Be Mine escrita por Pipe


Capítulo 3
Capitulo 3




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BE MINE

No dia seguinte, se encontraram no café da manhã. Havia torradas, geléia e café soluvel. John só levantou uma sobrancelha. Mas tomou e saiu.

Sherlock entrou na internet pra verificar se o que ele tinha pensado durante a noite era possível. Sim! Então Holmes foi às compras. Avisou a Sra. Hudson para recebê-las se ele tivesse saído e como ajeitá-las no apartamento.

Quando John voltou na hora do almoço, Sherlock estava sentado na frente do computador, fazendo torrinha com os dedos.

–Ocupado ou você vai parar para almoçar?

–Watson, como você demonstra para alguém que está interessado?

John riu.

–Vou ser seu professor? Quanta honra... Primeiro tem a troca de olhares. Daí uma conversa e se o outro lado estiver mesmo interessado, eu convido para sairmos para comer. A primeira aproximação deve ser simples: um café, um almoço ou um jantar. Depois, se continuar, a gente já leva ao cinema ou outro entretenimento. No meio disso, a gente também estabelece algum contato físico...

–Hummmm... sei. Bem, então, vamos almoçar? Hoje eu pago. Me deu vontade de comer comida japonesa.

–Não curto muito peixe cru.

–Eu também não. Mas me recomendaram um restaurante e me passaram o cardápio de grelhados.

–Então, vamos. Se você tiver mais alguma pergunta pode fazer durante o almoço.

Sherlock colocou a mão na cintura de Watson para guiá-lo para fora do apartamento. O outro deixou, ele sorriu. “Sim, é simples.”

O ambiente do restaurante era agradável, assim que eles entraram, o próprio dono veio recebê-los.

–Holmes-sama! Nos honra muito a sua presença em nosso humilde estabelecimento. Me acompanhe, sua mesa está reservada num local separado. Mas antes, se me permite, sua prima pediu para tirar uma foto sua assim que o senhor chegasse.

Sherlock suspirou. Mulheres eram todas iguais. Ainda bem que Nina não ia fofocar com o resto da família. Ele deu um jeito na postura para permitir uma melhor visualização do John.

Enquanto caminhavam, Watson notou que havia muitos casais do mesmo sexo.

“Pesquisa ou ele está testando?”

–Posso fazer uma pergunta antes de você começar?

–Pode. Só não sei se eu vou responder.

–Óbvio. Bem... você sempre foi gay e nunca me contou?

–Eu não sou gay, John. Vou me arriscar num relacionamento pela primeira vez... com um homem.

–Então ele vale tanto a pena assim?

–Ah, vale.

John sorriu. Suspirou. Pensou novamente como queria que o sortudo fosse ele.

–Já que não vamos comer sushi, o que vamos comer?

–A entrada vai ser sopa missô e gyoza. Depois teremos frango karaage com arroz branco. Deixei para você escolher entre saquê, shochu e vinho comum. Ao término, podemos escolher entre o chá verde japonês normal ou um bom chá inglês.

–Fantástico!!

–Experimente primeiro...

–Qual a diferença entre saquê e shochu?

–O saquê é a bebida fermentada de arroz, com teor alcoólico em torno de 16%. Já o shochu é um destilado que pode ser de arroz, batata doce ou cevada, de teor alcoólico de 25%.

–Como estamos ainda no almoço, vamos de saquê.

–Perfeito.

Enquanto faziam os pedidos, o celular de Sherlock deu o sinal de mensagem. Ele só olhou e sorriu.

–Não vai nem ler?

–Não. Nem preciso. Gostou do ambiente?

–Sim. É calmo, tranqüilo, bastante reservado e nem um pouco preconceituoso.

–Foi bem recomendado por isso mesmo.

–Está pesquisando?

–Tentando ficar mais à vontade. Você está à vontade?

–Sim, não estou desconfortável nem um pouco. Estive no exército, mesmo homens heteros buscam conforto e aliviar a tensão sexual com outros homens.

–É um ponto de vista...

–E a sua experiência?

–Alguns conhecidos e uma prima ativista da causa gay. Nunca me aprofundei no assunto. Nunca foi pertinente.

–E aí está você, sem experiência nem em relacionamentos comuns, se aventurando no desconhecido mundo gay.

–Eu gosto de um desafio. HEY! Por favor, eu não sou tão inocente assim...

–Fico aqui pensando na sua vasta experiência sexual.

–Céus, Watson, sei que durante a relação sexual o sistema nervoso faz com que haja superprodução de adrenalina, aumentando os batimentos cardíacos, fazendo ainda com que as artérias se dilatem, facilitando a passagem do sangue. Os pulmões trabalham mais, ofegando, para que haja oxigênio para o “exercício em questão”. Daí o corpo esquenta demais, como um motor prestes a fundir. E, feito a água do radiador de um carro, o suor passa a jorrar na pele, na tentativa de controlar a febre do desejo. No cérebro, por sua vez, um crescente número de neurônios passa a secretar substâncias ativadoras de certas regiões, que são reconhecidamente o centro das sensações de prazer. Até chegar ao orgasmo propriamente dito, o que para algumas pessoas é quase como um ataque epilético, devido ao curto circuito que provoca.

–Didático demais, Sherlock. Estou falando da prática. Dos efeitos de tudo isso no SEU corpo.

–Não sou nenhum nerd virjão, se é isso que você está insinuando.

–Ok, ok, beijar eu sei que você sabe. Mas já beijou de verdade? Um belo e gostoso french kiss, molhado, daqueles de virar a cabeça?

“Vi seus olhos perderem o foco por instantes, as maçãs do rosto ficarem coradas e ate ele abrir a boca, numa recordação safada. Foi até divertido, mas morri de ciúmes. Mas eu não podia alimentar o monstro. Dali por diante, ele teria outras recordações de beijos que não seriam meus também...”

O pedido chegou, quebrando o clima. Sherlock voltou a si, ainda vermelho e pigarreou:

–Sim, desse tipo, também.

Após a saída do garçom, John continuou provocando:

–Com um homem?

–Com uma mulher. Uma amiga louca dos meus primos. E acabei perdendo a virgindade na faculdade. Como todo mundo.

–Então você sempre “conduziu a dança” nunca foi conduzido.

Diante das sobrancelhas erguidas, John sorriu:

–Você sempre tomou a iniciativa, meu caro, nunca foi tomado. Pode ser que a outra pessoa seja agressiva sexualmente.

–Por Deus, Watson. Mulheres também são agressivas sexualmente.

–Por mais agressivas que elas sejam, elas não penetram ninguém.

Sherlock sentiu o gohan tomando um caminho errado. Engasgou, tossiu, parou para respirar, tomou um gole de saquê para ganhar tempo. Piscando muito, olhou para John que ria.

–Querido, pode ser que seu par não queira ser passivo o tempo todo. Ou você está apaixonado por um gay totalmente feminino?

O outro colocou os hashis no descanso e abaixou a cabeça.

–Não. Ele é totalmente modelo masculino. Por que tudo tem acabar em troca de fluidos?

–Porque as pessoas precisam de contato. E porque depois que você começa a namorar, as coisas esquentam de tal forma que É NECESSÁRIO dar esse passo... – Watson estava se divertindo. Muito. Era maldade, mas de vez em quando era bom ver Sherlock sem uma resposta na ponta da língua. – Mais saquê? Oras, vamos, Sherlock, não desanime. Só vai ser necessário um pouco mais de pesquisa.

–Você está sendo maldoso. – E ele fez beicinho.

–Estou. É bom de vez em quando.

Riram e acabaram o almoço. Ao pedirem a conta, o dono do restaurante veio até eles.

–Gostaram da refeição?

–Sim! Eu não conhecia outros pratos e fiquei encantado com a culinária ao mesmo tempo suave e picante. O ambiente também é muito agradável.

Domo arigato gozaimassu, Watson-sama. Eis o cartão de nosso restaurante. Quando quiserem voltar, é só ligar, mencionar o código e não só sua reserva será feita, mas será numa dessas salas mais reservadas.

–Gostei muito dessa sala...

–São especiais para casais que desejam total privacidade. Ou anonimato.

A língua de John até coçou para a tradicional desculpa “Não somos um casal”. Mas ele nunca mais voltaria ali, então era inútil.

Sherlock pagou, aceitou o cartão VIP, agradeceu e ao passar pelo restaurante em direção à saída, guiou John pela cintura novamente. Para sair, precisou abrir e fechar a porta corrediça e viu o dono do restaurante tirando outra foto. Sorriu. Rede de informações era um problema de família...

Na rua, ele soltou a cintura do outro por alguns instantes, até pegarem um táxi de volta pra casa. Dentro do carro, John reclamou:

–A comida era leve, deve ser o saquê... estou me sentindo meio sonolento.

–Eu não estou. Pode se apoiar em mim, quando chegarmos em casa eu aviso.

John bocejou e se encostou no ombro de Sherlock. Este abriu o braço e deixou o menor se apoiar em seu peito.

“Encaixa perfeitamente...”

Ao chegarem em casa, Sherlock colocou a mão no ombro de John, para guiá-lo sonolento escada acima e o médico segurou, entrelaçando os dedos. Ele estava mesmo sonolento e a escada era estreita. Senão fosse por isso, veria o sorriso luminoso do outro.

Na sala, Watson bocejou e se espreguiçou:

–Não é do meu feitio, mas estou realmente com preguiça pós almoço. Vou me dar ao direito de tirar uma soneca. Por favor, em nome da sua inocência e da minha sanidade, não, NÃO, em hipótese nenhuma, entre em sites pornôs para fazer sua pesquisa. Pergunte em fóruns, à sua prima, às amigas loucas que ela tiver, pergunte ao Lestrade, vale até o Mycroft. Mas não se baseie nos sites pornôs, entendido?

Sherlock bateu continência e abriu o note...


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