Após alguns minutos de silêncio de Cobra a menina voltou a se pronunciar.

– Fala alguma coisa Cobra.

– Você... Você está brincando, não é?

– Você acha mesmo que eu iria brincar com uma coisa dessas Cobra?

– Como isso foi acontecer? Nos prevenimos todas as vezes...

– Não! Aquele dia na praia não usamos camisinha.

– E aquele remédio que você toma?

– Eu devo ter esquecido uma ou duas vezes. Não achei que seria o suficiente pra permitir uma gravidez.

Jade olhava fixamente para Cobra. Ele também estava com o olhar fixo no dela. Ele sentou-se na cama e apoiou as mãos no rosto na tentativa de esconde-los e disse:

– Você está mentindo. Esse filho não é meu. Não é meu!

– Eu não acredito que estou ouvindo isso. Não tem possibilidade desse filho ser de outra pessoa, Cobra. Eu nunca me deitei com outro homem.

– Isso é mentira. Você só está tentando colocar a responsabilidade nas minhas costas. Sabe por que você está fazendo isso? Já deve ter dormido com tantos que não sabe nem...

Antes mesmo que ele pudesse terminar Jade acertou seu rosto com um tapa. Ele colocou a mão no rosto e sem pensar duas vezes segurou os pulsos de Jade, a arrastando para fora do QG.

– Sai daqui. Eu não quero te ver.

Ele trancou a porta e foi para o fundo do QG descontar toda sua raiva em um saco de luta. Um filho! Como ele poderia ter um filho? Tentou focar sua atenção na luta, mas sua cabeça queria estar em outro lugar. Estava desesperado. Precisava muito conversar com alguém. Mas com quem? Ele não era um cara com muitos amigos. Na verdade, nenhum amigo. Não aqueles que ele podia contar nas horas difíceis. A única amiga verdadeira que teve em toda sua vida foi Karina, mas o tempo e os rumos que a vida toma afastaram os dois. Mesmo assim não resistiu a procura-la.

– A Jade está grávida.

– Grávida? Não acredito Cobra! Como ela está?

– Não sei e nem quero saber.

– Como assim? Você é o pai!

– Não, não sou.

– Cobra, estou ficando confusa. Me explica isso direito.

– Eu disse pra ela que esse filho não é meu e que ela não deve nem saber quem é o pai. Eu sei que não existe a possibilidade do filho ser de outro cara, eu sei, eu tenho certeza que esse filho é meu. Conheço a Jade com a palma da minha mão.

– E porque você está fazendo isso?

– Eu não quero um filho Karina.

– Agora não tem essa história de querer ou não Cobra. Você não pode deixar em cima da Jade uma responsabilidade que é sua também. Não sei se você sabe, mas não se faz um filho sozinho. Você está sendo injusto e egoísta!

– Injusto? Ela foi injusta! Ela disse que esqueceu de tomar um remédio. Então teoricamente a culpa é dela.

– Você acha o que? Que ela planejou tudo isso? Que estava nos planos dela ser mãe agora? Além de injusto e egoísta você está sendo irracional.

Cobra ficou calado por uns instantes tentando assimilar tudo o que Karina tinha dito. Eles foram surpreendidos com a entrada de Bianca no quarto.

– O que você está fazendo aqui?

– Ele veio conversar comigo, relaxa Bi.

– Aconteceu alguma coisa? Vocês estão falando sobre o que eu acho que estão?

– Acho melhor você não se meter nisso Bianca.

Cobra se despediu de Karina e voltou para o QG. Não se sentia a vontade perto de Bianca.

– Ka, vocês estavam falando sobre a gravidez da Jade. Não é?

– Como você sabe disso?

– Isso não importa. O que importa é a reação do Cobra. Como foi?

– Ele não quer aceitar de jeito nenhum Bi. Eu tentei convencer ele, mas não adiantou . Acho que ela vai estar sozinha nessa.

– Eu vou lá falar com ela.