Um último suspiro escrita por Mayura Luthien


Capítulo 1
Um último suspiro




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As folhas começaram a cair, de passos lentos ele pisava nas recém-folhas secas de outono que cobriam o chão. Seus pensamentos estavam confusos pela primeira vez em toda sua gloriosa vida. Caminhava distraído, o que seu servo leal já tinha percebido, mas não comentava pois seu Senhor poderia puni-lo por tal intromissão.

Sesshoumaru olhou o céu, seus olhos perdidos naquela imensidão anil, lembranças de sua vida passou por sua mente como segundos passam nas horas. O que ele tinha feito de sua vida? Estava apenas querendo acabar com seu meio irmão e roubar a herança de seu pai que estava de posse do incapacitado hanyou, cujo esse não tinha experiências nem sabedoria como ele.

Por que não se contentava com o que tinha, já era um youkai poderoso, mas sua ambição era maior que sua vontade. O youkai suspirou em um desanimo, o que assustou seu servo.

– Sssenhor Sesssshoumaru, o que o Ssssenhor essssta penssssando? – Jaken arriscou perguntar.

– Não incomode, Jaken! – disse o youkai.

– Me desssculpe Senh... – insistiu.

– Cale-se! – vociferou Sesshoumaru.

Depois dessa conversa os youkai não disseram nada. Andando sem rumo pela floresta Sesshoumaru deu de cara com seu adorado irmãozinho.

– Ahhhhhhhhhh, Sesshoumaru! - berrou o hanyou dando um pulo para trás.

– Ora... quem esta aqui... Inuyasha e seus amiguinhos humanos! Você esta ficando mais fraco andando com esses seres desprezíveis!

– Cale a boca! - como se fosse um impulso Inuyasha sacou a Tetsusaiga e preparou-se para um confronto.

Sesshoumaru iria atacar seu meio irmão com suas Garras Venenosas, mas aquilo parecia sem sentido. Por que atacaria ele? O que isso provaria a si próprio? Que era o melhor, o mais forte... ? Sim talvez, mas naquele momento não importava. Ele olhou para os humanos que acompanhava seu meio irmão. Afinal, por que eles o ajudavam e se preocupavam com seu meio irmão patético? Por que aquilo tudo? Qual era a finalidade disso? O que são amigos?

Mergulhado em sua própria mente o youkai não percebeu seu irmão levantar a Tetsusaiga no ar e corta um ferimento fundo no seu ombro. Sesshoumaru saiu de seu transe quando aquele cheiro conhecido de sangue invadiu suas narinas, seu kimono branco da cor da neve agora era tingido com vermelho sangue, seu próprio sangue.

– HÁ! Você parece que esta enferrujado, maninho! - Gritou Inuyasha saltando para o que ele achava que seria o golpe final.

– É o que pensa... – retrucou o mais velho sem emoção.

Por um instante chegou a movimentar seus pés e acabar com a alegria de seu irmão, mas a vontade lhe faltou. Afinal o que era morrer? Seria algo tão incorreto assim? Toda sua vida passou matando aqueles que julgava fraco, todos que não tinha um pingo de força para reagir a altura de si. Não matava por prazer ou simples fato de diversão, coisa que vários youkai faziam, esse não era o nível de Sesshoumaru, com certeza ele era mais.

Todas aquelas perguntas invadiam sua mente e o afastava da realidade. Contudo o estranho comportamento do youkai chamou a atenção de uma humana que acompanhava Inuyasha. Kagome o olhou de uma forma diferente, como se quisesse descobrir o problema dele, se é que poderia dizer problema. Normalmente Sesshoumaru não deixaria que o ferisse com tão pouco da parte de Inuyasha, era muito raro o hanyou encostar um dedo em Sesshoumaru. Por que agora ele estaria prestes a matar seu irmão? Isso não estava certo, o que estava acontecendo afinal? Sem pensar duas vezes Kagome abriu a boca e aquela palavra surgiu.

– Senta! – gritou a colegial.

Com o grito Sesshoumaru acordou, percebeu que seu irmãozinho iria o atacar pra valer, mas acabou caindo de cara no chão.

– KAGOME!! Tá maluca mulher! O que pensa que esta fazendo? - berrou o Hanyou de cara no chão.

– Bem… eu... – Kagome tentou pensar em alguma desculpa, mas nada veio.

Aquela seria a chance perfeita para acabar com seu irmão, mas faltou-lhe vontade, quem sabe uma outra hora. Sesshoumaru virou de costas e seguiu andando acompanhado de seu servo como se o ocorrido não tivesse acontecido.

– Nos veremos em breve, Inuyasha... – disse o youkai.

– O quê? Vai fugir! – provocou o hanyou. - Volte aq... – mas foi interrompido.

– SENTA! – repetiu a jovem.

Inuyasha se levantou morrendo de raiva, seus amigos também não entendiam o que a colegial acabará de fazer.

– POR QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ DEFENDENDO ESSE MALDITO?? - questionou Inuyasha aos berros.

– Ah, bem... ele estava estranho... – ela sorriu meio sem graça.

– I DAÍ?

– Bom... - Kagome não sabia o porquê tinha feito isso, estava pensando em uma boa desculpa, mas sentiu a aura de fragmentos da Jóia de Quatro Almas o que veio bem a calhar. - Eu estou sentindo a aura de fragmentos! – informou ela rapidamente no intuito de mudar a conversa.

– Como? Onde? – Inuyasha mudou de humor instantaneamente.

Sem mais nem menos Kagome saiu correndo na direção dos fragmentos sendo seguida pelos outros.

A noite caiu gelada, o vento soprava forte, a lua cheia iluminava o céu e não havia estrelas. Sesshoumaru mais uma vez fitou o céu como se estivesse procurando algo, uma resposta que vinha tentando achar a anos. O youkai voltou a andar pela a escuridão, mas dessa vez sozinho, seu servo não percebera a saída de seu amo.

Não muito longe dali o grupo de um certo meio-youkai descansava dentro de uma caverna, haviam acabado de lutar com um youkai pegajoso. A pobre colegial estava imunda, nem ela mesma sabia de que. Era sangue misturado com uma gosma roxa que cheirava muito mal. O meio-youkai estava com um "bom humor" muito além do normal.

– Não posso dormir desse jeito! – protestou Kagome.

– Ah, você reclama de mais. Nós achamos três fragmentos, não é? Por que esta resmungando? - falou um hanyou todo folgado em um canto perto do fogo.

– Pra sua informação não foi você que aquele bicho tentou engolir!

Dois metros de distancia dali estão seus companheiros com os narizes
tapados.

– Eu vou tomar um banho! - afirmou Kagome já não aguentando mais.

– Bah, para que?

– Ao contrario de você, eu não sou nenhuma porca que não toma banho! Além do mais essa meleca roxa é nojenta de mais!

– Se vocês se lavassem seria um grande favor que estariam fazendo a nós! - disse o monge tentando se aproximar do fogo, mas o odor era insuportável.

– Miroku pare de reclamar, tá muito frio lá fora. - falou Sango, mas o cheiro era horrível até para a exterminadora que precisou usar sua máscara, ajudava um pouco.

– Ahhhhhhh, como eles dois fedem! - reclamou Shippou quase desmaiando.

– Pra mim chega! - Kagome se levantou e pegou sua mochila nas costas e saiu.

– Inuyasha, você deveria ir com a Senhorita Kagome! – alertou Miroku.

– É perigoso lá fora! – enfatizou Sango preocupada com a amiga.

– Bah, parem de encher. Aquela humana tem uma sorte desgraçada! – disse o hanyou sem se preocupar muito.

Kagome caminhou meia sem rumo, mas por sorte encontrou uma fonte termal e por mais estranho que fosse o vento havia parado de soprar. A colegial apenas achou que era seu dia de sorte. Colocou suas coisas no meio das raízes de uma enorme árvore que ficava nas proximidades da água, olhou em volta e se despiu. Colocou sua toalha em umas das raízes e entrou na água quente. A água era tão relaxaste, era como se todos os seus problemas fossem esquecidos. Estava esquecendo-se de lavar aquela roupa toda roxa e quando lembrou ela suspirou irritada indo buscar e logo começou a lavá-las.

Sesshoumaru caminhava sem rumo, seria levado para onde o destino quisesse, embora não acreditasse nessa besteira. Chegou até onde tinha um "círculo" de árvore. Olhou mais uma vez a lua e suspirou.

– O que esta acontecendo comigo? Eu, o grande Sesshoumaru, não posso ficar confuso ou ter indecisões...isso me torna fraco... – questionavasse o youkai.

Quando parou de pensar sentiu um cheiro um tanto "familiar", seguiu seu faro e se deparando uma enorme fonte termal. Mas cheiro que estava sentindo era daquela humana que sempre acompanhava seu meio irmão.

Por que ela sempre o acompanhava? Sua presença era obsoleta, até mesmo o Inuyasha sendo como é não precisaria de ajuda de seres tão repulsivos, poderia acabar com ela agora. No entanto algo o impedia. Vê-la de tal forma o fez pensar o porquê o Inuyasha a defendia tanto ao ponto de arriscar a própria vida. Sabia que ele queria se tonar um youkai completo com aquela bolinha de vidro que tantos outros queriam, mas por que se arriscar? Além do mais se ele morresse não poderia virar um youkai completo como queria. Isso já estava ficando irritante, era melhor se afastar antes que...

– AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! - um grito agudo cruzou o ar.

A humana havia percebido a sua presença, como aqueles seres eram rápidos, quando Sesshoumaru a olhou, ela já estava de pé enrolada em uma toalha com seu arco e flecha em punhos mirando no youkai confuso.

– Pensei que fosse outra pessoa... - Kagome falou abaixando a arma.

– O quê? Não tem medo do que possa fazer? - ele replicou um tanto aborrecido, por que ela não teria medo dele?

– Pra falar a verdade, não. – ela disse meio confiante.

– Como ousa! - pensou em enganar aquela humana atrevida de uma só vez, mas ela continuou.

– Acho que isso de espionar é de família! – brincou a colegial.

– Não me compare com meu desprezível meio irmão! – irritou-se o mais velho.

– Não estou comparando e sim comentando... - Kagome ficou seria - Hoje de tarde...quando você e o Inuyasha se encontraram...você não estava preocupado em acabar com ele, como sempre fazia... parecia que estava confuso...

– Eu nunca fico confuso! - Sesshoumaru procurou manter-se serio, mas aquela humana era mesmo uma insuportável.

– Não foi o que pareceu... - Kagome foi para trás da árvore e pegou uma roupa limpa de dentro de sua mochila e começou a se vestir - O que faz aqui?

– Por que daria satisfações a uma humana? – retrucou ele cínico.

– Por que odeia os humanos? – ela tentava insistir num dialogo.

– Hã... Não é da sua conta...!

– Você é um grosseiro! - Kagome saiu de trás da árvore vestida com seu uniforme com as mãos na cintura.

– Você é insuportável!

– Idiota!

– Desprezível!

– Sem educação!

– Chata!

A colegial mordeu os lábios inferiores para não rir, nunca imaginou que um dia estaria a conversar com o grande Sesshoumaru. Com passos lentos ela se aproximou dele.

– Qual é a graça?

– Você!

– Eu não sou engraçado! - ele franziu a testa.

– Pra mim sim... pelo menos agora é...

– Eu poderia matá-la agora mesmo por esse atrevimento! – ameaçou o youkai.

– Mas não vai...

– Não duvide de mim!

– Não estou duvidando... mas você não vai...eu sei que não...

– Idiota, como pode afirmar isso...

– Bem... a menos que você rebaixe seu nível...

– ... - ele ficou sem comentários por um momento, quando abriu sua boca para falar.

– O que esta acontecendo com você? Quando eu o vi da primeira vez era mais decidido...e agora parece que esta tendo um confronto interno...

– Hun... - ele deu as costas para a humana e seguiu andando por onde ele tinha vindo.

– Ei, onde vai?

Sesshoumaru parou de costas para a humana.

– Por que você esta sempre com o idiota do Inuyasha?

– Bem... - Kagome sentiu seu rosto aquecer levemente - Bem ele é meu amigo... e eu tenho o dever de juntar a Jóia de Quatro Almas...

– Só?

– Acho que sim...

– Não entendo... Você esta sempre do lado de meu meio irmão, até mesmo quando ele vai atrás da Miko falecida, isso é idiotice!

– O Inuyasha...ama a Kikyou... - Kagome falou em uma voz melancólica - O elo deles nunca vai se romper... eu sei...mas mesmo assim quero que ele seja feliz... quero estar do lado dele ...

– Idiota! Por que não acaba de vez com a Miko? Ela já esta morta!

– Não... o Inuyasha...

– Por que se preocupa tanto com ele? Ele só te faz sofrer... o amor é um cúmplice do sofrimento irmão do ódio...

– Esta errado! O amor torna os seres mais fortes juntamente com amizade!

– Besteira! Eu sou o Grande Sesshoumaru não preciso ouvir essas tolices! - Sesshoumaru voltou a andar e já estava quase sumindo da vista da jovem.

– Isso é porque você nunca amou alguém que lhe correspondesse ou teve amigos com quem pudesse contar! Viveu sozinho... – murmurou a colegial.

Só que ela esqueceu que youkais cachorros tinham uma ótima audição e Sesshoumaru ouviu e não gostou nada disso. Com sua super velocidade ele voltou para perto da humana e a ergueu pelo pescoço.

– Cale-se! Você já esta me enchendo! – ele ameaçou olhando-a friamente.

– Porque você não que escutar a verdade...não é assim...

– Cale a boca! Não fale besteira! Saiba que youkais são seres que não precisam de amigos ou de um sentimento tão repulsivo como o amor... isso apenas enfraquece! - Sesshoumaru apertou mais o pescoço de Kagome.

– Você diz isso... - Kagome estava ficando sem ar - Porque nunca se permitiu sentir isso... - os olhos da colegial começaram a se encherem de lágrimas.

– Como se isso fosse possível, os humanos temem youkais ,sentem medo... assim como você, humana burra!

– Não estou com medo... - as lágrimas de Kagome escorreram pelo seu delicado rosto até molharem a mão do youkai.

– Como? Não minta! – rosnou, a força de Sesshoumaru era tanta que estava preste a quebrar o pescoço da humana.

– Só...estou...triste... por você...deve ter sido duro para você...viver sem ter alguém para contar...ou para amar...- disse Kagome em seus últimos suspiros antes de ficar sem ar.

Na caverna onde os amigos de Kagome estavam Inuyasha sentiu uma enorme dor no peito, uma tristeza o abalou repentinamente fazendo suas orelhinhas abaixaram e uma angustia tomou conta de seu corpo.

– O que houve Inuyasha? - perguntou o monge ao ver a palidez do hanyou.

– Ka...Kagome... - sussurrou ele colocando a mão no peito.

– O que houve? O que tem a Kagome? – quis saber Miroku.

– Aconteceu algo! – afirmou o hanyou.

Sem explicações o hanyou saiu da caverna correndo o mais rápido que podia. Os outros ficaram espantados, Inuyasha estava correndo mais rápido que o normal.

Sesshoumaru ficou estático. Aquelas últimas palavras dela, será que ela estava falando a verdade. Talvez ela estivesse, ele nunca se permitia ter tal coisas, achava que isso era um erro...mas será? O youkai largou o corpo sem vida da jovem no chão apoiando em uma árvore, as lágrimas ainda molhavam a face dela. Sesshoumaru desembainhou a Tenseiga de sua cintura, podendo ver claramente os mercenários no outro mundo e com um golpe de sua espada os destruiu. Lentamente os olhos castanhos da humana foram se abrindo e a primeira coisa que ela viu foi a face multi colorida de Sesshoumaru.

– Você pode estar certa... - falou o youkai abaixando a cabeça e sentando-se do lado dela.

– Q...quero te pedir uma coisa... – a voz dela era fraca, mas sincera.

Não ouve resposta.

– Você me deixaria ser sua amiga? – Kagome sorriu.

– O quê? Se arriscaria em ser minha amiga mesmo depois que eu fiz? – questionou Sesshoumaru sem entender a humana.

– Tenho sim. – ela disse decidida.

Sesshoumaru fitou a humana intensamente. Kagome parecia tão sincera e verdadeira. Não exalava nenhum cheiro de medo. Será que poderia confiar? Ele passou tanto tempo sozinho que tentar não seria tão ruim arriscar.

– Faça como quiser... – respondeu ele indiferente.

Kagome como se já soubesse a resposta abraçou o youkai, deixando-o sem reação. Por fim ele sorriu, porque agora podia dizer que tinha amigo.


~ Fim ~


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Notas finais do capítulo

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