Geração Pamerval - A história do início ao fim escrita por Sophie Carsifur


Capítulo 130
Capítulo 130




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~Duas semanas depois...

Por Herval:

Eu havia passado as últimas semanas, bastante reflexivo. Rita tivera que terminar minhas aulas na Plugar inúmeras vezes, porque eu tinha um lampejo filosófico e corria para o escritório, a fim de escrever mais algumas linhas do que eu estava preparando para a Pam. Não sei porque, mas alguma coisa me dizia que a Dorothy já estava armando alguma coisa para nós dois, então me preocupei apenas com a execução daquela... carta.

Para todos os efeitos, eu já tinha uma carta na manga! Era só ligar para o melhor restaurante do Rio de Janeiro e preparar uma noite mais que especial para a gente. Estávamos a um passo de completarmos 7 anos de casados, além de ser aniversário da Pam. Dia 12 de outubro tornara-se uma data mais que especial para nós... e eu precisava fazer uma coisa completamente diferente de tudo o que eu já havia feito nos últimos 6 anos.

Enfim, pronta.

Na noite anterior ao dia 12, nos preparávamos para dormir, depois de ter colocado Joaquim na cama. Megan já tinha ido para São Paulo e Pamela andava meio que cheias de segredos para mim. Não me importei, afinal, eu também lhe escondia uma carta. Eu deitei na cama e logo em seguida, ela fez o mesmo, me abraçando e apoiando a cabeça no meu peito.

– Agora é questão de algumas horas... – Disse, lhe abraçando forte e lhe dando um beijo na têmpora.

– Yeah... – Murmura apenas, me acariciando o peito antes de também me apertar mais. – Algumas horas... – Lhe abraço mais forte, como se não fosse o bastante.

Essa nossa necessidade absurda de precisar do outro grudado...

(...)

No dia seguinte, eu me levantei mais cedo que todos; por volta das 5h. Pamela dormia sossegada, com as mãos debaixo do travesseiro e com o esboço de um sorriso, como se estivesse tendo um sonho maravilhoso. Desejei profundamente lhe dar um beijo, mas não queria que ela acordasse, não naquele momento, apenas tirei a carta do esconderijo que eu havia colocado, coloquei em cima do meu travesseiro, para assim que ela abrir os olhos, ver, e fui fazer o resto das coisas que eu pretendia.

Por Pamela:

O sol, cada vez mais forte reverberando da janela, me fez acordar. Antes de abrir os olhos, coloquei a mão para o lado da cama de Herval, mas ele não estava lá. Então aí sim abri os olhos e constatei que de fato, ele não estava.

– Herval? – Me sento na cama, passando a mão no rosto e cabelo, lhe chamando, talvez estivesse no banheiro... nada. Olho no relógio e ainda é 6h45min, onde será que ele havia ido tão cedo? Eu precisava dele em casa para colocar meu plano em execução! E então avisto em cima do seu travesseiro, um envelope azul. “Abra”, tinha rabiscado nele. Pego, meio desconfiada e abro, tirando de lá de dentro, duas folhas dobradas. Começo a ler:

“Você acordou né... feliz aniversário, Pam!

Não sei a forma correta para iniciar isso, assim como não sei a forma correta para iniciar nada. Nosso romance não teve um início totalmente correto, né?

Mas eu tenho uma teoria para isso: é porque nós não somos convencionais! Nós não somos como as outras pessoas, assim como o nosso amor não se iguala ao de mais ninguém. Eu te amo com todas as minhas forças, Pamela! E você pode ter certeza de que exatamente nessa data, 12 de outubro, há 7 anos atrás, eu fiz a escolha mais correta de toda a minha vida!

Eu te escolhi! Pra ser minha... minha mulher, minha companheira, meu porto seguro, minha amante, minha vida!

Eu passei uma boa parcela de tempo tentando imaginar o que fazer de diferente para hoje, e a conclusão que eu cheguei, foi que nossa história, juntos, é verdadeiramente digna de ser revivida! Como ninguém ainda conseguiu inventar a máquina do tempo, tento nos fazer reviver, através dessas palavras... me sinto satisfeito se arrancar um sorriso seu ao ler isso.

Eu lembro que no dia do nosso casamento eu jurei pra mim mesmo: ‘eu vou fazer dessa mulher, a mulher mais feliz desse mundo...!’ Não sei se estou conseguindo, mas tento...”

Era claro que estava!

“...Quando nós nos casamos, eu não sei definir o que eu senti, foi algo muito maior do que as palavras podem dizer...! Lembro que quando eu te vi vestida de noiva, pronta para ser entregue a mim, meu coração disparou de um jeito que eu pensei que enfartaria no meio do nosso casamento! Quando eu te vi caminhar para mim, eu tive a sensação de estar à espera do maior tesouro que possa existir nesse universo; e quando você ficou frente a frente comigo, eu pensei: ‘ como? Como pode ser são linda? Como pode ser tão incrível? E como pode ser...minha?’ E admito, me segurei para não chorar, mas não evitei meus olhos marejarem. Eu não podia acreditar que a minha felicidade poderia acordar todos os dias ao meu lado e que eu poderia fazê-la sorrir só com um beijo. Não acreditei que eu era digno de uma mulher tão incrível como você, no entanto, você faz parte do meu corpo, da minha alma há mais de 7 anos!

É minha dona.

Segurar a sua mão e colocar essa aliança que você tem aí até hoje e espero que para sempre, foi uma coisa tão simples e tão definitivo na minha vida... foi o meu passaporte para a vida que eu sempre sonhei ao seu lado... quando nós dançamos, e eu pude te conduzir, notei o quão frágil você pode ser. Uma menina! Deus acertou em cheio quando decidiu que o dia do seu nascimento seria 12 de outubro! E meu destino acertou em cheio quando cruzou com o seu.

Eu te amo demais, minha eterna princesa...”

Parei a leitura um pouco. Não enxergava mais as letras pois meus olhos estavam nublados. Respiro com pesar. Onde é que estava aquele infeliz?! Eu precisava me jogar em seus braços! Dou um suspiro e continuo a leitura:

“...lembra do dia em que adotamos o Quim? Eu nunca vou esquecer do seu rosto ao ver o Joaquim pela primeira vez... foi algo sobrenatural, Pamela... bem que dizem que o único amor que se compara ao de Deus, é o de uma mãe... eu te admiro dia após dia por isso! Se o nosso menino foi colocado num orfanato porque a mãe biológica não o queria, eu tenho a certeza absoluta de que foi a melhor coisa que aconteceu na vida dele, porque ele encontrou você, Pam... a mãe perfeita para ele. Quando você o pegou nos braços pela primeira vez, eu tive a certeza de que aquele molequinho tinha tirado a sorte grande. Quando eu vi as primeiras lágrimas de comoção em tê-lo sob seu domínio, verterem seu rosto, não me restou a menor dúvida de que você daria a vida por ele, se fosse preciso! Jamais vou me esquecer das nossas lágrimas por ele, das nossas brincadeiras, das noites que contamos histórias para o nosso pequeno... e dos perigos que passamos por ele também. Aí eu notei o quão forte você pode ser por quem ama...”

Como foi capaz de me arrancar tantas lágrimas assim que me acordo? Falar do nosso casamento, eu até compreendo e aceito que me faça chorar, mas a adoção do Quim já é golpe baixo! Meu coração não aguenta tanto...

“...você é tão forte que eu não sei se chego perto de tamanha força! Meu mundo desabou quando você sofreu aquele acidente. Em momento nenhum eu tive tanta certeza de que você é o amor da minha vida... de que você é a minha vida, quanto nesse período! E que se você morresse, eu morreria junto. Sozinho eu jamais teria aguentado aquela barra... era duro demais ver quem tinha meu coração nas mãos, respirando com ajuda de aparelhos. Mas você não morreu. Voltou para mim... nossa história tinha muita coisa para ser escrita, como ainda tem! Nós nem experimentamos sexo na praia! E nem eu nem você podemos morrer sem fazer isso!...”

Não controlo um sorriso entre as lágrimas. Como consegue misturar piada às palavras tão sérias e lindas...? E por instantes, flashes surgem na minha mente de quando eu estava em coma. Não uma imaginação de tudo o que ele falou, mas como se eu realmente tivesse visto Herval ao meu lado naquela cama hospitalar, segurando a minha mão e pedindo para que eu voltasse para ele. Era como se eu estivesse mesmo num canto do quarto do hospital, vendo-o quase incapaz de se manter em pé sem mim...

Ah e eu concordei! De fato, não poderíamos morrer antes de fazer aquilo.

“...se eu tivesse que te esperar por 100 anos, eu te esperaria. Se tivesse que cuidar de você daquele jeito por 200, eu cuidaria... mas eu precisava ver seu sorriso novamente, sentir o calor do teu beijo, do teu corpo... e você acordou. Optou por viver para nossa família!

Sabe, Pam... você é a mulher da minha vida, eu já te disse isso, não foi? A gente já passou por tantas lágrimas, tanto perigo, tantas brigas horríveis! Mas tudo sempre resolvido da melhor maneira possível... as lágrimas acabaram em sorrisos, os perigos, em abraços apertados e as brigas... bem, a melhor parte, em dias e noites de puro amor.

Pam, os melhores anos da minha vida eu estou vivendo ao seu lado. Podem existir um mundo de obstáculos, mas absolutamente nada fará com que o meu amor por você, morra. Sou capaz de atravessar até os maiores mares, mas não haverá água suficiente que afogue o amor que eu sinto por você. Posso subir até a montanha mais alta do mundo só pra te ver e de lá gritar seu nome pra ver se você me escuta, e se escutar, direi só uma frase: eu te amo!

E quando o vento passar, e levar consigo o que eu disse, eu ainda vou sussurrar no eu ouvido, com meu corpo quente colado ao seu fervendo, que eu te amo, sempre te amei, e para todo o sempre vou amar.”

A carta chegou ao fim e eu já tinha a certeza de que meus olhos estavam vermelhos. Eu seria capaz de emoldurar aqueles papeis só para que eles não se desintegrassem com o passar do tempo... voltei a olhar em volta esperando que ele saísse de algum esconderijo para que eu pudesse enchê-lo de beijos, lhe abraçar o mais apertado possível e sussurrar em seu ouvido pelo menos um milhão de vezes o quanto eu o amava. Mas não havia ninguém naquele quarto além de mim. Enxuguei as lágrimas que ainda escorriam pelo meu rosto e levantei da cama.

O envelope que eu pensei estar vazio, já que as cartas estavam na minha mão, caiu no chão, revelando um outro papel, este, menor, como se fosse um cartão. “Se pensa que acabou está muito enganada. Vá para onde você sempre vai ao acordar.” Dizia o papel. Banheiro, é o primeiro lugar que vou quando acordo. Chegando nele, avistei um outro envelope, este, rosa, encostado ao nosso porta-escovas.

“Sabe quando a gente está escovando os dentes, juntos, e eu te arranco um sorriso, você cobre a boca porque tá melada de creme dental? Eu te amo mais quando você faz isso... agora, siga para o closet.”

Eu nunca mais iria escovar os dentes com a mesma indiferença... lembraria sempre dessas palavras. Fiz o que mandava. Chegando no closet, já havia uma roupa separada para mim e sobre ela, mais um envelope, este, amarelo.

“Sabe quando você sai do banheiro direto pra cá e passa longos minutos escolhendo uma roupa? Eu fico da porta olhando escondidinho, sorrindo das coisas engraçadas que você fala e de como você fica linda impaciente com as roupas, te amo mais por isso... além de admirar esse lindo corpo que eu adoro encher de beijos, claro! Essa roupa é pra você vestir agora e seguir para a mesa para tomar café da manhã.”

Não me lembrava de ter um vestido daquele... era novo sem dúvida! Longo, com uma estampa abstrata com cores predominantes azul e laranja, de elástico na cintura, sem manga. Até sapatos e acessórios estavam separados. Me vesti, completamente ansiosa para saber o que me aguardava na mesa.

Qual não foi a minha surpresa, ao abrir a porta do quarto?! Olhei para o chão e pétalas vermelhas formavam um caminho até a mesa, só que com dois desvios, o primeiro, segui para o quarto de Dorothy. Na porta havia mais um envelope grudado. Este, verde.

“Não bate, ela deve estar dormindo ainda. Sabe quando essa maluca me chama de perigo tropical? Eu fico só respondendo na cabeça que na verdade, o perigo é você! É por você que eu sou capaz de fazer loucuras... e te amo mais por isso também. Continua o caminho.”

Obedeci e segui para o outro desvio, o quarto do Quim. Na porta, havia outro envelope grudado. Este, vermelho.

“Não precisa nem falar nada nesse cartão, né? Toda vez que eu te vejo ninar o Quim, eu tenho vontade de estar no lugar dele... e fico imaginando como o mundo seria bem melhor se todas as mães fossem como você... e te amo ainda mais por isso. Agora pode ir para a mesa.”

Obedeci mais uma vez. Me surpreendi com a beleza que estava aquela mesa! Abria o apetite de qualquer um! Bolos, frutas, sucos... ao contrário do que eu imaginei, Herval não estava lá me esperando. Mas pude ver em cima da mesa, no lugar onde eu costumava sentar, havia mais um envelope. Este, branco. Sentei na cadeira e puxando o cartão, li em voz alta: “E é assim que eu vejo a nossa rotina. Só desculpas para eu te amar mais.”

– Só desculpas para eu te amar mais. – Ouço atrás de mim, acompanhando a minha leitura. Me viro subitamente, para encontrar aquele sorriso que eu sempre amei. – Feliz aniversário, Pam.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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