Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 182
Capítulo 182




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Por Pamela:

 

Quando eu ouvi da boca do Davi que Megan estava prestes a dar à luz, ali, em plena madrugada, eu senti o coração na garganta e um instinto avassalador que me fez dar um salto da cama e correr para me vestir e ir socorrer, ajudar, ou pelo menos dar suporte a Megan naquele momento que era uma tortura, – sim, porque a dor é com certeza insuportável, – e ao mesmo tempo, o paraíso.

— E-e-ela me acordou irritada dizendo que achava que tinha feito xixi na cama, mas gritou de dor logo em seguida.

— Foi a bolsa que estourou. Ela começou a sentir as contrações. – Falei, chegando à porta.

— Calma Davi, respira. – Herval tentou acalmá-lo. – Você já ligou para a ambulância?

— Ela não vai aguentar esperar a ambulância chegar... o bebê nasce aqui e ele não chegam, você sabe como as coisas funcionam... – Em seguida ouvimos um grito. – É ela de novo! – Agitou-se ainda mais o rapaz.

— Então a gente que vai levar ela para o hospital. Pamela! Vai lá com o Davi, acalma ela e vocês dois levem-na para o carro. Já! Eu vou me vestir e já estou indo encontrar vocês. – Obedeci e quando cheguei ao quarto dela, Megan estava praticamente se arrastando, tentando alcançar a porta.

— Megan! O que você está fazendo?! Eu mandei você ficar deitada até eu voltar!

— Vá arranjar outra idiota para mandar, em mim mando eu!

— Mas você está...

— Davi, tem uma pessoa, um ser humano, prestes a sair de dentro de mim pela minha...

— Megan...! – Repreendi-a. Ela respirou fundo e continuou a falar com o marido:

— Então eu acho melhor você ficar quieto! Tua voz está me irritando e não falta muito para eu te esbofetear! – Ela grunhiu, numa mistura de dor e ódio que toda a explosão de hormônios lhe provocava.

— Ei! Megan! Do not do this, sweet, Davi só está tentando ajudar. Toda essa situação é assustadora, eu sei, mas você precisa se acalmar! Mommy is here, okay? — Envolvi-a num meio abraço e com a ajuda de Davi, fui conduzindo-a para fora.

It hurts, mom...

— Eu sei, meu bem, eu sei, mas já vai passar. Você precisa manter em mente que você vai ser mãe, Megan, mãe! your baby is coming! — Ela deu um sorriso no meio de uma expressão dolorosa, enquanto a colocávamos no carro.

She is coming...? — Murmurou.

Yeah, ela está pronta para vir ao mundo, baby. — Acariciei seu rosto e ela se acalmou um pouco um pouco mais. Vimos Herval chegar e enquanto eu entrava no carro, o ouvi dizer antes que eu perguntasse:

— A Dorothy vai cuidar das crianças, não se preocupa, meu amor? – Acenei que sim. Ele foi para a porta do motorista e encontrou Davi lá. – Sai daí garoto, está louco? Olha o seu estado! Se você dirigir, a gente não chega vivo no hospital. Vai lá para trás segurar a mão da tua mulher e deixa que da direção eu cuido! – Ele nem pôde contestar, Herval o arrancou de lá e Davi se juntou a Megan. Como ela precisava de espaço, eu não pude ficar lá traz também e me juntei a Herval na frente.

Eu podia jurar que ela estava tentando quebrar todos os ossos da mão do Davi durante aquele trajeto, de tanto que ela a apertou, mas graças a Deus chegamos rápido ao hospital porque Herval dirigiu tão loucamente que eu não duvidei que tivesse que pagar uma multa alta depois!

Tiraram Megan do carro, colocaram numa maca e levaram-na para dentro com Davi à sua sombra, enquanto eu e Herval resolvíamos a burocracia.

Aos poucos a adrenalina no corpo ia acalmando e aquele pânico inicial ia sumindo. Estávamos na sala de espera, eu e Herval, aguardando alguma notícia, quando nos entreolhamos. Foi o momento em que o raio da realidade caiu sobre nossas cabeças. A ficha de que estávamos prestes a nos tornarmos avós, caiu.

— Pamela! – Davi surgiu correndo. – A Megan não quer ver a minha cara e não para de gritar com todo mundo. Ela quer você... só você consegue acalmar ela. – Herval riu, balançando a cabeça negativamente e disse que eu podia ir, mas que o mantivesse informado sobre tudo. O pobre Davi ficou com ele esperando.

— [...] Eu não posso acreditar que você ainda nem nasceu e já tá sacaneando a sua mãe, garota! – Quando cheguei no quarto, Megan dava uma bronca na própria barriga.

What’s going on?

— Sua neta, Pamela Parker! Ela se recusa a nascer! – Olhei para a obstetra e ela me respondeu:

— Ela ainda está com 7cm de dilatação. Falta pouco, mas a gente vai ter que esperar até...

— ATÉ COMPLETAR 10CM! Eu tô morrendo de dor e essa menina insiste em não querer sair! – Voltou a berrar com a própria barriga: –GET OUT! GET OUT! GET OUT!!

Hey! Don’t yell with your baby, Megan!

Mom... eu não aguento mais! This is hurting! – Suspirei e me aproximei dela, segurando sua mão.

I know... I know, sweet... eu já passei por isso duas vezes, remember? Eu sei o que você está sentindo. Sei que dá vontade de matar todo mundo, mas... justamente porque eu sei, que eu te digo que quando você segurar sua filha nos braços... – Não consegui não rir ao lembrar de quando peguei ela e quando peguei Branca nos braços. – Vai ser como se toda essa dor e essa raiva nunca tivessem existido! Tudo que você odeia agora, não vai ter importância alguma no momento em que você sentir os dedinhos dela agarrarem o seu... trust me, vai valer a pena. – Ela fechou os olhos deixando algumas lágrimas caírem e sussurrou:

You promise…? Porque estou começando a achar que vou ser uma horrível mãe e nem consigo mais encarar o Davi de tanto que já gritei com ele... – Sorri, negando com a cabeça.

I promise, baby... e esse medo é normal. Mas acredite, só em você estar preocupada se vai ser uma boa mãe, mostra a mãe maravilhosa que você já é! E quanto ao Davi, você sabe que isso é bobagem, não sabe? Ele é quem deveria estar aqui com você, não eu! Ele é o pai dessa criança. – Antes que ela respondesse, sentiu outra contração.

MOM! FAZ ISSO PARAR!

Baby... listen to me: Vai ficar tudo bem, okay? Falta pouco, muito pouco! Você aguenta, você é forte, Megan! E vai ser a great mom! Então... se acalma. Concentra. Respira, só respira... I’m here, sweet. — Ela até tentou. Fechou os olhos. Se concentrou e tentou controlar a respiração. Mas daí eu senti que meus tímpanos iriam explodir com o grito que ela deu logo em seguida. A obstetra foi conferir e finalmente ela entrava em seus 9cm. – Tem certeza de que não prefere Davi aqui?

— Mas e se...

— Ele não vai ficar com raiva de você, Megan. Davi sabe que tudo isso é novo, assustador e doloroso para você... ele só quer te dar suporte e ver a filhinha dele nascer! He loves you. — Ela respirou fundo e concordou.

— D-desculpe, mas vocês não podem fiar trocando assim... tumultua a sala, deixa a gestante nervosa, além de que... – Tentou orientar a obstetra, mas Megan a interrompeu.

— O QUE VAI ME DEIXAR NERVOSA É SE O MEU MARIDO NÃO ESTIVER AQUI COMIGO NESSA PORCARIA DE SALA! – Megan estava com uma mania horrorosa de gritar...

— Please, essa é a última troca. I promise. — Sussurrei para a moça, que com certa relutância, concordou.

[…]

— E aí, como é que ela está? – Herval e Davi perguntaram ao mesmo tempo.

— Está quase na hora. Megan está desesperada... está enlouquecendo qualquer um! – Herval riu, mas Davi pareceu estar um pouco desanimado. – Ela quer você lá, Davi... – Ele me olhou surpreso.

— M-m-mas quando eu estava lá, ela me expulsou, dizendo que queria você...!

— É um momento embaraçoso para qualquer mulher, dear... e nós estamos falando de Megan Lily! Ela só está assustada, mas precisa de você mais do que precisa de mim.

— Não vai ser no primeiro “cai fora” que você vai dar para trás e fazer o que ela manda, né, moleque? – Herval passou seu braço pelos ombros de Davi. – Essas Parker’s são assim, falam que não nos querem por perto, mas não vivem sem a gente. – Revirei os olhos, sorrindo, mas concordei. – Além do mais esse momento é de vocês! É uma hora pela qual vocês têm que passar juntos, mesmo que ela te chame de tudo quanto é coisa e até dê na sua cara.

Yeah, lembre-se de que são xingamentos e tapas de amor. – Falei, sorrindo. Ele concordou também sorrindo e nos abraçando em agradecimento, saiu correndo para assistir ao nascimento de sua filha. Herval me envolveu em seus braços, deixou-me um beijo na testa e antes d’eu me perder nos pensamentos, ele murmurou:

— Ele vai desmaiar, não vai não?

Absolutely!

[…]

Por Megan:

— Vamos começar. Você está pronta, Megan? – Eu estava quase tendo uma sincope de ansiedade, não pronta!

— Cadê o Davi? – Perguntei antes de perceber que ele estava presente.

— Cheguei! O que eu perdi?

— Nada! Mas vai perder o...

Megan, agora não é hora, você precisa empurrar, ok? Vamos lá, no três! – Falou a médica, interrompendo meu acesso de raiva. Foi incontrolável.

— Você vai aprender a não me engravidar mais, seu... – Ao mesmo tempo que eu falava, a médica contava e Davi sorria.

Empurra! — Eu obedeci involuntariamente, fazendo força. Davi sorriu e foi para o lado da cama imediatamente, segurou minha mão e a beijou delicadamente.

— Eu te odeio. – Falei.

— Eu também te amo, bad girl. Vai, aperta minha mão, pode quebrar ela se quiser. – Tive que me segurar para não perder a pose de irritada.

— Mais uma vez, Megan! Um... dois... três!

— AAAAAII!

— Vamos, de novo, empurra!

— Calma aí, não tem pausa não? Isso cansa!

— Megan, empurra!

— AHHH SHIT! COMO ISSO DÓI!!

— Só mais um pouco, meu amor, só mais um pouco... – Enquanto eu esmagava sua mão esquerda, a direita acariciava meus cabelos, o que de certa forma fazia eu me sentir bem apesar de toda a dor e medo.

— Eu preciso que você faça mais força, Megan, você consegue?

I think so... — Disse ofegante, sem sentir mais a presença de Davi ao meu lado e ver que  ele havia ido para perto da obstetra, ver nossa filha chegar.

— Ok. Um... dois... três! Empurra!

— AAAAAHHH CHEGA! NÃO... – Mal conseguia respirar. – Não dá, eu não consigo... dói demais! Ela não quer sair! POIS MUITO BEM, FIQUE AI DENTRO AGORA! LIKE, FOREVER!— Cruzei os braços infantilmente. – WHERE IS MY FUCKING HUSBAND?!— E foi então que eu vi alguém levantando-o do chão e tentando despertá-lo. – Esse imbecil desmaiou?! – Eu não sabia se ficava irritada ou se caia na gargalhada.

— Vamos lá Megan, ele vai ficar bem, mas você precisa empurrar uma última vez! – Incentivou a obstetra.

— Eu vou quebrar a sua cara quando eu sair daqui! – Falei para Davi, que ainda estava meio desnorteado.

— Eu deixo. Você está me fazendo o homem mais feliz desse mundo... tem crédito de sobra para quebrar a minha cara. – Ele respondeu, com um pouco de dificuldade. O olhei de lado, respirando aceleradamente e sorri por um milissegundo.

— Vamos lá, Megan! Um... dois... três! Empurra!

— AAAAAAHHH!! – E um choro forte, estridente, ecoou por todo o quarto. Eu senti como se tivessem tirado uma tonelada do meu peso e ao mesmo tempo, como se tivesse sido tocada pelas mãos de Deus.

O cordão umbilical foi cortado, limparam e enrolaram a menina numa manta e repousaram-na sobre os meus braços. Há essa altura Davi já havia se recuperado e vindo para o meu lado. Naquele mesmo instante, eu me senti iluminar! O mal humor sumiu de repente, e um sorriso contornou minha feição. Meus olhos marejaram e me faltaram palavras para usar diante daquele serzinho que era parte de mim e que agora me faria a mulher mais feliz do mundo pelo resto da minha vida!

— Você tinha razão, mom... vale muito a pena... – Sussurrei, desejando que mom estivesse ali naquele momento. E Megan Lily Parker-Reis vivia o milagre da maternidade pela primeira vez, dá para acreditar?

[...]

Por Pamela:

— Vocês não poderiam ter escolhido melhor o nome dessa menina! Nossa, ela parece muito com a Pam...! – Herval disse, derretido.

— Mas, Davi! Você não pensou em outro nome? – Questionei. – O nome de alguém importante para você? Ou algum outro que você goste mais? Porque se você aceitou esse nome só porque Megan Lily é ótima em persuadir, você não...

— Quer pessoa mais importante do que aquela que botou a mulher da minha vida no mundo?! – Sorri. – Imagina...! Quando a Megan sugeriu o seu nome, eu aceitei na hora! Eu vou ser o pai mais orgulhoso do mundo se minha filha se tornar uma mulher como você, Pamela...

Oh... it’s so sweet... — Lhe dei um beijo no rosto e o abracei.

— Mas não se sinta excluído, daddy, se tivesse sido menino, teria se chamado Herval com certeza! – Megan falou, deixando Herval pasmado.

— D-d-do quê que você me chamou? – Ele me olhou rapidamente emocionado.

— De daddy... saiu, que eu nem percebi. Mas qual é a surpresa? Eu já disse que você é meu pai.

— É, mas nunca se referiu a mim como tal...

— Pois vá se acostumando porque é assim que eu vou te chamar agora. De pai. – Ele sorriu com os olhos marejados e deixou um beijo na cabeça dela.

— É uma honra ser seu pai, Megan...

— Com certeza é. Eu sou incrível! E muito forte. – Ela falou, passando a mão nos olhos para evitar as lágrimas. Megan sendo Megan e tentando evitar ser sensível. – Ao contrário do seu aprendiz aqui, que desmaiou na sala de parto!

— Megan! Precisava contar? – Davi a repreendeu. Eu e Herval nos entreolhamos como quem diz: “bingo!” Comprimindo os lábios para não constranger o garoto, mas Megan reparou.

— Vocês sabiam que ele não ia aguentar, né? – E então a gente não segurou o riso. Eu enterrei a cara no peito de Herval e ele me apertou contra ele enquanto ria também.

— Ah, qual é...? O dia está nascendo e a gente tá acordado há ‘moh’ tempão, sem comer nada! Eu estava fraco, só isso.

— Davi, admite que você não aguentou ver foi o bebê saindo...!

— Também. O meu negócio é tecnologia, não partos!

— Relaxa Davi. – Herval lhe deu um meio abraço. – Você não é o primeiro e nem vai ser o último a desmaiar numa hora dessas. O que importa agora é que você é pai, moleque! – Ele sorriu exacerbadamente e abraçou o mentor.

— Espero ser tão bom quanto você, mestre...

— Vai ser melhor!

[...]

Bem, tudo isso aconteceu em plena madrugada. A gente literalmente viu o dia nascer e quando o relógio contava 8h30min, voltei para casa para cuidar dos meus outros filhos. Joaquim estava em época de prova e Dorothy já tinha levado ele para a escola quando eu cheguei. Branca, para meu alívio, estava calma. Só precisou de um banho morno matinal, leite, colo e pronto!

Eu acabei ficando lá com ela para que Dorothy pudesse finalmente visitar Megan e conhecer a mais nova integrante da família. Kate me fazia companhia, e quando o relógio contava 8h50min, o telefone tocou. As coisas não podem ser sempre 100% perfeitas, né? Quando estiver tudo indo perfeitamente bem, desconfie!

Kate! Atende o telefone, por favor? – Estava com Branca embalada nos braços. Kate simplesmente concordou e atendeu.

— Alô? ... sim, é da casa deles sim, em que posso ajudar? ... – Ela arregalou os olhos e engoliu em seco. – O-o-o quê?

— O que foi, Kate?

— Mas, e o Joaquim? ... Oh God... o-o-ok, e-eu vou avisar. Obrigada.

— Fala Kate! O que houve?!

— Um incêndio na escola do Quim.

— What?!

— E-e-eu não entendi muito bem, a moça estava um pouco apressada, mas parece que houve um curto-circuito em um dos ar-condicionados de uma das salas e acabou... acabou que ele explodiu. O-o-o fogo foi se alastrando e agora...

— E o meu filho?! Eles falaram alguma coisa do Joaquim?

— Estão evacuando o prédio todo, mas ela não soube me dar nenhuma informação do Quim...

— E-eu vou para lá, eu preciso ir para lá agora mesmo! – Entreguei Branca em seus braços, peguei a chave do carro de Herval, já que havíamos ido para o hospital no meu, e saí em disparada. No meio do caminho, liguei para ele: – Herval? Sai do hospital sem fazer alarde para não preocupar ninguém e vai voando para o colégio do Quim!

— Por que? O quê que houve?

— Não faz pergunta. Só faz o que eu estou mandando. É urgente! A gente se encontra lá. – Apenas desliguei antes que ele respondesse. Eu não ia dizer que a escola estava pegando fogo para ele dirigir feito um louco e sofrer um acidente!

Quando cheguei ao local, tinha uns carros de ambulância atendendo as pessoas que iam saindo de dentro da escola e os bombeiros apagavam o fogo e tentavam encontrar mais gente lá dentro. O incêndio não era tão grande quanto eu imaginei, mas não era menos preocupante. A quantidade de fumaça que produziu seria capaz de matar qualquer pessoa saudável, asfixiada, imagine só uma criança asmática!

Nenhuma das crianças que já estavam do lado de fora, era o Joaquim, por mais que eu chamasse por ele, mais eu tinha a confirmação de que ele continuava lá dentro. Foi quando eu avistei o professor de educação física ao longe. Aquele mesmo que deu em cima de mim certa vez.

— Vinícius! Vinícius! – Ele se virou na minha direção e se aproximou. – O Joaquim! C-cadê? Cadê meu filho?

— Ele não está aqui fora?! – Neguei com a cabeça.

— Oh merda! Achei que já tinha tirado todas as crianças! – Ele saiu correndo em direção à entrada do colégio.

— Senhor! Senhor, você não pode entrar aí! – Tentou impedi-lo um dos bombeiros, mas o homem era forte e decidido! Conseguiu passar pelo bombeiro e entrar no colégio em chamas.

Come on... come on, Vinícius! Vamos lá, traz meu filho para mim… – Os minutos se passavam, e nada dele voltar. Então eu murmurava, com as mãos cruzadas na frente da boca, inutilmente achando que telepaticamente ele me ouviria. Quando meu coração já estava na garganta, vi-o sair de dentro da escola com o Joaquim e com mais uma menininha nos braços. – Oh thank God! — Corri para perto. –Joaquim! Joaquim!

— Pera aí, Pamela, ele precisa ser examinado! – Correu com as duas crianças para uma das ambulâncias, onde eles foram cercados de cuidados. Vinícius tossiu pela fumaça inalada, mas parecia bem.

— C-c-como é que ele está? E-ele está bem? T-tá consciente? D-d-deixa eu...

— Ei, ei, ei! – Me segurou os dois braços, exigindo minha atenção. – Ele vai ficar bem, ok? Ele soube o que fazer lá dentro! Não aconteceu nada, ele só está fraco, com um pouco de falta de ar, inalou fumaça né? Mas é só ficar um tempo no nebulizador, ficar em observação que vai ficar bem... – Eu ainda queria ver meu filho, mas o homem continuava com as mãos em meus braços, impedindo que eu me movesse. – Seu filho é um herói, Pamela!

— Herói?

— É! Ele estava tentando ajudar aquela menina, que eu trouxe junto com ele, ela torceu o tornozelo! Por isso ele ainda estava lá dentro... estava tentando tirar ela! – Yeah, meu filho era um cavalheiro, o que havia de se fazer? Só era uma droga que aquilo quase tivesse custado sua vida!

— Me deixa falar com ele... please! Eu estou com o coração na mão...

— Calma, primeiro você precisa se controlar. Quando você for falar com ele, precisa passar a maior tranquilidade possível, porque passar por uma coisa dessas já é traumático para uma criança, imagine só ele ver a mãe dele nesse estado de nervos! – E de repente me veio uma onda de choro. Acabou que involuntariamente eu me deixei cair em seus braços, num abraço apertado, e em agradecimento não parei de repetir “obrigada por salvar meu filho, obrigada por salvar meu filho, obrigada por salvar meu filho...”

— Pamela! – Eu conheci a voz que me chamou e ela me repeliu do Vinícius imediatamente. Do nosso lado vi surgir a figura de Herval, que olhou o homem à minha frente dos pés à cabeça rapidamente e então me perguntou atônito: — O que é que está acontecendo aqui?!

— A-a-aqui...? – Indiquei com o dedo eu e o Vinícius, questionando-o se era do abraço que ele estava falando. Um pouco egocêntrica, tenho que admitir.

— Não! O que é que está acontecendo aqui? — Indicou toda a escola. – Cadê o Joaquim?

— Estão cuidando dele ali naquela ambulância. – Respondeu Vinícius.

— A escola pegou fogo. – Falei.

— Mas ninguém se feriu. O Joaquim vai ficar bem, não se preocupe.

— Foi o Vinícius que tirou o Quim lá de dentro, Herval... – Falei enxugando os olhos.

— É, mas eu só... – Ele foi interrompido e surpreendido com um abraço de Herval. Na verdade, a surpresa foi minha também.

— Obrigado, cara. Muito obrigado mesmo! Você salvou a vida do meu filho... eu vou te ser para sempre devedor. – Ele abaixou a vista e eu também. – Se precisar de alguma coisa algum dia... – Vinícius balbuciou alguma coisa, mas Herval o interrompeu: – Só não vale pedir a Pam, porque ela é minha e eu não abro mão! – Olhei para ele assustada e envergonhada, Herval piscou para mim e sorriu. Deu duas batidas nas costas do Vinícius e foi em direção a ambulância que o Joaquim estava. Olhei para o professor, atônita e murmurei:

— D-d-desculpa, ele não...

— Esperto... negou a única coisa dele que eu poderia vir a precisar. – Ele também piscou e sorriu para mim e foi para o lado oposto do qual Herval foi. E eu? Fiquei com cara de: “o que diabos foi isso?!” E fui me juntar a Herval na ambulância com Joaquim. Meu coração só sossegou, ao sentir seus bracinhos em volta do meu pescoço, enquanto eu o abraçava.

[...]

Quando podemos leva-lo para casa, eu e Herval trabalhamos em equipe para cuidar do garoto. Demos um bom banho nele, o alimentamos e o pusemos na cama para se recuperar do susto.

— Vocês sabem como é que está a Júlia?

— Quem é Júlia? – Herval questionou.

— A garotinha que o seu filho salvou, honey! — Respondi com meio sorriso. – Ainda não, meu bem, mas eu vou procurar saber para te dizer, okay? — Joaquim concordou. – I love you so much, baby...

— Vê se não dá mais um susto desses na gente, hein, garoto! – Herval acariciou seu cabelo. – Mais uma dessa, e o coração do pai não aguenta...! – O garoto sorriu e puxou nós dois para um abraço de surpresa.

— Vocês são os melhores mais do mundo...!


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