Fire and the Thud escrita por RealDiePie


Capítulo 1
Fire and the Thud


Notas iniciais do capítulo

Hey, guys. De novo aviso que essa é minha primeiríssima vez escrevendo sobre o Clint e a Natasha, mas sempre amei os dois...
Adorei escrever sobre eles, e só por falar mesmo, adoraria escrever mais... Isto é, se a fic tiver feedback, né? Adoraria aumentar um pouquinho mais essa one depois que o desafio acabar, mas isso vai depender muito de vocês.
Bem, aproveitem!



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Ela entrou na casa, os pés mal fazendo barulho ao tocar o chão de madeira agora velha e desbotada da sala de estar, seu corpo inteiro doendo, uma dor equivalente a mil adagas perfurando sua pele a cada passo que dava. Estava exausta, mas não podia baixar a guarda, pois isso significaria ficar vulnerável, e ficar vulnerável significaria que as chances de ser atacada naquele lugar eram mais do que altas.

Sua pistola - uma Luger de 9 milímetros - tremia levemente em suas mãos, esticadas na frente do corpo em uma tentativa de conseguir uma boa mira no possível alvo. Mas ela provavelmente não conseguiria atirar, e sabia exatamente o porque…

Faziam três meses. Exatamente três meses que ela havia aberto mão de sua própria felicidade para fazer o que deveria ser feito. Que havia o deixado para voltar à Rússia. Tinha que terminar o que ela mesma havia começado. Por isso, pegou o primeiro avião destinado a Moscow… E ela conseguiu o que queria. Conseguiu quebrar toda e qualquer relação com seus superiores da KGB, e no início, pensara que a liberdade valeria à pena. Mal sabia que ele estaria lá para atormentá-la todas as vezes que fechasse os olhos…

Ele tinha a pedido em casamento, as quatro palavras que saíram de seus lábios ainda dolorosamente recentes em sua mente. Podia praticamente sentir também o gosto amargo de suas lágrimas depois de tê-lo recusado. E ela havia prometido a si mesma desde então que, para o seu próprio bem, iria esquecê-lo.

Mas agora sabia que isso seria impossível. Ao entrar naquele apartamento, o lugar até então “seguro" que ambos haviam há muito tempo combinado de se encontrar quando algo estivesse errado, sabia que jamais poderia tirá-lo de sua cabeça.

Clint Barton havia feito um estrago imenso em sua vida.

Estrago esse tão grande, tão devastador que, quando recebeu a notícia da possibilidade de estar morto, Natasha sentiu como se o chão debaixo de seus pés tivesse desmoronado. Como se a possibilidade de viver uma vida normal não existisse sem ele.

E por isso ali estava, arriscando a própria segurança por ele. Entrando em uma das localizações que utilizavam para se esconder quando ainda trabalhavam juntos, a algumas milhas de Nova York, às onze da noite, caminhando a passos lentos e torturantes, um sentimento quase inexistente de esperança se apossando de um espaço mínimo de seu coração.

Sabia muito bem do perigo envolvido em voltar ali. Foram ensinados a vida inteira a não se apegar a lugar algum, a encobrir seus rastros e a deixar tudo para trás caso descobrissem que não era mais seguro viver ali. Mas mesmo assim, ela havia quebrado todas essas regras e voltado àquele lugar. Ao lugar deles.

Contornou a sala de estar, parando de frente para um corredor que conhecia bem, com uma porta de cada lado e uma no final. A atmosfera familiar a irritava. Todas as suas memórias agora pareciam um tanto embaçadas, vagas. Haviam sido apenas três meses longe de Clint, e ainda assim, Natasha havia se esquecido de como era seu sorriso, sua risada. Não conseguia se lembrar direito da expressão em seu rosto enquanto dormia, ou nenhuma de suas pequenas manias que ela tanto adorava. E por mais que tentasse, não conseguia tirar da cabeça o pensamento de que, talvez, nunca mais teria a chance de vê-lo de novo.

A ruiva balançou a cabeça, sua respiração instável ao passo que tentava se acalmar, a arma tremendo incessantemente em suas mãos. Nunca se sentira tão fraca, tão indefesa. Natasha Romanoff não era assim. E eram nessas circunstâncias que chegava à conclusão de que sem ele, não era ela mesma. Não era nada.

Aproximou-se da última porta, segurando a Luger com apenas uma das mãos, usando a outra para cuidadosamente girar a maçaneta. Mas não chegou a sequer abrir a porta, pois, quase que imediatamente, pôde ouvir o barulho do destravar de uma arma, e sentir o cano gelado desta tocar sua nuca.

Haviam a descoberto

Seu corpo inteiro se enrijeceu, o suor frio começando a molhar seus fios ruivos. Como poderia não ter percebido outra pessoa ali? Estaria tão distraída assim? Natasha permaneceu congelada em sua posição, o desespero e choque instantâneos sendo substituídos por uma repentina onda de raiva. Raiva de si mesma, por ter deixado que algo a distraísse.

Antes que a pessoa atrás de si pudesse fazer qualquer coisa, porém, a ruiva agachou-se, torcendo o tronco tão rapidamente que seria impossível que quem quer que fosse pudesse esquivar-se de sua rasteira. O corpo masculino de seu adversário tombou para trás, dando tempo suficiente para que Natasha se levantasse, mas assim que o fez, o homem já havia se erguido novamente. Ela se aproximou da figura mais uma vez, naquele momento banhada em sobras, e enquanto desviava de seus socos, tentava socá-lo também.

Ela era ágil, e entre goles e esquivadas, Natasha conseguiu o acertar no maxilar, fazendo com que o homem voasse para trás, um grunhido de dor escapando seus lábios. Não perdendo tempo, a mulher se lançou em sua direção, prendendo-o entre suas pernas e acertando outro soco, desta vez em sua bochecha. O homem, no entanto, conseguiu se desprender de suas mãos, e a empurrou para conseguir ficar de pé. A ruiva não teve tempo de pensar em nada, porque um minuto depois, seu pescoço fora envolvido na curva do braço musculoso do ser desconhecido, e sentiu a tão familiar dificuldade de se respirar proporcionada por uma chave de braço. Natasha tentava o empurrar com todas as suas forças, mexendo suas pernas violentamente na tentativa de fazer com que ele a soltasse.

Estava quase perdendo a consciência quando, por pura sorte, conseguiu acertar a barriga do homem com o cotovelo, fazendo com que ele a soltasse momentaneamente. Se aproveitando do momento de fraqueza da figura em sua frente, a mulher novamente atacou, desta vez dando um chute perfeito com o calcanhar no queixo do homem. Pôde ver, orgulhosa de si mesma por ter conseguido causar um estrago maior nele do que ele havia causado nela, o corpo já enfraquecido de seu oponente caindo a alguns metros de distância e batendo em um dos poucos móveis, um líquido reluzente que ela reconheceu como sangue molhando levemente o chão próximo a ele.

Mas o homem ainda não havia desistido, e por isso se levantou, embora com um pouco de dificuldade. Em passos rápidos, chegou até onde Natasha estava, tirando uma adaga reluzente do compartimento em sua roupa. A mulher rapidamente segurou a mão que empunhava a pequena faca, tentando afastá-la, e o homem, por sua vez, puxou seu cabelo, fazendo com que seu pescoço ficasse ainda mais à mostra.

Bastaria que ela desse um chute, ou simplesmente o mordesse, para que estivesse live das mãos dele. Mas algo a fez parar. Algo que havia a assustado completa e profundamente. Ali, naquele momento, em meio à luz fraca da lua que emanava pela janela, seus olhos se conectaram. E ela os conhecia. Conhecia aquele perfil, aquele cabelo, aquela boca… Tudo.

Um suspiro chocado escapou de seus lábios, e Natasha impulsivamente relaxou os músculos do braço que empurrava a adaga, fazendo com que a mão do homem se aproximasse consideravelmente de seu pescoço. Mas ele havia parado também, o que apenas servia para confirmar suas suspeitas…

- C-Clint…? - falou, em um sussurro quase inaudível, e se não fosse pelo silêncio absoluto que havia tomado conta do lugar, não teria sido capaz de ouvir a própria voz. Sentiu os braços do homem se tencionarem, e viu a mão com a faca tremer diante de seus rostos.

- Tasha…? - ouviu o apelido tão familiar, e a voz rouca também baixa que tanto sonhara e esperara poder ouvir novamente. Seus lábios tremeram, algumas lágrimas molhando os olhos de Natasha ao perceber que ele realmente estava ali, parado em sua frente. E mais importante ainda, estava vivo.

Sentiu as mãos do homem afrouxarem em seu cabelo, e apenas ouviu o barulho da adaga entrando em contato com o chão antes de ser envolta pelos braços de Clint. Passou as mãos trêmulas por seus ombros, tentando continuar de pé, tamanha tinha sido a surpresa de vê-lo.

- Achei que… Nunca mais ia te ver… Eu… - Natasha falou no mesmo tom de antes, fechando os olhos e enterrando o nariz na curva do pescoço de Clint, aspirando o cheiro que tanto havia sentido falta.

- Shh… Eu estou aqui, não estou? - o loiro a acalmou, afagando o cabelo ruivo da mulher como faria com uma criança. Ambos ainda tremiam, tamanho era o desespero por ver um ao outro. Clint se afastou minimamente, segurando o rosto da mulher com ambas as mãos, observando cada traço, cada detalhe de suas feições. Durante os últimos três meses estivera sofrendo profundamente sem ela. Ir até aquele apartamento, mesmo sabendo dos riscos que fazê-lo envolvia, tinha virado um costume. E na tentativa de parar de ir até lá, havia se voluntariado para todas as missões disponíveis. Acabou quase morrendo em uma delas, mas a morte parecia menos dolorosa do que viver todos os dias esperando que Natasha voltasse. Que dissesse que havia cometido um erro e que o queria de volta. Tinha chegado até ao ponto de odiá-la pelo que tinha feito, mas qualquer raiva que estivera sentindo sumiu quando percebeu que era ela quem estava, naquele momento, em sua frente.

Natasha desceu as mãos pelas costas do homem, e só então lembrou-se da luta que haviam acabado de ter, e do sangue que vira no chão. Isso e o rasgão enorme no tecido da roupa do homem a fizeram parar de acariciá-lo e se afastar definitivamente.

- Clint, você está sangrando… - ela falou, e ele pareceu finalmente perceber tal fato. Independente da dor, o loiro soltou uma risada, um brilho divertido no olhar, como se lembrasse de todas as vezes que ela já havia o machucado durante uma luta.

A ruiva rolou os olhos, se aproximando novamente de Clint apenas para puxá-lo pela mão em direção à antiga suite dos dois e até o banheiro. Mandou que ele se sentasse no vaso, e de dentro do armário debaixo da pia pegou esparadrapos, que guardavam em todo o lugar que iam. Ele tirou a camisa, e a ruiva não pode deixar de observar o abdômen do homem, sorrindo levemente ao fazê-lo, recordando-se de todas as outras vezes que ele havia o feito perto dela, apesar de serem circunstâncias completamente diferentes…

Voltou novamente sua atenção para o ferimento, que não era muito fundo, mas sangrava incessantemente. Natasha lavou e enfaixou o machucado, tendo que ouvir reclamações vindas do loiro durante o processo, e quando terminou, depositou um beijo nas costas do homem, depois abraçando-o por trás.

Clint levantou-se repentinamente - a mulher, ainda pendurada em seus ombros, passando ambas as pernas por sua cintura para se estabilizar - e foi até a cama de casal, jogando a ruiva no colchão desgastado e se deitando ao lado dela.

Permaneceram na mesma posição - ambos apoiando a cabeça no cotovelo, ele com a mão livre na cintura da mulher, ela brincando com os fios loiros do cabelo do homem - por algum tempo, apenas observando um ao outro, relembrando cada detalhe e acostumando-se com os novos.

Natasha, sem tirar os olhos dos dele, aproximou-se, a distância entre os dois a matando. Precisava chegar mais perto de Clint, sentir a sensação boa que o contato entre seus corpos a proporcionava; sentir seu peitoral másculo subir e descer a cada respiração; e o mais importante, suprimir a falta que sentia de seu cheiro, seu olhar, suas mãos em sua pele, seu sorriso e suas palavras. Principalmente as palavras que havia dito a ela pouco antes de ir embora. E talvez por isso, Natasha sorriu o sorriso sincero que só ele conhecia, e disse:

- Então… Aquele pedido em casamento ainda está de pé…?


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Notas finais do capítulo

Oh well... Devo dizer que achei extremamente difícil escrever menos de 2000 palavras - que era a quantidade máxima de palavras estipulada nas regras, pra quem não sabe.
Foi uma tortura também não colocar nenhum beijinho, mas nas regras também diz que não pode ter o gênero romance, e uma cena assim provavelmente não ia caber de qualquer jeito.
Estou com uma vontade tremenda de escrever mais, mas até o desafio acabar não vai dar... Mas deixem seus comentariozinhos lindos pra mim, e talvez eu pense em continuar pra valer.
Anyways, obrigada por lerem!



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