Avatar: A Lenda de Kay escrita por Sammi


Capítulo 8
Adeus Exército, Kay vai à Resistência




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/562871/chapter/8

Kay já havia percorrido algumas milhas e estava tão cansado que tropeçou sem querer na onda de terra que o transportava, caindo de forma desastrosa no chão. Pôde ver uma vila com algumas casas a certa distância. Foi caminhando, tinha muita sede, estava desidratado de suor e lágrimas. Eventualmente desmaiou. Um vulto se aproximou e arrastou seu corpo para uma das casas.

– Será que ele está vivo?

– Acho que alguns dos soldados do exército o executaram. Pode ser que ele tenha ficado no seus caminhos.

Então alguém gritou um "oh!".

– Vejam a roupa dele! É um uniforme do exército, tem até uma insígnia. Esse homem é um soldado!

Então Kay abriu os olhos. Ele viu pelo menos 15 pessoas o encarando assustadas. Pareciam ser 3 famílias, todas habitando a mesma casa.

– Oh, por favor, soldado, sentimos muito, pensamos que fosse algum necessitado, por isso o trouxemos para dentro, não nos machuque por favor! - suplicou uma mulher.

– Água...- foi a única palavra que Kay pôde dizer.

Logo trouxeram um vaso de barro cheio e Kay quase se afogara dentro dele. Depois a mulher que lhe dirigiu a palavra trouxe dois pedaços de pão velho.

– É tudo que temos...

– Obrigado - disse o avatar. A mulher o olhou desconfiada.

Passado alguns minutos. Kay já se sentia mais revigorado. Começou a investigar o ambiente. Uma casa muito pobre e precária, lembrava um pouco as condições da sua vila por um tempo. Todos lá dentro o miravam com absoluto medo. Então sacou o seu uniforme do exército, amassou e o atirou para o lado. Estava apenas com uma camisa branca interna e calças; com menos panos em cima, mostrava seu tônus muscular definido.

– Não tenham medo, eu não sou um soldado mau. Vocês têm meu eterno agradecimento - disse sorrindo.

A brisa que vinha da janela era um alívio quando tocava a pele de seus braços nus, ainda fazia muito calor. Um estrondo se fez fora da casa, e aquele som era muito familiar a Kay. Era o barulho de dominação da terra. Uma criança gritou em alguma outra casa da vila, as 15 pessoas naquela casa desviaram o olhar de Kay para as janelas, seguiam com o medo estampado no rosto. Então escutou-se uma batida na porta.

– Abram ou abrimos nós!

A mesma mulher que ofereceu pão a Kay abriu a porta.

– Ora, ora. Se não é a cômoda casa do padeiro... - disse o Sargento do Reino da Terra, Kay não o conhecia.

– Vamos! Entreguem 90% dos seus rendimentos. Essa é a lei!

– Senhor, nós não...não...

– O que houve senhora? Com certeza vocês tiveram seus rendimentos hoje. Pão é algo que as pessoas sempre precisam comprar não é mesmo?

– Me perdoe, sargento, nós não tivemos condições de trabalhar essa semana, meu marido esteve muito doente e faleceu. Estamos dando pão velho até para as crianças - disse às lágrimas apontando pra uma caixa de pão.

O Sargento ficou vermelho de fúria e tomou posição com as pernas fazendo um movimento com as mãos fechadas. Uma das paredes da casa foi expelida poderosamente para o lado de fora, produzindo um grande rombo na habitação. As 15 pessoas se encolhiam no chão acuadas.

– E vocês, os outros, não tem como pagar também??

– Desculpe, Sargento, nós não temos condição de pagar os impostos de moradia, por isso todos vivemos na casa do padeiro.

– VASCULHEM TUDO, QUERO QUE VASCULHEM E ENCONTREM O QUE ESSES RATOS ESTÃO GUARDANDO.

– Espere! - Kay se levantou ainda um pouco tonto - Vocês não tem o direito de fazer isso. Essas leis, esses impostos, eles não existem!

– Você parece que não é daqui garoto. Esses são os domínios do General Grand e nós somos a lei. Essa é uma cidade muito próspera e todas as semanas é nosso dever coletar os rendimentos dos ricos comerciantes locais.

– Ricos? Você só pode estar brincando!

– Não nos machuque por favor, não destrua mais nossa casa! - suplicou a senhora agora de joelhos.

– É melhor você vazar daqui garoto, ou então...

– Ou então o quê?

Kay só sentiu um grande golpe na barriga do dedo de terra que surgiu do chão. Foi expelido poderosamente para o lado de fora da casa cambaleando no chão até parar na rua central daquela cidadela. Soldados começaram a se juntar ao redor dele. Eram muitos homens, conseguia ver dezenas, talvez até uma centena de jaquetas verdes. Era uma verdadeira operação para estorquir aquelas pessoas.

– Parece que temos um rebelde hoje. Vamos ver como ele se sai - gritou o sargento que de um salto saiu de dentro da casa fazendo o chão tremer.

– Se é assim então tudo bem...

Kay deu uma rasteira no chão e o solo embaixo do capitão se moveu bruscamente fazendo com que perdesse equilíbrio e caísse de cara no chão.

– Deixe-lhe ensinar um pouco de sutileza, Sargento - disse o avatar com um sorriso - Dominação de Terra não é apenas sobre força bruta já dizia um velho amigo.

– Você!! - o Sargento avançava irado e com um golpe na terra um monte ponteagudo se materializou indo em direção a Kay fazendo tudo tremer.

Kay levantou as mãos e a terra lhe projetou em um grande salto. Em cima de uma casa começou a dobrar as telhas como shurikens em direção ao sargento que prontamente ergueu uma sólida barreira. Os outros soldados já queriam se intrometer, mas o Sargento gritou para que não o fizessem.

– Você é muito audacioso hein?

– Bem, me parece que com algumas pessoas a sutilidade não funciona - disse o avatar depois de uma longa respiração e com os olhos fechados.

Em um movimento enérgico, Kay deu um salto e uma pirueta no ar carregando um forte chute com a perna direita. Quando seu pé colidiu com o chão produziu um impacto de uma onda de pedras em paralelepipedo que se propagava pela rua daquela cidade desfazendo completamente a formação de soldados. A maioria deles havia caído no chão, mas se recuperavam, o Sargento estava completamente desacordado.

– Maldito moleque! - mais um sargento chegou montado em um cavalo-avestruz e lançou uma lança em Kay que defendeu facilmente com um dedo de terra que desviou a trajetória da arma.

Os soldados começavam a se formar outra vez e uma onda vinha em direção a Kay. Alguns eram Dominadores de Terra e levantavam pedras prontas para ser arremessadas. O avatar, mesmo apreenssivo, mantinha a postura ofensiva.

– O quê??!

Os soldados em sua frente pareciam petrificados. Então Kay pôde sentir um calor vindo atrás dele e logo um mar de chamas tomou conta do seu corpo, mas estranhamente não o queimava, a onda de fogo avançou e jogou todos os soldados que o atacavam para longe como em uma explosão de corpos. Kay olhou para trás e viu Tenente Quen em posição agachada.

– Uma Dominadora de Fogo!!!

– Ela está sozinha?? Não é possível... Aquele golpe...

– Olhem para seu uniforme!

– Sim, eu conheço essa mulher! É a Tenente Quen do 13 esquadrão.

Quen caminhou em direção a eles passando por Kay, que a mirava pasmo.

– Olá paspalho. Sim eu posso projetar chamas e posso controlar se elas queimam ou não. As chamas inócuas é uma dobra de fogo inventada por Sarah. Você logo percebe o quão pura e pacífica ela era, não?

Quen então voltou a atenção aos militares caídos.

– Parece que você está com uma encrenca muito grande aqui - disse fazendo um tapa sol com as mãos observando as hordas de soldados com uniforme verde - mas não se preocupe, eu cuido disso sozinha.

Quen deu algumas cambalhotas e piruetas e começou a disparar bolas de fogo em todas as direções tomando cuidado para não atingir casas de civis. Os Dominadores de Terra avançaram para as frentes e erguiam barreiras que mal podiam conter as chamas. Tudo foi muito rápido. Kay podia ver como a tenente podia aumentar a velocidade de seus movimentos criando jatos de fogo nos pés e nas mãos. Era muito boa no combate marcial e quando chegava a curta a distância podia render facilmente o inimigo com sua destreza e força. Criava campos de força de fogo para expelir ataques inimigos e algumas vezes com seus impulsos parecia voar.

O último homem que sobrou era um dobrador de terra alto e forte, tinha um socador espinhoso nas duas mãos.

– Você parece resistente, no entanto, até a mais dura pedra eventualmente irá derreter - dizia Quen carregando uma chama na mão como se fosse uma rosa.

O homem então meteu um podesíssimo soco no chão e várias plataformas de terra se elevaram ao alto em uma onda em direção a mulher. Com um golpe rasteiro circular bem executado mais uma onda de fogo se projetou e colidiu com a onda de terra formando uma grande explosão. Na fumaça, Quen aproveitou para se mobilizar sorrateiramente com piruetas flexíveis e quando chegou ao lado do homem chutou no ar uma chama que o empurrou pelas costas, fazendo-o cambalear inconsciente. A luta com todo aqueles homens havia terminado em menos de 10 minutos.

Kay foi até o Sargento que tinha derrotado, apalpou os seus bolsos e sacou um saco cheio de moedas de ouro. Foi até a casa da mulher do padeiro e lhe entregou o saco.

– Esses aí não vão mais lhe molestar por um bom tempo. A próxima horda de soldados não se atreverá a ser tão tirana tampouco, espero que isso pague o que fizeram por mim - a senhora lhe olhava emocionava e agradecida.

– Escutem, se vocês não quiserem mais viver sob essa ditadura ridícula, há uma caverna a 300 km ao sul daqui onde está a sede da resistência. Se localiza logo ao lado a cachoeira do rio Yang, facilmente poderão achá-la. Estão recrutando guerreiros, mas lhes garanto que os civis tem lugares seguros - gritou Quen no centro da cidade.

A mulher foi então em direção a Kay e enquanto caminhava limpava suas vestes das impurezas da luta.

– Estamos bem agora? Sem drama? - perguntou entendiada.

– Sim, mas quero deixar claro que não pretendo deixar esse continente sem falar com Matt - disse sério.

– Bem, então quero deixar claro que pretendo fazê-lo comer fogo se ele se virar contra nós...

Kay rolou os olhos e a tenente só avançou em direção ao sul ignorando.

– Para onde vamos?

– Vamos para a caverna sobre a qual acabei de falar. A sede da resistência.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!