Paternidade

VI

❄

Voltar para o conforto do lar depois dos dias restrito ao hospital era como rever um velho e querido conhecido para Sasuke. Não havia nada como o calor e a quietude de sua casa, exceto que dessa vez sua esposa trazia aninhada nos braços a sua pequena Sarada.

Ela não era muito manhosa, dormia na maior parte do tempo e acordava de hora em hora para as mamadas. Vê-la pendurada no seio de Sakura, sugando o leite com vontade era uma visão realmente adorável.

— Ah, é tão bom estar de volta — Sakura exclamou baixinho para não despertar a menina, sentindo um alívio indubitável ao entrar em casa, deixando os sapatos na entrada; Sasuke vinha logo em seguida, em posse da bolsa que continha todos os pertences de ambas.

Exausta, ela se acomodou no sofá, ajeitando os braços em torno da filha que mal se moveu. Sasuke soltou a bolsa e não demorou a se juntar à esposa, o olhar imediatamente atraído para o rosto de anjo de Sarada.

— Ela tem tanto de você — Sakura ciciou com doçura, ninando a menina quando as pálpebras pequenas tremeram de leve, ameaçando despertar.

Sasuke estendeu a mão para afastar uma mecha de cabelo do rosto brando da esposa e, discretamente, sorriu.

— Há muito de você também, Sakura.

Ela soltou um muxoxo com um pequeno revirar de olhos. Sasuke tinha a impressão de que ela estava aprendendo aquele gesto através da convivência com ele.

— Sim, especialmente a testa.

Sakura o olhou com indignação quando o cônjuge ousou rir baixinho de sua constatação.

— Eu não vejo nada de errado com a sua testa — ele admitiu na esperança de reparar sua gafe e obter o perdão da mulher que amava. — Muito menos me incomoda que ela seja repassada para os nossos filhos.

— Isso não tem graça, Sasuke-kun — ela murmurou, franzindo os sobrecenhos em irritação, talvez ainda acreditasse que o esposo estivesse caçoando dela.

Ele não a achava menos que adorável em momentos como este; a luz clara filtrada pelas janelas derramando-se em seu rosto, os olhos grandes e expressivos transbordando paixão, vívidos como nenhum outro, o losango violeta que adornava o centro da testa dela realçado pela tez de alabastro.

— Não acredita em mim? — ele a provocou com um sorrisinho de canto e a ouviu bufar em seguida.

— Só espero que a nossa Sarada não tenha de aturar o que eu aturei quando menina. Algumas crianças podem ser bem cruéis quando querem... — Não conteve um estremecimento ao se lembrar de como os apelidos maldosos arruinaram sua autoestima na infância.

Sasuke ponderou por um tempo, de sobrecenho encrespado, então calmamente declarou:

— Nesse caso, se alguma criança ousar se meter com uma Uchiha... Bom, eu a ensinarei a quebrar alguns ossos por via das dúvidas.

— Sasuke-kun! — Sakura exclamou com censura, chocada.

Para o que o marido apenas deu de ombros e tornou a fitar o rosto sereno da filha.

Ele estendeu um braço por cima dos ombros da esposa e a trouxe para mais perto, apertando o rosto contra o cabelo perfumado dela, de longe sentia o cheiro de talco nas mantas que envolviam a menina.

A residência Uchiha banha-se na luz diurna da matina e deleitava-se na música tocada pelo silêncio. Para Sasuke, estava tudo perfeito agora; tinha a esposa e a filha nos braços.

Finalmente.