pelo relógio.

Kaito! – ela quase gritou, e então ele conseguiu se focar mais de que havia realmente acordado. - O que você estava fazendo ontem de tão importante ontem que não pode atender o celular? Todas as vinte e três vezes!

– Ontem – ele repetiu, tentando se situar – eu estava no hospital.

A expressão de Meiko mudou levemente.

– O que? Foi a Kaiko? Ela está bem?

– Não, não foi a Kaiko, e sim, ela está ótima, só tem um resfriado! Uma moça bateu o carro no poste na frente da casa, ela passou a noite apagada no sofá e quando acordou a levei para um pronto-socorro.

– Porque não a levou de primeira?

– Ela pediu para não ir. – Kaito tentava explicar de maneira que parecesse plausível, mesmo que fosse a mais plena verdade – Tinha um compromisso em Hiroshima, e estava bastante sonsa depois do acidente. Relaxe, ela já deve ter saído da cidade à essa altura.

A expressão de Meiko pareceu dar uma grande aliviada, e ela não parecia mais tão nervosa. Não é como se Kaito se importasse, o nervosismo estava lá desde sempre, e era cada vez pior lidar com Meiko.

Passou por ela, indo para a cozinha preparar seu café. Ela o seguiu na hora.

– Sinto muito por desconfiar de você. – falou mansa, mas ele não se deixava enganar. Não abaixava a guarda com ela.

– Não tem problema. É só rotina mesmo. – deu um sorriso torto enquanto colocava água na cafeteira, enquanto o gato sombreado observava tudo de debaixo da mesa.

– O que vai fazer hoje? – ela ignorou o comentário, sentando-se numa cadeira na cozinha.

– Vou estudar, e a tarde vou sair com o Gakupo.

– Argh, não gosto dele, acho que é uma má influência para você. Mas tudo bem, eu vou.

Kaito franziu o cenho, como se tentando se lembrar em que momento da conversa havia a convidado para ir junto. Resolveu deixar de lado e começar a servir seu café.

– Certo. Agora eu tenho algumas coisas pra fazer, então se você puder...

– Tudo bem, já vou indo. Me mande uma mensagem dizendo que horas nós iremos, ok?

Kaito assentiu, a assistindo sair pela porta. Pegou o celular e mandou uma mensagem para a irmã.

“Vamos sair hoje, eu, você, Meiko, Gakupo e Luka. Chega desse seu drama de resfriado, você precisa ver o sol. Se arrume e à tarde eu te busco aí.

Seu irmão favorito,

Kaito.”


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Se tiver comentários, continuo em breve!



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