Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 153
Capítulo 153


Notas iniciais do capítulo

Hello, it's me!
Depois de pensar inúmeras vezes em desistir dessa e de toda fic que eu escrevo, acabei desistindo de desistir e escrevendo esse capítulo enorme.
Dias complicados com a faculdade, ignorem o meu pensamento de desistir XD
Boa leitura!



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Por Herval:

 

Eu fiquei sem ação. O cara me estendeu os papéis do divórcio e eu sequer os olhei! Estava ocupado demais olhando nos olhos dele, tentando encontrar ali algum vestígio de mentira, ilusão, quimera! Sim, porque aquilo não poderia ser verdade!

— E-e-ele precisa assinar agora? – Rita pegou os papéis, para que o homem não fizesse papel de besta por mais tempo.

— N-na verdade, não. Mas como a Sra. Parker pediu urgência, eu achei que...

— Ela pediu urgência... – Sussurrei. Nada deveria me surpreender, mas eu realmente não queria que aquilo tivesse acontecendo... e tudo era culpa minha!

— S-se o senhor puder deixar os papéis aqui, a gente agradece. O-o Herval não tá muito legal agora não, então assim que ele assinar, ele entra em contato para o senhor vir buscar. Cê tem algum cartão ou... – Rita apoiou a mão no meu ombro e eu estava quase desmontando.

— Claro, claro... aqui está! – Tirou um cartão do bolso e entregou a ela. – Tenham uma boa tarde. – Despediu-se, me olhou desconfiado e foi embora.

— Rita... v-você cuida da Plugar aí para mim, que eu vou ali me atirar de um prédio e já volto.

— Não senhor! Vem já aqui. – Me segurou pelo braço e me arrastou para o escritório. –Herval, pelo amor de Deus, você não pode ficar assim! Na vida a gente escolhe que caminho vai seguir! E sabe que tudo que a gente fizer hoje, vai ter um efeito amanhã!

— Pois é! E eu fui inseguro, idiota, grosso e insensível! Enxotei a Pamela da minha vida sem querer fazer isso! – Me alterei.

— Insensível não... ao contrário! Você foi sensível demais! Tanto que te afetou. Mas não adianta chorar pelo leite derramado. O único jeito é assinar esse divórcio logo de uma vez e seguir com a vida! – Eu estava com as mãos no rosto e sentado numa cadeira na minha sala. Sabe aquele momento em que sua vida chegou tão fundo que você se lamenta por não poder ter a chance de voltar no tempo e modificar tudo? Então.

Nunca! Eu não vou assinar essa porcaria! – Me alterei, mas no instante seguinte estava caído sobre o sofá, quase chorando. – Como eu posso seguir com a vida, se minha vida é ela, Rita...? – Olhei-a tristemente nos olhos. Rita abriu a boca para contra argumentar, mas viu que seria inútil. Não adiantava falar nada, nem fazer nada. Nada me faria sorrir de novo.

(...)

— O que você tem, papai? – Passeávamos eu e Joaquim por um parque no fim da tarde, depois de sua aula de violino.

— Nada, meu filho... só cansaço.

— Quer ir pra casa? Eu não me importo... – Tentei parecer bem, sorri miseravelmente acariciando seus cabelos e agradeci. Precisava mesmo me trancar em casa e não sair nunca mais! Fomos para casa em silêncio e ao chegar lá, Margarida surgiu do nada, perguntando o que iríamos querer para jantar. Quem, nas minhas condições, pensaria em comer?

— Pergunte ao Joaquim, faça o que ele quiser, eu não vou jantar... – Falei, me deitando o sofá e dando uma de morto.

— Ele tá cansado... – Argumentou Joaquim. – Eu também não quero comer nada não. Vou fazer companhia ao meu dad. – E docemente se juntou a mim no sofá, envolvendo um dos braços no meu pescoço.

— Vai fazer companhia ao seu o que?

— Pai, Margarida... dad é papai em inglês... – Falei, com pouca vontade.

— E esse menino desse tamanho, fala inglês?

— Qualquer criança, se submetida a duas línguas ao mesmo tempo, vai aprender as duas sem a menor dificuldade, Margarida... a mãe do Quim é americana e eu sou brasileiro. Sempre teve essa mistura de idiomas lá na mansão, então o Joaquim aprendeu português e inglês... – Não sei porque dei uma explicação tão complexa. Talvez pelo fato e querer relembrar os tempos em que éramos felizes? O que aconteceu não foi bom; tanto eu quanto Joaquim ficamos em silêncio e tristes nos minutos seguintes. Eu não sabia se ele se acostumaria com a nossa separação.

Por Pamela:

Ao chegar em casa, fui direto para o quarto e me joguei na cama, a fim de descansar um pouco. O relógio contava 19h e eu até pensei em ligar para o Quim, mas ele já deveria estar dormindo... o fuso da Califórnia para o Brasil estava de 4h a menos! E Joaquim acordado às 23h era praticamente impossível.

Katy bateu na porta então; queria perguntar se ela podia preparar meu banho e o que eu queria para jantar. Well, minha cabeça ainda estava na conversa profundamente agradável que tive com o Richard. Ele estava tão diferente...

— Pamela? – Katy me chamou a atenção e só então realmente prestei atenção nela.

— P-pode preparar meu banho, Darling, mas não estou com fome, thanks...

— Vai comer sim, e não adianta contestar. – Abri a boca para tentar protestar, mas ela saiu do quarto antes que eu pudesse fazê-lo. Não me importei. Apenas sorri e fiquei sentada na cama para tirar os sapatos.

Eu prometi ligar para o Quim todos os dias. Seria muito feio da minha parte não ligar, não é? Mesmo tendo a certeza de que ele já estaria dormindo... peguei o celular e sem dar tempo do meu coração começar a gritar, a ligação estava chamando. Mas apenas chamou, ninguém atendeu. Acabei desistindo no mesmo instante em que Katy apareceu dizendo que a banheira estava pronta.

— Como foi o dia hoje? – Me perguntou, tentando puxar assunto.

— Produtivo! Temos um problema grande para resolver na Marra, mas nada que eu não possa resolver com a ajuda de Davi Reis!

— O-o marido da sua filha?

Exactly! — Ela franziu o cenho tentando conectar as duas coisas: problema na Marra e Davi, mas desistiu, dizendo que iria preparar meu jantar. O fato é que foi um produto feito por Davi que salvou a Marra certa vez, e eu contava com a sua mente brilhante para produzirmos algo realmente grande para a Marra International voltar às boas marés.

Não me pergunte porque não falei sobre Richard Trainor para ela, é que eu ainda não tinha absorvido aquela surpresa de reencontrá-lo...

— Você está com uma feição bem mais leve hoje... – Comentou Katy, enquanto eu jantava, forçada, e ela me fazia companhia. Apenas sorri em confirmação. – Tirou a aliança? – Notou.

Yeah...

— Por que?

— Eu me divorciei, Katy. Não faz sentido continuar com a aliança no dedo, right?

— Não tem mais volta mesmo, então...

No. Acabou. Eu já estou começando a me acostumar com essa ideia, dear, se acostume também. Agora... excuse me, o dia hoje foi cheio e tudo o que eu quero agora é a minha cama. Boa noite, Katy.

— Boa noite. – Levantei da mesa e subi as escadas em direção ao quarto de Megan. Lembra o motivo de eu não querer entrar no meu? Acho que menti para Katy... se eu estivesse mesmo me acostumando com a ideia de que meu casamento com Herval tinha acabado, eu poderia ao menos tentar entrar no quarto onde dormi algumas vezes ao lado dele, no entanto, nem me atrevi a chegar perto!

Devidamente acomodada na cama, eu pertencia completamente ao sono que me levava à inércia, e pouco a pouco o que me comandava eram os sonhos.

(...)

No dia seguinte, ainda cedo lembrei de que precisava começar a frequentar um psicólogo. Depois da consulta que fiz ao Dr. Afonso, notei que precisava mesmo de uma ajuda... liguei para Chang, meu assistente, pedindo para que me conseguisse o contato e/ou endereço de consultório do melhor psicólogo do Vale do Cilício!

Em menos de uma hora eu já me encontrava frente a frente com o tal. Completamente diferente do Dr. Afonso. Nada de barriga saliente, cabelo grisalho ou bigode. Para ser sincera, tratava-se de uma psicóloga, não psicólogo. Gostei! Mulheres no poder. Se eu pedi o contato do melhor psicólogo no Vale do Cilício e estava de frente com a Dra. Jennifer Bankoff, significava que ela era a melhor psicóloga do Vale do Cilício!

— Mrs. Pamela Parker... é uma honra tê-la no meu consultório! – Sorri com sua simpatia. Ela não aparentava ser mais velha que eu; talvez um ano ou dois, no máximo! Tinha os cabelos castanhos e a pele dourada, ela com certeza adorava as praias da Califórnia! – O que a faz querer se consultar comigo?

— Eu estou há mais de oito anos morando in Brazil e... durante esse tempo muitas coisas vieram acontecendo. Coisas essas, que, segundo um psicólogo que eu visitei, lá no Brasil, me provocaram traumas tão grandes, que hoje afetam a minha saúde física. – Demonstrou pesar.

— Noto que está um pouco abatida.

— Segundo Dorothy, minha madrinha, estou com o pé na cova!— Tentei brincar e ela sorriu fraco.

— De fato, se não se cuidar, pode mesmo ficar... – Engoli em seco e continuei.

— Então... como tive que viajar para cá à trabalho, não tive como prosseguir com as consultas ao psicólogo do Brasil.

— Mas não pode não frequentar um, e por isso me procurou. – Concluiu e eu assenti. –             Tratarei do seu caso. Basta me dizer os dias que poderá vir à consulta, para eu ver se se encaixa nos meus horários.

— Terças e quintas? – Ela deu uma olhada no celular que tinha pousado sobre uma mesa, depois me olhou sobre os óculos que usava e confirmou.

(...)

Era sexta-feira, eu mal havia chegado na Califórnia e já começava a sentir falta de tudo o que me cercava no Brasil: de ouvir as histórias do Quim, de saber por Dorothy o quanto o pequeno Louis crescia depressa, de ouvir Megan me encher o saco frequentemente por diversos motivos... de tentar inutilmente me esquivar das investidas de Herval e acabar sempre dormindo sobre seu peito, rindo da minha falta de controle perto dele.

— Davi? Cadê Megan? – Liguei para ela, mas quem atendeu foi ele.

— A-a-a Megan... e-ela... ela n-não

— Não está querendo falar comigo, né? – Lhe cortei, já que ele parecia incomodado, como se ela estivesse ao seu lado, lhe obrigando a inventar alguma desculpa. Conheço Megan como a palma da minha mão!

— É isso... – Suspirou. Não evitei revirar os olhos.

Anyway... Davi, preciso falar com você. O assunto é um pouco sério.

— Do que se trata?

— Eu estou na Califórnia para resolver um problema na Marra international. Eu sei que você desistiu de tocar a Marra, e está montando seu próprio trabalho in São Paulo, mas é que se nós não apresentarmos uma novidade avassaladora dentro de pelo menos dois meses, a empresa vai entrar numa fria.

— E aí você tá precisando de ideias para essa novidade?

Exactly. Será que você poderia me socorrer? Please...

— Olha, no momento eu não tenho nada em mente e nenhum projeto em andamento como eu tive o Júnior daquela vez, mas eu posso tentar pensar em alguma coisa e entro em contato com você. Tá bom assim?

Melhor impossível.

— É algum tipo específico de produto, ou... qualquer coisa?

Qualquer coisa! Desde que seja novo e venda, of couse!— Ele confirmou. Trocamos só mais algumas palavras e ele desligou. Não perguntei mais sobre Megan. Sei que quando ela está com raiva de mim, só para com a birra quando faço o que ela quer, só que nesse caso não tinha como eu fazer isso... estamos falando de um divórcio!

Os três primeiros dias se passaram e sempre que eu ligava para Herval para falar com Joaquim, era exatamente meu filho que atendia. Herval simplesmente desapareceu do meu alcance. Nem sua voz eu poderia ouvir mais...

Chegou o primeiro dia oficial de consulta à Dra. Jennifer. Ela, assim como o Dr. Afonso, me indicou um divã e pediu que eu ficasse à vontade.

— Vamos começar com um exercício simples, okay? — Confirmei. – Você vai me dizer a primeira palavra que vier na sua cabeça e em seguida, que sentimentos ela te trás. Tudo bem? – Confirmei mais uma vez. – Pode começar. A primeira palavra que vem na sua mente!

— Marra. – Olhei-a por um instante. – Tem me provocado muita preocupação...

— Muito bem, prossiga. Outra palavra.

— Megan! Minha filha, ela tem me ignorado completamente. Está com raiva de mim e você pode ter alguma ideia do que isso é pra uma mãe... – Ela apenas assentiu com a cabeça e não desgrudava os olhos de um caderno que tinha em mãos. – E depois, essa história da Megan... me faz lembrar a palavra Divórcio. Eu estou passando por um processo de divórcio e isso tem abalado os alicerces de todo mundo na minha família. Principalmente os meus.— Então ela me olha e eu não consigo mais calar a boca: – Daí vem Herval, a pessoa da qual estou me separando, que me causa muita tristeza e mágoa. Joaquim, meu filho, que está in Brazil e me matando de saudades e também...

— Bom, é, vejamos... – Ela me interrompeu antes que eu prosseguisse. – Ao que parece, sua mente está cheia dos piores problemas e seu corpo inteiro cheio das piores energias... – Apenas abaixei a cabeça. Ela não estava mentindo afinal. – Vamos fazer outra coisa agora. Eu vou falar palavras aleatórias e você vai me dizer o que elas te remetem. – Confirmei. – Tempo.

— Carrasco. – Ela me olhou e fechando o caderno que antes olhava, decidiu ficar na minha frente.

— Abraço.

— Segurança.

— Pôr do sol.

— Muito bonito... – Ela sorri.

— Praia.

— Sossego.

— Música.

— Um refúgio...

— Amor...?

— Ilusão.

— Solução. – A resposta ficou travada na garganta. Ela esperou. E nada. Será porque nada na minha vida nos últimos tempos havia tido solução? – Muito bem, agora nós vamos ter uma conversa decente. – Voltou a sentar onde estava e eu respirei fundo. Aquilo iria demorar...

(...)

Hello, Rick! How are you?— Encontrei-o na Marra no dia seguinte.

— Sem a menor dúvida estou bem melhor agora! – Sorriu, me dando um beijo no rosto e um abraço bem apertado. – E você? Cabeça cheia de problemas?

— Faz parte, right?! Mas vai passar! – Tentei sorrir.

— Que tal um jantar amanhã para distrair? Conheço um restaurante excelente aqui perto! Garanto que se você aceitar ir comigo, não vai se arrepender... – Sorriu de canto, como se insinuasse alguma coisa. Retiro o que eu disse em algum lugar anteriormente; ele pode até ter amadurecido, mas o lado criança continuava ali, intacto.

Oh really? E o que é que vai ter de tão especial nesse jantar?

— A minha companhia, oras! As nossas velhas histórias! Além de um vinho delicioso para acompanhar... e então? O que me diz? – Ele mexia nos cabelos cacheados, com meio sorriso, até ver uma curva surgir na minha boca, um sorriso em confirmação.

Okay... jantaremos amanhã.

— 20h? – Confirmei. – Depois eu pego seu endereço com o seu assistente. Faço questão de ir te pegar! – Dei de ombros. Lhe dei um beijo no rosto e fui para minha sala.

(...)

— Você se importaria em contar algum dos traumas os quais disse que tinha? Difícil eu sei que é, mas você acha que é capaz de expor algum? – Perguntou-me a Dra. No dia seguinte. E de repente eu me senti incrivelmente mal com todas as lembranças que sobrevoaram a minha mente. Diante dos traumas que estavam na minha cabeça, eu não sabia fazer uma seleção. Não dava para expor nenhum, que simplesmente minha garganta doía e meus olhos marejavam.

— Eu acho que... não consigo... – Confessei.

— Vamos lá, Pamela... eu preciso de algo. Qualquer coisa para poder saber por onde devo começar a te ajudar... – Me instigou a falar. – Você pode começar por algum antigo o bastante para não te deixar completamente desnorteada. – Respirei fundo, me aconcheguei melhor no divã e por um mísero segundo eu lembrei que à noite sairia com o Richard. Então minha mente focou nos traumas. Eu tentava me afastar ao máximo dos recentes até me pegar falando sobre a morte de mommy.

— Eu era muito nova. Minha vida sempre foi como um reality show e eu sei que isso poderia ter me afetado muito mais se minha mãe não estivesse ao meu lado sempre. Daddy sempre foi o melhor pai do mundo, mas o fato é que minha mãe era o meu exemplo, ela era a minha referência e para quem eu corria quando estava triste. Só que de repente... ela não estava mais lá. Às vezes eu me obrigava a parar no meio do caminho em direção ao quarto dela, porque lembrava que ela não estaria mais lá para me abraçar...

— E como foi que ela morreu?

— Algum tipo de câncer. Eu nunca quis saber o que foi exatamente. Quando criança eu não entenderia e depois eu não queria. Só me revoltaria...

— Qual foi a última coisa que vocês fizeram juntas? – Até então eu estava de olhos fechados. Só aí eu os abri, fiquei ereta no divã e olhei em seus olhos.

— Nós cantamos juntas... – Senti uma vontade quase incontrolável de chorar, mas consegui ser forte.

— E como foi isso...? D-descreva esse momento.

— Ela já não andava bem, estava há pelo menos duas semanas doente. Desde sempre ela and daddy quiseram que eu aprendesse algum instrumento, então eu tocava violão... quando eu cheguei no seu quarto, ela pediu para que eu cantasse para ela... disse que... que queria muito ver a... sweet princess dela, cantar algo para ela. – Não consegui segurar as lágrimas, a garganta já estava doendo muito pela minha tentativa de segurar o choro. – Sorry... — Murmurei, enxugando os olhos. Ela negou com a cabeça, dizendo que estava tudo bem e me ofereceu um lenço. – Thanks. — Respirei fundo e continuei: – Eu peguei o violão, sentei ao seu lado e comecei a cantar e tocar. Com uma certa dificuldade ela começou a me acompanhar na canção. Foi um momento mágico... sem que eu entendesse porquê, nós duas começamos a chorar na metade da música. Ela começou primeiro, talvez soubesse que aquele seria nosso último momento juntas e de certa forma, passou aquele sentimento para mim. Depois de certa altura ela começou a tossir convulsivamente e pediu para que eu saísse do quarto. Foi tudo muito rápido e confuso. Quando eu dei conta, ela já estava num hospital, internada, e com mínimas chances de sobrevivência. – Eu já falava chorando e ela por vezes escrevia algo num caderno e por outras, me olhava complacente.

— Sinto muito. – Disse. – Você nunca mais cantou ou tocou depois disso?

— Cantar eu até cantei, mas nunca mais consegui tocar num violão... eu sinto que me faria lembrar de tudo aquilo...

— Pois como sua psicóloga eu lhe aconselho a voltar a tocar.

What?

— Freud explica! – Sorriu e eu franzi o cenho. – Sei que estamos na psicologia e não na psicanálise, mas em casos assim ele aplicaria a catarse. Consiste em livrar-se do trauma, enfrentando ele. Se você continuar fugindo do que te atormenta, nunca estará bem verdadeiramente. Volte a tocar, sinta tudo o que a música te trouxer e lembre de tudo também. Isso vai te fazer se acostumar com a ideia da morte da sua mãe. Sim, porque o que ficou claro para mim é que você nunca entendeu de fato isso. Por hoje é só isso. Deixo esse exercício para você começar já e na semana que vem você me conta os primeiros efeitos, okay?— Ainda que com certa relutância, aceitei.


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