Whispers In The Rain escrita por Miss Hope


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores.
WITR foi uma ideia que surgiu quando eu encontrei "Love Song Requiem" e eu achei que combinava muito com uma cena como a representada na fanfic e, como eu adoro surpreender, resolvi fazer uma Scorose. Pra fugir do típico enredo "Jogador de basquete + nerd" (o qual eu também adoro, por causa de toda a reviravolta das histórias).
Enfim, espero que gostem e espero que me deem suas opiniões, lembrando que elogios e críticas construtivas são bem-vindos.
Boa leitura!



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WHISPERS IN THE RAIN

by Miss Hope

.

"And then she realized not every story has a happy ending" 

.

Ela estava sentada na cadeira, olhando seus amigos dançarem alegremente, como se nada mais existisse.

Suspirou.

Estava com certa inveja deles, queria poder estar divertindo-se igualmente, mas não estava. Sentia-se entediada, para não dizer entristecida.

Apesar de ter esperado ansiosamente este dia durante o ano letivo inteiro, ela não estava mais tão animada assim... Queria que aquele dia fosse importante e memorável em suas lembranças, queria ter uma noite perfeita.

— Aonde vai, Rose?

Ouviu a pergunta de sua prima, Lily Potter, assim que ela levantou-se da cadeira que estava sentada e dirigiu-se até a grande porta do salão, rumo aos jardins.

Virou-se na direção da prima, que estava com o irmão mais novo, Albus Potter, ao seu lado, ambos com um sorriso enorme em suas faces. As vestes do primo já estavam largas, a gravata borboleta com o nó desfeito, o paletó aberto e o cabelo, antes devidamente penteado, estava todo bagunçado. A maquiagem de Lily já estava mais fraca e seu cabelo já estava solto, estava sem os saltos e com um copo em mãos.

— Vou dar uma volta, Lily. – respondeu simplesmente.

Albus deu de ombros e Lily somente mandou-a voltar logo.

A ruiva somente voltou a trilhar seu caminho com um singelo sorriso no canto dos lábios.

Quando chegou até a grande porta que dava acesso aos jardins, sentou-se nos pequenos degraus e encostou a cabeça na pedra fria do arco que decorava a entrada. Fechou os olhos quando retirou os sapatos, que incomodavam-lhe há algumas horas. Respirando o ar gelado, suspirou.

Ela realmente não queria sentir-se entediada e continuar lá dentro, dançando com os primos, aproveitando a noite. Ela simplesmente não conseguia isso... Além de estar entediada, não estava muito contente com seu par.

Lorcan Scamander é sim, o menino dos sonhos de muitas ali em Hogwarts. Bonito, inteligente, simpático. Era não podia ter pedido por um par melhor, afinal, boatos de que o Scamander iria fazer um pedido de namoro à ela rolavam soltos por toda Hogwarts.

Então, se estava tudo tão perfeito como sempre sonhou, por que ela sentia-se assim? Por que não estava lá dentro aproveitando a noite junto com Lorcan?

Ela não sabia.

Ouviu um pigarrear e olhou diretamente na direção que o barulho veio.

Encontrou a fonte encostada na parede do lado de fora do castelo, usando um smoking caro aberto, a gravata estava sem dar o nó e envolta do pescoço, o cabelo devidamente penteado para traz, dando um ar de classe a figura, que tornava-se charmoso já que o rapaz estava com as mãos no bolso, a cabeça baixa e os olhos fechados.

— O que está fazendo aqui do lado de fora, Malfoy? – perguntou a ruiva em um tom de monotonia.

— Mesmo que não seja da sua conta, Weasley... – começou num tom de desgosto. – Não sou o fan número um de bailes. – sentenciou ainda de olhos fechados e sem mexer qualquer músculo a não ser os lábios. – Além do mais... Não tenho um par. – finalizou.

A ruiva deu uma leve risada, fazendo com que o garoto abrisse os olhos levemente e olhasse-a de rabo de olho.

— Qual a graça, Weasley?

— Você não ter um par. – respondeu a menina com um sorriso de canto. – O que aconteceu? Levou um fora?

O menino suspirou cansado e voltou a fechar os olhos, desta vez, virando o rosto para o alto, banhando-o na luz da bela lua cheia que estava presente no céu.

— Eu não convidei ninguém.

A ruiva simplesmente calou-se com as palavras dele. Não que ela esperasse que ele estivesse lá dentro e tudo mais, porém, o mínimo que ela imaginava era o fato dele ter convidado alguém, somente ter alegrado uma garota qualquer na presença dele naquela noite.

Apesar de que, quando ouviu as palavras do garoto, sentiu certa felicidade, um calor aquecendo o peito. Ela sabia o porque. Negaria até sob tortura, mas ela sabia que nutria sentimentos para com o rapaz ao seu lado. Ódio? Desprezo? Não. Era algo muito distante disso.

Ela não poderia negar para si mesma, mas sempre achou o herdeiro Malfoy um rapaz atraente, com seu sorriso de canto irônico, seu olhar frio como uma brisa de inverno, o jeito prepotente e um tanto quanto charmoso que sempre teve, as respostas curtas e rápidas que ele sempre portava na ponta da língua, o jeito destemido de ser, com um andar desleixado e superior. Cada parte dele, com os prós e os contras a si mesmo, o tornavam aquilo que ele era: perfeito.

Acordou de seus pensamentos quando sentiu o olhar cortante de Malfoy sobre o pequeno corpo dela, observando-a atentamente, analisando-a e sorrindo levemente pelo canto dos lábios.

— Perdeu alguma coisa, Malfoy? – perguntou ríspida, fazendo o garoto soltar um riso curto e seco, porém ele continuou em silêncio, mas voltou a observar o nada a sua frente.

Depois de alguns minutos a mais de um silêncio mortal, o rapaz dirige-se a ela mais uma vez:

— E você, o que faz aqui fora, Weasley? – por mais que sua voz demonstra-se que ele somente estava quebrando o silêncio por um motivo qualquer que escapava da percepção de Rose, o garoto Malfoy estava realmente interessado na resposta, sabia que a ruiva tinha uma companhia para aquela noite e sabia o que o par da mesma pretendia naquela noite, aliás, todos no castelo sabiam, até a própria Rose.

Com um suspiro leve e um olhar rápido na direção dele, respondeu.

— Precisava de ar puro.

O ar gelado batia no rosto do loiro, fazendo alguns fios de seu cabelo cair sobre os olhos, nada que atrapalhasse sua visão ou deixasse sua aparência diferente do que estava. Apreciava o silencio que estava concretizado, era tranqüilizante e deixava que ele ouvisse somente seus pensamentos, que eram muitos.

Um som leve de notas vindas de um piano fizeram-se presentes em seus ouvidos, seguidas de uma voz masculina e revelando-se uma música de uma banda trouxa que tocava no baile nesse momento.

Por um momento, os primeiros versos da música chamaram-lhe a atenção, era como se a música explicasse algo que acontecia em sua própria vida, ele sabia muito bem o que era.

She is everywhere I go, everyone I see

Winter’s gone and I still can’t sleep

Summer’s on the way, at least is what they say

But these clouds won’t leave

Walk away, I’m barely breathing as I’m lying on the floor

Take my heart as you leaving I don’t need it anymore

Olhou de relance para a ruiva ao seu lado, com a letra daquela música em sua cabeça, repetindo e repetindo novamente. Algo, porém, o fez prestar atenção nela. Rose estava de pé, descalça e fazendo alguns movimentos leves com os pés e as mãos, como se estivesse dançando sozinha, porém ela somente balançava-se levemente, nada mais nada menos.

Adoro essa música.

Foi apenas um sussurro, mas ele ouviu. Provavelmente ela havia esquecido-se que ele ainda estava ali ou simplesmente ignorava a presença dele – Malfoy preferiu acatar a primeira opção.

Observou a menina por mais alguns segundos e, então, permitiu-se sorrir de canto quando a viu dando um meio giro, como se ela estivesse dançando com alguém. A cena era um pouco engraçada, pois qualquer um que passasse acharia que ela não estaria mais sóbria.

Quando a menina deu um giro completo, tirando vontade sabe Merlin de onde, o garoto segurou a mão dela, que estava acima de sua cabeça, e a fez terminar o giro graciosamente, para logo depois enlaçar sua cintura e puxá-la contra si, continuando a dança que a mesma começara, guiando-a um pouco mais a frente, dançando na entrada dos jardins.

Quando Rose sentiu uma mão gelada segurar a sua, e seu corpo ser praticamente prensado contra outro, com um braço forte envolta de sua cintura, abriu os olhos, o cheiro de orvalho e colônia masculina invadiram suas narinas no mesmo segundo. Encontrou um par de olhos azuis acinzentados, mas não tinham a mesma frieza que sempre portavam, os olhos do loiro tinham um brilho caloroso ali, porém ela não conseguiu dizer ao certo o que era.

— O que está fazendo? – perguntou ela de repente.

O loiro olhou-a com divertimento. – Dançando. – respondeu simplesmente, fazendo-a dar um giro rápido e chocá-la contra si novamente, fazendo um baque silencioso.

A ruiva ergueu as sobrancelhas. – Achei que não gostasse de dançar... – comentou a ruiva.

O loiro ficou alguns segundos em silencio, como se estivesse pensando no que ela havia acabado de falar.

— E não gosto... – começou com a mesma expressão de tédio. – Mas estou abrindo uma exceção, então sinta-se honrada, Weasley. – disse com um meio sorriso.

A ruiva riu.

— E estou.

This is the memory

This is the curse of having too much time to think about it

It's killing me

This is the last time, this is my forgiveness

This is endless

This is endless

Os dois dançavam calmamente enquanto a musica ainda estava ali. Ambos agindo como se não fosse os mesmo que no dia anterior ainda xingavam-se e brigavam a todo momento que se viam pelos corredores. Digamos que aquela cena era meio improvável para qualquer um que a presencia-se, quer dizer, nunca ninguém imaginaria que Rose Weasley e Scorpius Malfoy poderiam ficar a menos de dez metros de distancia um do outro sem que um desentendimento acontecesse.

— Sabe... – começou a menina quando a música no salão acabou, porem ainda estava abraçada nele. – Você não é tão irritante de boca fechada, Malfoy. – disse sorrindo, pois aquilo era verdade, mas ela nunca diria “Sua companhia é muito agradável, às vezes, Scorpius”, não, ela recusaria a deixar essas palavras saírem de sua boca por livre e espontânea vontade.

O loiro riu, acatando aquela frase como o elogio que ela tinha por trás.

— Obrigado. – disse simplesmente.

Ele também apreciava a companhia da ruiva, porém nunca admitiria isso para alguém, mas naquele momento não havia ninguém ali, então ele poderia agir normalmente, sem provocar uma briga entre eles. Poderia somente aproveitar o momento.

A ruiva afasta um pouco seu rosto e encara-o com as sobrancelhas erguidas, fazendo o loiro soltar um risinho. Era óbvio que ela havia percebido que ele não provocara-a de volta.

— Quem é você e o que fez com Scorpius Malfoy? – pergunta a menina com um sorriso. Digamos que ela apreciou de ele ter simplesmente entendido o que ela quis dizer, ao invés de começar a colocar farpas nela como sempre.

— Você não me conhece, Rose. – começou ele. – Sou muito mais que aquele imbecil arrogante que demonstro ser. – sentenciou.

Rose somente sorriu e voltou a encostar a cabeça no ombro dele. Ela não sabia se estava calada somente por ele demonstrar ser algo mais que um simples imbecil arrogante, como ele mesmo disse, ou por ele tê-la chamado pelo primeiro nome. Algo se remexeu dentro da Weasley, a sensação dele falando seu nome era reconfortante e indescritivelmente boa.

Ouvindo um pigarrear alguns segundos depois, a menina retira seu rosto do ombro dele, vendo-o com uma expressão serena e afastando calmamente o corpo dela do dele.

— Estava tão bom. – sussurrou, mas foi o suficiente para o loiro ouvir.

— Boa noite, Weasley. – diz o menino quando havia afastado-se dela completamente, preparando-se para entrar no castelo.

A proximidade com ele não era bom para sua sanidade metal, Rose sabia disso, ela sabia que sentia algo maior por ele, tinha vontade de gritar isso para quem quer que fosse, e sentir ele afastando-se dela, não era exatamente o que tinha vontade de sentir naquele momento.

Fique... — em um ato completamente insano, e tendo em mente que era somente para ele não ir embora, ela segurou o braço dele levemente, puxando-o para perto dela novamente.

O menino, surpreso pelo ato dela, amoleceu a expressão serena que tinha, deixando ela puxá-lo novamente, porém ele não mexia um único músculo, se o fizesse, não tinha certeza dos atos que poderia cometer.

Seus músculos ficaram tensos quando sentiu-a abraçando-lhe, com os braços acima de seus ombros, a cabeça acomodada na curva de seu pescoço e na ponta dos pés para conseguir fazer o que fez, já que ele era mais alto que ela.

Rose... — sussurrou, numa tentativa de acordá-la de qualquer momento mentalmente insano que ela estivesse tendo e trazê-la para a realidade, pois, para ele, ela não estava bem, não mentalmente. Ela odiava-o, certo? Não tinha deixado isso bem claro durante todas as brigas que já tiveram durante sete anos? Então porque ela estava pedindo para ele ficar ali, abraçado com ela?

Retirou os braços dela calma e cuidadosamente, fazendo a mesma olhar em seus olhos e respirar fundo. Quando os braços dela já estavam livres das mãos dele, ela surpreendeu-o novamente. As pequenas mãos da Weasley seguraram firmemente sua camisa e puxaram o corpo dele para perto dela novamente, chocando os lábios macios dela contra os dele.

Era um beijo calmo, sem pressa. Ela soltou calmamente a camisa do garoto e colocou uma de suas mãos nos cabelos loiros, surpreendendo-se com a textura macia deles, sua outra mão estava no ombro dele, ajudando-a a equilibrar-se na ponta dos pés. Quando o loiro entendeu o que estava acontecendo, começou a mexer os lábios na mesma velocidade que os dela, sincronizadamente, e logo enlaçou a cintura dela com os braços, dando um leve solavanco na altura dela, apertando-a contra seu corpo.

A mesma começou e terminou o beijo, afastando-se cuidadosamente calma do menino, tinha as maçãs do rosto avermelhadas e os olhos com um brilho diferente. Felicidade.

O loiro não sabia o que fazer. Estava praticamente congelado no lugar, com os olhos fechados, ainda segurando a ruiva contra si, mas não estava com vontade de soltá-la. Suspirou.

— Qual o problema? – perguntou a ruiva depois de alguns minutos de silencio.

— Nenhum. – disse o garoto abrindo os olhos, observando o rosto corado da menor.

A ruiva aproximou-se na intenção de beijá-lo novamente, mas o loiro soltou o corpo dela a afastou-se da mesma, fazendo-a erguer as sobrancelhas.

— Não queria? – perguntou de cabeça baixa.

A pergunta somente fez o loiro soltar uma risada leve, o que fez a ruiva olhá-lo novamente. O mesmo aproximou-se dela e colocou uma mão em seu rosto, fazendo-a olhá-lo nos olhos.

— Não tem ideia do que está dizendo. – falou com um meio sorriso. – Há muito tempo queria fazer isso e nunca vou me arrepender, Rose. – disse calorosamente, fazendo ela sorrir minimamente.

— Então por que nunca o fez?

Scorpius suspirou.

— Porque não deveria, você sabe disso. – afirmou enrijecendo o corpo quando a mesma assumiu uma expressão de dúvida. – Eu não sou bom o bastante pra você, Rose, e sim alguém como Scamander.

— Então por que não é ele que está aqui comigo? – começou. – Por que é que eu quero estar aqui com você tanto quanto você quer estar aqui comigo?

Scorpius somente fica encarando-a. Ele não tinha uma resposta para essas perguntas. Ela estava certa, ele queria estar ali com ela, queria que ninguém mais estivesse com ela, somente ele.

— Então... Por que eu não me arrependo do que acabei de fazer? – sussurra a menina para ele.

O mesmo aproxima-se dela calmamente, beijando-lhe a testa, e afastando-se logo em seguida, sussurrando um pedido de desculpas enquanto desvia o olhar dela. A mesma continua calada, olhando-o, esperando que ele faça mais alguma coisa.

— É melhor você entrar, Rose. Devem estar te procurando. – diz fechando os olhos.

Rose balança a cabeça negativamente e aproxima-se dele, dando-lhe um beijo cálido nos lábios, porém o mesmo não retribui ou move qualquer músculo, então ela afasta-se.

— Desde quando se importa com o que é certo ou errado? – pergunta num sussurro, porém a indignação era possivelmente visível em seu tom.

Ele continua com a mesma feição.

— Realmente, não é do meu feitio, mas nunca fui assim quando se tratou de você. – começou. – Nunca realmente brigamos, Rose. Sempre era uma implicação aqui e ali, uma competição interna entre nós durante as aulas e no Quadribol. Nada mais que isso. – disse simplesmente.

— Achei que me odiava. – sussurrou a ruiva.

O mesmo finalmente olha na direção dela, e coloca uma de suas mãos no rosto da mesma, acariciando-lhe a bochecha com o polegar.

Nunca.— sussurrou. – É impossível te odiar, Rose Weasley. – disse sorrindo. – Sua beleza estonteante e a personalidade contagiante, nunca me permitiram. – a ruiva desviou o olhar para ele, vendo a honestidade em seu olhar. – Somente sempre soube que nunca poderia tê-la pra mim, por mais que desejasse.

O choque era visível na face de Rose. As palavras dele eram verdadeiras, ela sabia disso, mas nunca que poderia imaginar tamanha possibilidade. Scorpius Malfoy gostava dela, assim como ela gostava dele, realmente fora dos padrões de possibilidades comuns.

Scorpius... – começou ela.

— O que estou fazendo? – O menino parece acordar de um transe que o envolvia, então afastou-se, passando as mãos no cabelo nervosamente quando ficou de costas a ela.

— Scorpius eu...

— Não diga o que acho que vai dizer. – disse virando-se para ela.

— Não tem como você saber. – contradiz a ruiva nervosamente.

— Tem sim. – diz ele aproximando-se alguns passos dela. – Rose, você é aquela menina de contos de fadas, perfeita em todos os aspectos, aqueles contos de fadas que sempre tem o mocinho e o vilão, cada um tentando trazê-la para um dos lados. – ele tomou fôlego e sentenciou. – Eu não sou o mocinho dessa história, Rose. Scamander é o mocinho e eu, sou o que todos esperam que eu seja, acreditam que eu seja, o vilão.

— Mas...

— Não me diga que não é verdade. – diz o loiro sério. – O futuro que você pensa que pode existir, possui memórias que nunca serão minhas.

O silencio toma conta daquele momento quando Scorpius finalmente se cala. As palavras dele eram duras nos ouvidos dela, mas Rose sabia que ele estava certo, afinal, até alguns dias atrás, ela também acreditava que se eles estivessem em um conto de fadas, Scorpius Malfoy não seria nada mais que o vilão, aquele que acaba sozinho no final das contas.

— Eu não me importo... – começou ela, quebrando o silencio. – Scorpius, eu não me importo com o que os outros pensam. – diz aproximando-se dele mais uma vez naquela noite, colocando as mãos em seu rosto pálido, fazendo-o olhar para ela. – Eu só me importo com o que você pensa, eu só quero você.

O loiro respira fundo, segurando as mãos dela.

— Me desculpe, mas eu não consigo. – diz ele segurando com força as pequenas mãos dela. – Eu não conseguiria conviver com a culpa. A culpa de te tirar uma vida perfeita, uma vida que você construiu até agora, sem qualquer empecilho. – diz com a voz falha.

A ruiva já fechava os olhos com força, prevendo o final que aquela frase teria.

— Eu não me arrependo do que aconteceu aqui, eu juro que nunca vou me arrepender, mas se eu pudesse, voltaria no tempo e não deixaria isso acontecer...

A ruiva sente as lágrimas rolarem por sua face, ela não importava-se em chorar na frente dele, sentia-se muito despedaçada para lembrar-se de manter a pose de forte.

— Por que?

— Porque nós dois sabíamos como isso realmente acabaria, como acabaria esse momento de fantasia entre nós. No final das contas, você vai passar por aquela porta e um futuro brilhante e perfeito estará te aguardando e, de quebra, um marido perfeito junto na bagagem. E o que vai acontecer comigo? Vou continuar aqui, sabendo que nada disso deveria ter acontecido. – ele termina com os olhos fechados e próximo a ruiva, sem perceber que a cada palavra conseguia aproximar-se mais e mais dela. – Você sabe que estou certo, ruiva.

Ele dá um beijo cálido na bochecha dela, sentindo-a segurar-lhe a camisa, tentando impedir cada passo para trás que ele dava.

— Me desculpe, Rose. – diz tirando as mãos dela de sua camisa. – Você merece algo melhor do que posso oferecer. – dizendo isso, o loiro dá as costas a ela, trilhando seu caminho para dentro do castelo, fingindo que nada aconteceu, mas ele estava aos pedaços por dentro.

Quanto a Rose... O que ela e todos esperavam que aconteceria naquela noite?

Esperavam que ela tivesse o tão esperado final feliz, no final das contas, ou no caso, da noite. Esperavam que ela e Lorcan acabassem a noite como um casal e que a vida da Weasley somente recebesse mais melhoras, uma alavancada.

Era isso que ela realmente queria?

Parando para analisar, ela nunca imaginou-se num caminho diferente, seu sonho, desde o quarto ano, era que ela e Lorcan acabassem juntos, ambos formados em Hogwarts e com bons empregos, formando uma família.

Algo que traria orgulho a sua própria família, algo que mostrasse que ela tinha a vida perfeita que todos achavam que ela merecia.

Ela, porém, somente queria terminar a noite ao lado de uma pessoa, ao lado de um garoto de olhos azuis acinzentados e cabelos loiros, não importando-se com o que qualquer um imaginasse, não importando-se com sua família, com seus amigos, com nada nem ninguém, somente queria que isso acontecesse-se.

No final das contas, ela teria o final feliz que todos desejavam, menos ela.

THE END


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Notas finais do capítulo

¹ Música "The Memory", Mayday Parade
Por favor, deem-me sua opinião. Elogios e criticas construtivas são bem-vindos.
Até uma próxima!
Au Revoir ♥