Encarei o meu reflexo no espelho e respirei fundo. Vestia uma calça branca, camiseta branca, tênis branco e minha franja estava presa por uma presilha branca. Uma mulher entrou em meu quarto e me estendeu um aparelho de metal.

– Você se lembra, certo? – Ela prendeu o aparelho em meus pulsos e tornozelos. – Apenas faça o que você precisa fazer.

– Sim, Mirian.

Outras pessoas vestidas de branco entraram no quarto e começaram a tirar tudo que havia lá dentro. Quando o quarto ficou totalmente vazio e as pessoas saíram, apagaram as luzes, me deixando na escuridão. Me concentrei no que devia fazer e quando a dor começou, sabia o que estava acontecendo.

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Julieta era como uma caixinha de surpresas. Nunca sabiam o que poderia fazer após a transformação. Na primeira vez ela tentou fugir, assim como na segunda e na terceira. Na quarta vez, ela deitou no chão e dormiu por um dia inteiro. Na quinta vez, ela ficou encarando a câmera de segurança e na sexta, ela destruiu a câmera. Esta era a décima vez, e o Doutor Colemann estava dando choques “fracos” em seus pulsos. No terceiro choque, Julieta encarou o vidro que nos separava e correu na sua direção. O impacto quebrou o vidro blindado facilmente e ela logo estava fugindo. Não conseguimos segurá-la.

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Corria o mais rápido que podia pela floreta. Minhas patas estavam sujas de lama, o que me fazia escorregar de vez em quando. Após algumas horas correndo, finalmente cheguei à cidade. Confiei em meu faro para achar a casa onde a única pessoa que conhecia morava. Me transformei novamente e bati na porta. Uma garota de cabelos pretos abriu a porta e me encarou.

– Julieta?

– Oi. – Sorri. – Quanto tempo, Haru.

– Nem me diga. Entre!

– Com licença.

Ela serviu chá e ligou a televisão.

– Conseguiu permissão para sair?

– Permissão? – Ri. – Acabei de correr mais de 500 Km!

– Julieta! – Ela me encarou surpresa. – Você sabe o que isso significa?

– Sim. Isso significa que a vida vai ficar bem mais interessante daqui a diante.

– Você é louca.

– Agradeço. – Sorri.

Haru balançou a cabeça e sorriu.

– Parece que as coisas vão ficar mais agitadas por aqui. Era disso que eu precisava.

– De nada.

CONTINUA...