Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 149
Capítulo 149


Notas iniciais do capítulo

Aeeee!! A sumida apareceu!! u.u
Música do capítulo - O mundo é um moinho:
https://www.youtube.com/watch?v=co-CdFaGDaw



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Por Herval:

 

Eu estava disposto a lhe pedir perdão quantas vezes precisasse, mas Pamela estava decidida e o meu pavio não é tão longo assim... perdi a paciência e fui embora da casa dela e acreditei que da vida também. Não queria ver ninguém. Cheguei em casa, abri a porta e depois bati com tanta força que pensei que derrubaria toda a casa. Estava com raiva e triste, muito triste.

Saí tirando as roupas e jogando pelo meio da casa e sem delongas, entrei no banho. Precisava sentir a água arrastar todas as minhas preocupações... leva-las para bem longe de mim! Mas aconteceu o contrário; tantos flashes passaram pela minha mente e aquela sensação de perda irreparável tomou conta de mim. A água caía sobre a minha cabeça como um monte de bigornas que por pouco não me esmagavam e o vazio ia crescendo, e crescendo, e crescendo...

— Alô, Rita? Você pode vir aqui em casa? – Não resisti. Depois do banho, liguei para a Rita. Ela sempre foi minha amiga, companheira de trabalho por longos e longos anos! Não achei que poderia lidar com minha atual situação sozinho. Precisava de ajuda ou faria besteira.

(...)

— Então quer dizer que acabou mesmo, pra valer? Parker-Domingues não tem mais volta? – Confirmei sua pergunta, abaixando a cabeça em seguida. Sabe aquela sensação de se estar afogando sem ter chance de nadar para se salvar? Então. – Mas... mas... eu não entendo! Juro que não entendo!

— Ela já tá agilizando a papelada do divórcio até. Isso não me parece atitude de quem pensa em se reconciliar... – Propus. Ela falaria outra coisa, mas resolveu calar-se um pouco. Olhei no relógio e ele já apontava 22h45min. Passei algumas horas fazendo o ouvido dela de pinico e me arrependo parcialmente por isso.

— Bom, se não tem mesmo mais volta, você precisa reagir e seguir com a vida, Herval. Eu sei que você ama muito a Pamela, mas... não pode viver em função dela. Você vai superar isso, meu amigo... – Afirmou, batendo em meu ombro, depois que levantou do sofá.

— Tem como você cuidar da Plugar sozinha amanhã? Suspender as aulas que eu daria? Não me sinto muito no clima pra ensinar...

— E o papo de seguir em frente que eu acabei de falar?

— Eu vou, Rita... – Refleti por alguns segundos. — Eu vou... só que não amanhã. Quero dormir até mais tarde. Você pode fazer isso por mim? – Ela soltou um suspiro de preocupação, mas confirmou:

Tudo bem. A gente já tem gente suficiente pra dar conta da criançada sem você por um dia. – Sorriu fraco. – Então eu vou indo. Tá ficando tarde, né?

— Sim, tudo bem. D-desculpa por ocupar seu tempo, Rita, eu só... achei que se não conversasse com alguém, explodiria...! – Ela fez sinal negativo com a cabeça e sorriu.

— Estarei aqui sempre que precisar. É pra isso que servem os amigos!— Sorri em resposta e ela me deu um abraço de despedida. – Você vai ficar bem? – Apenas assenti.

Eu pelo menos esperava ficar...

(...)

Aquele som era insuportável! Eu queria pegar meu celular e atirá-lo na parede ou talvez jogá-lo na privada para que não interrompesse mais meu sono. Mas o fato é que ele continuava tocando, e tocando, e tocando, só que não era alarme, era uma ligação que eu não queria saber de quem. Só queria continuar dormindo até, pelo menos, o dia seguinte! Talvez até hibernar.

Mas o celular me venceu. Saí apalpando a mesinha de cabeceira até alcança-lo e ainda de olhos fechados, nem um pouco interessado em saber o nome de quem estava escrito na tela, atendi.

— Alô... – Disse, sonolento.

— Herval? Como vai? V-você está livre hoje? – Era a voz da Dorothy, que me fez abrir os olhos então, encarando o clarão que ocupava o meu quarto. Isso me doeu a visão e eu tive que passar a mão nos olhos para que se acostumassem com o novo dia que ao que parecia, estava quase chegando a sua tarde.

— Sim, estou, por que...? – Sentei-me na cama, esperando sua resposta.

— É que eu e a Pam vamos resolver um problema muito importante hoje, no centro da cidade, e não vai dar pra buscar o Quim na escola, nem leva-lo na aula de violino, então eu pensei que...

Pode deixar, Dorothy. Eu vou buscar o Quim... – Falei, ainda com voz de sono. – Vocês vão ficar fora até que hora? Eu vou precisar levar ele na mansão pra se trocar, né? – Ela confirmou, me fez algumas recomendações, falou, falou, falou, que quase me fez voltar a dormir, mas desligou antes disso.

Depois de soltar um longo suspiro de insatisfação, já que eu planejava passar o dia inteiro enfurnado em casa, tentei sorrir. Afinal, isso deveria ser um sinal. Sinal de que eu deveria mesmo seguir. Não tinha razão de estar trancado em casa se eu tinha um filho para educar, e que passaria praticamente o dia inteiro comigo! Logo tratei de me animar e me preparar para ir buscar o Quim no colégio dentro de poucos minutos.

(...)

Por Pamela:

Acabei cochilando depois da consulta ao Dr. Afonso. Estava cansada, não física, mas psicologicamente! Esperei que uma tarde de sono me trouxesse minimamente a harmonia de volta, quando comecei a ouvir a voz de Herval ao longe. Parte de mim achava que era um sonho, no entanto ele não ocupava a minha mente, e a outra parte me alertava para que eu acordasse porque ele estava na mansão!

No fim das contas, eu acordei. Caminhei lentamente até a porta, arrumando o cabelo um tanto quanto bagunçado, e abrindo sem alarde, a porta, pude ouvir mais claramente a conversa que vinha da sala.

— Cadê a mamãe, Dorothy?

— Ela está dormindo, Quim. A Pam não anda muito saudável ultimamente. – Quando dei por mim, já estava escondida atrás de uma parede, vendo há alguns metros Dorothy de costas para mim e Joaquim juntamente com Herval, de frente para ela.

— Ela tá doente? – Dessa vez foi Herval quem falou e eu foquei em sua expressão. Queria ali encontrar traços de preocupação, mas ele parecia perguntar mecanicamente. Se sentia alguma coisa, não foi em seu rosto revelado. Dorothy fez um gesto indicando que eu estava “mais ou menos” e eu rapidamente me vi de volta ao quarto.

Eu esperava que talvez ele fosse querer ver como eu estava, mas logo deduzir que era idiotice. Não dava para ficar criando tal especulação se eu o queria longe. Na verdade, não o queria longe, mas precisava. É diferente. Deitei na cama, virada de costas para a porta e ali fiquei reflexiva. Não mais preguei os olhos e ficava imaginando tudo o que devia fazer. E o que mais se repetia na minha mente era que devia viajar já!

Então ouvi a porta ranger levemente. Ouvi um “droga!” Sussurrado pelo fato da porta ter feito barulho, ainda que mínimo, e em seguida, uma respiração levemente descompassada há uma certa distância de mim. Eu não movi uma palha. Temia virar, temia o rosto que encontraria e temia me decepcionar por não ser o de quem eu queria que fosse. Embora reconhecesse a voz e até o modo de respirar, temi estar ouvindo coisas. Fiquei imóvel como se estivesse dormindo e aquela presenta se estendeu sem falar nenhuma palavra por uma eternidade de segundos.

Depois, ouvi a porta se fechar de novo e só então me virei. Estava sozinha novamente. E o perfume no ar do local era mais que familiar para mim...

(...)

— Aqui está, Sra. Parker. – Surpreendeu-me o Dr. Arnold, numa visita à Marra. Na verdade, não me surpreendeu, ele disse que providenciaria a papelada do divórcio o mais depressa possível, mas no fundo, no fundo, eu ainda esperava que isso demorasse o bastante para que eu viajasse sem ter que assinar, mas...— É só assinar e se preferir, eu mesmo vou a casa do Sr. Domingues pedir que ele assine também...

Thanks... — Sorri mais por desespero. Ele me apresentou o documento, me ofereceu uma caneta e indicou onde eu devia assinar. O desespero bateu, de repente as letras do papel começaram a ficar embaralhadas na minha frente e eu estava prestes a desistir de assinar, quando Megan apareceu do nada.

Mom! O que é isso? O que está fazendo? – Ela trocou olhares confusos com o Dr. Arnold e logo deduziu do que se tratava.

— Você não estava em São Paulo?

— Eu disse que só ia resolver umas coisinhas e voltava para ficar com você, mas parece que é só eu dar as costas que você já desanda a fazer besteira, né? – O Dr. me olhou esquisito. – Larga já essa caneta!

— Megan, quem manda na minha vida sou eu, okay? Eu sei o que estou fazendo! E sei que é o que eu devo fazer! – Encosto finalmente a caneta no papel.

— Pamela Parker-Domingues, NÃO!

— Parker. Only Parker again. — Entreguei o papel com minha assinatura ao Dr. Arnold e Megan se jogou num sofá, parecia ter perdido uma guerra. Acho que quem perdeu fui eu. Agora era só esperar a assinatura de Herval para dar fim a esse casamento tão... diferente, de 7 anos.

— Você vai se arrepender por isso. – Disse ela, se levantando do nada e saindo porta a fora. Quem deveria me apoiar, estava contra mim. Dá para entender?

(...)

— Quando você volta, mommy? — Joaquim fez um drama maior do que qualquer um que eu tenha feito minha vida inteira ao saber que eu teria que viajar.

Já havia resolvido tudo o que tinha de resolver na Marra e na Parker, Megan, indignada comigo, retornou à São Paulo alegando que estava com raiva, muita raiva de mim. Eu tinha certeza de que não mais que eu, mas não levei à sério os dramas de Megan. Com o tempo ela entenderia o que nem eu estava entendendo.

— Eu não sei, sweet... pode ser por pouco tempo, mas também pode demorar. Vai depender do problema que a Marra tem.

— Deixa eu ir com você... please!— Ele suplicava com os olhos marejados e já soluçava de tanto que chorou com a notícia de que eu viajaria por, no mínimo, um mês.

— Você tem escola, Quim, tem o violino, não pode abandonar tudo isso por tempo indeterminado! – Ele fez cara para chorar novamente. – Olha só, me escuta: eu prometo que não vou passar mais de dois meses lá. Vou fazer o impossível para estar de volta o mais depressa possível!

— Mas ainda assim vai demorar...

— Eu vou te ligar todos os dias, my little baby! Nem vou te dar tempo pra sentir saudade! Além de que seu daddy vai ficar com você e Dorothy too! – Ele abaixou a cabeça. – Você não anda reclamando que ele tem te dedicado pouco tempo? Essa é a oportunidade perfeita para vocês se reaproximarem...

— Mas...

— Joaquim, eu preciso viajar agora. Já vou partir com o coração aos pedaços por passar tanto tempo longe do meu sweet son... não chora. – Enxuguei seus olhos. – Não torna mais difícil, baby... eu volto logo.  — Ele só se jogou nos meus braços, sem querer me soltar. O choro voltou a toma-lo e eu me vi completamente sem saber o que fazer. Mas uma coisa era certa: Agora, mais do que nunca, eu teria que viajar.

— Pamela, você tem certeza de que não quer que eu vá junto?

Relax, madrinha. Eu sei me cuidar.

— Lembre-se do que o Dr. Afonso disse...

Okay, Dorothy... eu vou tentar não trabalhar muito. Mas estar in Califórnia já vai ser muito melhor para mim. Eu preciso desse tempo para colocar a cabeça em ordem... – Ela só confirmou.

— Não esquece de frequentar um psicólogo lá! É importante. – Confirmei.

— Madrinha, eu preciso ir agora!

— O Herval sabe que você está indo viajar hoje?

Of course. Ele que vai cuidar do Joaquim na maior parte do tempo, eu tinha que deixá-lo ciente.

— E o que ele disse? – Dei de ombros. Não queria entrar em detalhes, mesmo porque não fui eu que falei com ele, mas pedi para Murphy avisá-lo sobre minha viagem. Não queria lembrar que Herval existia para não fraquejar.

Mommy... eu fiz isso aqui pra você... – Disse-me Joaquim, de olhos vermelhos, encolhido perto de Dorothy. Ele já tinha desistido de pedir para ir. Peguei um papel dobrado de sua mão e abrindo-o tive a visão de um típico desenho infantil. – A Dorothy me ajudou a pintar... – Falou, agarrando-se a ela.

Era difícil distinguir as pessoas, o talento que ele tinha para o violino, não tinha para o desenho, mas ainda assim era lindo... os nomes identificando o desenho, facilitou o meu entendimento. Éramos eu, ele, Megan, Dorothy e... Herval. Tentei ignorar essa última figura e foquei apenas em mim e nos meus dois babys... sentiria saudade de Dorothy, mas se tratando de filho... o sentimento triplica de tamanho! Eu me agachei, ficando de sua altura e sorrindo o mais sinceramente que consegui, lhe abracei com toda a ternura.

— Eu amei o desenho, baby. Ele vai andar sempre comigo durante toda essa viagem. – O abraço foi ainda mais intensificado e eu não queria larga-lo nunca mais!

— Sra. Parker, nós temos que ir... – Avisou o piloto que já estava me esperando há bastante tempo Dorothy e Joaquim voltariam para casa de carro e eu só sairia dali direto para Califórnia.

— Eu te ligo assim que chegar, okay? — Joaquim afirma que sim, se afastando de mim e enxugando os olhos. – I love you, sweet.

— Eu também te amo, mamãe. – Sorri com os olhos marejados e dando adeus a Dorothy, entrei no jatinho.


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Notas finais do capítulo

Vamos às perguntas:
1. Você estuda em escola particular ou pública?
2. Qual sua matéria preferida?
3. Aquela típica pergunta "o que você quer ser quando crescer"?



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