— Tudo pronto, meninas, estão liberadas! — Abbie, a assistente, anunciou alto. Kimberly dobrou o vestido longo que tinha acabado de tirar calmamente, e o colocou em cima da bancada de trabalho. Dobrou as roupas da modelo ao seu lado também, que tinha simplesmente as largado no chão de qualquer forma.

— Você sabe que não precisa arrumar tudo, né? — Guinevere sussurrou para a amiga — isso é trabalho dos assistentes. A gente só prova e depois desfila com elas.

— Ah, tudo bem — Kim deu de ombros, sem graça — mas eu acho que esse tal de Zac Posen trabalhou duro nessas peças para serem jogadas no chão. Afinal, porque ele não está aqui fazendo os ajustes?

A sua amiga só revirou os olhos, sem acreditar.

— Ele é designer, não costureiro, Kimmie! E ele deve estar ocupado vendo os outros desfiles da Fashion Week, né?

— Se eu fosse designer, estaria preocupada com isso aqui. Olha quanta coisa tem que ser feita para amanhã, Gwen! — Kimberly olhou em volta, Guinevere acompanhou seu olhar, com desânimo — O meu vestido nem passou pelo peito direito...

— E isso não é nosso trabalho. Pare de se preocupar tanto, Kim — Ela abaixou o tom de voz, voltando a sussurrar — Você é nova aqui, então precisa entender: Se ficar dando palpite demais, vão repensar essa chance que te ofereceram.

Kimberly suspirou alto, concordando com a cabeça.

— Eu sei, eu sei. Eu não teria conseguido o trabalho sem você e a Candy me indicando.

— Exatamente — Guinevere sorriu orgulhosa — e agora você está entre as modelos de Zac Posen! E com um dos seus designs principais... Você tem muita sorte por ele achar que você combina com aquele vestido lindo, Kim, não desperdiça!

— Tudo bem — a garota riu para Gwen — só vou fazer o meu trabalho.

— Muito bem, meninas, a van está esperando vocês lá fora para o hotel — Abbie falou alto, ao perceber que todas já estavam vestidas novamente — Curtam o resto do dia em New York, só não cheguem atrasadas amanhã. Eu quero todas vocês aqui ás 14h, entendido?

As modelos assentiram animadamente para a assistente, e já formaram um alvoroço para sair do salão. No meio do empurra-empurra, Kimberly podia ouvir os diversos planos das modelos para a noite na cidade. E ela logo se perguntou o que Candy teria programado dessa vez. Por isso, Kim não se surpreendeu quando viu Candice tentando alcançar ela e Guinevere enquanto iam em direção à enorme porta giratória.

— Prontas para hoje à noite? — Candy perguntou, dando pulinhos — Vocês vão adorar, prometo.

— Como todas as festas que você nos arranja! — Gwen riu. E era verdade: Candice sempre as colocava dentro das melhores festas, sem filas e sem pagar nada. Só com uma simples ligação, ela fazia a sua mágica.

— A última festa que eu fui com vocês foi num cassino em Las Vegas, lembram? Éramos claramente menores de idade, não sei nem como conseguimos passar da porta — Kim lembrou. As três tinham apenas dezessete anos, e desfilaram juntas para um designer amador. Depois dali, Kimberly não as vira por muito tempo, porque se mudou para fazer faculdade. E agora, que precisava juntar mais dinheiro, pretendia passar suas férias na passarela junto com suas melhores amigas do colégio.

— Pois bem, essa festa nem chega aos pés da que vamos hoje. E é surpresa — Candice disse, arqueando as sobrancelhas e depois piscando para as outras duas, antes de entrar na van prateada que já estava praticamente lotada.

* * * * * *

— Thomas Madden — Um homem entrou no espaço de festas mais badalado de Nova Iorque pisando forte e cruzando os braços – pode me explicar o que é isso tudo? — ele olhou ao redor, já irritado. E viu decorações brilhantes, caixas de som, luzes e muitas bebidas. Jogou um jornal num enorme sofá branco, dobrado de forma que mostrasse uma única manchete:

— “O aniversário de Tom Madden, ator da série ‘Interstellar Hunt’, será comemorado com a maior festa que New York já presenciou” — Thomas leu, esboçando um sorriso cínico — Legal, já está no jornal.

— Legal? Thomas, qual a parte de “nada de festas” você não entendeu?

— Olha, Trent — Ele revirou os olhos, tirando os pés de cima da mesinha de centro — você é meu irmão, não meu pai, certo?

— Eu não sou nem seu pai, nem seu irmão. Sou seu empresário — Trent exclamou, passando a mão pelo cabelo escuro — e você sabe que a sua reputação não está lá muito boa...

— Quem se importa com o que as pessoas acham? Eu sou um ator, não o presidente!

— Um ator que tem fama de festeiro e galinha! Então pode cancelar essa merda desse evento, e não se fala mais nisso.

— Que merda, Trenton! — Thomas cruzou os braços, irritado — É meu aniversário, eu preciso de uma festa, cara.

— Não precisa, não. A gente podia só organizar um jantar com nossos pais, que nunca conseguem falar com você.

Tom suspirou, e olhou para o teto.

— Por favor, só dessa vez — ele suplicou — Eu não vou manchar mais minha imagem, tá? Eu faço uma doação ou qualquer coisa, por favor!

Trenton deu um grito abafado de frustação e balançou a cabeça diversas vezes.

— Quando você quis me contratar — Trent falou baixo, tentando se acalmar — o que foi que eu te disse, Thomas?

— Que eu teria que seguir as suas regras — Tom revirou os olhos.

— Por isso — Trentou continuou — eu vou te dar uma chance...

— Sério? — Thomas se levantou, animado feito uma criança.

— Sério. Mas você tem que seguir as minhas regras — Trento arqueou as sobrancelhas para o irmão, alertando-o — Sem bebidas e sem sexo.

O queixo de Tom Madden caiu.

— Que tipo de festa você quer que eu tenha?

— Uma festa que não te destrua nas manchetes de amanhã. Temos um acordo?

Thomas fez uma careta e observou a fonte de whisky ser posta entre o bar e a pista de dança. Imaginou que a condição “sem bebidas” de seu irmão era extremamente exagerada, ele só não precisava ficar bêbado, não é?

— Ok, eu topo — Respondeu, olhando com desdém para seu irmão mais velho — Só tenta não ficar me controlando o tempo todo, porque isso eu não vou aceitar.

Dito isso, o ator deu as costas para o seu irmão e foi receber o DJ, para discutir as possíveis músicas para animar a “a maior festa que New York já presenciou”. Afinal, suas festas são mesmo as melhores. Mas essa teria que se superar.