A Maldição Ouija escrita por Rich Kevin


Capítulo 8
Oito


Notas iniciais do capítulo

Quarto capítulo com imagem.



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Rian mal empurrou a porta de entrada e ela já se abriu até o canto, ruindo um som macabro até parar na parede. O espaço aberto foi iluminado pelo lado de fora, deixando a escuridão um pouco menos densa. O pálido olhou para os lados que conseguira, porém não viu nenhum sinal de vida.

– Tony? Você está aí?

Sem aguardar respostas, entrou na casa e buscou pelo apagador do cômodo onde estava. Encontrou-o perante a janela e acendeu-o sem perder tempo. A lâmpada deu uma falha antes de se ligar fortemente.

Rian continuou confuso, observando cada detalhe a sua volta, e fitou a escada assim que percebeu um rastro de sangue que vinha do segundo andar, e uma enorme poça no chão a alguns metros de si.

– Meu pai... Tony!

Imediatamente foi correndo para o andar superior, desviando-se das poças de sangue no caminho. No corredor de cima, acendeu mais uma luz, que iluminou parcialmente o ambiente. Prosseguiu no caminho do sangue, onde parecia que alguém havia sido arrastado. Chegou na porta do seu quarto. Ela estava fechada.

– Tony... Você está aí dentro? – Sussurrou com receio de abrir.

Sem alternativa, pegou na maçaneta e a girou. A trava da porta se abaixou, um pequeno eco surgiu enquanto ele a empurrava lentamente. Assim que teve espaço para entrar, fechou a porta novamente, ligou a energia e foi atentar-se ao quarto. De repente, algo caiu sobre sua cabeça.

Rian se jogou rapidamente no chão, evitando gritar. Ao perceber penas, pegou o que estava preso em suas costas e arremessou para o canto do quarto. Era um urubu morto. O sangue do animal ainda escorria pelos seus cabelos.

– Que droga. – Gruiu, se levantando e tentando se limpar. – Como essa porcaria veio parar aqui?

Logo, ele sentiu um ar estranho gelar todo o seu corpo. A mesma sensação de horror de alguns minutos atrás. Girou o corpo para a porta, mesmo com ela fechada, pôde escutar o som de um apagador sendo apertado. A luz do primeiro andar foi desligada por algo ou alguém. Rian se apavorou, olhou em volta, buscando um esconderijo, enquanto isso a luz da escadaria se apagou. Faltava apenas a do seu quarto.

O pálido entrou apressado em um armário novo em seu quarto, que estava vazio até então. Fechou a porta, tampou a sua boca e ficou observando impacientemente o que estava por chegar ali. A energia do quarto pifou de repente. Um eco aterrorizador foi emitido quando a porta começou a ser levemente empurrada.

Rian queria gritar, mas sabia que se fizesse isso poderia acabar como o urubu. Apertou mais forte ainda a sua boca, para que nenhum som pudesse ser dito mesmo sem querer. Viu um vulto passar rapidamente, vasculhando os arredores do quarto. Num estrondo, a porta se fechou.

Quando pretendia respirar aliviado, o corpo de Tony apareceu em pé do outro lado da porta do armário. Sendo impossível não ver, o moço assistiu atônito a cada gota de sangue que escorria de um tremendo corte no pescoço do moreno. Seus olhos ainda estavam abertos, o sangue escorria e inundava seu rosto, mas ele já estava morto a tempos, e dava-se para perceber seus graves ferimentos.

Novamente a porta se abriu, de leve, somente para o mesmo vulto voltar a atravessá-la, dessa vez, saindo do quarto. A porta se fechou em seguida, o corpo de Tony caiu no chão e Rian, ao perceber-se em segurança, deixou o esconderijo aos múrmuros de medo.

Tentou caminhar para a porta, mas sabia que não conseguiria chegar vivo até a saída da casa. Voltou-se então para a janela, que estava fechada, e foi em passos calmos abri-la. Sentiu-se pisando em algo, viu seus pés acima da cabeça de Tony e foi impossível evitar um gruído, num salto para sair dali.

Ficou em silêncio, não escutou nenhuma reação, assim chegou até sua saída de emergência. Pegou na trava da janela e a destravou, então se bastava agora puxá-la para os lados, mas isso iria causar um ruído gigantesco. Seja onde estivesse, o vulto iria ouvir...

– Vamos, Rian... É tudo ou nada. – Disse a si mesmo, pegando nas partes da janela.

Apressadamente, empurrou ambas. Um estalo percorreu toda a casa, até que viu-a aberta. Algo quebrou coisas na cozinha, foi audível o barulho, e passos foram escutados subindo os degraus. Alguém estava voltando.

Rian atravessou com dificuldades para o outro lado. Estava muito alto do telhado até o gramado da casa, porém, quando se virou, viu a maçaneta girando... Não quis ver mais nada, apenas se jogou dali e deixou tudo acontecer como devia.

***

As garotas estavam sentadas ao redor de uma pequena mesa de madeira. Assistiam aos rapazes jogando boliche – ou tentando jogar – e se distraiam entre uma conversa e outra e com alguns chopes.

Cansado de errar, Gibson entregou a grande bola maciça para Wallace e seguiu a fazer companhia para as meninas. Sentou-se na mesa ao lado de Helen, cumprimentando ambas com um pequeno sorriso.

– Não me recordava que você era tão ruim no boliche quando namorávamos. – Alice deu uma risada.

– Ei, não é culpa minha. É que hoje não é o meu melhor dia, tá.

– Sabemos como é. – Helen concluiu, se levantando. – Vou lá ver como o “Romeu” está se saindo... Enquanto isso, aproveitem para beber um pouco e deixar o papo em dia.

Antes de se distanciar, a loira apenas arqueou o olhar para Gibson, ele entendeu.

– Como está? – Perguntou para Alice.

– O quê? – Não prestou atenção.

– Perguntei se está melhor...

– Um pouco. Hoje o dia não foi o meu melhor, mas estou ficando bem.

– Verdade mesmo?

– Te juro.

– Que bom. Já estava ficando preocupado com você.

– Ah, e desde quando você se preocupa comigo? – Alice mudou o tom.

– Como assim?

– Não se lembra do que fez para terminarmos o namoro? Me traiu com aquela biscate da escola...

– Não foi minha culpa, Alice. Você chegou no momento errado, aquilo não era um beijo, era apenas uma peça teatral. Estávamos ensaiando! Eu já te expliquei isso!

– Não sei por que, mas não consigo acreditar em você. Mesmo assim, agradeço sua preocupação.

Alice se levantou da mesa e saiu com sua bebida nas mãos. Gibson ficou sozinho, olhando à cena um pouco confuso. Virou sua face para a mesa de madeira, onde repousou-se por alguns segundos. Entretanto, se levantou:

– Preciso ir ao banheiro!


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