Once upon a heart escrita por Sarah Kennedy


Capítulo 2
Ethan - Am I Wrong ?


Notas iniciais do capítulo

Heey LEITORES !
Uma coisa : todo capítulo vai ter uma música cuja letra meio que complementa a história ! Além do que é simplesmente divino ler com música.
Música do capítulo : Am i wrong



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Havia aproximadamente duas semanas desde que Ethan e Peter se beijaram. E Ethan não parava de lembrar daquilo. Aquela cena não saia da cabeça dele. Nem quando ele deitava a cabeça no travesseiro estava livre.

Tentou fazer coisas de homem. Se masturbou umas 10 vezes, mas na hora de gozar se lembrava do beijo. Alugou um filme pornô e tentou se masturbar de novo, mas não estava dando certo.

Ele se sentia um babaca por estar fazendo aquilo. Não ia funcionar, pensou.

Mas ai uma ideia lhe ocorreu. Pra que ficar vendo coisas que pode fazer ?

Pegou o telefone e procurou entre seus contatos uma garota que estivesse se atirando pra ele. Logo achou um número de uma garota a quem se recordava muito bem. Uma pequena loirinha safada e atirada que voaria ao chamá-la.

Ligou para o número de Lara Jonas. Ela imediatamente atendeu e tratou de usar a voz mais doce que possuía.

– Oi, Ethan. Quer uma visita minha ? – sussurrou contra o telefone de maneira que parecia estar pendurada ao ouvido de Ethan. Ele suspirou, não gostava de meninas daquele tipo. Mas sabia também que era a única que naquela hora toparia sair com ele pra depois ir pra casa fazer algo mais interessante.

– Sempre adivinhando – tentou ser sedutor mas não estava nem perto – Quer ir ver um filme comigo ? Depois podemos vir pra minha casa... – Ethan respirou fundo – e fazer o que você quiser.

– O que eu quiser ?! Acho que você pode adivinhar o que eu quero... e se for esperto já deve ter adivinhado. Sim, eu quero sair Ethan. Te encontro daqui a 10 minutos na porta da sua casa.

Nossa, pensou Ethan. E antes que pudesse responder ela desligou o telefone.

Ethan se arrumou rapidamente e logo ouviu o tinir da campainha. Estava sozinho em casa e como não havia barulhos podia ouvir a baixa campainha do andar de cima.

Sozinho, ele ia estar por duas semanas. Afinal sua mãe estava viajando e sua irmã mais velha estava com ela.

Desceu as escadas e encontrou com Lara. Os cabelos longos e loiros estavam presos em uma trança embutida que só deixou soltos seus fios da franja tingidos de vermelho.

Sua roupa era minúscula, uma blusa decotada e um short curto com uma meia preta rasgada e um coturno. Mas aqueles seios sequer chamaram atenção de Ethan. Pois assim que ele saiu de casa viu Peter e um rapaz alto e moreno juntos, bem próximos a casa de Peter, que era vizinha a sua.

Peter se apoiou nos ombros de rapaz e lhe beijou. Lara desviou os olhos da calça de Ethan e olhou na mesma direção que ele.

– Argh ! Que nojo ! – resmungou Lara – Não sabia que você era vizinho de bichas ! Não vai fazer nada não ?!

Mas o espanto de Ethan era bem maior. Talvez indignação. Seu punho estava cerrado e tremia de raiva. E... por que ?

Quando Peter soltou o garoto, olhou para o lado e viu Ethan e Lara. Com um movimento rápido, Ethan enlaçou Lara e beijou sua boca. Ela, realizada, levou as mãos a nuca de Ethan e abriu a boca pra permitir a língua dele.

Foi a vez de Peter se impressionar. Ele estava morrendo de ciúme.

– Aquele é o seu amigo por quem você vai me trocar ?! – Stephan murmurou rindo com desdém da expressão furiosa de Peter – Não me parece nada gay...

– Me esquece Stephan. Eu não tenho mais nada com você...

– Não tem é ?! – Stephan fechou a cara – Você vai se arrepender seu viadinho de merda.

E saiu a passos largos de perto de Peter. Quando se distanciou o suficiente, pegou o telefone e ligou para alguns marginais que conhecia.

– ... façam ele se arrepender. Batam nele até ele virar homem.

Ethan percebeu que Peter o olhava e soltou Lara. E teve uma das piores visões da semana. Peter enxugou o rosto com a barra da camisa e o olhava com ódio, mas um ódio que só existe quando se desiste da pessoa por completo.

Ethan engoliu em seco e se desvencilhou de Lara.

– Nossa gato... – ela começou mas ele a interrompeu.

– Foi a sua recompensa por ter vindo até aqui. Agora eu tenho que resolver uma coisa com o meu vizinho. Onde já se viu ? Dois gays se pegando em frente a minha casa ! – ele tentou parecer convincente.

– Eu te espero amor.

– Não precisa. Além do que eu não gostaria. Passe aqui em casa amanhã e nós passamos um tempo juntos.

– Sobre a cama ?! – ela perguntou com um sorriso maroto.

E para se ver livre dela, assentiu. Lara virou as costas e voltou pra casa onde encontrou com seu outro brinquedo, Violet O’ Connel.

Ethan se aproximou de Peter, que o fuzilava com um olhar fulminante.

Nenhum dos dois se atrevia a falar qualquer coisa. Até que Ethan tentou, calmamente se pronunciar.

– Nós... – suspirou – Temos que conversar...

– Concordo – sibilou Peter.

– Vem... vamos pra dentro...

– Pra que ? – Peter fez cara de nojo e cruzou os braços.

– Não vamos fazer um escândalo na porta de casa, certo ?! E tem coisas que não podemos dizer em público...

– Você está envergonhado ?! – a expressão de Peter piorou.

E pra piorar mais ainda Ethan ficou quieto.

– Okay. Vamos pra dentro. – Peter por fim concordou.

Ethan foi na frente e abriu a porta. Peter passou e ele fechou a porta. Como o de costume , desde quando se conheceram com 5 anos, os dois subiram as escadas e foram para o quarto de Ethan. Quando chegaram lá, Peter afrouxou o cachecol e explodiu.

– O que você estava fazendo com aquela putinha de merda da Jonas ?!

– Eu...

– Será que o que eu te disse não fez diferença ?! Você ainda brincou com os meus sentimentos e pegou aquela vadiazinha de quinta na minha frente ?!

– Eu...

– Não sabia que você era tão insensível, Ethan ! Me beija e depois fode na minha frente !

– Eu só quis te dar o troco – as palavras saíram da boca de Ethan sem que ele pensasse. O que acontecia sempre que ele ficava estressado. Sempre via as palavras pulando de sua boca e melhorando ou estragando tudo.

Peter sentiu um alivio imenso. E Ethan sentou na cama com a cabeça entre as mãos. O que está acontecendo comigo ?

Peter foi até ele e se sentou ao seu lado, com os dedos entrelaçados sobre o colo.

– Então você ficou com ciúme de mim ?!- Peter foi direto.

Sem saber o que fazer e já com lágrimas nos olhos e sangue nas bochechas, Ethan assentiu com a cabeça.

Um sorriso involuntário surgiu nos lábios de Peter.

– E por quê ?

Ethan respirou e olhou para Peter. Seus olhos azuis brilhavam pelas lágrimas e seus lábios tremiam de leve ao falar.

– E-eu acho... eu acho que te amo.

Peter não pode conter seu espanto. Sabia que o amigo estava sendo sincero mas não podia acreditar.

Puxou o rosto de Ethan com uma mão e o beijou. Logo Peter aprofundou o beijo e Ethan relaxou. Levou sua mão a de Peter em seu queixo.

Peter rompeu o beijo e entre risadas e sorrisos explicou a ele sobre Stephan Anderson.

– ... ele foi um ficante meu... mas eu terminei tudo por você... eu te amo Ethan...

Ethan ficou sem palavras. Não pensava em preconceito em nada. Só pensava no quanto precisava daquele garoto pra ficar em paz.

*-*

Quando a noite chegou, Peter decidiu que queria acabar aquele dia maravilhoso comendo seu prato preferido. E saiu da casa de Ethan para ir ao seu restaurante favorito a uns 4 quarteirões dali. Sabia que era longe e negou a companhia de Ethan, porque queria fazer uma surpresa.

Mas logo se arrependeu. As ruas estavam mal iluminadas e a noite ficava cada vez mais escura. Peter estremeceu ao entrar em um beco estreito. Teve a estranha sensação que estava sendo seguido. E não é que estava certo !

Dois homens altos e parrudos o empurraram contra a parede. Um homem barbudo puxou a gola da camisa dele e o levantou. Quando os pés de Peter pararam de tocar o chão, foi a hora de se preocupar.

– Você é o frutinha que o Stephan mandou arrombar...

– Se bem que ele já é – riu o negão que o acompanhava.

Os dois riram. Peter engoliu em seco e se debateu, em vão. O barbudo, que pareceu ofendido com a resistência de Peter, o arremessou no chão e começou a bater nele sem dó.

O negão subiu sobre o corpo de Peter e começou a socar-lhe o rosto com um soco inglês enquanto o barbudo o chutava com uma bota firme e dura.

E só pararam quando uma sirene de polícia soou. E o corpo de Peter, coberto de sangue e sujeira, foi levado, um tanto cambaleante para o hospital. Com direito a somente uma ligação.

*-*

Ethan’s POV

A tarde passou e eu nada pude fazer se não aproveitá-la com ele.

Nós conversamos, vimos filmes, jogamos... mas tudo foi diferente.

E por mais que ainda fosse estranho pra mim me sentir atraído por um corpo masculino, percebi que não precisava pensar nisso. Pelo menos não agora. Afinal até minha mãe e minha irmã voltar, ninguém vai perceber minha aproximação com Peter.

E quando já era noite, Peter resolveu sair pra comprar comida. Eu falei pra ele que ia cozinhar mas ele negou, até porque eu nem sei esquentar água, me deu um selinho e saiu.

Já passaram uns 30 minutos e nada. Não deve demorar tanto assim !

É quando meu celular soa e eu pulo sobre o aparelho. Mas o que estava por vir não era nem um pouco reconfortante.

– Alô, Peter ?! – perguntei.

– Alô. Aqui é o delegado O’ Connel. Com quem falo ? – a voz dura e grave me fez estremecer. Mas por quê raios um delegado está com o celular dele ?!

– Ethan... Ethan Norton. O que houve com o Peter ?

– Ele pediu que ligássemos para o senhor. O Sr. Scofield foi agredido e levado para o hospital North State....

– Eu estou indo pra o hospital. – respondi sem deixá-lo terminar.

Não posso esperar mais nem um segundo. Pego minha carteira de motorista e algum dinheiro e vou até a garagem onde o velho carro da minha irmã está estacionado. Entro no carro e piso no acelerador.

Sinal vermelho. Paro o carro , arfando de preocupação. O que aconteceu com ele ? Será que ele está bem ? Ou será que...

Não. Não vou pensar nisso. Respiro fundo e volto a dirigir com o sinal verde.

Chego no hospital e só me dou por mim quando saio do elevado e bato com o tronco e as mãos contra a bancada das secretárias. A moça loira se assusta e eu peço desculpas.

– P-peter Scofield ? – as palavras sumiram da minha boca e meus lábios só sabiam tremer, semi abertos e vazios.

– O senhor é Ethan Norton ? – uma mulher baixa se aproximou de mim. Usa um jaleco branco polido com um botom onde está escrito seu nome. Dra. Renée Lantz. Por baixo pude perceber que havia uma blusa branca ensopada de sangue. Assenti com a cabeça horrorizado com o que aquilo podia significar.

– Venha comigo. Eu sou a Dra. Lantz e estou com o seu amigo.

Ela se virou e me conduziu até o quarto 320. Abriu a porta do quarto e antes de sair e me deixar entrar avisou :

– Vou chamar o delegado O’ Connel já que você chegou. Ele precisa fazer o B.O mas o Sr. Scofield disse que só falaria alguma coisa se chamássemos você. – ela me deu um sorriso amável e me deixou no batente da porta.

Quando entrei, tive que ter muita força nos joelhos pra não cair no chão. O rosto de Peter estava inchado e vermelho e havia sangue nas bandagens enroladas em sua cabeça. Ele estava com a cabeça encostada na cama, os olhos fechado e, como seu rosto não estava muito limpo, eu podia ver claramente as lágrimas escorrendo.

Fiz barulho com a porta quando a fechei. Sem abrir os olhos ele suspirou.

– O senhor poderia atender o meu favor ou é difícil ? – resmungou. – Delegado ?

– P-pete... o que fizeram com você ? – minha voz saiu falha. Ele abriu os olhos espantado e eu fui até ele, que chorava com muito mais intensidade. Abraço-o com força e ouço ele gemer baixinho.

Tento afrouxar a força mas ele não deixa e me aperta mesmo sentindo dor.

Até que ele me solta e com os olhos pidões me pede algo que me faz corar.

– Me beija, Ethan.

Engulo em seco.

– A-aqui ?!

Peter se desvencilha de mim com uma aparência magoada.

– Você está com vergonha de mim ?! – sibilou.

O que ele queria também ?! Era óbvio que eu estava envergonhado. Não havia nem um dia que eu decidi me assumir gay. E , pensando bem, eu nem me assumi ainda !

Mas também não queria vê-lo chorar de novo sobre seus cortes e dessa vez por minha causa. E os cortes... são todos culpa minha... eu o deixei ir sozinho, sabendo que era perigoso.

Passei meus dedos nos seus cabelos, bagunçados sobre as bandagens.

– Não é isso... eu só... esquece.

Me aproximei dele e sentei na cama, ficando de frente pra ele, que estava sentado abraçando os joelhos.

É quando ouvimos o barulho da porta se abrindo. Levanto em um pulo e vejo um homem de meia idade atlético e careca entrar. Veste um traje de polícia azul e carrega uma prancheta.

– Boa Noite, Sr. Norton. Eu me chamo Robert O’ Connel. E estou aqui pra fazer algumas ao seu amigo – ele apertou minha mão com força – Vai me responder agora Sr. Scofield ?

– Vou – ele murmurou olhando pra mim.

– O senhor tem ideia do por quê foi atacado ?

– Sim. O meu ex namorado mandou me baterem...

– Namorado ? – o delegado nos olhou com nojo – O Sr então é gay ?

– Sim. Eu sou.

O delegado bufou.

– Não preciso de mais nada. Se apanhou foi pra voltar a ser homem, isso sim ! Onde já se viu ?!

– O que o senhor disse ? – Peter levantou a cabeça com ódio.

Eu ri e mordi o lábio. Que ridículo.

– Isso mesmo que você ouviu viadinho – o delegado sibilou baixo – Não tenho nem o que culpar quem fez isso a você... e ainda merecia mais, porque pelo visto está ainda mais louco pra queimar a rosca !

Aquilo não podia ser verdade.

– O que você disse ? O senhor é um idiota ! Ao invés de resolver o problema do meu namorado quer piorar ainda mais a situação !

Silêncio.

– Seu namorado ? – o delegado sibilou, me fuzilando.

Peter olhou pra mim surpreso e eu me encolhi. Por que isso sempre acontece comigo ?!

Minhas bochechas esquentam e eu me encolho um pouco.

– Eu suspeitei que vocês não podiam ser só amigos... – o delegado falou meio raivoso – Eu... um policial está me chamando. Eu volto aqui depois.

– É bom mesmo. – consigo dizer pela raiva – Porque eu gravei toda nossa conversa e se você não achar o culpado eu vou a justiça. E se for necessário, entraremos com um processo. Eu sou filho da Beverly Norton, a advogada mais conhecida pelos processos vencidos.

– ... Berverly... é a sua mãe ?! – o delegado assumiu uma expressão nostálgica mas que logo se tornou confusa. E saiu sem dizer mais nada.

Peter segurou minha mão.

– Então quer dizer que somos namorados agora ?


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Notas finais do capítulo

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