Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 166
Capítulo 166


Notas iniciais do capítulo

Geeeente, ignorem os erros, please!! Esse capítulo ficou gigantesco e eu fiquei com preguiça de corrigir 'u'
Cês vão gostar, acredito eu... boa leitura!



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Por Herval:

 

Confesso, eu fiquei extremamente surpreso ao ouvir Pamela perguntar se poderíamos ser amigos. E aquela proximidade toda, então?! Ela só podia estar sob efeito de alguma coisa, mas eu não ia deixar a chance passar... tinha combinado com a Megan que iria me reaproximar da Pam, que daria o meu melhor por ela e de repente a própria Pamela sugere que nos reaproximemos? Quando que isso acontece com um simples ser humano?

Quando ela parou de me abraçar, passou a mão no meu rosto com um sorriso amistoso e disse:

— Agora eu vou comer... – Pegou a bandeja de cima do criado mudo. – Antes que passe mal de novo. – Brincou. Então eu me levantei, era hora de sair.

— Bom, e-eu vou deixar você almoçar em paz, tenho que voltar para a Plugar. – Nos despedimos e eu saí. Passando por Megan no corredor, sorri e pisquei para ela em sinal do sucesso do nosso combinado. Ela entendeu e eufórica correu para o quarto da mãe.

(...)

Duas semanas se passaram e eu só consegui frequentar a mansão na primeira. Ia levar o Quim depois da aula ou buscá-lo para um passeio... e aos poucos a convivência com a Pamela ia se tornando mais leve e até bem agradável! Aquele filho que ela carregava na barriga não era mais um motivo de mágoa para mim, ele não tinha um pai, na minha cabeça. E eu também aprendi, depois de tê-la perdido pela minha insegurança, que nada mais relacionado à Pamela deveria me tirar do sério.

Nós não éramos bons apenas como um casal não... a gente era bom como companheiros, amigos, a gente estava experimentando uma coisa leve, sem cobranças entende? E isso, não tem preço. E o fato de eu não poder vê-la na última semana, foi os preparativos para uma festa na Plugar que a Rita fez questão de preparar pelos nossos 15 anos em atividade com a ONG. E qual não foi minha surpresa ao ir convida-la para a festa e me deparar com uma pessoa completamente diferente da que eu vivi por 7 anos.

Por Pamela:

Megan passou mais uma semana comigo e depois teve que ir embora. Mas antes disso, enquanto me ouvia tocar num início de tarde, teve uma espécie de insight e saltou da cama me dando um baita susto.

— Já sei!

What?

— O que você acha de ir ao salão?

— Não, obrigada, prefiro a minha cama... – Ela revirou os olhos.

Mom! Você não sente que falta alguma coisa pra sua vida mudar completamente?

You kidding me? Megan, eu me separei, eu fui enganada e eu estou grávida! Você não acha isso diferente o bastante da minha vida antiga? – Ela revirou os olhos mais uma vez.

— Mas tudo estava de cabeça pra baixo até um tempo atrás, agora... está tudo se ajeitando, não está? – Assenti. – Pois então! Você não quer deixar o passado no passado? – Assenti mais uma vez. – Não há maneira melhor de se fazer isso do que deixar a Pamela do passado, lá.

— Megan... você bebeu? – Dessa vez ela bufou.

Mom, você não tá ajudando!

— Em que, meu Deus do céu? Você começa com um papo esquisito e eu não estou ajudando?

— Pamela Parker, se você quer que a sua vida mude, você tem que mudar! A vida já tratou de mudar aí dentro, agora está na hora de mudar aqui fora.

— E...?

— Vamos ao salão! E ao shopping! Vamos ajeitar esse cabelo... renovar o guarda-roupa...

— Ah... – Entendi o que ela queria. – Pode ser depois? – Ela suspirou revoltada e me puxou da cama.

— Ande! Mexa-se! Você tem uma vida inteira a conquistar! E precisa dar uma repaginada nesse visual... tenho certeza de que vai sentir mais disposição para ser feliz, depois disso. – Ela simplesmente me arrastou. Dirigiu até um shopping e lá dentro mesmo tinha um salão para o qual ela me empurrou. – Escolha um corte. – Me estendeu uma revista.

— O que? Não vou cortar meu cabelo...  – Ela riu.

— Garanto que vai mudar de ideia depois de ver o da página 25. – Jogou a revista no meu colo e sentou numa cadeira para ser atendida. É claro que Megan não ia deixar a oportunidade de tratar os cabelos só porque estava focando na minha “mudança”.

Abri a revista na página que ela falou e fiquei observando a modelo por um logo minuto. Era tentador. Era realmente tentador! Um lindo Chanel médio de bico que parecia chamar meu nome.

— E então? O que acha? – Me olhou através do espelho.

— Eu vou te matar, Megan Lily! – Ela fez careta e sorriu satisfeita.

— Eu te conheço, mom! Sabia que iria adorar! Come on! — Me indicou a cadeira ao lado da sua. – Ela vai querer esse corte aqui, óh! – Tomou a revista da minha mão e entregou ao cabelereiro. – E vai logo antes que ela mude de ideia!

(...)

Depois disso, ninguém poderia segurar Megan. Ela saiu desembestada pelo shopping, entrando numa loja atrás da outra e me arrastando junto. No início foi uma tortura para mim, afinal eu não acreditava que mudando o visual eu iria sentir mais vontade de seguir adiante com todo o resto, mas no momento em que comecei a experimentar alguns vestidos... meu humor mudou da água para o vinho. Definitivamente ao me ver dentro de um vestido longo estampado em tons claros, me senti outra.

Era totalmente o oposto do que eu sempre vesti e meu cabelo estava totalmente oposto ao que sempre foi. Além disso, no meu reflexo no espelho eu pude ver... dentro dos meus olhos... que aquela Pamela fraca, coitada, dramática, burra e manipulável não existia mais. Eu estava mais consciente de mim mesma. Estava mais forte, mais racional. E estava mais leve... afinal me dei conta de que Deus não nos dá mais fardos do que aqueles que podemos carregar.

No fim da semana seguinte, no sábado, já sem Megan em casa, recebi a visita de Herval. Fazia tempo que ele não ia à mansão e no momento em que apareci para falar com ele, Herval ficou paralisado.

Por Herval:

— Herval? – Ela chamou minha atenção ao ver que eu não reagia. Não era para menos! A mulher estava outra! Seu sorriso, ainda que meio nervoso, me enfeitiçava. E aquele rostinho, agora moldado por um novo corte de cabelo, parecia iluminado. – Herval! You’re okay?

— Ih mamãe, não liga não... de uns tempos pra cá o papai tem dado umas paradas assim, parece que dá curto. – Joaquim chegou na sala e pulou em cima de mim para me despertar.

— Calúnia! Você tem provas do que diz, seu moleque? – Saí do transe e ele riu da minha cara, negando.

— C-c-cê tá linda, Pam... – Fazia tempo que eu não me referia a ela pelo seu apelido e a sensação de fazer isso novamente não pode ser explicada, na verdade, o que não pode ser explicado foi, o que o sorriso que ela deu ao ouvir isso, me provocou... ela se aproximou e segurando meu rosto, o beijou.

— Se você pode mudar, eu também posso! – By the way, já era tempo de mudar o visual, você não acha? – Eu estava me socando internamente por não ter aproveitado o momento em que ela veio me beijar, para roubar-lhe um beijo no lugar certo! – Herval?

— Viu? Pifou de novo! – Joaquim arrancou-lhe uma risada linda e eu falei:

— Eu vim buscar vocês dois para virem na festa da Plugar.

— Você pode levar o Quim. – O garoto vibrou. – Vai se trocar, Quim! – Ele correu para o quarto e ela continuou: – E-e-eu acho melhor eu não ir... pode ser perigoso, eu não pos...

— Eu não estaria te chamando se não tivesse certeza de que não vai te trazer risco algum. Você não vai se esforçar nem nada do tipo, só vai se divertir! Rir, conversar... só isso! O que você não pode é passar o dia inteiro trancada em casa.

— Mas...

— Nem mais nem meio mais. Eu não saio daqui até que você esteja pronta pra gente ir. – Ela suspirou e riu.

— Você não desiste né...?

— Não do que vale a pena. – Nós trocamos um olhar intenso até ela se virar e ir em direção ao quarto para se trocar.

(...)

— Pamela! Que bom que cê veio...! – Rita foi lhe receber com um abraço. Joaquim mal pisou no lugar e já correu para brincar com as outras crianças.

— Herval insistiu muito, e você sabe, quando ele bota uma coisa na cabeça... – Respondeu sorrindo.

— E garanto que você vai me agradecer por te fazer vir! – Ela riu baixando a cabeça.

— Ah! Eu não acreditei quando soube que você está grávida, menina! – Rita disse pousando a mão sobre a barriga dela. – Quantos meses? – Pamela me olhou de canto aparentemente desconcertada e respondeu:

Two. But, Rita, você poderia me fazer um favor...?

— Claro!  O que é?

— V-você poderia não comentar com ninguém? É que eu acho um pouco cedo pra essa notícia se espalhar... principalmente no meu caso e... a imprensa pode cair matando!

— Pode deixar comigo! Minha boca é um túmulo! – Ambas riram e só então Pamela olhou em volta notando a ausência do Quim.

— Onde está Joaquim?

 – Olha ele ali! – Apontei-o correndo com outras crianças. – Vem comigo, deixa eu te levar para um cantinho mais tranquilo para você não se cansar. – Segurei sua mão, ela se despediu de Rita e eu a levei para um canto mais afastado, para um banco embaixo de uma árvore na área da Plugar. Pamela sentou e no instante seguinte riu com gosto. – O que foi? – Perguntei sentando ao seu lado. 

— Joaquim... – Olhava para o garoto se divertindo ao longe. – Ele fica tão bem aqui, né?

— Parece um deles... o Quim adora esse lugar!

Exactly como o pai dele... – Ela sorriu doce brincando com os anéis que tinha nos dedos. – Isso é uma coisa que eu admiro em você... – Franzi o cenho com um sorriso de incredulidade e ela continuou: – Desde que a gente se conheceu que sua vida é a Plugar. Eu nunca vi alguém amar tanto algo assim... – Disse me olhando de lado e sorrindo sutilmente.

— Bom, a Plugar realmente já foi a minha vida, hoje é parte dela. Mas existe algo que eu amo mais do que esse lugar. – Ela me olhava de canto e pareceu entender a indireta, abaixando logo a cabeça. – V-você quer alguma coisa? Eu posso ir buscar pra você. Tem de tudo! A Rita caprichou!

No, I'm okay...— Respirou fundo e ambos ficamos em silêncio a partir de então. Foi quando se fez ouvir uma gritaria e instrumentos começarem a tocar. É, os 15 anos da Plugar não podia passar sem show da banda Navegabeat.

— Dança comigo? – Perguntei-lhe levantando e estendendo-lhe a mão. Ela riu e negou com a cabeça.

You kidding me? Eu não vou dançar. Nem morta!

— A música é calma, a companhia é boa e você não tem desculpa. Vem cá! – Segurei sua mão, ela ainda relutou, mas acabou cedendo. A música tocava, praticamente a Gambiarra inteira estava aglomerada no espaço onde dançavam e cantavam junto com a banda:

"A razão porque mando um sorriso

E não corro

É que andei levando a vida

Quase morto

Quero fechar a ferida

Quero estancar o sangue

E deputar bem longe

O que restou da camisa

Colorida que cobria minha dor

Meu amor eu não me esqueço

Não se esqueça por favor

Que voltarei de pressa

Tão logo a noite acabe

Tão logo este tempo passe

Para beijar você..."

Enquanto nós dois ali, longe de todos eles, nos embalávamos de maneira sutil e aconchegante. Nossos corpos pareciam ter o peso de uma pena. E eu não queria que aquela música não acabasse nunca, só para eu continuar junto assim dela para sempre. Minhas mãos seguravam sua cintura e seus braços se enroscavam no meu pescoço, enquanto estávamos com as testas grudadas e nossos olhos não desviavam uns dos outros. Foi um momento mágico. E durante ele eu esqueci que nós tivemos um passado e que tínhamos um futuro. Só vivíamos o agora e ele estava implorando para que eu a beijasse.

— Papai! Papai! A Rita tá lhe chamando! Ela disse que depois dessa música você vai fazer um discurso! – Foi por pouco. Por muito pouco que eu não a beijei. Quando o Quim ainda estava no "papai!" Pamela se afastou de mim imediatamente. E quando ele estava na nossa frente, e terminava de falar, ela deu um sorriso nervoso e se afastou para se juntar a Rita mais adiante.

E eu mais uma vez perdi minha chance!

(...)

Por Pamela:

 Depois do dia em que Herval me fez ir à Plugar, eu tentei evitar ficar muito perto dele. Estávamos tendo uma relação cada vez melhor, desenvolvendo uma cumplicidade que nunca experimentamos antes, e eu não queria estragar isso com uma fraqueza, um simples desejo de beija-lo.

Então um mês se passou, eu estava no quinto mês de gestação, terceiro, para Herval, vestindo roupas cada vez mais largas para que ele não percebesse que aquela barriga estava grande demais para três meses, e andava sempre com dores, enjoos, tonturas, desejos... continuava com as minhas consultas ao Dr. Afonso, só que menos frequentes, ia ao médico regularmente para conferir o estado do bebê, que preferi não saber o sexo, para não me apegar mais a ele, até pegar a criança nos meus braços e saber que ela estava viva e saudável.

Eu me sentia cada vez mais atraída a estar ao lado de Herval. Quando Dorothy e Kate estavam ocupadas, ele sempre arrumava uma maneira de estar comigo, de me levar a algum lugar, de simplesmente fazer eu me sentir bem, isso estava se tornando perigoso...

Até que Joaquim adoeceu. Não sabemos como, ele simplesmente acabou voltando mais cedo da escola porque não conseguia respirar. Liguei para Herval e ele correu até a mansão. Nós levamos o garoto ao pediatra, o qual o diagnosticou com asma.

— Por que isso agora? Ele nunca teve isso antes, é possível alguém desenvolver asma? – Herval questionou o médico.

— Sim, é possível. Na maioria dos casos ela é alérgica, é o seu próprio organismo que se torna alérgico sobre algumas substâncias, mudança de tempo, umidade, poeira, perfumes, pelos de tapetes, animais etc. Depende de pessoa para pessoa. Só que também pode ser genético, algum de vocês tem asma? – Eu juro que quase chorei com a cara que Joaquim fez ao ouvi a pergunta. Herval titubeou, mas acabou por falar:

— Ele não é nosso filho biológico, doutor. Não tem como ser gene nosso.

— Pois bem, alérgica ou genética, não há diferença para o tratamento. Não se preocupem, essa é uma doença até comum na infância. A gente só precisa saber o que ocasionou essa crise.

— Quim, o que você tava fazendo quando passou mal? – Perguntei.

— Brincando no playground da escola...

— Pronto! Poeira. Ou a umidade que está oscilando muito hoje. Agora mesmo está super seco!

— E o que nós temos que fazer, doctor?

— Eu vou prescrever alguns corticoteroides e uns medicamentos orais modificadores de leucotrienos para o Joaquim... – Escrevia algo num papel. – Talvez ele volte a sentir aquela falta de ar e tossir muito durante a noite porque é realmente um dos piores momentos para alguém asmático. Mas não se preocupem, basta dar os medicamentos certos da maneira certa, como indico nessa receita... – Entregou o papel a Herval. – E ele ficará bem. Qualquer coisa vocês corram para cá! E eu ainda vou precisar de alguns exames para saber exatamente o grau de asma dele, para que possamos tratar.

Nós voltamos para casa e eu não consegui sossegar um só minuto durante o resto do dia. Fiquei todo o tempo ao pé de sua cama e Herval também. Nós demos a receita à Dorothy, que foi comprar pessoalmente os remédios na farmácia e tomamos conta do Quim. Ele parecia ter melhorado, mas poderia voltar a ter uma crise a qualquer momento, principalmente porque a noite chegara.

— Vai descansar, Pam... você não pode se esforçar tanto e ainda mais ficar aflita desse jeito.

I’m fine, não estou aflita. – Ele riu fraco.

— Ah não? – Neguei. – Então o que é essa ruguinha de preocupação aqui na sua testa? –tocou entre minhas sobrancelhas com o dedo indicador e eu suspirei.

— Eu não posso deixa-lo, Herval...

— Eu posso ficar aqui por enquanto. – Kate surgiu na porta.

— Obrigado, Kate. – Herval disse e voltou a se dirigir a mim: – E além do mais, ele está dormindo! O que você pode fazer aqui? – Acariciei os cabelos do garoto sem querer deixa-lo. – Vem, vem comigo, eu vou te levar pro quarto. – Ele me puxava pela mão e Kate sentou-se numa poltrona ali para tomar conta do Quim.

Quando entramos no quarto, eu não consegui segurar o choro. O que se há de fazer? Gravidez deixa a gente emotiva... Herval se limitou a me abraçar e a dizer que ia ficar tudo bem, quando isso era a última coisa que tudo parecia ficar.

— Não Herval! Toda a minha vida tem descido ladeira abaixo! Eu tenho sido incumbida para papeis que eu não sei se sou capaz de cumprir.

— É claro que é...

— E quando eu penso que as coisas começam a melhorar, eu descubro que o meu filho tem asma!

— O médico falou que isso é comum... Pam, se acalma.

— Como eu posso me acalmar, Herval? Como? Eu perdi a coisa mais importante que eu tinha na vida, meu filho está doente, pode ficar sem ar a qualquer momento, e eu ainda tenho que dar conta de ser mãe novamente! E mãe solteira! – Suspirei. – Só eu sei o quanto foi difícil cuidar de Megan até eu conhecer Jonas. E ainda assim não foi tão difícil comparado ao que vai ser agora! Porque eu era jovem! Agora eu estou cansada, Herval... eu tô com medo de fazer isso sozinha. – Abaixei a cabeça tapando o rosto com as mãos e as lágrimas continuavam a descer.

— Ei... – Segurou meus pulsos e me fez tirar as mãos do rosto. – Ei, olha pra mim... – Segurou meu rosto com as duas mãos e o ergueu para que eu olhasse em seus olhos. – Você sabe que não tem que fazer isso sozinha... – Tentei desviar o olhar, mas ele insistiu: – Ei...! Eu tô aqui... e você sabe que eu te amo...! Eu tô disposto a fazer isso com você.

Ele enxugou as últimas lágrimas que caiam dos meus olhos e sorriu de canto. Seus olhos por vezes miravam os meus e por outras, miravam minha boca. Ele se aproximou mais, minha respiração começava a acelerar. Meu coração batia na garganta, e de uma forma gentil e doce ele me beijou. Minhas mãos foram diretamente para os seus antebraços e eu tentei fazer com que ele largasse meu rosto, mas foi inútil.

Herval apenas inclinou a cabeça, dando continuidade ao beijo e minhas unhas cravavam em sua pele. Eu não aguentava mais resistir. Sentia saudades de cada célula daquele corpo! Ele então parou de me beijar, me olhou nos olhos de maneira intensa e sussurrou:

— Como eu senti saudades desse beijo... – E dessa vez me atacou.

Seu braço direito envolveu minha cintura e sua mão esquerda repousava por baixo dos meus cabelos, na nuca. Dessa vez eu cedi. Deixei que meus dedos se entrelaçassem nos fios negros dos seus cabelos e me entreguei ao beijo como se ele fosse o último da minha vida. Um beijo intenso e caloroso. Nossos lábios se esbarravam freneticamente uns com os outros, tentando matar a saudade que os atormentou e um arrepio me subia por toda a coluna até a nuca. Até que eu precisei de ar. Com as mãos em seu peito, o afastei de mim e enquanto ofegávamos, ele, sorrindo, eu, desnorteada, ouvi-o dizer:

— Que saudade... – Ele voltou a segurar meu rosto com as suas mãos e sorria infantilmente. – Que saudade de poder te beijar... – E me beijou mais uma vez demoradamente como se não quisesse parar nunca e minhas mãos apertavam o tecido de sua camisa. – Que saudade de poder te dizer o quanto eu te amo... – E tentou me beijar mais uma vez, mas eu virei o rosto, dando um passo para trás.

— Herval... Herval, por favor, não faz isso... nós estávamos bem como amigos! Por que fazer isso de novo? Pra que a gente se machucar mais uma vez...?

— Não... não...! Sem machucados, sem feridas dessa vez! Eu mudei! Você mudou! E mesmo depois de tanto tempo, de tanto tropeço, o nosso amor continua aqui, intacto, e crescendo cada dia mais.

— Você não entende? Não dá...! “Nunca devemos voltar aos lugares onde fomos felizes”, e isso não é só com lugares não, é com sentimentos também. Você acha que pode mesmo dar certo? Algo que nos machucou tanto?

— Pamela! Herval! O Joaquim tá passando mal de novo! – Kate berrou lá do quarto do menino. Herval me olhou com um misto de sentimentos, murmurou um “merda!” E nós dois deixamos a conversa de lado para ir socorrer nosso filho.


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