Eve escrita por BibiBennett


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi oi gente :D
Antes de tudo eu queria agradecer pelos lindos comentários que vocês fizeram nos últimos dois capítulos e pela recomendação maravilinda que Sra Smith(sua linda) fez pra fic *-*
Sério, eu não pensei que a história fosse ter essa quantidade de comentários/acompanhamentos/recomendações tão cedo, então queria agradecer de coração a todos vocês que já estão acompanhando a história, sendo leitores fantasmas ou não *-*
Vocês estão me fazendo a autora mais feliz do mundo s2
Enfim, vocês provavelmente estão querendo ler a fic, então vou acabar essa nota inicial por aqui =P
Vejo vocês daqui a pouco o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/563138/chapter/3

Metal era só o quê eu via por toda a parte. A sala onde eu me encontrava era coberta dele, a cadeira onde eu estava amarrada só o continha e a máquina que lenta e tortuosamente vinha em direção à minha cabeça era feita do mais puro e reluzente tipo, perfeito para passar a corrente que eu sabia que viria.

Tentei me mexer, me soltar ou liberar minhas asas, mas nem a última opção me libertava um centímetro sequer do aperto agoniante que as tiras de metal faziam em meu corpo, me prendendo de todas as formas possíveis na temida cadeira.

Em pouco tempo minha cabeça foi tomada pela máquina e por seus eletrodos, e um agoniado grito escapou de meus lábios assim que a eletricidade fluiu até a mais antiga de minhas memórias. Escutei uma risada maníaca antes de acordar com um pulo.

Tudo ficou branco por alguns segundos.

A luz da tarde que invadia o desconhecido cômodo onde estava bateu em meus olhos de forma forte, me fazendo fechá-los novamente até poder me acostumar com a luz. Demorei a entender o quê estava acontecendo.

Pisquei algumas vezes e olhei em volta. Eu estava sentada na cama de um simples e arrumado quarto, prateleiras com livros antigos ficavam à minha esquerda enquanto na minha direita uma pequena mesa de cabeceira tinha uma jarra com a água mais limpa que eu já havia visto. Arregalei os olhos com a sensação boa do colchão em baixo de mim, confortável e fofinho na medida certa, e com certeza um alívio para costas que há dias só conheciam o cruel chão das ruas. Olhei para a água com um interesse desconfiado, não entendendo quem me traria até tal confortável e seguro local.

Tentei me lembrar dos acontecimentos que me levaram até ali, e um par de olhos azuis preencheu minhas memórias assim que o fiz. Lembrei-me do cansaço que havia sentido, e dos fortes braços me carregando para um lugar aparentemente seguro.

Antes que eu pudesse continuar a vasculhar o quarto, assim como minhas memórias, meus olhos bateram na jarra com água novamente e logo meus pensamentos foram substituídos pela urgência em bebê-la.

Ingeri a água de forma lenta, aproveitando a sensação que seu frescor dava em minha garganta. Dei um suspiro aliviado assim que o copo estava vazio e o enchi novamente para mais tarde.

Agora sim eu poderia pensar mais claramente e investigar o quarto onde estava.

Ajeitei-me na cama e me levantei, mal percebendo as duas gigantes asas que estavam novamente livres em minhas costas. As grandes e por agora desajeitadas asas bateram na jarra assim que me virei, e tomei um susto quando senti o suor gelado do recipiente encostar-se a elas. Consegui pegar a garrafa no ar antes que ela se estilhaçasse no chão, e bufei com a situação em que me encontrava. O quarto era pequeno para minhas asas, que provavelmente haviam sido liberadas com o pesadelo que tinha tido minutos antes, e se eu quisesse passar sem alarde pelo cômodo teria que ser bem mais atenta.

Olhei em volta novamente para procurar saídas e encontrei três portas. Uma delas dava para o armário embutido na parede, que continha roupas masculinas e um estranho uniforme azul e vermelho que eu conhecia de algum lugar, a segunda dava para um claro corredor e a terceira para um banheiro que parecia me chamar. Aproximei-me e olhei para a ducha com os olhos brilhando, me perguntando se eu poderia tomar um banho por ali.

Eu não sabia quem havia me levado até aquele quarto, onde esse quarto ficava ou se eu estava realmente segura, mas resolvi arriscar. Eu estava sem um bom banho, copo limpo de água e uma cama confortável há dias, então quem quer que tenha me levado até ali provavelmente não queria me fazer mal, se estava me oferecendo tudo aquilo.

Entrei com cuidado no banheiro azul, me olhando no espelho pela primeira vez em uma longa semana. Meus longos cabelos loiros caiam sujos em meu rosto, e olheiras profundas marcavam meus olhos deixando-os com uma aparência cansada, minha pele estava mais clara que o normal, e eu tinha emagrecido mais ainda desde a última vez que havia me visto.

Assenti para mim mesma, eu definitivamente precisava daquele banho.

Entrei no box e liguei o chuveiro elétrico como se fizesse isso todos os dias durante anos. Era quase como uma memória muscular, como a que eu percebi que tinha ao quebrar o nariz dos três caras imundos no beco dias atrás.

Minhas asas se espremeram no pequeno espaço que lhes tinha disponível, e a água quente rapidamente escorreu por elas. Eu não queria mais sair dali, a sensação de limpeza sendo boa demais para ignorar. Depois de cerca do que eu achava que tinha sido uma hora de banho, eu finalmente me sentia pronta para sair dele. Minha pele estava muito mais limpa do que antes, e meu cabelo agora caía em meu rosto com cheiro de shampoo, não de lixo. Eu me sentia renovada, e até me permiti sorrir quando olhei para o espelho.

Usei uma das toalhas para enxugar meu cabelo, enquanto usei a outra para secar minhas asas e corpo. Só percebi que não tinha nada para vestir – além do vestido sujo e esfarrapado com o qual eu havia acordado todos aqueles dias atrás – quando estava prestes a sair do quarto.

Suspirei enquanto destrancava a porta, voltando a trancá-la em seguida quando escutei passos do outro lado da mesma. Arregalei os olhos, de repente alerta.

Três rápidas batidas na madeira foram ouvidas em seguida e eu recuei até a parede, batendo minhas asas em todos os produtos higiênicos e potes que estavam pelo caminho. Xinguei baixinho quando o alto barulho dos itens caindo no chão fez quem quer que estivesse do outro lado da porta tentar abri-la.

— Está tudo bem ai? — A mesma voz que havia me socorrido mais cedo soou preocupada vinda do quarto e eu soltei um pequeno suspiro aliviado. Passei a mão por meus cabelos de forma nervosa ao olhar para minhas asas na parede.

— Hã... Sim, sim! Está tudo bem. — Me enrolei ao dizer as palavras, enquanto tentava me concentrar em retrair minhas asas. Não era um processo simples, mas eu tinha que tentar. Pessoas não tinham asas, não pessoas comuns.

Fechei meus olhos, me concentrando em meu corpo. Tentei ignorar toda a interferência exterior, respirando fundo algumas vezes e tentando relaxar enquanto as asas pouco a pouco se retraiam em minhas costas. Não era um processo indolor, mas como seria? Duas enormes e brancas asas aos poucos voltando e desaparecendo em suas costas não era uma coisa normal, e mesmo que meu corpo parecesse estar acostumado com a presença delas, parecia errado retrai-las, era como se eu estivesse escondendo uma importante parte de mim... Na verdade, era exatamente isso o quê eu estava fazendo.

Em poucos minutos minhas asas já não estavam em minhas costas, apenas as duas marcas características de seu início estavam por lá, como duas grandes e recentes cicatrizes.

Olhei em volta até localizar a toalha com qual eu havia secado meu corpo, enrolando-a em volta de mim em seguida. Respirei fundo antes de abrir a porta.

Foi como se um alarme soasse em minha mente assim que pus os olhos no forte e caridoso homem que havia me ajudado. Eu sabia que o conhecia de algum lugar, e minha mente gritava para que me afastasse dele, dizendo que ele era uma ameaça.

O homem arregalou seus olhos ao me ver na porta do banheiro o encarando, e depois de alguns segundos do que pareceu uma eternidade de silêncio, ele se levantou enquanto limpava a garganta. Ele olhou para os lados e passou a mão no pescoço, parecendo desconfortável, e eu não entendi o porquê até ele me entregar o pijama colorido que estava na cama.

Oh, eu estava somente de toalha.

Assim que ele se aproximou, instintivamente recuei alguns passos. Ele pareceu perceber meu desconforto e levantou as mãos em forma de rendição.

— Não vou te machucar. — O loiro disse e por alguma razão eu tinha certeza de que dizia a verdade. Relaxei e peguei o pijama de suas mãos, entrando novamente no banheiro e respirando fundo contra a porta.

Uma pontada de dor atingiu minha cabeça quando tentei por alguns instantes me lembrar de onde conhecia o homem, e desisti por aquele momento de tentar me recordar de alguma coisa. Franzi o cenho confusa com a sensação de deja vú. Em sete dias na rua, sem lembranças ou qualquer informação sobre meu passado, eu nunca havia tido tal sentimento. Será que ele me conhecia e por isso tinha me ajudado? Fiz uma nota mental de perguntar isso a ele assim que tivesse a oportunidade.

Resolvi vestir logo as roupas que ele havia me entregado e franzi o cenho ao perceber a semelhança delas com o uniforme que eu havia visto mais cedo em seu armário. Um escudo vermelho e azul estava localizado no centro do tecido cinza, e a calça listrada com as mesmas cores continha várias estrelinhas brancas assim como a estrela da blusa. Dei de ombros e vesti o pijama que claramente ficou grande demais em mim, abrindo a porta novamente em seguida.

O loiro levantou-se da cama assim que me viu, mas não se aproximou temendo me assustar como da outra vez. Um pequeno sorriso apareceu em seus lábios rosados assim que pôs seus olhos no pijama que eu vestia.

— Está melhor? — Ele quebrou o silêncio, fazendo uma pergunta quase retórica.

Assenti rapidamente, sem sair de meu lugar.

— Sim, obrigada. — Agradeci de forma sincera, ainda assim lançando um olhar desconfiado para o homem.

— Fico feliz por ouvir isso. — Comentou ele de forma casual, mas com sinceridade transbordando de suas palavras. Ele colocou as mãos no bolso da calça jeans que usava antes de continuar. - Eu não sabia o quê pensar quando você apareceu desacordada na minha porta. - Completou em seguida, me fazendo olhar para baixo de forma envergonhada.

— Não foi exatamente minha culpa. — Murmurei baixinho, voltando a olhar para seus curiosos olhos azuis segundos depois.

— Steve Rogers. — Se apresentou ele, estendendo a mão. Por um momento eu não soube o quê fazer, e seu nome ecoou em minha mente.

Steve Rogers.

Imagens borradas de um homem em uniforme correndo entre as árvores preencheram minha cabeça, e um alerta ainda mais alto soou entre meus pensamentos, gritando: Inimigo.

Ignorando os protestos de meu subconsciente apertei a mão de Steve, somente para arregalar os olhos em seguida com a realização de que eu não sabia meu nome. Não que eu já não houvesse percebido isso antes, mas naquele momento enquanto eu apertava a mão do loiro, a perda daquela parte tão importante de mim pesou muito mais do que nos sete dias anteriores.

Sem nome, sem lembranças, sem família. Sem nenhuma pista de quem eu um dia já fui.

Depois de segundos esperando um nome escapar de minha boca, Steve percebeu minha confusão e franziu o cenho.

— Eu não me lembro. — Disse enquanto desviava o olhar de nossas mãos para o azul confuso nos olhos do homem.

— O quê? — Ele perguntou assim que me desvencilhei de seu aperto, olhando para mim com preocupação.

Passei as mãos por meus cabelos antes de me sentar na cama com um suspiro.

— Eu não lembro meu nome. — Esclareci.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E agora você pensa: "Ué, mas o nome dela não é Eve?"
Tsc tsc, não é não xD
Bem, tecnicamente... Enfim, vocês vão ver no próximo capítulo :D
Por enquanto as coisas estão calmas, mas mais pra frente vai ficar uma correria danada se meus planejamentos se concretizarem :D
Eeeeenfim, espero que tenham gostado desse capítulo, pq eu gostei bastante de escrevê-lo ^-^
Assim que eu acabar de escrever o capítulo 6(acabei o 5 ontem) eu posto o 4 aqui, ok? Estou fazendo assim pq quero sempre ter 2 capítulos reserva pra emergências ou pra eu ter tempo de mudar alguma coisa e tudo mais ^-^
Como as minhas férias estão chegando(uhu) os capítulos provavelmente vão sair mais rápido :D
E... Acho que é isso ^^
Espero(de novo) que tenham gostado, e por favor não se esqueçam de deixar suas opiniões e críticas na caixinha aqui embaixo ^-^
Beijos e queijos :*