O Adormecer escrita por Victoria Stefany Mendes


Capítulo 9
Capitulo 9.


Notas iniciais do capítulo

Demorou mais chegou, capitulo novo para vocês ! :3



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Capitulo 9.

São 08:00 da manhã quando acordo. Abro os olhos e percebo que adormeci no sofá, olho para o corredor onde minha mãe e Lana estavam ontem, mas não há ninguém naquele lugar. Analiso o local e vejo que está tudo no mais total silêncio, vou até o corredor e bato na porta do quarto de Lana, mas ninguém abre. Seuguro a maçaneta e giro. Quando entro reparo que o quarto não é da mesma cor do restante da casa. As paredes são pintadas de um rosa escuro, que chega a ser roxo, as cortinas são brancas e de renda, o guarda-roupa é do mesmo tom que as paredes, á uma cama de casal em um canto perto da janela, a cama está imersa sobre dois travesseiros brancos e uma colcha preta de seda, suas laterais são de granito e quando me sento no colchão, tenho uma completa vontade de nunca mais sair. A cama é tão macia e suave, que se fosse minha, provavelmente não teria vida social. Ela está perfeitamente arrumada, quando olho para o teto percebo que não há luminárias em forma de dentes no teto como na sala e sim algumas estrelas coloridas que mudam de cor no escuro. Há várias pratilheiras ao redor das paredes onde se encontram bonecas de todos os tamanhos, mas três me chamam a atenção. Todas tem o mesmo tamanho, uma é loira e usa franja, a outra tem os cabelos negros e a última tem o cabelo preto e vinho. Todas usam um bleaser vermelho e uma camiseta branca por baixo dele, uma gravata vermelha com listras brancas e uma bota. Elas realmente me parecem familiares mas não consigo me lembrar muito bem o porque. Logo abaixo das paratileiras existe um raque de madeira bem antigo, uma televisão rosa pequena, está acomodada em cima dele. Na parde de baixo do raque a vários livros e reconheço alguns, a maioria são os meus favoritos como: A culpa é das estrelas, Jogos vorazes, Hush, hush, Cidades de papel, Divergente, Harry Potter, House of night, A seleção [...]
Percorro as mãos sobre cada livro e meus olhos brilham com tantas preciosidades que encontro pela frente. Uma porta bem ao lado de onde está o raque chama a minha atenção, quando a abro encontro uma sala enorme, bem á frente á um único computador, as paredes estão repletas de pôsters de várias bandas conhecidas como: Beatles, RBD, Rolling Stones, Fly, Asking alexandria, Legião urbana, The pretty reckless [...] . Essa sala lembra o quarto de uma adolescente de 15 á 19 anos, á vários CD's espalhados pelas pratilheiras do comodo, á uma estante ainda mais cheia de livros, todos empoeirados, alguns ainda lacrados como os CD's. Escuto um barulho vindo do andar de cima e saio dos meus pensamentos. Subo correndo e fecho a porta devagar para não fazer tanto barulho, volto para o sofá o mais rápido que posso e finjo que estou dormindo. A porta da sala se abre e as vozes de Lana e minha mãe encontram meus ouvidos.
— Ela fica tão linda quando está dormindo — é a voz de Lana.
— Parece um anjo, isso soou irônico — minha mãe ri.
— Totalmente irônico.
As duas gargalham.
— Melhor deixar a princesinha dormir — minha mãe diz.
Sinto seus lábios beijarem minha testa.
As vozes se afastam, até sumirem completamente.

+++

Fico alguns minutos deitada, e então me levanto e vou até a cozinha, quando chego até lá fico em silêncio presenciando a cena da Lana e minha mãe preparando a comida, enquanto observo a cena, me lembro quando eu e Claire éramos pequenas e preparávamos brigadeiro de panela, nós duas sempre jogávamos chocolate uma na outra e minha mãe e a Sra. Prior davam uma bronca em nós duas, mas sempre acontecia o mesmo, até que um dia meu pai entrou na brincadeira e se sujou todo, o pai de Claire fez o mesmo e ao final do dia todos até a minha mãe e a Sra. Prior estavam cheios de chocolate.
— Está tudo bem meu amor?
Minha mãe me tira dos pensamentos.
— Sim — respondo.
— Venha querida, venha nos ajudar a preparar o almoço — Lana diz sorrindo.
—O que vamos preparar? — pergunto.
— Lasanha quatro queijos — Lana diz sorrindo.
— Preparada? — minha mãe pergunta.
— Sim — respondo.
— Mão na massa! — as duas dizem ao mesmo tempo.

Eu mexo o molho, enquanto as duas tiram os pequenos plásticos que envolvem as massas. Quando terminamos, começamos a montar a lasanha, colocamos os quatro queijos e levamos ao forno. O resto de molho que sobra vai parar em nossos cabelos, roupas, olhos e bocas. Nós limpamos a bagunça e vamos até a sala enquanto esperamos a lasanha ficar pronta.
— Foi bem divertido, não? — Lana pergunta.
— Sim! — eu e minha mãe respondemos ao mesmo tempo.
— Senti falta disso — Lana diz.
— Eu também — minha mãe diz.
Ficamos em silêncio, até finalmente dar o tempo para a lasanha ficar pronta. Lana pega uma luva e tia a lasanha do forno.
— Está com um cheiro incrível — ela diz.
— Concordo — digo.
— Atacar? — minha mãe pergunta.
— Atacar — respondo.
Pegamos dois pratos e comemos. A lasanha está perfeita, o molho está explêndido, o queijo derrete na boca, a massa está macia e no ponto.
— Você não quer um pedaço? — pergunto a Lana.
— Para ser sincera só de ver isso, eu fico enjoada — ela diz.
Ela se levanta vai até a geladeira e pega uma bolsa de sangue A+ e enquanto ela o bebe, eu e mamãe continuamos a comer a lasanha.
— Eu não entendo como você gosta disso — digo apontando para o sangue, — tem gosto de ferro.
Lana da uma gargalhada.
— Eu também achava isso, mas com o tempo você se acostuma.
— Pode ser — digo.
Quando terminamos de comer, eu ajudo com a louça e vamos todos para á sala.
— Temos muitos problemas para resolver — minha mãe começa.
— Sim, nós temos — Lana concorda.
— Preciso fazer uma coisa — digo.
Vou até o corredor e pego meu celular. Disco o número de Daniel mas ele não atende, provavelmente ainda deve estar com raiva pelo que aconteceu ontem. Volto para a sala.
— Algum problema docinho? — Lana pergunta.
— Não — respondo.
— Precisamos de uma solução e rápido — minha mãe diz.
— Nós precisamos achar um jeito de faze-los perceber, que essa guerra não levará a nada — Lana diz.
— E como faremos isso? — minha mãe pergunta.
— Eu não sei — Lana responde.
— Estamos muito bem — murmuro.
– E se a gente fizesse uma votação? — Lana pergunta.
— Votação? — minha mãe e eu falamos ao mesmo tempo.
— Sim. Faremos uma votação para ver quem quer guerra e quem não quer e o mais votado vence.
— E se guerra ganhar? — minha mãe pergunta.
— Péssima ideia? — Lana pergunta.
— Horrível — minha mãe responde.
Ficamos em silêncio.
— E se a gente fingisse que está de acordo com a guerra?
— Até quando isso duraria? — minha mãe pergunta.
— Eu não sei, talvez até conseguirmos um tempo maior — respondo.
— Não iria dar certo, eles iriam perceber e não iriamos conseguir sustentar a mentira por muito tempo, uma hora a guerra teria que começar.
— Você é a líder do exército Nephilim, certo?
Ela assente com a cabeça.
— È claro — Lana começa. — Você é a líder e eles tem que te obedecer, e se você disser que não terá guerra, não terá — ela continua.
— Não é tão fácil quanto parece — minha mãe diz.
— Então que ele se matem sozinhos. Já que querem uma guerra por motivo nenhum, que assim seja — digo irritada.

+++

As horas se passam e a campainha toca, vou até a porta e a abro. Parados na minha frente estão Gus e Chuck, ambos suados e com os lábios e nariz sangrando.
— O que houve com vocês?
— Tivemos um probleminha na estrada — Gus responde.
— Que tipo de "probleminha"?
— Alguns anjos e nephilins nos encurralaram, mas conseguimos fugir, nada com que se preocupar — Chuck responde.
— Nada com me preocupar? Vocês aparecem ferrados na porta da casa da amiga da minha mãe e dizem que não é nada com que se preocupar?
— Amor,será que podemos receber a bronca mais tarde?
— Entrem e tomem um banho, porque vocês estão fedendo — digo, enquanto tapo o nariz.

Os dois vão até o banheiro e tomam banho. Lana empresta umas roupas do ex namorado dela, que servem para eles e então eles se sentam na sala com a gente. Gus está usando uma camiseta amarela e solta, uma calça de moletom cinza e seus cabelos estão desajeitados, achei que nunca o veria assim, mas continua tão perfeito quanto antes. Chuck usa uma camiseta branca um pouco mais apertada, uma calça de moletom preta e os cabelos estão penteados perfeitamente para o lado.
— Será que Claire e Carter estão bem?
— Ele sabe se cuidar, não se preocupe amor — Gus diz.
— Você acha?
— Tenho certeza, se algo ruim tivesse acontecido, já iriamos saber, fique tranquila amor — ele responde.

Passamos o resto da noite tentando achar alguma solução para o problema da guerra, mas nenhuma ideia vem. Quando são quase 02:30, arrumamos a sala e colocamos alguns colchões no chão para Gus, Chuck e eu dormimos. No começo mamãe fica contrariada mas Lana consegue convence-la de me deixar dormir com os dois. Me deito no colchão e Gus me abraça. Ao sentir seu toque meu corpo estremece, minha pele se arrepia e me sinto segura, como se nada pudesse me fazer mal enquanto ele estiver comigo. Fecho os olhos e adormeço de tanta exaustão.

+++

Quando acordo, vejo os olhos negros do Gus me observando, olho para o lado e vejo Chuck esparramado sobre a cama e de boca aberta.
— Ele está mesmo cansado — digo.
— Ele teve um dia difícil — Gus da de ombros.
— Você tem razão. Mas e você não está nem um pouco cansado?
— Eu raramente durmo, e ver você dormindo vale muito mais apena.
Sorrio.
Ele coloca alguns fios soltos do meu cabelo para trás da orelha e passa a mão sobre o meu rosto.
— Você é linda amor — ele diz, enquanto me observa.
— Você também é lindo.
Ele da um sorriso de lado.
Me aproximo mais de seu rosto e o beijo. Quando seus lábios encostam nos meus aquela fome volta novamente. Eu o beijo uma, duas, três e cada vez o quero mais. Sei que estou indo por um caminho perigoso e que posso me machucar no final, mas o que seria da vida sem os riscos?
— Será que vocês podem parar? — Chuck diz sonolento.
Paramos de nos beijar.
— Desculpa — digo sorrindo.
— Vocês são nojentos.
— Só está dizendo isso, porque você queria estar no meu lugar.
— Tem razão, você é um cara de sorte.
Chuck joga um travesseiro em Gus.
— Vejo que vocês já estão bem acordados.
Minha mãe diz, enquanto entra na sala.
— Dormiram bem?
Lana pergunta, vindo logo atrás.
— Sim — respondemos os três juntos.
— Òtimo — minha mãe diz. — Porque vocês vão nos ajudar.
— Qual é o plano? — Pergunto.
– Você irá fingir que é namorada do Gus e que não está do meu lado na guerra. Chuck, você irá se infiltrar com os nephilins que estão no meio da guerra e relatar tudo o que eles fazem, quais são seus planos, tudo. E não esqueçam, vocês tem que fazer o possível para acabar com essa guerra, e o mais importante conseguir o maior número de aliados que puderem, entenderam?
— Sim — respondemos ao mesmo tempo.
— E quanto a você e ela? - Gus pergunta, apontando para Lana.
Minha mãe revira os olhos.
— Ela vai tentar trazer os vampiros e outros seres do submundo para o nosso lado e se não conseguirmos acabar com essa maldita guerra, a gente vai para o plano B.
— Que seria? — Dessa vez Chuck pergunta.
— Vamos para guerra e lutaremos — minha mãe responde.
Todos ficam em silêncio.
— Mas isso não será necessário — Lana diz, tentando soar animada.
— Eles devem ter um bom motivo para fazer uma guerra. Só precisamos saber o que é. E ai alguém tem uma ideia? — pergunto.
Todos me olham nervosos.
— Porque eles não seguem as regras — mamãe gagueja.
— Porque vocês nunca me contam a verdade?
— Mas nós estamos — minha mãe responde.
— Então porque sinto como se estivessem mentido para mim?
— Grey, você não gostaria da verdade — Chuck diz.
Minha mãe e Lana dão a ele um olhar fatal.
— Então quer dizer que tem uma verdade? — os desafio.
— Já chega, contem logo a verdade para ela — Gus diz.
— È isso mesmo que você quer? — minha mãe pergunta.
— Sim.
— Tudo bem , já que você quer saber.
— Estou pronta, pode começar.
— Quando eu tinha sua idade, conheci um garoto que me fascinou, ele era uns dois ou três anos mais velho, tinha os olhos verdes assim como os seus, seus lábios eram vermelhos como sangue, seus cabelos eram castanhos e desajeitados. Eu não o suportava no começo mas no fundo sábia que sentia algo mais, nós namoramos por um tempo, mas então seu pai apareceu, eles viraram melhores amigos e com o tempo comecei a perceber que já não sentia o mesmo por Sebastian. — Sebastian, sussurro em minha mente, o homem de quem Chuck havia me falado. — È claro que ele não era burro e logo percebeu que eu estava gostando do seu pai, e desde então ele jurou vingança contra os líderes do exército de caçadores de sombras, nephilins, anjos caídos, vampiros, lobisomens, humanos, ou qualquer um que estivesse ao lado de seu pai e eu. Por isso eles querem a guerra Anna, porque Sebastian conseguiu o que queria, fez a cabeça de cada ser que encontrou e os fez ficar contra nós. Por vingança.
— Você acha que esse plano de se infiltrar, vai conseguir acabar com essa porcaria de guerra? — questiono-a.
— Talvez. Não tenho cem por cento de certeza — ela responde.
— Só vamos saber se tentar — Lana interrompe.
— Eu topo — sorrio.
— Eu também — Chuck diz.
— È eu também, não vai ser uma tarefa difícil — Gus diz.
— Já que todos topam, é hora de entrar em ação— Lana diz sorrindo.

+++

Depois de duas semanas na casa de Lana, finalmente vamos embora. Senti falta do cheirinho de casa, da minha cama, do meu quarto, de tudo e principalmente da Claire.
— Nunca mais me deixe sem notícias, love! — ela diz, enquanto me abraça.
— Pode deixar — respondo.
— E como anda o "namoro", com o Carter? — pergunto.
— Muito bem — ela responde. — E você e o Gus?
— Estamos bem também — respondo.
— A gente podia combinar de sair os quatro juntos.
— Eu vou falar com ele — digo.
Mesmo se passando duas semanas, eu e Gus nunca falamos sobre um namoro real. Por enquanto estamos deixando só pessoas que gostamos saber sobre o nosso "namoro", para que não fique tão na cara que é falso, claro que eu gostaria que fosse real, mas como John Green já dizia: "O mundo não é uma fabrica de realização de desejos".
— Combinado então, já vou love, te vejo amanhã na escola e se prepara porque a Sra. Sophia está uma fera por você ter perdido as aulas dela.
— Deixa que eu me entendo com a fera.
Ela me da um último abraço e se vai.

Subo até meu quarto e me jogo na cama. Fico pensando nas noites que passei com Gus, nos seus beijos, seus toques, seu corpo no meu, seu cheiro, seus olhos. Um barulho vindo da janela me desperta. Olho para a janela e meus olhos encontram Daniel. Ele está usando uma regata preta e apertada, um calça jeans azul escura e seus cabelos loiros, estão alinhados para trás.
— Sentiu minha falta Grey? — ele da um sorriso.
— Pensei que você estava com raiva de min — digo vacilante.
— E estava — ele responde. — Mas como já tinha dito, vou continuar a treinar você. Aliás fiquei sabendo que você e Gus estão namorando. Felicidades — ele sorri.
— Obrigado.
— Então, pronta para treinar?
— Sim, vamos.
Vamos até o quintal dos fundos, pego um garrafa de água e deixo em cima do banco de madeira.
— O que vamos fazer primeiro? — pergunto.
— Vamos lutar, pegue uma luva — ele aponta para uma mochila no chão.
Me aproxímo e pego uma luva roxa. Ele me ajuda a aperta-la e segura em minha cintura para me posicionar.
— Você está bem? — ele pergunta.
— Sim — respondo.
— Vamos começar então.

Começamos com um aquecimento. Dou alguns socos em zigue-zague e alguns chutes. E então a luta realmente começa. Ele joga os braços para esquerda e direita, tão rápido que quase não consigo desviar, tento dar um chute mas ele pega minha perna e me derruba, ele sobe em cima de min e me imobiliza.
— Tudo bem. Você ganhou. Já pode sair de cima de mim.
— E se eu não quiser — ele me desafia.

O azul de seus olhos brilham e percorrem cada centimetro da minha boca. Ele me pressiona mais contra seu corpo e me beija. Mas diferente da outra vez, esse beijo é mais forte, mais violento e perigoso. Tento tira-lo de cima de min, mas ele é muito mais forte. O empurro com toda força que tenho e finalmente consigo que ele pare de me beijar.
— Será que da para parar de me beijar? — digo impaciente.
— Você não gostou nem um pouco? — ele pergunta malicioso.
— Não, eu odiei — minto.
Sim, eu gostei mas ele não consegue me levar a outro mundo como Gus consegue apenas com seu toque.
— Por quê acho que você está mentindo?
— Porque é um convencido.
— Mentir é feio sábia?
Ele ri.
— E beijar a namorada dos outros é pior — respondo irritada.
— Eu sei que você e o Gus não estão namorando.
— Claro que estamos — minto novamente.
— E por quê ele estava beijando outra garota?
È claro que ele está mentindo, Gus nunca faria isso, ou será que faria? As lágrimas ameaçam cair, mas não dou esse gostinho a Daniel.
— Você está mentindo.
— Tem certeza? Porque eu faria isso? — ele pergunta.
— Não sei, me responda você.
— Se não quiser acreditar. Tudo bem. Só estava tentando ajudar.
— Me beijando? — indago.
— Isso foi por fraqueza mesmo.
— Você é um idiota — digo.
— Depois não diz que eu não avisei.
— Vai embora Daniel, eu preciso ficar sozinha.
—Como você quiser princesa — ele sorri.
— Cala a boca — digo.
O levo até a porta da sala e quando ele some da minha linha de visão, eu desabo. As lágrimas encharcam meus olhos. Subo até meu quarto correndo para que minha mãe não veja o que está acontecendo, me tranco e me jogo na cama. Choro baixinho para que ninguém escute, quero ficar sozinha nesse momento, quero sofrer como sempre sofri. Escondida. Sem ninguém para olhar e julgar. Eu sábia que isso aconteceria, mas mesmo assim continuei, deixei que ele entrasse e que partisse o meu coração em mil pedaços. Mesmo depois de todos esses anos, eu continuo confiando e me entregando para as pessoas. Escuto um barulho vindo do lado de fora da janela. Seco ás lágrimas rapidamente e trato logo de colocar um sorriso no rosto. È incrível o que um pequeno sorriso pode esconder. Olho para baixo para ver quem é e meus olhos se encontram com os de Gus. Meu coração acelera e meu peito dói, as lágrimas ameaçam voltar, mas não as deixo sair. Não agora.
— Oque você quer?
— Por quê sempre que você me vê, você grita? Não da para agir como uma pessoa legal e me abraçar? — ele pergunta.
— Sem brincadeira Gus.
— Odeio quando você fica nervosa, você fica impossível.
— Fala logo o que você quer — digo irritada.
— Será que eu posso subir até ai? Ou você vai me bater?
Ele faz um gesto, fingindo estar com medo.
— Anda logo — respondo.
Ele sobe pela janela, sem a minima dificuldade. Confesso que por alguns segundos fico tentada em joga-lo para baixo, mas não quero ser presa. Ele entra no quarto e fica de frente para min.
— O que você tem para dizer? — pergunto.
— Por enquanto só observar — ele responde.
— Anda Gus, fala logo.
— Você está muito irritada hoje.
Como ele queria que eu estivesse depois de saber que ele beijou outra garota por ai. A gente não está namorando de verdade, mas ele poderia me falar que ia ficar se esfregando com alguém por ai para todo mundo ver.
— Vai demorar muito?
— Q que eu tenho para dizer é que ... eu beijei uma garota, e antes que você saiba disso por outra pessoa e entenda tud ...
O interrompo.
— Eu já soube, muito obrigado pela consideração.
Sua expressão muda.
— Por isso você está toda nervosinha, mas deixa eu te explicar o que ...
O interrompo novamente.
— Não há nada para explicar Gus. Você beijou outra garota e ponto. Eu não vou ficar triste nem nada, afinal a gente nem está junto de verdade. Você acha o que, que eu vou ficar chorando pelos cantos?
— Você está com ciume amor?
— Eu com ciume? Você está delirando — minto.
— Se você deixasse eu explicar, você não precisaria ficar com ciume.
— Eu já disse que não estou com ciume.
— Você vai me deixar explicar ou não? — ele pergunta.
— Explica então, Sr. explica tudo, mas não pense que vai mudar alguma coisa. — respondo.
— Não importa. O que aconteceu foi que, eu estava saindo de um estacionamento e uma garota louca, correu e me beijou do nada, sem motivo algum.
— E você espera que eu acredite nisso? — pergunto.
— Pensei que não fazia diferença — ele responde.
— E não faz— minto, — mas se for para mentir, minta direito.
— Como você está fazendo agora?
Ruborizo.
— Eu não estou mentindo.
— Eu posso não te conhecer a vida toda, mas sei quando você está mentindo amor — ele diz.
— E o que eu faço quando minto?
— Você não olha nos meus olhos, morde o lábio e vacila a cada palavra dita.
— Eu não faço isso — retruco.
— Se eu fosse você, me olharia no espelho agora.
Faço o que ele diz, e quando me vejo no espelho, estou exatamente igual ao que Gus descreveu.
— Golpe de sorte — digo.
— Chame como quiser, o importante é que sei que você está mentindo.
Ele coloca a mão sobre a cabeça.
— Vamos dizer que o que você disse seja verdade, por quê deixou ela te beijar?
— E quem disse que eu beijei? — ele pergunta.
— Fala sério Gus, se uma garota te beija do nada, você não corresponde?
— Confesso que fiquei tentado a beija-la, mas então pensei em você e não o fiz.
Meu corpo ameaça relaxar, mas não o deixo.
— Se você acha que isso vai fazer com que eu acredite. Você está errado.
— Seu eu quisesse poderia ter todas as garotas se arrastando aos meus pés com um simples olhar, mas não o faço por um único motivo. Você amor.
Silêncio.
— Gus, por favor, vai embora — digo.
— Será que você não entende? — ele pergunta.
— O quê?
— Nada amor.
Ele se vira e vai até a janela.
— O que você está fazendo? — pergunto.
— Indo embora — ele responde.
— Gus. Fica.
— Não amor.
Ele me da um ultimo olhar e se vai.

Queria que ele voltasse e me envolvesse em seus braços, me beijasse com toda a força necessária, me protegesse e tirasse esse buraco do meu coração, mas ele não o faz. Mas é claro Anna, o que você queria? Você acabou de ouvir ele se declarar e não fez nada, nada. Mesmo sabendo o que ele queria ouvir.
— Idiota, idiota, idiota — grito, enquanto jogo as coisas na parede.
A porta se abre.
— O que está acontecendo aqui? — minha mãe pergunta assustada.
— Nada, eu só descobri que sou uma burra, uma idiota — digo enquanto as lágrimas rolam sobre meu rosto.
Ela vem ao meu encontro e me envolve em seus braços. Deixo as lágrimas caírem, esperando que uma hora meu peito pare de doer. Minha mãe se senta na cama e eu deito minha cabeça em seu colo, como fazia quando era criança e tinha um pesadelo.
— O que houve meu amor? — ela pergunta.
— È que eu sou uma idiota mamãe, uma estúpida.
— Não diga isso. Você é linda. Pequena mas forte, corajosa e determinada.
— Por quê vocês continuam dizendo que eu sou corajosa? Eu não sou, eu tenho medo de dizer coisas que qualquer um diria facilmente — respondo.
— Porque você já se machucou de mais e sabe como é isso — ela diz.
— Mas eu perco as pessoas assim.
— Você não ás perde meu amor. Isso só faz você perder as que não te merecem, mas aquelas que realmente te querem, ficaram com você.
— Você acha? — pergunto.
— Eu tenho certeza.
Ela me da um beijo na testa.


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Notas finais do capítulo

Se tiver algum erro me avisem, espero que tenham gostado do capitulo. O próximo será postado domingo, sem horário definido.



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