– De qualquer maneira não há como eu não acreditar ou não ser um sonhador. Afinal, se eu não acreditasse, eu diria que tudo isso que está acontecendo fazia parte de um sonho maluco, o que me transformaria em um sonhador, e é tecnicamente impossível de acreditar até vir uma fada e começar a falar com você...

– Henry, eu guardo toda sua história em pergaminhos dourados que as estrelas me deram, antes de o universo ser criado. Está escrito tudo. Antes mesmo de acontecer, e eu fui uma das primeiras fadas a existirem. Antes de eu chegar a esse planeta, um ser vivo sonhou comigo. Por isso estou aqui.

– É impossível alguém viver antes do Universo ser criado. Eu estudei isso na faculdade e nenhuma teoria aparenta ser possível. Antes do Universo não existia nada. Apenas o vazio, ou não. Era apenas o nada, ninguém sabe na verdade.

Ela pareceu se desapontar comigo pelo que eu havia dito. Ela começou a sentir dor e a gemer, como se tivesse sido machucada, e em suas próprias estrelas ela mergulhou. Ela estava dentro do mar de suas estrelas, e se eu quisesse salvá-la, eu teria que sonhar, sonhar com ela. Foi o que surgiu em minha mente. Pois quanto mais eu deixasse de acreditar no que ela dizia, mais ela sofreria.

Deitei-me sobre suas estrelas, e lá eu sonhei tudo, e ao mesmo tempo nada. Eu a vi recebendo os pergaminhos dourados. Eu a vi sendo criada totalmente por seus próprios sonhos. Eu a vi criando o Universo com seus sonhos. Eu me vi também sendo criada pela única coisa no mundo que é mais antiga que ela, as estrelas.

Quando acordei, lá estava ela, a bela fada, que através dos sonhos, eu descobri que ela se chamava tudo e ao mesmo tempo nada. Assim como todos nesse universo.

– Porque você fez isso? Porque caiu lá e não aqui? - Perguntei a bela fada que enrolava seus cabelos com o dedo.

– Porque tudo isso estava escrito nos nossos destinos. O meu destino me desafiava a testá-lo para ver se era digno de continuar nesse mundo. Você é digno, muito mais do que isso... Eu sei o que você procura, e está nesse mundo. Mas não posso ajudá-lo. Já está ficando tarde. É melhor eu voltar.

Ela andou em direção da onde havia vindo, e criou estrelas nos céus e no chão. Agora a cada passo seu, um brilho dourado formava-se abaixo de seus pés. Não resistindo de curiosidade perguntei:

–Para onde você está indo? - Perguntei.

Ela encostou os dois pés no chão e respondeu:

–Eu não sei... Para onde meus sonhos me levarem.

Ela deu um salto, pisou apenas com um pé no chão, e voou, e logo desapareceu no mar de estrelas. Suas asas... Não consigo descreve-las são tão surreais. Eu sabia que alguém havia sonhado com elas também. Essa pessoa era muito criativa.